Critica do Roberto Sadovski
COMEÇAR DE NOVO
Sim, caríssimo leitor(a), no dia em que a capital paulista voltou a nadar com a chuva torrencial, este que tecla estas linhas assistia a mais nova aventura do Homem-Morcego no cinema, que chega ao Brasil no próximo dia 17 de junho. O veredicto? Esqueça os filmes de Tim Burton! Jogue as lembranças dos longas de Joel Schumacher no lixão! Batman Begins é a melhor tradução do Cavaleiro das Trevas para cinema até hoje. Sim, a melhor, e eu estou contando o superestimado curta Dead End, do wannabe Sandy Collora. Vamos combinar que, para funcionar como cinema, o Morcegão precisa de qualquer coisa, menos de um sujeito marombado com uma roupa de pano. É filme – filme! – e não o vídeo da festa de Halloween da firma. Batman Begins joga o mito do personagem em um liquidificador, bate com vontade e regurgita um longa que, em muitos aspectos, dá de goleada até no herói dos gibis – pelo menos no que a gente tem lido hoje em dia (“Silêncio”? Argh!).
DETALHES, DETALHES!
Batman Begins traça a vida de Bruce Wayne da morte de seus pais, do desejo de vingança contra o homem que os matou (um meliante chamado Joe Chill, e NÃO um tal Jack Napier, aka Coringa, segundo a cartilha de Tim Burton), até sua decisão em inflamar o coração dos criminosos de Gotham com o mesmo medo que um dia lhe atingiu – o dia em que o jovem Bruce caiu em um poço abandonado na propriedade de seu pai e encontrou uma caverna cheia de morcegos... Christopher Nolan, diretor do filme, apoiado num roteiro nunca menos que espetacular escrito por ele mesmo e por David Goyer (que deve cair na real e só escrever filmes, e não dirigi-los como fez com Blade Trinity), fez do mundo de Batman um lugar reconhecível, realista: nada em Begins é ao acaso. Assim, o traje do herói é explicado, bem como seus aparelhos na luta contra o crime, a existência de uma caverna capaz de lhe servir como base de operações embaixo de sua mansão e o espetacular batmóvel – por sinal, a caverna e o carro-tanque nunca são chamados “bat-alguma-coisa” no filme.
E CADÊ O MORCEGÃO?
Assistindo a Batman Begins cheguei a esquecer que estava vendo um filme de super-heróis. Além da trama ser extremamente cativante, o Batman só dá as caras completinho em uma hora de filme. Antes disso, é Bruce Wayne quem comanda o show. Vemos seu treinamento nas mãos de Ducard, braço-direito de Ra´s Al Ghul; sua decepção com os planos do líder da Liga das Sombras (e não “dos Assassinos”) para Gotham e sua decisão em lutar contra o crime. Embora Ra´s – e, depois, Jonathan Crane, diretor do Asilo Arkham – sejam adversários valorosos, Batman Begins nunca comete o pecado de deixar o foco em cima deles. E muito menos em Gotham, que finalmente surge como sempre mereceu: uma metrópole caótica, suja e corrupta, mas ainda uma metrópole reconhecível, como Nova York, Londres ou mesmo São Paulo. O grande problema dos filmes anteriores era que, com a arquitetura bizarra (no caso de Burton) e equivocada (Néon? Estátuas gigantes? Schumacher, você estava louco?), Batman nunca era uma criatura extraordinária, nunca se destacava. Era apenas mais um elemento da paisagem. Em Begins ele é a peça fora do lugar.
O resto ta
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