Fëaléron
Bebendo com um
Talvez os Ents tenham sido as criaturas que mais me impressionaram quando li O Senhor dos Anéis. “Almas enviadas para habitar árvores, ou então que lentamente assumiam a semelhança árvores devido ao seu amor inato por árvores” (carta 247), sua vida de pastoreio em meio a uma floresta antiga como o mundo e praticamente inexplorada me deixou com uma expectativa muito grande sobre o fim que Tolkien lhes havia destinado, mas fiquei um tanto quanto decepcionado por esse assunto não ter sido concluído com a exatidão que eu esperava. Afinal, o destino dos Homens foi o domínio da Terra-Média, o dos Altos Elfos foi retornar ao Reino Abençoado, os Hobbits continuaram no Condado e os Anões em suas minas. Mas e os Ents? Permaneceram em Fangorn? Mantiveram seus cuidados a Isengard? Buscaram pelas Entesposas? Tornaram-se arvorescos demais para ter um grande papel na Quarta Era ou simplesmente preferiram o anonimato? Qual seria o motivo deste “lapso” de Tolkien? Essa última dúvida foi respondida quando li As Cartas de J. R. R. Tolkien, especialmente as cartas 180 e 163.<?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-comfficeffice" /><o></o>
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“(...) não tenho recordações da invenção dos Ents. Cheguei finalmente ao ponto e escrevi o capítulo ‘Barbárvore’ sem qualquer lembrança de pensamento prévio: exatamente como o é agora.” (Carta 180)<o></o>
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“Não os inventei conscientemente de maneira alguma. (...) E gosto dos Ents porque não parecem ter algo a ver comigo. Suponho que algo estivesse acontecendo no ‘inconsciente’ por algum tempo, e isso esclarece meu sentimento do começo ao fim, especialmente quando empacado, que eu não estava inventando, mas relatando (imperfeitamente) e às vezes tinha de esperar até que o ‘que realmente tinha acontecido’ viesse à tona.” (Carta 163)<o></o>
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Considerando então que Tolkien apenas relatou o que lhe foi apresentado sobre os Ents, é compreensível que a história deles não tenha sido concluída. Entretanto, não acredito que ele não seria capaz de definir algo além do que está nos livros. E, de fato, ele especulou – afinal, se o próprio autor assume que não criou, mas relatou sobre os Ents, o que ele apresentar além desse relato são especulações – sobre o que teria acontecido às Entesposas e a possibilidade de algumas estarem vivas.<o></o>
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“Acredito que as Entesposas de fato desapareceram para sempre, sendo destruídas com seus jardins na Guerra da Última Aliança (3429-3441 da Segunda Era), quando Sauron adotou uma política de terra queimada e queimou a terra delas contra o avanço dos Aliados Anduin abaixo (vol.II p 79 refere-se a isso). Sobreviveram apenas na ‘agricultura’ transmitida aos Homens (e aos Hobbits). Algumas, é claro, podem ter fugido para o leste, ou até mesmo ter sido escravizadas (...) Se algumas sobreviveram assim, estariam realmente muito afastadas dos Ents, e qualquer reaproximação seria difícil – a não ser que a experiência de uma agricultura industrializada e militarizada as tenha tornado um pouco mais anárquicas. Espero que sim. Não sei.” (Carta 144)<o></o>
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Tolkien cogita a possibilidade de algumas Entesposas terem sobrevivido, o que seria uma grande esperança para os Ents caso as encontrassem, apesar de considerar com mais veemência a destruição total delas. Mas porque essa nova chance não foi dada a eles? Porque essa nebulosidade no seu destino? Eles são testemunhas vivas dos primórdios da Terra-Média, contudo sua presença na Quarta Era talvez se tornasse um tanto quanto destoante na nova configuração do mundo, no qual a presença dos elementos dos Dias Antigos torna-se cada vez mais escassa. Talvez Tolkien tenha pensado de forma similar, talvez não. Talvez o assunto nem fosse de grande nota a ele. Acredito que aos Ents tenham restado apenas serem monumentos vivos do passado da Terra-Média. Resquícios minguantes da juventude e dos dias de glória de um mundo que dificilmente sorrirá à sua prosperidade novamente.<o></o>
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“Assim termina a Idade Média e o Domínio dos Homens começa, e Aragorn, longe no trono de Gondor, esforça-se para trazer uma certa ordem e preservar alguma memória de antigamente entre a confusão de homens que Sauron despejou no Oeste. Mas Elrond partiu e todos os Altos Elfos. O que acontece com os Ents eu ainda não sei.” (Carta 91)
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“(...) não tenho recordações da invenção dos Ents. Cheguei finalmente ao ponto e escrevi o capítulo ‘Barbárvore’ sem qualquer lembrança de pensamento prévio: exatamente como o é agora.” (Carta 180)<o></o>
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“Não os inventei conscientemente de maneira alguma. (...) E gosto dos Ents porque não parecem ter algo a ver comigo. Suponho que algo estivesse acontecendo no ‘inconsciente’ por algum tempo, e isso esclarece meu sentimento do começo ao fim, especialmente quando empacado, que eu não estava inventando, mas relatando (imperfeitamente) e às vezes tinha de esperar até que o ‘que realmente tinha acontecido’ viesse à tona.” (Carta 163)<o></o>
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Considerando então que Tolkien apenas relatou o que lhe foi apresentado sobre os Ents, é compreensível que a história deles não tenha sido concluída. Entretanto, não acredito que ele não seria capaz de definir algo além do que está nos livros. E, de fato, ele especulou – afinal, se o próprio autor assume que não criou, mas relatou sobre os Ents, o que ele apresentar além desse relato são especulações – sobre o que teria acontecido às Entesposas e a possibilidade de algumas estarem vivas.<o></o>
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“Acredito que as Entesposas de fato desapareceram para sempre, sendo destruídas com seus jardins na Guerra da Última Aliança (3429-3441 da Segunda Era), quando Sauron adotou uma política de terra queimada e queimou a terra delas contra o avanço dos Aliados Anduin abaixo (vol.II p 79 refere-se a isso). Sobreviveram apenas na ‘agricultura’ transmitida aos Homens (e aos Hobbits). Algumas, é claro, podem ter fugido para o leste, ou até mesmo ter sido escravizadas (...) Se algumas sobreviveram assim, estariam realmente muito afastadas dos Ents, e qualquer reaproximação seria difícil – a não ser que a experiência de uma agricultura industrializada e militarizada as tenha tornado um pouco mais anárquicas. Espero que sim. Não sei.” (Carta 144)<o></o>
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Tolkien cogita a possibilidade de algumas Entesposas terem sobrevivido, o que seria uma grande esperança para os Ents caso as encontrassem, apesar de considerar com mais veemência a destruição total delas. Mas porque essa nova chance não foi dada a eles? Porque essa nebulosidade no seu destino? Eles são testemunhas vivas dos primórdios da Terra-Média, contudo sua presença na Quarta Era talvez se tornasse um tanto quanto destoante na nova configuração do mundo, no qual a presença dos elementos dos Dias Antigos torna-se cada vez mais escassa. Talvez Tolkien tenha pensado de forma similar, talvez não. Talvez o assunto nem fosse de grande nota a ele. Acredito que aos Ents tenham restado apenas serem monumentos vivos do passado da Terra-Média. Resquícios minguantes da juventude e dos dias de glória de um mundo que dificilmente sorrirá à sua prosperidade novamente.<o></o>
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“Assim termina a Idade Média e o Domínio dos Homens começa, e Aragorn, longe no trono de Gondor, esforça-se para trazer uma certa ordem e preservar alguma memória de antigamente entre a confusão de homens que Sauron despejou no Oeste. Mas Elrond partiu e todos os Altos Elfos. O que acontece com os Ents eu ainda não sei.” (Carta 91)