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Agatha Christie

Nos 40 anos de morte, conheça fatos inusitados sobre Agatha Christie


AFP
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A escritora Agatha Christie em foto tirada em dezembro de 1954, em Londres

Há exatos 40 anos, a escritora inglesa Agatha Christie, conhecida como "Rainha do Crime" pela excelência de seus romances policiais, morreu em decorrência de uma pneumonia. Desde então, nunca esteve tão viva: hoje, sua obra —66 romances e 14 contos— já ultrapassou a marca de 1 bilhão de exemplares em mais de 400 línguas. A popularidade transborda em outras frentes culturais: no fim de 2015, quando a BBC One transmitiu o primeiro episódio da minissérie "And Then There Were None" —baseada no livro "E Não Sobrou Nenhum", de 1939—, 6 milhões de britânicos (ou 10% da população) assistiram ao programa.

Veja alguns fatos sobre Agatha Christie e sua obra:

1. Aos 26 anos, ela manipulava venenos como forma de ganhar a vida

Na obra de Christie, o envenenamento como método de assassinato é algo comum. Isso se deve à experiência da autora com substâncias nocivas à saúde. Ela trabalhou como enfermeira durante a Primeira Guerra Mundial e, depois, foi assistente em uma botica —como eram conhecidas as farmácias naquele tempo—e tinha acesso a uma infinidade de toxinas. "Como eu estava cercada por venenos, era natural que a morte por envenenamento fosse meu método escolhido", ela escreveu em sua autobiografia a respeito da inclusão de estricnina e brometo em seu primeiro romance publicado, "O Misterioso Caso de Styles".

2. Ela foi investigada pelo MI5 durante a Segunda Guerra Mundial
Após o lançamento de "M ou N?", em 1941, a agência de inteligência britânica ficou com uma pulga atrás da orelha —um personagem chamado major Bletchley poderia ser uma referência a uma pessoa real: Dilly Knox, que trabalhava em Bletchley Park, a instalação militar secreta onde códigos eram decifrados durante a guerra. Christie chegou a ser investigada mas, como não havia evidências concretas, o inquérito foi arquivado.

3. A escritora ficou desaparecida por 11 dias

Em 3 dezembro de 1926, Archibald Christie, primeiro marido da escritora, revelou à mulher que estava tendo um caso com uma conhecida do casal e partiu para um fim de semana de amor com a "namorada". Naquela noite, Agatha Christie saiu de casa. No dia seguinte, seu carro foi encontrado em um barranco, com os faróis acesos e todos os pertences intactos dentro do veículo: casaco de pele, mala, carteira de motorista (vencida). O desaparecimento começou a ser investigado pela polícia; aviões, mergulhadores e cerca de 15.000 voluntários procuravam pela escritora. Onze dias depois, Agatha Christie foi encontrada no Hydropathic Hotel, na cidade de Harrogate. Havia chegado lá de táxi, com uma mala. Não soube dizer o que houve e os médicos diagnosticaram fuga dissociativa, transtorno em que uma pessoa, sob muito estresse, perde a memória e se desloca para lugares desconhecidos.

4. Poirot teve obituário no "New York Times"

A morte do detetive Hercule Poirot, criação mais célebre de Agatha Christie, foi estampada na capa do jornal "New York Times", na edição de 6 de agosto de 1975. Como isso, ele se tornou o único personagem fictício a ter obituário na história da publicação. Assinado pelo repórter Thomas Lask, o texto dizia: "Hercule Poirot, detetive belga que se tornou famoso internacionalmente, morreu na Inglaterra. Sua idade é desconhecida". Sobre a sua saúde de Poirot, Lask disse: "A notícia de sua morte, dada pela dama Agatha, não foi inesperada. Indicações de que ele estava próximo da morte chegaram aqui em maio passado". Dois meses depois do obituário, Christie lançou "Cai o Pano", com o último caso investigado pelo detetive.

5. As histórias de Miss Marple formam o livro comercial mais grosso do mundo

Em 2009, a HarperCollins UK lançou uma coletânea com todas as histórias da detetive amadora Miss Marple —12 romances e 20 contos. O livro contém 4.032 páginas, pesa mais de 8 quilos e tem 32,2 centímetros de grossura —este último item fez com que a obra fosse parar no Livro Guinness dos Recordes. Somando todos os textos, há 68 crimes cometidos, 11 amantes mulherengos, 68 segredos e mentiras, 22 falsas acusações e 21 histórias de amor.
 
Como Agatha Christie influenciou a forma como o mundo vê os ingleses


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A escritora Agatha Christie Imagem: Reprodução




Para muitos, Agatha Christie é tão tradicionalmente inglesa quanto o chá das cinco. Mas como romancista que mais vendeu livros na história, sua reputação vai muito além do Reino Unido. Suas obras são consideradas tão fáceis de ler, que ela é uma das autoras preferidas de quem está aprendendo inglês.

Christie também é, de longe, a autora mais traduzida no mundo. Além de assimilar a língua inglesa por meio de seus livros, muita gente acaba aprendendo também sobre o povo inglês em suas narrativas.

Isso fica claro, por exemplo, nos livros da autora da série educativa English Readers, da editora Collins, em que notas culturais explicam tópicos como a vida nos vilarejos ingleses e o ditado "no smoke without fire", que seria o equivalente a "onde há fumaça, há fogo".

Catherine Brobeck e Kemper Donovan apresentam o podcast "All About Agatha", que tem o objetivo ambicioso de discutir e classificar todos entre os mais de 60 romances da escritora. Para Brobeck, Christie não foi apenas a primeira autora para adultos por quem se interessou de verdade, mas sua primeira grande exposição à cultura inglesa.

"Claro que isso influencia a sua ideia do que é ser inglês", diz ela. Se Agatha Christie continua a influenciar o imaginário dos leitores a respeito dos ingleses, o que será exatamente que eles estão aprendendo? A versão dos ingleses apresentada por Christie é "lúdica, em vez de sombriamente realista", diz Sabine Vanacker, professora de inglês da Universidade de Hull, na Inglaterra.

Tal como acontece com outros romances policiais clássicos, os cenários e a caracterização dos personagens exigem alguma licença poética - inclusive elementos de caricatura. Na realidade, é claro, nem todos os vilarejos britânicos têm um vigário gentil, um coronel malvado, um advogado inseguro e um médico brilhante - tampouco tantos assassinos. Há também uma surpreendente falta de pubs em suas histórias.

Mas nem toda interpretação dos ingleses de Christie é fantasiosa. "A autodepreciação para mim é o que realmente aparece", diz Donovan. Ele vê algo particularmente inglês no modo como Christie, por meio de sua narrativa ou personagens, lança mão de um humor seco, muitas vezes negro. No conto Triângulo de Rhodes, por exemplo, ela escreve sobre uma mulher inglesa no exterior: "Ao contrário da maioria dos ingleses, ela era capaz de falar com estranhos à primeira vista, em vez de esperar de quatro dias a uma semana para fazer a primeira investida cautelosa, como é o costume britânico."

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Capa do livro "Assassinato no Expresso Oriente", de Agatha Christie Imagem: Reprodução

Esse tipo de humor fazia parte da personalidade da escritora, diz Janet Morgan, autora de uma biografia oficial de Agatha Christie. Segundo ela, Christie "era uma pessoa muito bem-humorada... Ela se divertia com a vida, com os seres humanos e com a forma como se comportavam". É possível observar isso em A Casa do Penhasco, quando o ajudante de detetive capitão Hastings, que simboliza o jeito de ser inglês, hesita diante de uma tese elaborada por Hercule Poirot, o vaidoso detetive belga que é o personagem mais famoso de Christie. Na opinião de Hastings, a teoria era "muito melodramática". "Algo nada típico de um inglês, não é? Concordo. Mas até os ingleses têm emoções", responde Poirot.

Assim como os outros personagens estrangeiros nas obras de Christie, Poirot chama a atenção para os estereótipos ingleses. A autora atribui certas características a seus personagens de diferentes nacionalidades. Os franceses são impetuosos, enquanto os escoceses são parcimoniosos e os australianos, simples. Christie, que gostava de viajar tanto antes quanto durante seu casamento com um arqueólogo, usa uma abordagem incisiva (mas, às vezes, xenófoba) para representar todos eles. Os ingleses não são poupados.

Uma passagem de Cartas na Mesa, que zomba gentilmente do provincianismo inglês, diz: "Todo cidadão inglês de boa cepa ao enxergá-lo desejava com intensidade e fervor acertar-lhe um pontapé!". Se o Sr. Shaitana era argentino, português, grego ou de alguma outra nacionalidade profundamente desdenhada pelo insular bretão, ninguém sabia.

"Christie sentiu a inquietação inglesa em relação aos estrangeiros na própria pele. Morgan conta que, durante uma viagem que Christie fez a Bagdá, "uma inglesa um tanto autoritária e arrogante quase tentou adotá-la". Christie conseguiu se livrar da aspirante a protetora e fugiu para o deserto.
Ela foi embora levando a inspiração para escrever sobre um tipo de personagem inglês que achava que situações estrangeiras eram assustadoras e que era preciso se proteger contra elas. Morgan diz que outra característica que Christie ironiza em seus personagens ingleses é a "convencionalismo que impedia as pessoas, por exemplo, de pensar que os empregados domésticos poderiam ter visto algo ou ser de fato o assassino".

Por exemplo, em "A Casa do Penhasco", Hastings defende um comandante inglês aparentemente honrado. Mas Poirot pontua: "Sem dúvida, imagino que você deva vê-lo como um homem muito correto. Felizmente, por ser estrangeiro, não tenho em mim nenhum desses preconceitos e posso conduzir esta investigação sem esse viés.". Poirot - que admite no fim de Tragédia em Três Atos exagerar no sotaque estrangeiro e na ostentação para que os ingleses não o levem a sério - também não tem o respeito pelo decoro que é inerente da representação dos ingleses de Christie.

O crime, na obra da autora, serve para chamar a atenção para a ordem social. A convenção e o decoro surgem não apenas nas descrições de Hastings, que acredita apaixonadamente nelas, mas também em outro personagem quintessencialmente inglês: Jane Marple, a idosa que mora na vila de St. Mary Mead. Como Anna Marie-Taylor escreve em "Watching the Detectives", "a marca para ser aceito em St. Mary Mead é ser inglês, o que é constituído de equilíbrio, senso comum, razoabilidade, simpatia, uma noção de fair play, tradição e habilidade para jardinagem. Essas qualidades são mais bem articuladas por Miss Marple".

A podcaster Brobeck diz que "Miss Marple é essencialmente invisível". Embora os personagens ingleses de Christie subestimem com frequência Poirot por causa de seu exotismo extravagante, eles costumam rejeitar Marple por ser mulher e pela idade. Assim como Poirot, Marple usa isso como uma oportunidade. "Isso permite que (Marple) entre em lugares na estrutura de classes que de outra forma não conseguiria", observa Brobeck.

A divisão de classes


De fato, a consciência de classe é a principal impressão de Brentech sobre os ingleses na obra de Christie. Essa questão permanece relevante mesmo várias décadas depois da morte da autora, embora grande parte da atual ansiedade inglesa em relação à questão de classe seja neutralizada de maneira tipicamente irônica.

Da revista masculina "Shortlist" que coloca celebridades umas contra as outras na seção Middle Class War ("Guerra de Classe Média", em tradução livre) a quase todos os jornais britânicos que fazem quiz para testar se você tem "classe", uma irônica obsessão por classes continua a figurar na sociedade inglesa. Os personagens de Christie estão constantemente revelando suas inquietações, assim como sua minuciosa percepção das relações de classe, com distinções que podem parecer desconcertantes para quem não é inglês.

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A escritora Agatha Christie Imagem: AFP/Getty

Em Convite para um Homicídio, por exemplo: "A Sra. Easterbrook cumprimentou Phillipa Haymes com um pouco de cordialidade extra para mostrar que ela entendia que Phillipa não era realmente um trabalhador agrícola." Enquanto os personagens de Christie são em grande parte de classe média e muitas vezes privilegiados, a consciência de classe é uma característica de todos os grupos sociais em seu universo.

Em "Os Relógios", um empregado exaltado leva a polícia para a sala de jantar, em vez da sala de visitas, reconhecendo escrupulosamente seu status intermediário: nem como cavalheiros, nem plebeus.

De uma maneira geral, diz a professora Sabine Vanacker, Christie "questiona muito o jeito de ser dos ingleses". Em "Convite para um Homicídio", as angústias em relação à modernização de um vilarejo e à chegada de forasteiros, por exemplo, revela tensões sobre qual versão dos "ingleses" é autêntica. Isso continua a ser uma preocupação na Inglaterra.

Mas, em última análise, Morgan diz: "Algumas das coisas que Agatha Christie identificou estão presentes em todas as sociedades". Os cenários e paródias podem parecer específicos. Mas os temas e traços de personalidade permanecem universais. E a visão de Christie sobre as fraquezas não apenas dos ingleses, mas da natureza humana, é apenas uma pista para sua popularidade duradoura que vai muito além desta ilha.
 
Dela eu só li Assassinato no Expresso do Oriente o qual odiei no fundo do meu coração o final e também teve uma parte que foi ignorada no resto...Mas gostei da leitura (tanto que li o livro em uma sentada) e comprei mais 3 dela para uma nova chance...
adoro o hercule
Eu só li o Assassinato no Expresso do Oriente e não gostei nem um pouco desse belga...Achei sem sal e sem gosto...
 
Eu só li o Assassinato no Expresso do Oriente e não gostei nem um pouco desse belga...Achei sem
A mesmíssima opinião minha. Tanto que da Christie só li Assassinato... e E não sobrou nenhum, que amei (mas se tivesse o Poirot detestaria).

Tanto que, agora quando estou pesquisando algum livro dela pra ler futuramente, vejo antes se tem o detetive. Se tiver, já nem quero saber...
 
Chegou hoje A Mansão Holloway,Morte na Mesopotâmia e Os Elefantes Nunca Esquecem...Comprei pois e uma leitura mto rapidinha mas estou pronto para na próxima comprar um Box do Conan Doyle...
 
Eu só li o Assassinato no Expresso do Oriente e não gostei nem um pouco desse belga...Achei sem sal e sem gosto...

Muita gente que começa a ter um primeiro contato com os livros dela começa justo por esse clássico que na minha opinião não é a pior, mas também não é a melhor obra dela.
 
A obra original pode até sair de circulação de ser impressa em uma grandes editora, mas isso não impede que seja disseminada até com mais força no digital. Não adianta maquiar.
 

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