As suspeitas dos telespectadores são bem coerentes com o mundo (doente) que a gente vive hoje. No mundo de hoje homens heterossexuais não podem ser afetuosos ou carinhosos uns com os outros (interessante que em algumas culturas bem machistas como em vários países árabes amigos homens podem por exemplo andar de mãos dadas e isso não sinaliza para algo sexual). Aliás, não acontece só com os homens. Todo gesto afetivo ou carinhoso tem sido confundido com o sexual, cada vez mais. Mesmo mulheres de mãos dadas o povo já olha e pensa "casal!", o que dirá amigos onde um é homem e o outro é mulher.
É muito triste ao meu ver, um mundo onde se tem MEDO DO CORPO DO OUTRO, ainda que este outro seja seu amigo ou amiga (e independente da preferência sexual), sempre por causa da sexualidade doente que vivemos!
O tempo/espaço de Tolkien ainda tinha algum espaço para o não medo. O homem não tinha qualquer medo ou embaraço de, por exemplo, ficar pelado no vestiário do clube com outro homem. Não havia qualquer confusão ali. Por outro lado, o preconceito a qualquer outra forma de expressão/preferência sexual era rechaçada, com homossexuais, transgêneros etc. não sendo aceitos. Aí eu fico pensando: trocamos uma doença (a homo/transfobia) por outra (o carinho e a carícia encarcerados na sexualidade, causando medo de ficar a vontade com o outro se expressar sem que isso seja confundido com interesse sexual).