Com certeza se eu pegar todo o pó da minha sala e jogar tudo debaixo do tapete é uma bela maneira de redistribuir o problema pra outro lugar já que ficará tudo escondidinho.
A comparação não faz sentido algum.
A redistribuição de renda em favor dos mais pobres é, por si só, algo nobre e louvável. É dar melhores condições de vida para esse grupo, e isso é algo bastante digno.
Ah, e falando em distribuição de renda, olha que interessante: a desigualdade de renda no Brasil vem caíndo consistentemente ano após ano na última década. Começamos 2000 com um índice de Gini de 0,596, e em 2009 esse índice estava em 0,543. E não vejo como isso pode ser ruim.
Mas não é e nunca será uma solução, quando na verdade funciona como um excelente maqueador de estatísticas pros governantes no horário politico esfregar na cara da população dizendo que estão fazendo uma revolução no IDH.
O IDH não vai ser mascarado dessa forma. IDH é calculando utilizando a renda
per capita, que como vc deve saber consiste no PIB dividido pelo total da população. Redistribuições de renda,
por si só, não incrementam o produto do país como um todo, então os efeitos de um bolsa-família não mascaram o IDH.
Mas agora há outro aspecto interessante nesses programas de assistência como o bolsa-família: o que se chama em economia de efeito multiplicador da renda. O dinheiro distribuído via programas assistenciais é utilizado pelas famílias para consumir mais bens. Com a família comprando mais, por exemplo, na mercearia da esquina, o dono da mercearia também obterá um ganho, resultante desse acréscimo em suas vendas. E ele, por sua vez, dado o acréscimo em seus ganhos, também irá consumir mais, e assim por diante. Ou seja: o circuito do fluxo não se resume meramente em "governo -> família benefíciada", mas se estende para muito além disso, gerando um conjunto multiplicado de consumo, geração de empregos, produção e.... impostos! Pois é, com mais atividade econômica, o governo também arrecada mais. Talvez ele não recupere o montante total distribuído às famílias, mas certamente ele obtém de volta alguma parte.
E tenha você uma visão político-partidária ou outra, não dá simplesmente para negar essa realidade e esses efeitos meramente por achar que "o PT é uma corja de fdp". Eu mesmo não sou petista, mas reconheço os pontos positivos da política de distribuição de renda. Querer negar algo "
só porque é do PT" é miopia política, a mesma miopia que há tanto tempo vem obstruído o desenvolvimento do país.
Agora, claro que ainda existem várias imperfeições, e é evidente que uma política de redistribuição de renda e inserção social não deve se resumir a um bolsa-qualquer-coisa. Deve ter continuidade com maior investimento educacional e social como um todo, o que potencialmente permite que as pessoas possam livrar-se da dependência de programas assistenciais no longo prazo.