Thy Treebeard
Ent
[Deleted] [Arquivo: O Futebol em 5.002]
Arquivo: Fatos duvidosos ou de existência discutível.
Classe: Rituais lendários.
Modo: Sinopse.
Data: 4/5/5.002.
"Football": Há mais de 30 séculos, no final da era pré-virtual, eram praticados rituais coletivos conhecidos pelo nome genérico de "football". Sua importância para os povos de então é motivo para congressos científicos e discussões acadêmicas.
As deficientes e raras arqueo-imagens planas conservadas mostram que a cerimônia era um tipo de combate. O líder de cada bando guerreiro ficava atrás, comandando, enquanto seus homens tinham de, concomitantemente, defendê-lo e atacar o líder inimigo na outra extremidade do campo de luta. Assemelhava-se, portanto, a um jogo de xadrez, pois ao mesmo tempo que o enxadrista tem de encurralar o rei adversário, não pode se descuidar de defender o seu monarca.
Do lado de fora, posicionavam-se soldados de apoio que não lutavam. Sua função era apenas retirar os feridos e, às vezes, substituí-los. Conquanto as agressões físicas e verbais fossem generalizadas e espalhadas por toda a área de combate, elas se concentravam em torno de um tipo de "foco-móvel" que deslocava-se movido, principalmente, pelos pés (o "foot" arcaico dos gladiadores).
É necessário compreender que este "foco" não era virtual ou predefinido. Era físico, concreto. Análises realizadas em alguns exemplares ainda conservados revelam que era constituídos internamente de seiva extraída de árvores vivas e externamente da pele de animais mortos (criados especialmente para serem sacrificados). O conjunto ganhava rigidez devido à utilização de ar comprimido que dava uma forma esférica ("ball") ao artefato.
Alguns psico-antropólogos vêem neste objeto símbolo de uma civilização que deixava de ser tribal e pretendia afirmar-se como "mundial". A conjugação de das idéias "sangue de árvore" e "pele de animal" mostraria o desejo do homem de afirmar, definitivamente, seu domínio sobre a Natureza.
O líder tinha o privilégio de segurar o "foco" com as próprias mãos, controlando-o completamente; aos outros cabia apenas a possibilidade de chutá-lo com violência, de tentar fazer da "natureza morta" uma arma de ataque. O principal objetivo era fazer com que o artefato chegasse às costas do líder inimigo, humilhando-o moralmente perante os espectadores - isto denota o sadismo presente no inconsciente coletivo da época.
Coliseus especiais foram construídos em várias partes do mundo; ruínas ainda sobrevivem. Conservam-se também imagens de manifestações das dezenas de milhares de pessoas que compareciam, fisicamente, ao cerimonial.
Num silêncio mudo, ou em agitação frenética, a platéia participava do evento de forma nem sempre passiva. Em certos momentos, era como um retorno ao estado pré-humano. Vários costumes símios, já abolidos, voltavam a ser excepcionalmente praticados naquelas ocasiões. Entre eles: acertar o vizinho com pedaços de madeira e urinar sobre suas cabeças. Curiosamente, não foram encontrados registros de óbitos no interior dos campos de combate, mas aconteciam com freqüência entre os participantes externos.
Antropologicamente, sustenta-se a tese de que estes rituais teriam marcado a chegada das denominadas "Religiões sem Deuses". Nesse período, as divindades tradicionais foram abandonadas; igrejas seculares, ou até mesmo milenares, permaneciam vazias, mesmo nos então chamados "dias santos" (Domingo ou Sábado, dependendo do estilo do culto, ou em datas aleatoriamente fixadas segundo a tradição da respectiva seita).
Nesses mesmos dias, porém, os Coliseus lotavam de fiéis que, com ardor bélico-religioso, entoavam hinos e saudações. A exemplo dos cerimoniais primitivos, bebidas etílicas - fermentadas ou destiladas - eram utilizadas por muitos para obter, bioquimicamente, alterações mentais e desequilíbrio neural.
A imprevisibilidade caótica da natureza também tinha sua representação na liturgia. Era representada por um participante que não fazia parte de nenhum dos bandos rivais e, conquanto perambulasse livremente por toda extensão do campo, tinha a irrecusável obrigação de evitar tocar no "foco". Entendem os estudiosos que seria uma espécie de "gladiador fantasma", "pseudo-gladiador" ou "gladiador anômalo", pois, ainda que presente, não participava, tampouco auxiliava qualquer dos times em seus propósitos.
Sua função primeira parecia ser a de intervir de forma imprevisível no desencadeamento do combate. Alguns pesquisadores defendem que sua real função fosse representar a "justiça divina"; para outros simbolizava a própria morte.
Sem embargo, a idéia de simbolizar a morte é, hoje, a mais aceita, pois se baseia em provas quase incontestáveis. Não são poucos os registros que revelam o momento em que um gladiador aparentemente saudável, e sem qualquer ferimento, é eliminado pelo "gladiador fantasma", sendo expulso da luta e passando por um estado de morte virtual.
Para reforçar o simbolismo, embora as cores utilizadas na flâmula e nas vestes do bando fossem da maior diversidade possível, a indumentária do "gladiador fantasma" era invariavelmente negra. Cor que nesta época representava o luto, as trevas e a idéia paradigmática de "Mal", tanto que era de utilização obrigatória em cerimônias mortuárias.
Os pesquisadores atualmente se dividem em duas correntes de pensamento. A maioria acredita que as cenas encontradas em meios eletromagnéticos arcaicos mostrem apenas momentos esporádicos dessa sociedade. Neste pé, a chamada prática do "football" não seria generalizada, apesar de amplamente difundida e acessível a todos. Assim, para esta parcela da comunidade científica, havia uma parte bastante significativa da população que, conquanto conhecesse da existência do combate e soubesse do que se tratava, não despendia seu tempo e atenção em tal prática.
Segundo esta visão, os Coliseus teriam sido construídos, originariamente, para outros fins que não os embates do "football"; como, por exemplo, o encontro entre pessoas famosas e seus admiradores; grandes cultos de religiões novas ou seculares; grandes demonstrações artísticas, principalmente sobre música; leilões; comícios, dentre outros tantos eventos. Seria, portanto, um grande centro de convenções da época.
Esta hipótese se apóia também em arqueo-imagens que parecem mostrar músicos nos mesmos Coliseus. Ela, porém, não consegue explicar a necessidade da presença física de tantos espectadores, uma vez que artefatos primitivos de difusão de som e imagens, inclusive a cores, já existiam em quase todas as habitações. Além disso, os que não tinham acesso a tal tecnologia em suas casas podiam, segundo estudos respeitados, ir aos locais onde eram vendidos esses aparelhos e ver as imagens radiodifundidas do evento - e o mais estranho é que não precisavam despender nenhuma importância econômica para ver o som e as imagens radiodifundidos, ao passo que o ingresso nos coliseus só se fazia mediante um pagamento prévio.
Pouco aceita e tida por muitos como "bárbara", esta idéia de "Religiões sem Deuses" conta com apoios dentro da história oral e da etimologia. Algumas famílias conservavam, com um apreço inexplicável, objetos contendo os brasões utilizados nos combates, e vem deste momento o adjetivo "pelé".
"Pelé" designaria um semideus lendário, cujo poder especial teria sido a capacidade de deslocar o "foco" para qualquer lugar do campo que desejasse, sem qualquer dificuldade e fazia-se insuscetível de ser impedido por qualquer outro combatente ou obstáculo natural. A expressão "feito de Pelé", hoje tão comumente usada e que possui o mesmo significado de hercúleo (feito de Hércules - um outro semideus, mas inventado por uma religião comum), seria proveniente desta época e desse combate.
Ambas as vertentes concordam no fato de que independente destes rituais terem acontecido ou não de forma generalizada, eles ocuparam um grande espaço no imaginário coletivo daquela era e atribuem este fenômeno aos sistemas de produção e organização social vigentes.
Nesta era, que durou aproximadamente cinco séculos, vivia-se um momento especial, sem paralelo em qualquer outra época anterior ou posterior da História. Os cidadãos desse tempo eram obrigados a se deslocar fisicamente, todos os dias, até postos de produção. Eram forçados também a chegar, sair e até a comer em momentos sincronizados. Este estilo "mecânico" de viver teria provocado pressões interiores, descarregáveis em rituais de fim de semana, como o lendário "football".
Arquivo: Fatos duvidosos ou de existência discutível.
Classe: Rituais lendários.
Modo: Sinopse.
Data: 4/5/5.002.
"Football": Há mais de 30 séculos, no final da era pré-virtual, eram praticados rituais coletivos conhecidos pelo nome genérico de "football". Sua importância para os povos de então é motivo para congressos científicos e discussões acadêmicas.
As deficientes e raras arqueo-imagens planas conservadas mostram que a cerimônia era um tipo de combate. O líder de cada bando guerreiro ficava atrás, comandando, enquanto seus homens tinham de, concomitantemente, defendê-lo e atacar o líder inimigo na outra extremidade do campo de luta. Assemelhava-se, portanto, a um jogo de xadrez, pois ao mesmo tempo que o enxadrista tem de encurralar o rei adversário, não pode se descuidar de defender o seu monarca.
Do lado de fora, posicionavam-se soldados de apoio que não lutavam. Sua função era apenas retirar os feridos e, às vezes, substituí-los. Conquanto as agressões físicas e verbais fossem generalizadas e espalhadas por toda a área de combate, elas se concentravam em torno de um tipo de "foco-móvel" que deslocava-se movido, principalmente, pelos pés (o "foot" arcaico dos gladiadores).
É necessário compreender que este "foco" não era virtual ou predefinido. Era físico, concreto. Análises realizadas em alguns exemplares ainda conservados revelam que era constituídos internamente de seiva extraída de árvores vivas e externamente da pele de animais mortos (criados especialmente para serem sacrificados). O conjunto ganhava rigidez devido à utilização de ar comprimido que dava uma forma esférica ("ball") ao artefato.
Alguns psico-antropólogos vêem neste objeto símbolo de uma civilização que deixava de ser tribal e pretendia afirmar-se como "mundial". A conjugação de das idéias "sangue de árvore" e "pele de animal" mostraria o desejo do homem de afirmar, definitivamente, seu domínio sobre a Natureza.
O líder tinha o privilégio de segurar o "foco" com as próprias mãos, controlando-o completamente; aos outros cabia apenas a possibilidade de chutá-lo com violência, de tentar fazer da "natureza morta" uma arma de ataque. O principal objetivo era fazer com que o artefato chegasse às costas do líder inimigo, humilhando-o moralmente perante os espectadores - isto denota o sadismo presente no inconsciente coletivo da época.
Coliseus especiais foram construídos em várias partes do mundo; ruínas ainda sobrevivem. Conservam-se também imagens de manifestações das dezenas de milhares de pessoas que compareciam, fisicamente, ao cerimonial.
Num silêncio mudo, ou em agitação frenética, a platéia participava do evento de forma nem sempre passiva. Em certos momentos, era como um retorno ao estado pré-humano. Vários costumes símios, já abolidos, voltavam a ser excepcionalmente praticados naquelas ocasiões. Entre eles: acertar o vizinho com pedaços de madeira e urinar sobre suas cabeças. Curiosamente, não foram encontrados registros de óbitos no interior dos campos de combate, mas aconteciam com freqüência entre os participantes externos.
Antropologicamente, sustenta-se a tese de que estes rituais teriam marcado a chegada das denominadas "Religiões sem Deuses". Nesse período, as divindades tradicionais foram abandonadas; igrejas seculares, ou até mesmo milenares, permaneciam vazias, mesmo nos então chamados "dias santos" (Domingo ou Sábado, dependendo do estilo do culto, ou em datas aleatoriamente fixadas segundo a tradição da respectiva seita).
Nesses mesmos dias, porém, os Coliseus lotavam de fiéis que, com ardor bélico-religioso, entoavam hinos e saudações. A exemplo dos cerimoniais primitivos, bebidas etílicas - fermentadas ou destiladas - eram utilizadas por muitos para obter, bioquimicamente, alterações mentais e desequilíbrio neural.
A imprevisibilidade caótica da natureza também tinha sua representação na liturgia. Era representada por um participante que não fazia parte de nenhum dos bandos rivais e, conquanto perambulasse livremente por toda extensão do campo, tinha a irrecusável obrigação de evitar tocar no "foco". Entendem os estudiosos que seria uma espécie de "gladiador fantasma", "pseudo-gladiador" ou "gladiador anômalo", pois, ainda que presente, não participava, tampouco auxiliava qualquer dos times em seus propósitos.
Sua função primeira parecia ser a de intervir de forma imprevisível no desencadeamento do combate. Alguns pesquisadores defendem que sua real função fosse representar a "justiça divina"; para outros simbolizava a própria morte.
Sem embargo, a idéia de simbolizar a morte é, hoje, a mais aceita, pois se baseia em provas quase incontestáveis. Não são poucos os registros que revelam o momento em que um gladiador aparentemente saudável, e sem qualquer ferimento, é eliminado pelo "gladiador fantasma", sendo expulso da luta e passando por um estado de morte virtual.
Para reforçar o simbolismo, embora as cores utilizadas na flâmula e nas vestes do bando fossem da maior diversidade possível, a indumentária do "gladiador fantasma" era invariavelmente negra. Cor que nesta época representava o luto, as trevas e a idéia paradigmática de "Mal", tanto que era de utilização obrigatória em cerimônias mortuárias.
Os pesquisadores atualmente se dividem em duas correntes de pensamento. A maioria acredita que as cenas encontradas em meios eletromagnéticos arcaicos mostrem apenas momentos esporádicos dessa sociedade. Neste pé, a chamada prática do "football" não seria generalizada, apesar de amplamente difundida e acessível a todos. Assim, para esta parcela da comunidade científica, havia uma parte bastante significativa da população que, conquanto conhecesse da existência do combate e soubesse do que se tratava, não despendia seu tempo e atenção em tal prática.
Segundo esta visão, os Coliseus teriam sido construídos, originariamente, para outros fins que não os embates do "football"; como, por exemplo, o encontro entre pessoas famosas e seus admiradores; grandes cultos de religiões novas ou seculares; grandes demonstrações artísticas, principalmente sobre música; leilões; comícios, dentre outros tantos eventos. Seria, portanto, um grande centro de convenções da época.
Esta hipótese se apóia também em arqueo-imagens que parecem mostrar músicos nos mesmos Coliseus. Ela, porém, não consegue explicar a necessidade da presença física de tantos espectadores, uma vez que artefatos primitivos de difusão de som e imagens, inclusive a cores, já existiam em quase todas as habitações. Além disso, os que não tinham acesso a tal tecnologia em suas casas podiam, segundo estudos respeitados, ir aos locais onde eram vendidos esses aparelhos e ver as imagens radiodifundidas do evento - e o mais estranho é que não precisavam despender nenhuma importância econômica para ver o som e as imagens radiodifundidos, ao passo que o ingresso nos coliseus só se fazia mediante um pagamento prévio.
Pouco aceita e tida por muitos como "bárbara", esta idéia de "Religiões sem Deuses" conta com apoios dentro da história oral e da etimologia. Algumas famílias conservavam, com um apreço inexplicável, objetos contendo os brasões utilizados nos combates, e vem deste momento o adjetivo "pelé".
"Pelé" designaria um semideus lendário, cujo poder especial teria sido a capacidade de deslocar o "foco" para qualquer lugar do campo que desejasse, sem qualquer dificuldade e fazia-se insuscetível de ser impedido por qualquer outro combatente ou obstáculo natural. A expressão "feito de Pelé", hoje tão comumente usada e que possui o mesmo significado de hercúleo (feito de Hércules - um outro semideus, mas inventado por uma religião comum), seria proveniente desta época e desse combate.
Ambas as vertentes concordam no fato de que independente destes rituais terem acontecido ou não de forma generalizada, eles ocuparam um grande espaço no imaginário coletivo daquela era e atribuem este fenômeno aos sistemas de produção e organização social vigentes.
Nesta era, que durou aproximadamente cinco séculos, vivia-se um momento especial, sem paralelo em qualquer outra época anterior ou posterior da História. Os cidadãos desse tempo eram obrigados a se deslocar fisicamente, todos os dias, até postos de produção. Eram forçados também a chegar, sair e até a comer em momentos sincronizados. Este estilo "mecânico" de viver teria provocado pressões interiores, descarregáveis em rituais de fim de semana, como o lendário "football".