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Doutor Jivago (Boris Pasternak)

Clara

Perplecta
Usuário Premium
Alguém já leu esse livro?

Comecei a ler na semana passada e ainda não sei bem o que dizer sobre ele.

A história de Lara e Iuri se passa na Rússia pré revolução, no começo do livro fiquei meio confusa com todos aqueles personagens e nomes (russos, é claro) e a todo momento tinha que conferir a lista de personagens (que a tradutora fez o favor de colocar no início do livro).
Me senti lendo "O Silmarilion" de novo! XD
Mas depois de um tempo encheu o saco e resolvi ir em frente por conta própria e descobri que o próprio texto e as circunstâncias acabam por dizer quem era quem e onde ouvimos falar dele ou dela antes.
E essa descoberta permitiu que a leitura fluísse melhor

Uma coisa que notei (e que me agradou bastante) são os detalhes com que o autor narra lugares, cheiros, climas e pessoas.
Acho que é por conta desses detalhes todos que o livro, em formato de bolso, tem quase 700 páginas (sem contar os poemas no final).

Os personagens são "vivos" digamos assim, à moda das grandes histórias russas de Dostoieviski e Tolstoi.
Lara (Larissa) é descrita como linda, mas o que nos encanta nela é sua personalidade forte e cheia de fragilidades e incertezas (que a faz parecer meio doida aos olhos dos outros).
Assim também é com Iuri (o Doutor Jivado do título) que conhecemos criança, logo no início da história, e sentimos sua tristeza e solidão no enterro da mãe.

No mais, vale contar aqui algumas curiosidades.
Doutor Jivago foi publicado pela primeira vez em 1957, numa edição italiana para onde o original russo foi enviado clandestinamente para Giangiacomo Feltrinelli, integrante do partido comunista italiano.

Segundo a editora Bestbolso, pertencente ao Grupo Editorial Record, essa é a primeira tradução brasileira feita diretamente do original russo.
A referida tradução é de Zoia Prestes, filha de Luis Carlos Prestes e que viveu com a família na então União Soviética por quinze anos.
Zoia traduziu também dos originais russos outros livros como: "Meu Marido Dostoievski" (escrito pela segunda esposa do autor russo) e "O Mestre e Margarida" (de Mikhail Bulgakov).

Quando terminar de ler o livro todo colocarei mais coisas aqui.
 
Esse livro é eu tenho aqui, namoro ele todo dia, corro para as ultimas páginas e leio os poemas, dou um relida nas notas sobre o autor e a obra, sinto aquele volumão que é a edição de bolso, mas não encaro o romance! Amor velado, assim como Poderes Terrenos, de Anthony Burguess, algo me diz que esse livro será especial. Loucura minha, concordo, mas o que fazer! A história de Pasternak, assim como a de Isaac Bábel, vale por um livro.
 
[align=justify]Também costumo olhar na Estante Virtual volta e meia o livro, mas nunca me organizei para comprar, mesmo tendo o filme, mas nunca tendo assistido, já que quero ler o livro primeiro. Quem sabe eu não faça isso esse ano...
Falando nisso, aquela edição de bolso vale a pena ou é melhor comprar aquela em formato "normal" mesmo?[/align]
 
A edição de bolso é o texto integral mais uns doze poemas, e como esses livros pocket vivem em promoção eu esperei até que achei na cultura por $15, e são quase 800pgs! Acho que vale a pena sim hein///
 
Estou gostando dessa edição Lucas.
A tradutora viveu muito tempo na União Soviética e dá algumas explicações sobre personagens históricos e costumes russos.
E como eu gosto desses detalhes, estou achando a leitura ótima! :sim:
 
Não reduza um livro às apararencias físicas... mas, enfim, quando comprar volta aqui e diz se há qualquer diferença.
 
Clara V. disse:
Quando terminar de ler o livro todo colocarei mais coisas aqui.

Legal Clara ! Vou ficar aguardando o seu comentário. Assisti ao filme alguns anos atrás e achei muito bonito. O Omar Shariff faz o papelo do Dr. Jivago. Não lembro a atriz que interpreta a Lara.
E o formato dos livros da Bestbolso me agradam bastante.

Abs,
Cats
 
Então, terminei de ler na semana passada.
Gostei bastante e senti que é mais uma daquelas histórias que me acompanharão por muito tempo a exemplo de "Os Miseráveis" e "O Senhor dos Anéis".
Vejo que daqui pra frente sempre que ouvir falar de Rússia, revolução russa e Sibéria, sentirei saudades e reencontrarei Iuri Andreevitch, Lara Antipov, Pachenka, Tônia e até mesmo o odioso Komarovski.

O amor forte e o final infeliz de Lara e Iuri são de partir o coração da gente! :(
Ao fundo a revolução russa, a paisagem e costumes russos, maravilhosamente detalhados (maravilhosos pra mim pelo menos, já que adoro essas coisas).
A vida do Iuri parece ser uma série de privilégios extraordinários intercalados com sofrimentos intensos.
Ele vai perdendo aos poucos, ao longo de sua triste vida, tudo o que mais preza: a família, a profissão, a capacidade de escrever, Lara, a liberdade.
E, o que mais aflige a gente, não pode fazer nada contra isso.
Tá certo que ele pisou na jaca deixando a Lara ir embora com o Komarovski, ainda mais com ela grávida (e parece que ele nunca acreditou nisso).
Mas, apesar de bocó, talvez tenha sido a melhor decisão mesmo, talvez fosse a única maneira de mantê-la a salvo.
E vá saber o que o escroto do Komarovski teria feito com ele, Iuri, diante do que fez com o bebezinho da Lara! :susto:
E vendo sua vida se desfazer, impotente, Iuri vê também seu país se transformar.
A revolução comunista, que no início parecia trazer um sopro de ar fresco para um povo pobre e sofrido, transformou-se na ditadura do partido, da burocracia.
O trecho em que Iuri, na cidade após fugir do acampamento guerrilheiro, lê um informe do governo culpando proprietários e especuladores pela fome da população é exemplar. Era um discurso vazio, que não tinha mais razão de ser, não havia mais propriedades, nem especuladores, nem agricultores, nem aldeias pois todos foram exterminados por decretos anteriores.
Mas os que estavam no poder não viam e nem prentendiam ver isso, esquecidos de suas ações e aferroados a discursos que já não tinham mais razão de existir.
No melhor estilo "Revolução dos Bichos", Iuri e os outros russos viam a transformação de porcos em homens e vice-versa.
E eu, lendo Doutor Jivago comecei a entender muito mais as teorias de Robert Michels do que nas aulas de Teorias da Democracia.
 

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