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Ciências Morais, de Martín Kohan

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Terminei de ler hoje o livro e achei muito bom. Abaixo, uma resenha que fiz para o Vísceras Literárias.


Sobre a história

Ano de 1982. A Ditadura Militar na Argentina completava seis anos. É esse o contexto externo do tradicional - ou, melhor, tradicionalíssimo - Colégio Nacional de Buenos Aires na época em que María Teresa empenha-se em conferir, por exemplo, se todos os alunos estão usando meias azuis de náilon, ou, ainda, se um garoto está tomando a devida distância de uma garota.
Como inspetora da oitava série 10, a personagem do romance "Ciências Morais", de Martín Kohan, deve estar sempre atenta a qualquer violação dos regulamentos. Nova, de apenas vinte anos, ela mistura sua obrigação de fiscalizar e relatar com estranhas sensações de suspeita e de prazer.
O pesado clima de rigor militar reflete no tratamento dado aos alunos, mantendo-os atados ao patriotismo doentio, à moral conservadora e à história dos heróis. María Teresa, mesmo sem ter absoluta consciência disso, é uma das responsáveis por manter os meninos e meninas do prestigiado Colégio Nacional em sintonia com tais preceitos.
Como inspetora, analisa e investiga qualquer possível má conduta de um aluno, sendo real ou imaginada, de forma a mostrar bom trabalho ao senhor Biasutto: uma figura imponente, ao mesmo tempo acolhedor e distante; o chefe dos inspetores.
María Teresa, enfim, pode simbolizar aquela Argentina em conflito. Conflito físico, real, da Guerra da Malvinas, mas também um conflito do inconsciente. Uma mistura de moral com imoral, proibição com prazer, controle com perversão.

Sobre a edição

Ciências Morais, no Brasil, é editado pela Companhia das Letras.
Não conheço o escrito original, mas a tradução de Eduardo Brandão parece ser de qualidade. E, como a maioria das publicações da Companhia das Letras, não encontrei nenhum tipo de falha, seja de revisão ou digitação.
A capa é brilhantemente produzida por Flávia Castanheira, na qual observam-se desenhos seguidos que orientam como dar um nó numa gravata. Logo abaixo, o título do livro escrito por cima de um adesivo (sim, é de fato um adesivo, e não uma ilustração), daqueles mesmos muito usados para etiquetar livros didáticos. Para compor o fundo da capa, claro, um azul pleno, como a cor da farda dos estudantes do Colégio Nacional de Buenos Aires.
 

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