Alcarinollo
Usuário
Procura-se Ornella
Barbacena. Madrugada. Frio. A rua Sete está vazia e silenciosa, por isso o recepcionista de sono leve acorda de imediato, assustando-se com a figura esguia e pálida á sua frente.
-[FONT="] [/FONT]Boa noite, o senhor quer um quarto? Olhos vazios fixam-se nos olhos ainda sonolentos do recepcionista e o rosto se contrai, trazendo um pouco de sangue aos lábios que, vagarosos, se abrem.
-[FONT="] [/FONT]Não, estou à procura de uma moça... – o rosto se ilumina enquanto os lábios pronunciam o nome – Ornella, o nome dela é Ornella...
A carteira surge na mão como se tivesse se materializado do nada, e os olhos sonolentos do recepcionista são logo atraídos pelo brilho dourado do distintivo.
-[FONT="] [/FONT]Sou detetive. Procuro por esta moça... – novo instante de hesitação, a centelha no fundo vazio do olhar que busca longe a imagem de um rosto – pele clara, cabelos longos, negros, olhos castanhos...um metro e sessenta e cinco, mãos pequenas e unhas bem cuidadas, lábios grossos... bem, é isso. - A sombra novamente no rosto pálido.
-[FONT="] [/FONT]Sinto muito, senhor, mas esta moça não se encontra hospedada neste hotel.
-[FONT="] [/FONT]Posso ver o registro?
-[FONT="] [/FONT]Claro, claro. – o olhar percorre as páginas auxiliado pelo dedo fino até o último nome; e mais uma vez, e uma terceira.
-[FONT="] [/FONT]Como vê, senhor, nada. Ela não está hospedada aqui. Mais alguma coisa?
Os olhos vazios encaram o recepcionista, enquanto a mão enfia-se na jaqueta de couro para tirar um cigarro.
-[FONT="] [/FONT]Tem fogo?
-[FONT="] [/FONT]Aqui!
No instante seguinte ele já está de costas e antes de transpor a porta e sumir na noite, o recepcionista ainda pergunta:
-[FONT="] [/FONT]Quer deixar um número, senhor... para que possamos avisá-lo se por acaso ela se hospedar aqui? Um instante, um passo antes da saída o homem para, traga profundamente o cigarro e, olhando os círculos de vapor que envolvem a lua nova, no céu límpido da madrugada fria:
-[FONT="] [/FONT]Não será necessário... eu volto outra noite...
E já na rua, baixinho, os olhos cobertos pela lágrima gelada:
-[FONT="] [/FONT]Outra noite e mais outra, até te encontrar... Ornella.
**** ****
Bom Natal para todos! Até mais!
Barbacena. Madrugada. Frio. A rua Sete está vazia e silenciosa, por isso o recepcionista de sono leve acorda de imediato, assustando-se com a figura esguia e pálida á sua frente.
-[FONT="] [/FONT]Boa noite, o senhor quer um quarto? Olhos vazios fixam-se nos olhos ainda sonolentos do recepcionista e o rosto se contrai, trazendo um pouco de sangue aos lábios que, vagarosos, se abrem.
-[FONT="] [/FONT]Não, estou à procura de uma moça... – o rosto se ilumina enquanto os lábios pronunciam o nome – Ornella, o nome dela é Ornella...
A carteira surge na mão como se tivesse se materializado do nada, e os olhos sonolentos do recepcionista são logo atraídos pelo brilho dourado do distintivo.
-[FONT="] [/FONT]Sou detetive. Procuro por esta moça... – novo instante de hesitação, a centelha no fundo vazio do olhar que busca longe a imagem de um rosto – pele clara, cabelos longos, negros, olhos castanhos...um metro e sessenta e cinco, mãos pequenas e unhas bem cuidadas, lábios grossos... bem, é isso. - A sombra novamente no rosto pálido.
-[FONT="] [/FONT]Sinto muito, senhor, mas esta moça não se encontra hospedada neste hotel.
-[FONT="] [/FONT]Posso ver o registro?
-[FONT="] [/FONT]Claro, claro. – o olhar percorre as páginas auxiliado pelo dedo fino até o último nome; e mais uma vez, e uma terceira.
-[FONT="] [/FONT]Como vê, senhor, nada. Ela não está hospedada aqui. Mais alguma coisa?
Os olhos vazios encaram o recepcionista, enquanto a mão enfia-se na jaqueta de couro para tirar um cigarro.
-[FONT="] [/FONT]Tem fogo?
-[FONT="] [/FONT]Aqui!
No instante seguinte ele já está de costas e antes de transpor a porta e sumir na noite, o recepcionista ainda pergunta:
-[FONT="] [/FONT]Quer deixar um número, senhor... para que possamos avisá-lo se por acaso ela se hospedar aqui? Um instante, um passo antes da saída o homem para, traga profundamente o cigarro e, olhando os círculos de vapor que envolvem a lua nova, no céu límpido da madrugada fria:
-[FONT="] [/FONT]Não será necessário... eu volto outra noite...
E já na rua, baixinho, os olhos cobertos pela lágrima gelada:
-[FONT="] [/FONT]Outra noite e mais outra, até te encontrar... Ornella.
**** ****
Bom Natal para todos! Até mais!