Curti este livro. Um dos poucos “best-sellers” conceituados da literatura brasileira.
Acho que parte do “vende bem” provém do fato dele ser um livro bastante adotado por escolas. Eu tenho o costume de procurar uma resenha pelo google antes de colocar minha opinião do livro (assim não me ferro sozinho, rs) e existe um monte de coisa, mas especialmente de caráter... er... “escolar”, com resumos da história, explicações a respeito de quem foram Gregório “Boca do Inferno” de Matos e o Padre “Os Sermões” Vieira. De certa forma, é um boa forma de dar um panorama do barroco brasileiro, tanto no cenário quanto nos autores.
Não é um livro “difícil”. Como ficção histórica, tem uma qualidade que aprecio, uma qualidade também encontrável naquela série da HBO, Roma.
Os personagens agem e atuam sem saber o que vai acontecer, há imprevisibilidade em suas ações. Afinal, enquanto se vive a história não sabe ONDE ela vai dar.
Outra coisa bem legal são as pequenas descrições que ajudam a montar cenário, a recriar a realidade daquele tempo, gestos como o do Gordo a atirar cascas de banana d´ouro atrás de si (como se fosse um sujeito a jogar papelzinho de balas), as escravas a nanarem a criança, a indiferença com a qual TODOS são abertamente preconceituosos (contra judeus, escravos, mulheres)...
Pelo pouco que busquei pela Internet, outra coisa legal é que a Ana usou partes e trechos das poesias do Gregório e dos sermões do Vieira, de forma decontextualizada, mas que fazem sentido na trama e na construção dos personagens.
Mas pra gente, leitor comum e desencanado, a história funciona? Funciona muito bem.
Tanto a descrição do período ajuda a transportar a gente pra um outro “mundo”(*), quanto a história, a briga entre dois grupos políticos, provoca tensão narrativa suficiente pra gente ser puxado até o fim. Você começa a ficar desesperado para saber como aquela coisa vai acabar e durante a leitura me vi várias vezes tentado a ler o final. O curioso é que o motivo da discórdia até é explicado, mas ele não parece tão importante quanto as consequências geradas... Parece algo vago, e de certa forma, interessa pouco, é quase um “McGuffin” (Objetivo importante para os personagens, mas obscuro para o espectador/leitor, citado pelo Hitchcock).
A gente nunca lê um livro só, a gente sempre o está comparando com outras leituras, com o contexto que vive no momento, com sua própria vida... Posso estar eventualmente viajando, mas achei que o livro "conversava" com os anos de chumbo no Brasil, no qual dois "lados" se batiam e se matavam, sem que - necessariamente - se preocupassem com o país ou com o povo.
Mas é só minha opinião.
Acho que parte do “vende bem” provém do fato dele ser um livro bastante adotado por escolas. Eu tenho o costume de procurar uma resenha pelo google antes de colocar minha opinião do livro (assim não me ferro sozinho, rs) e existe um monte de coisa, mas especialmente de caráter... er... “escolar”, com resumos da história, explicações a respeito de quem foram Gregório “Boca do Inferno” de Matos e o Padre “Os Sermões” Vieira. De certa forma, é um boa forma de dar um panorama do barroco brasileiro, tanto no cenário quanto nos autores.
Não é um livro “difícil”. Como ficção histórica, tem uma qualidade que aprecio, uma qualidade também encontrável naquela série da HBO, Roma.
Os personagens agem e atuam sem saber o que vai acontecer, há imprevisibilidade em suas ações. Afinal, enquanto se vive a história não sabe ONDE ela vai dar.
Outra coisa bem legal são as pequenas descrições que ajudam a montar cenário, a recriar a realidade daquele tempo, gestos como o do Gordo a atirar cascas de banana d´ouro atrás de si (como se fosse um sujeito a jogar papelzinho de balas), as escravas a nanarem a criança, a indiferença com a qual TODOS são abertamente preconceituosos (contra judeus, escravos, mulheres)...
Pelo pouco que busquei pela Internet, outra coisa legal é que a Ana usou partes e trechos das poesias do Gregório e dos sermões do Vieira, de forma decontextualizada, mas que fazem sentido na trama e na construção dos personagens.
Mas pra gente, leitor comum e desencanado, a história funciona? Funciona muito bem.
Tanto a descrição do período ajuda a transportar a gente pra um outro “mundo”(*), quanto a história, a briga entre dois grupos políticos, provoca tensão narrativa suficiente pra gente ser puxado até o fim. Você começa a ficar desesperado para saber como aquela coisa vai acabar e durante a leitura me vi várias vezes tentado a ler o final. O curioso é que o motivo da discórdia até é explicado, mas ele não parece tão importante quanto as consequências geradas... Parece algo vago, e de certa forma, interessa pouco, é quase um “McGuffin” (Objetivo importante para os personagens, mas obscuro para o espectador/leitor, citado pelo Hitchcock).
A gente nunca lê um livro só, a gente sempre o está comparando com outras leituras, com o contexto que vive no momento, com sua própria vida... Posso estar eventualmente viajando, mas achei que o livro "conversava" com os anos de chumbo no Brasil, no qual dois "lados" se batiam e se matavam, sem que - necessariamente - se preocupassem com o país ou com o povo.
Mas é só minha opinião.