Goba
luszt
Ele transparece todo o sofrer em suas passadas. Sob luz escura de poucos postes acesos, de sapatos velhos, calça sofrida, uma camisa branca que já conheceu sangue e fogo e paletó mirrado e suado, tudo isso coberto por chapéu de pano, de chuva, de sol, de poesia. Tompe, tompe, tompe. Pé ante pé, lânguido, esbranquiçado, tompe, tompe. Como uma marreta a abrir caminho para o mar, entre arranha-céus.
De nada lhe adiantam os fogos, os brindes e os sorrisos. Ele celebra o velho, e de certo não vai brindar para esse carrancudo senhorio. Tompe, tompe que vai do passado à nostalgia, sem perspectiva sólida de presente. Atravancado na praça da alegria, mais memória, mais fumaça de cigarro barato:
- Aqui está o câncer. E o sexo, e a violência?
Vê-se a fonte ligada, na praça de amores. A água sobe aos céus e lá pára, como que temendo aproximar-se d'ele, que vaga tão distante de onde vaga. Num espetáculo de fúria e berro, de pedidos e agonias, de desejo e perdão, ele chora tão tompe, tompe, ele quer a companhia ao menos da água. Ele se cansa do ar que o circunda de mal-gosto, ele quer ao menos a água onde ele possa molhar seus dedos torpes. Pensa:
- E eu que costumava ser a violência...
Ele cambaleia para trás, mas jogando-se para frente. No fim, ele fica no mesmo lugar de sempre, surrado, fechado, tão limitado para alguém com uma matemática tão imprecisa. Já desiste de lutar contra a água que não o quer e contra o ar que dele se afasta. Tira seu chapéu e o aperto contra o peito, amassa-o forte, forte. Amassado, ele chora uma única lágrima: mais uma lágrima, uma última lágrima. As águas se desfalecem de volta na fonte, felizes com o que vêem:
- Não se preocupem em aplaudir - diz nosso anfitrião antes da queda. - Eu venci.
De nada lhe adiantam os fogos, os brindes e os sorrisos. Ele celebra o velho, e de certo não vai brindar para esse carrancudo senhorio. Tompe, tompe que vai do passado à nostalgia, sem perspectiva sólida de presente. Atravancado na praça da alegria, mais memória, mais fumaça de cigarro barato:
- Aqui está o câncer. E o sexo, e a violência?
Vê-se a fonte ligada, na praça de amores. A água sobe aos céus e lá pára, como que temendo aproximar-se d'ele, que vaga tão distante de onde vaga. Num espetáculo de fúria e berro, de pedidos e agonias, de desejo e perdão, ele chora tão tompe, tompe, ele quer a companhia ao menos da água. Ele se cansa do ar que o circunda de mal-gosto, ele quer ao menos a água onde ele possa molhar seus dedos torpes. Pensa:
- E eu que costumava ser a violência...
Ele cambaleia para trás, mas jogando-se para frente. No fim, ele fica no mesmo lugar de sempre, surrado, fechado, tão limitado para alguém com uma matemática tão imprecisa. Já desiste de lutar contra a água que não o quer e contra o ar que dele se afasta. Tira seu chapéu e o aperto contra o peito, amassa-o forte, forte. Amassado, ele chora uma única lágrima: mais uma lágrima, uma última lágrima. As águas se desfalecem de volta na fonte, felizes com o que vêem:
- Não se preocupem em aplaudir - diz nosso anfitrião antes da queda. - Eu venci.