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Contra os "filmes inteligentes"

Bruce Torres

Let's be alone together.
Sala dos Roteiristas | Contra os "filmes inteligentes"
Para começar, não me venham com heróis realistas, por favor
05/05/2016 - 12:34 - A COZINHA

Antes de tudo, deixe-me apresentar. Meu nome é Lívia, eu ganho a vida como roteirista e adoro filmes e cultura geek. E quando eu digo que adoro filmes e cultura geek é porque eu levo a sério filmes e cultura geek, o que quer dizer que eu não gosto de quase nada dos filmes e coisas geek que eu assisto, o que faz com que as outras pessoas achem que eu odeio filme e cultura geek.

E é exatamente por adorar filmes e cultura geek que nada me deixa mais revoltada que "filme inteligente". Por exemplo, Batman do Christopher Nolan. Antes de tudo, como o filme se vende? Sombrio, realista, repleto de frases profundas, cheio de explicações técnicas para tentar justificar as ideias mais estapafúrdias. Quer fazer um Batman realista? Começa não colocando uma fantasia de morcego nele.

E vamos ser francos: ninguém vai ver filme de super-herói no cinema pra encontrar algo verdadeiramente inteligente. Quem quer encontrar algo verdadeiramente inteligente, sei lá, vai ler filosofia kantiana, escutar música clássica ou ver filme do Mizoguchi. Se o cinema hollywoodiano deu certo até hoje, foi exatamente por apostar na total falta de inteligência de seu público.

E não vamos nos enganar, o público de hoje é ainda menos inteligente que o de cinquenta anos atrás. Ou alguém consegue justificar de outra forma os filmes do Iñarritu ficarem aí ganhando Oscar a torto e a direito?

Por isso que eu gosto mesmo é de comédia pastelão, daquelas que repetem pela milésima vez a mesma piada. Digamos, alguém recebendo uma torta na cara. A piada pode ser imbecil, o público sabe que ela será imbecil, e ela funciona exatamente por ser imbecil. Não há mentiras, não existem joguetes, ninguém finge ser melhor do que realmente é. Torta na cara representa o cinema hollywoodiano em sua máxima essência, sendo o mais sincero que ele pode ser.

E quando é para ser assim, sinceramente, não tem para ninguém. Existem muito mais méritos em fazer as mesmas piadas imbecis continuarem funcionando por décadas e décadas a fio, mesmo com todas as mudanças de seu público consumidor (e eu, particularmente, devo confessar que amo esse tipo de piada), do que em colocar sempre o mesmo tipinho de música folk no mesmo tipinho de filme indie fofinho achando que está sendo alternativo.

No espectro exatamente oposto ao da natureza sincera das tortas na cara, eis que surge o Christopher Nolan. Ele faz tudo que a aparência de inteligência permite alguém fazer: filme de super-herói realista, filme intergaláctico científico, filme de sonho dentro do sonho dentro do sonho, filme ao contrário, filme espertinho sobre mágico só pra esconder que ele próprio é um grande truque. (E ainda por cima o filme de mágico dele se chama "O Grande Truque".)

É o clássico "me engana que eu gosto": filmes imbecis pretensamente inteligentes para um público também não muito esperto se achar mais inteligente do que é. Desculpem-me a franqueza, mas isso me parece dizer muito sobre hoje em dia.

Pra finalizar, que hoje em dia ninguém tem paciência para ler um "textão" de uma página mas todo mundo tem paciência pra ver filme de três horas do Nolan (eu nunca entenderei a humanidade!), se de um filme de comédia o público quer a torta na cara, de um filme de ação ele quer mesmo, no fundo, as cenas de ação. A quem queremos enganar?

E o que são as cenas de ação desses filmes? Um bando de borrão indecifrável, cheio de corte do nada para o nada, com uma edição de som nas alturas para a gente achar que viu alguma coisa quando não viu coisa nenhuma. De fato, é válido você fingir ser inteligente quando não sabe filmar direito nem uma simples cena de pancadaria. Pelo menos isso aí ainda dá para o Nolan aprender.

Enfim, Christopher Nolan, assiste aí uns filmes da era de ouro do cinema (os anos 80) e quando o fizer por favor traz de volta o Van Damme da semi-aposentaria, que para alguma coisa você tem que prestar.

Fonte: https://omelete.uol.com.br/colunistas/artigo/sala-dos-roteiristas-contra-os-filmes-inteligentes/
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P.S.: Há vários pontos em que discordo da autora, depois direi quais são. Mas achei interessante postar aqui devido ao debate que volta e meia se apresenta nos tópicos de cinema sobre uma obra ter de exigir mais do público ou não, ser apenas entretenimento ou algo mais, etc.
 
Até comentaria algo, mas como esse texto é lá do Omelete que, volta e meia, sempre dão um jeito de bater no Nolan e sua trilogia de 2005, 2008 e 2012 - eu passo essa zoeira pastelão em forma de crítica.
 
Eu discordei em quase tudo. Da mesma forma que temos que separar os livros ''inteligentes" dos mais voltados ao entretenimento, temos que fazer isso com os filmes. Mas mesmo assim, nada impede que um filme mais voltado ao entretenimento seja inteligente. A parte que eu concordo é que o povo hoje em dia curte muito filme ruim. Principalmente nas comédias, que estão bem fracas de uns tempos pra cá. Tipo, de contar nos dedos o número de filmes realmente bons do gênero que saíram nos últimos 5 anos.
 
Não faço essa distinção, aprendi a gostar de muitos filmes cult que antes eu desprezava e hoje acho essenciais. Tem muitos que eu ainda quero ver. Acho que tem hora pra tudo... Não dá pra taxas as pessoas... Em um momento dá vontade de ver uma comédia pastelão, em outro um excelente filme dos anos 30... Tem a hora da pizza e a hora da champanha!
 
Filmes ruins, todo mundo viu e irá ver. Não tem escapatória. O problema é você se anunciar como roteirista, geek, citar filmes do Mizoguchi e bater no Nolan e no Inarritu só para dizer que gosta do Van Damned. Pra quê isso? Manda esse textão pro grupo de zap-zap.
 
O mercado vê o Cinema acima de tudo como peça importante da indústria do entretenimento e sendo assim o que é mais comercial sempre tende a levar mais vantagem ao que é mais "inteligente".
 
O texto diz. dia, diz pra depois desdizer o que disse. Ou eu sou burro ou a autora do texto escreveu esse texto pra escrever um texto (ou os dois). Ela começa uma frase bem e depois desanda, eu começo achando que vou concordar e termino discordando.

Todo mundo pode gostar de tudo, seja de filme cult iraniano de 3 horas e meia, seja de filme de comédia besteirol. Se a pessoa acha que o outro tipo de filme é inferior me parece vontade de se mostrar melhor aos demais. Seja quem critica quem gosta de filme cult (2001, Laranja Mecânica, Donnie Darko) que quando faz isso parece querer dizer que não entendeu porra nenhuma, e ao que me conste você não precisa entender tudo numa obra de arte pra poder apreciar. Se não entendeu não tem problema, mas querer fazer que quem gostou (tendo entendido ou não) é modinha ou metido me parece babaquice. Ou quem critica adoradores de filmes de comédia besta como infantis (ou seja lá como taxem esses) vai pro lado reverso. Esse sim quer ser o cult, como se o filme por ser longo, ou por ser de um diretor experimental, ou seja lá pela razão que for que o filme seja considerado cult, torne o mesmo filme num bom filme.

Filmes, sendo obras de arte, mesmo que seja comercial, ainda é arte, o que é arte?. E arte não precisa ser apenas para os neófitos, não são os mistérios de Elêusis. cada um aprecia como achar que deva ser apreciada. Ou consome apenas o que lhe agrada.
 

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