PRÓLOGO
Nuvens infindáveis, escarpas assomando-se em espirais, aves passavam rapidamente pelo corpo enquanto Eöl caía de Calagdûr, abandonado por sua família e por seu povo, remoendo seu ódio pelos noldor enquanto sua consciência se esvaia durante a queda, jamais temeu sua destruição.
Do alto de Caragdûr, Turgon observava o elfo negro cair, até que seu corpo passou pelas primeiras nuvens das Echoriath, "um infeliz a menos que caminha sobre a terra" diz à ele Ecthelion, "certamente será esquecido pelas gerações futuras como todos que daqui foram jogados", Turgon sai dali perturbado, a face do elfo parecia estar gravado em cada superfície irregular que encontrava, talvez ainda não fosse a hora de Eöl encontrar o juíz Námo em Mandos.
E de fato assim ocorreu, em seu furor, os elfos jogaram Eöl do penhasco sem despí-lo de seu manto e livrá-lo de sua armadura de galvorn. Eöl caiu num barranco menos íngreme e completou sua queda rolando até a base da montanha batendo em várias rochas no caminho. Tal queda seria fatal para qualquer homem ou elfo, de certo encontraria a morte se sua Armadura não o tivesse protegido das rochas e se seu desejo de vingança não fosse tão intenso a ponto de curá-lo de seus ferimentos.
Dois dias depois do auto em Caragdûr, Eöl acorda e se descobre vivo, tendo a seu lado Anguirel, sua espada e a seus pés um pequeno riacho, que certamente nascia na montanha; Tenta se mover, mas seu corpo, em demasia escoriado ainda não respondia totalmente a seus desígnios. Manteve-se consciente por mais algumas horas, tentando reorganizar os sentidos e então caiu num sono pesado e recheado de pesadelos.
Capítulo 1 - O andarilho das Echoriath.
Ao 3º dia, Eöl pôde se arrastar até o regato próximo, estava sedento. Sua língua inchada e suas gengivas cortadas fizeram do ato de beber um suplício, a água desceu como fogo pela garganta seca do elfo, mas se sentiu melhor depois, pois a necessidade de água era mais cáustica do que a dor de bebê-la. Sua vista ainda estava embaçada e suas pernasainda doíam demais para que ele as mexesse,seus pensamentos ainda estavam confusos, só se lembrava da queda, Caragdûr se afastando e diminuindo rapidamente e penas a sua volta, pássaros enormes... Eöl dirige um olhar vago para a claridade acima e adormece novamente.
Ao 5º dia, Eöl finalmente conseguiu se levantar, percebeu que seu poder de cura conseguira manter seus membros inteiros por dentro, nada havia sido quebrado, passou a mão pelo corpo e exibiu um esgar de felicidade irreprimível quando percebeu que estava com sua armadura, com certeza ela o salvara. Sentiu fome, conseguiu achar um pedaço de pão de viagem velho e duro em sua capa, comeu-o num frenesí animalesco e notou que a garganta já não doía, quando sua vista finalmente voltou a funcionar decentemente resolveu descobrir aonde estava, coxeou pelos arredores visando explorar a região.
Continua...