• Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!

A experiência de ir no cinema vai acabar?

Você acha que a experiencia de ir ao cinema vai acabar?

  • Sim, acho que vai ser substituido pelo streaming

    Votos: 0 0,0%
  • Sim, porém apenas parcialmente, a experiencia tende a se manter mas apenas para um nicho de publico

    Votos: 0 0,0%

  • Total de votantes
    10

felipeocr

Usuário
Bom, essa discussão esta sendo levantada de vez em vez, por conta do hype dos serviços de streaming.

Resolvi criar um tópico para discutir sobre o assunto, vocês costumavam ir ao cinema antes da pandemia? Com que frequencia?

Acha que a experiencia cinematografica tende a sumir e ser substituida pelo streaming?
 
Última edição:
Respondendo:

1- Antes da pandemia, a minha frequência pra cinema era em média algo que variava em torno de uma vez por mês ou uma vez a cada 45 dias aproximadamente. Eu sou mais frequentador de teatro, algo que fazia uma vez por semana ou no máximo uma vez a cada quinze dias.

2- Quanto a segunda pergunta, isso pra mim é igual ao eterno questionamento se o rádio seria totalmente aposentado pela TV e novamente mais tarde pela Internet, coisa que em ambas situações jamais aconteceu.

Aliás, quando o próprio Cinema surgiu, no início do século XX também se questionou se o teatro iria também acabar e isso não aconteceu.

Então assim como no caso do rádio e do teatro, quem gosta da experiência de apreciar cinema numa sala com tela grande e som da mais alta qualidade nunca deixará de curtir. Sempre haverá público interessado em apreciar.

Nem mesmo o Cinema Drive-in que atualmente está sendo uma opção alternativa é algo que irá substituir, a começar que o som do filme é ouvido no rádio do carro (quem não tiver um bom sistema de som interno sai perdendo em qualidade) e o posicionamento em relação a tela de exibição pode ficar bem mais distante, perdendo-se boa parte da experiência de apreciar a tela num tamanho bem grande.
 
Para mim o stream não briga com o cinema diretamente, mas sim com os canais de televisão. A experiência de ir ao cinema é outra. Tanto que até hoje ainda existem aqueles cinemas em que você vai com o carro.

A parte do covid foi uma surpresa para todos. É normal os cinemas estarem fechados para evitar a aglomeração. Com a descoberta de uma vacina, acredito que teremos a volta normal dos frequentadores.

Cinema é uma arte e dificilmente irá se acabar.
 
Eu costumava ir umas 3 vezes ao ano até 2019. Em 2020 o último filme que vi no cinema foi o Bad Boys 3.

Pra mim atrai pelos badulaques, pelo sistema de som (melhor que na minha casa) e as vezes dá pra comprar os pôsteres dos filmes que ainda valem a pena. O 3D ou 4D não acho tão importante.

Acredito que tudo vá depender de quem produz os filmes já que Hollywood anda uma várzea ultimamente. A princípio não me importaria de ver produtos exclusivos como 2 ou 3 episódios de séries de TV de sucesso na telona do cinema, mas é complicado tirar as pessoas de dentro de casa em massa hoje em dia.

A internet também não é lá essas coisas, por exemplo, no visual e capas de streaming de sistemas como a Netflix parece que foram feitas por gente que odeia filmes e que detesta entreter pessoas (não se acha nada a as capas são pouco inspiradas e genéricas). A parte da localização, cinemas próximos de praças de alimentação, tem sido corroída pela comida via pedidos de entrega.

Vai depender da cultura de sair pra se divertir em grupo (cinema na Europa ainda tem se mantido assim).
 
Também podíamos lembrar quando apareceram os primeiros aparelhos de vídeoK7 esse mesmo questionamento apareceu. E nem mesmo aparecendo depois DVD e Bluray o cinema não acabou.

É o tipo de coisa que na minha opinião só acabaria se a maioria da população tivesse condições financeiras de ter uma grande infra-estrutura de espaço, isolação acústica e tecnologia pra ter um verdadeiro cinema em sua própria casa.

Ainda que hajam bons projetores e equipamentos de Home-Theater com preços mais acessíveis no mercado do que há 10 ou 20 anos, só mesmo uma típica e autêntica sala de cinema proporciona a experiência audiovisual artística em toda sua plenitude.
 

Bom, as coisas estão se fechando, espero que esse acordo seja uma ação sobre a crise, e que com o tempo acabe se transformando em algo sustentavel para os cinemas.

Particularmente eu acho interessante que os filmes fiquem um tempo no cinema antes de irem para o streaming. Fui a favor do acordo que o Netflix fez para poder participar do Oscar, acho que a experiencia de assistir um filme no cinema é unica, principalmente porque cria quase que um padrão de qualidade só que mais natural.

O risco de não existirem mais filmes futuramente e só séries interminaveis é ridiculamente alto, basta ver o numero de adaptações para séries hoje em dia.

Não que a produção das séries não possa ser boa, mas o formato me desagrada, porque não privilegia uma história fechada, nem um jeito de contar história fechado, e sim roteiros abertos e quase que o formato "novelão" de tudo, onde nada tem fim ou uma história pode se arrastar por muito tempo.
 
Última edição:
Por mais que apareçam notícias com títulos apocalípticos e podem falar o que quiser, pra mim o que muda apenas é o consumo em larga escala de salas de cinema, assim como aconteceu com o disco de vinil e os amplificadores valvulados que sofreram uma drástica redução quando apareceram novas tecnologias e muitos sentenciaram que seriam totalmente extintos, mas depois da onda se recuperaram, ganhando um novo fôlego de crescimento e se estabilizaram dentro de um patamar sustentável, pois nunca deixará de existir público que tem fidelidade e apreciação total pelos mesmos, com direito até renovação de geração.

O mesmo digo em relação as salas de cinema. Não teremos tantas salas como antes, mas também não deixarão de existir, pois não são todos que podem se dar ao luxo de ter isso em sua própria casa. Então não vai acabar.
 
Última edição:
Para mim o stream não briga com o cinema diretamente, mas sim com os canais de televisão. A experiência de ir ao cinema é outra. Tanto que até hoje ainda existem aqueles cinemas em que você vai com o carro.

A parte do covid foi uma surpresa para todos. É normal os cinemas estarem fechados para evitar a aglomeração. Com a descoberta de uma vacina, acredito que teremos a volta normal dos frequentadores.

Cinema é uma arte e dificilmente irá se acabar.
Exatamente o que eu penso. O cinema se mantém também como forma de interação social, já que uma ida até lá é um passeio que muitas pessoas costumam fazer acompanhadas. Eu vejo o streaming como a evolução da televisão, se for pensar bem é basicamente uma grade de programas que vc monta assistindo o que desejar e quando quiser, por isso mesmo as redes de televisão não conseguem competir com essa personalização que o streaming permite ao consumidor.
 
Por mais que apareçam notícias com títulos apocalípticos e podem falar o que quiser, pra mim o que muda apenas é o consumo em larga escala de salas de cinema, assim como aconteceu com o disco de vinil e os amplificadores valvulados que sofreram uma drástica redução quando apareceram novas tecnologias e muitos sentenciaram que seriam totalmente extintos, mas depois da onda se recuperaram, ganhando um novo fôlego de crescimento e se estabilizaram dentro de um patamar sustentável, pois nunca deixará de existir público que tem fidelidade e apreciação total pelos mesmos, com direito até renovação de geração.

O mesmo digo em relação as salas de cinema. Não teremos tantas salas como antes, mas também não deixarão de existir, pois não são todos que podem se dar ao luxo de ter isso em sua própria casa. Então não vai acabar.

Eu acho que nesse caso, caso se torne algo de nicho, o cinema perde muito valor. Principalmente porque não tera mais uma qualidade a se produzir os filmes, só para quem quer fazer filme de nicho.

Espero que contratos sejam achados para que isso não aconteca, detestaria poder assistir só meia duzia de filmes no cinema, ainda mais se não tiverem a qualidade feita para o cinema.
 
Última edição:
Os filmes produzidos para cinema podem até diminuir em quantidade, mas não acredito em perda de qualidade. Aliás, ficará pra consumir justamente o público que deseja uma maior qualidade e uma experiência mais ampla e rica. Quem sabe com isso produções com apelo muito mais comercial do que artístico tendem a não ser mais dominantes nas salas de exibição e filmes não tão badalados, mas com muito mais valor artístico tenham mais espaço.
 
Os filmes produzidos para cinema podem até diminuir em quantidade, mas não acredito em perda de qualidade. Aliás, ficará pra consumir justamente o público que deseja uma maior qualidade e uma experiência mais ampla e rica. Quem sabe com isso produções com apelo muito mais comercial do que artístico tendem a não ser mais dominantes nas salas de exibição e filmes não tão badalados, mas com muito mais valor artístico tenham mais espaço.

O problema é que o publico de nicho não paga produções com qualidade, vou dar um exemplo, eu adoro efeitos praticos, nunca que um nicho conseguiria pagar um Batman: O Cavaleiro das Trevas ou um Interestelar.

O publico de nicho no cinema ja existe, que é aquele publico de filmes independentes. Se você pegar filmes independentes geralmente tem orçamento muito mais baixos do que filmes mainstream ou até que transcendem a nomenclatura.

Detestaria ver uma experiencia como Interestelar fora do cinema. Um dos filmes que considero como um dos melhores da decada.
 
Última edição:
Não vejo o cinema atual chegando ao seu fim como ocorreu com os cinemas drive-in, mas vejo que vai continuar perdendo boa parte de seu publico, pelos motivos anteriores a pandemia.
Primeiramente pelo fato dos streaming estarem investido em filmes que jamais passariam no cinema, o que abrem um leque que nos permite ver outros tipos de linguagens cinematográficas (filmes brasileiros e de outros países, que jamais veríamos no cinema), que a industria dos cinemas jamais nos permitiria observar, pois agora Hollywood (é praticamente um monopólio em nossos cinemas) ela só foca em reboots, remakes e a formula marvel.
O outro fator, creio que seja que o mais esta em voga quando se fala na queda de arrecadação cinematografica, pelos menos aqui no Brasil, é o fator preço, o cinema no Brasil é caro.
 
Primeiramente pelo fato dos streaming estarem investido em filmes que jamais passariam no cinema, o que abrem um leque que nos permite ver outros tipos de linguagens cinematográficas (filmes brasileiros e de outros países, que jamais veríamos no cinema), que a industria dos cinemas jamais nos permitiria observar, pois agora Hollywood (é praticamente um monopólio em nossos cinemas) ela só foca em reboots, remakes e a formula marvel.

Eu acho que é complicado generalizar isso, concordo que a ultima decada foi mais fraca em questão de diversidade de linguagens nos filmes do que a anterior, mas existiram excessões, como os filmes de ficção cientifica e os filmes de terror. Além claro de filmes de outros paises que fizeram um bom sucesso com o publico, como o proprio Parasita e Intocaveis.

A industria de filmes para TV era bem grande e creio que boa parte dos filmes diretamente para streaming caia nesse nicho, nesse ponto não vejo nenhuma inovação dos filmes lançados para streaming, só uma entrada no lugar da TV mesmo.

O que mais afeta pra mim, é o modo como a experiencia acontece, eu particularmente gosto de filmes e da experiencia do cinema e vejo um foco muito grande em séries nos serviços de streaming. Por exemplo, eu adoraria uma adaptação de Fundação (do Isaac Asimov) para o cinema, porém ficou a cargo da Apple fazer uma série. Assim como outras séries enormes como As Cronicas de Narnia ou His Dark Materials que ao invez de terem sido continuadas no cinema ou até refeitas de uma maneira melhor, viraram séries.

Além do problema da qualidade em si dos filmes, apesar de ter gostado de O Irlandes, a experiencia de assistir ele diretamente na TV foi mil vezes pior do que se eu tivesse ido assistir no cinema, me arrependo até hoje de não ter ido, mas ai lembro que foram pouquissimas sessões em pouquissimos lugares, o que chega a soar ridiculo.

O preço do cinema realmente esta alto no Brasil principalmente nesses ultimos 4 anos, mas creio que isso seja reflexo da quantidade de porcariada que tem colocado nas salas, como cadeira que balança, 3D que deixa tonto, ou até aqueles serviços com garçom (?!?). Tirando o fato de que estamos em crise mais ou menos desde 2014 e onde antes eu gastava 20 reais em uma entrada de cinema, hoje é pelo menos 30>40.

Eu acho um problema colocar o cinema numa politica do cancelamento, seja por qualquer motivo que for, não é porque é um meio caro de se assistir e frequentar hoje em dia, que é ele que é o problema, o problema é de varios outros fatores que esses sim teriam que entrar na politica do cancelamento, como politica mal feita, economia ingerenciada, politicos ridiculos. Esses é que fazem o preço do cinema ser caro, não o cinema em si.

Sobre a dominancia de hollywoody, concordo que hollywood seja dominante, mas não acho que isso seja o problema também, basta quando sair um filme interessante fora do circuito hollywoodiano, dar valor a ele. Assim não só mostrando para os produtores que você acha aquele filme fora do circuito hollywoodiano interessante, mas até valorizando a arte você vai estar, além de em consequencia estar mostrando para os donos do cinema que se eles colocarem mais filmes como aquele, os mesmos vão conseguir publico.

Aqui perto de onde eu moro, tem alguns cinemas que vivem apenas de filmes fora do circuito de hollywoody. Porque? Todos que aprenciam esses tipos de filmes vão neles e eles sempre tem publico. Se o publico valorizasse mais filmes fora do circuito de hollywoody, com certeza isso ia acontecer com outros cinemas, basta pegar como proprio exemplo Intocaveis, que fez muito sucesso em cinemas comuns, e que gerou uma onda de filmes do mesmo genero estrangeiros nos cinemas. Se o publico tivesse valorizado esses outros filmes, ou assistido mais, com certeza hoje a variedade de filmes fora do circuito de hollywoody no cinema seria maior e não só um efeito da epoca.
 
Última edição:
A questão do preço no cinema não está nada boa, mas todo esse conjunto de mudanças forçará os cinemas a terem que se readequar para se manterem, depois de ocorrer uma grande sangria que sem dúvida será inevitável.
 
Texto interessante sobre o assunto:

O cinema no Brasil vai acabar? Saiba a evolução dos números de público e salas no país

'O cinema sentiu o golpe, da pandemia, do streaming e, mais recentemente, da greve em Hollywood. Mas a guerra não está perdida', diz analista de mercado

Por Lucas Salgado

“Morreu, mas passa bem.” A frase que virou meme pode ser usada para descrever o atual momento do cinema no Brasil e em boa parte do mundo. Com a ascensão do streaming, aliada ao impacto da pandemia de Covid-19, muito tem se falado sobre um possível fim do cinema nos últimos anos. Resultados decepcionantes de filmes como “Adão Negro” (2022), “A pequena sereia” (2023) e “Furiosa: uma saga Mad Max” (2024) geraram rumores sobre a agonia da chamada sétima arte. Mas ela resiste, como comprovado com sucessos de longas como “Top Gun: Maverick” (2022), o duo “Barbie” + “Oppenheimer” (2023) e “Divertida mente 2” (2024), em cartaz em 2.300 salas do país após bater recorde em sua estreia nos Estados Unidos.

Três anos após o período mais crítico da pandemia, que foi em 2020, o Brasil apresentou uma curva ascendente nos índices de público (114,1 milhões de pagantes) e número de salas (mais de 3.400 pelo país), mostrando que, embora ainda esteja aquém do cenário anterior ao confinamento (em 2019, esses números eram 177,7 milhões de ingressos e 3.507 salas), o cinema está longe de se considerar descartado como experiência de lazer coletivo da população.

— O cinema sentiu o golpe, da pandemia, do streaming e, mais recentemente, da greve em Hollywood. Mas a guerra não está perdida — diz Paulo Sérgio Almeida, diretor do site Filme B, especializado no mercado cinematográfico. — O streaming, que muita gente acreditava que iria acabar com o cinema, hoje está com dificuldades para aumentar seu número de assinantes, precisando inclusive aumentar o valor de suas assinaturas.

Público

As salas no Brasil viveram seu auge de público em 1975, com 275,3 milhões de ingressos vendidos no país, na época com a contribuição de exemplares do cinema popular brasileiro como “O Jeca macumbeiro”, com Mazzaropi, e “O Trapalhão na ilha do tesouro”, com Renato Aragão e Dedé Santana, ambos com 3,4 milhões de espectadores. Dados da Ancine, via Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual, mostram que, ao longo dos anos 1970, a indústria nacional viveu seu melhor momento no país. A situação começou a mudar na década de 1980, com o cenário de hiperinflação que atingiu a economia brasileira e a renda da população. Com a perda de poder aquisitivo, as camadas mais populares, que frequentavam as salas à época, acabaram deixando essa opção de lazer de lado.

Dos mais de 200 milhões de ingressos vendidos nos anos 1970, o Brasil caiu para 52 milhões de ingressos em 1997, número também prejudicado pela safra cinematográfica. O líder nas bilheterias do país naquele ano, com 2,6 milhões de espectadores, foi “Jurassic Park 2: o mundo perdido” (para se ter uma ideia, o líder em 2023, “Barbie”, levou 10,9 milhões de pessoas às salas). No ano seguinte, com o fortalecimento da economia após o Plano Real e o lançamento de títulos populares como “Titanic”, que vendeu 16,3 milhões de ingressos no país, a situação começou a melhorar. Os anos 2000 representaram este cenário de início da recuperação da atividade, com o sucesso de marcas como “O senhor dos anéis”, “Harry Potter”, “Star Wars” e Marvel, até chegar, em 2016, a um novo marco de alta de público: 184,3 milhões de ingressos vendidos. Os anos seguintes mantiveram uma média próxima. Até que veio a pandemia...

O ônus da falta de estabilidade

Ao se observar os números da evolução de público de cinema no país, é importante levar em conta também que a população em 1971 era de 93,2 milhões segundo o IBGE, enquanto em 2022, ano dos dados do último censo, já eram 203,1 milhões de brasileiros. Dados populacionais nacionais à parte, a recuperação pós-pandemia acabou afetada por um fator externo: as greves de atores e roteiristas em Hollywood, entre maio e novembro de 2023. A paralisação acabou, mas seus efeitos ainda continuam sendo percebidos, por exemplo, por conta do atraso na produção de grandes estúdios. Por aqui, cada vez mais dependente do cinema americano, o circuito audiovisual brasileiro sente, em 2024, as consequências de um calendário que sofreu com alterações e uma safra aquém das expectativas.

— O cinema é uma indústria que precisa de ao menos uns cinco anos de estabilidade, e é exatamente o que não temos tido. Quando a indústria estava começando a se recuperar, veio a greve e desandou com tudo. Hoje, vivemos um cenário que lembra alguns momentos da pandemia. O investimento dos estúdios caiu, o número de filmes caiu — diz o analista de mercado Marcelo J. L. Lima, responsável pela revista Exibidor e pela sala Cine Marquise, em São Paulo. — A alta temporada do verão americano, que geralmente começa em abril, este ano está começando agora com “Divertida mente 2” e já termina no fim de julho com “Deadpool & Wolverine”, com “Meu malvado favorito 4” no meio. Mas acredito que teremos um último trimestre, entre outubro e dezembro, melhor do que o do ano passado.

É importante destacar, ressalta o analista, que a crise é mundial, com exceções como França, Índia, Coreia do Sul e China, com mercados menos dependentes de Hollywood.

Salas de cinema

Além do recorde de público, o ano de 1975 também teve um número expressivo de salas de cinema no país: 3.276. Uma marca impressionante se considerarmos o perfil das salas à época, que eram espaços enormes, chegando a mais de mil lugares. Mais uma vez, o cenário de crise econômica prejudicou esse índice, que começou a cair até atingir seu menor patamar em 1995, quando foram registradas apenas 1.033 salas.

A migração dos cinemas da rua para as salas menores dos shoppings, iniciada nos anos 1980, também ajuda a explicar o cenário. Entre 1910 e meados dos anos 1980, o cinema era explorado quase como um varejo. Nas grandes cidades, havia quase uma sala em cada bairro, ou em pequenos municípios, com uma malha comercial que abrangia boa parte do país.

O multiplex, que chegou ao Brasil em 1984, veio acompanhado de um modelo de negócio concentrado nas cidades grandes, reduzindo significativamente o alcance dos cinemas no país. Em 2008, 73% deles estavam localizados em shoppings, enquanto 27% eram salas de rua.

A diferença só aumentou. No último Informe do Mercado Cinematográfico da Ancine, relativo ao ano de 2023, os cinemas de shopping já correspondem a 88,4% das salas do país.

Desde o fim dos anos 1990, o cenário de quantidade de salas no país foi de crescimento constante — até atingir o número de 3.507 em 2019. Com o apoio da Ancine, do Fundo Setorial e do BNDES, o circuito exibidor sobreviveu ao confinamento. O Brasil conseguiu voltar a números próximos destes após a pandemia e hoje conta com 3.480 salas.

Segundo Marcos Barros, presidente da Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex (Abraplex), uma característica negativa da rede exibidora no país (a baixa cobertura, se considerado o território nacional) acabou sustentando a tendência de aumento até hoje.

— Acredito que o cinema no Brasil tem uma oportunidade de crescimento gigantesco. Ainda estamos em apenas 8% dos municípios (são 451 cidades com cinemas no país, de um total de 5.565 cidades) — diz Barros. — Podemos crescer muito em municípios com menos de cem mil habitantes.

Produção nacional

Em 2023, das 415 estreias de longas nos cinemas brasileiros, 161 eram produções nacionais. Ainda assim, os filmes brasileiros atraíram apenas 3,6 milhões de pessoas, ou seja, mesmo respondendo por quase 40% dos filmes que entraram em cartaz, o cinema nacional alcançou só 3,2% do total de público, segundo dados da Ancine. A média é de apenas 22 mil pagantes por título.

Por outro lado, Marcos Barros — também CEO da rede Cinesystem, que adquiriu recentemente salas do Espaço Itaú em São Paulo, Rio e Brasília — diz que a cinematografia nacional pode ajudar a tornar o mercado brasileiro menos dependente de Hollywood.

Ele lembra que os três primeiros meses de 2024 foram salvos pelo cinema nacional, com os sucessos de “Minha irmã e eu”, “Nosso lar 2: os mensageiros” e “Os farofeiros 2”, todos com mais de um milhão de espectadores.

A cineasta Susana Garcia, diretora de “Minha irmã e eu” e “Minha mãe é uma peça 3”, destaca outros fatores para enfatizar a importância de filmes brasileiros:

— O cinema nacional contribui para a formação da identidade brasileira — diz a cineasta. — Um filme que atinge um grande número de espectadores, que é capaz de dialogar com diferentes públicos, consegue levar cultura, entretenimento, reflexão, emoção e faz as pessoas acreditarem cada vez mais na força do cinema nacional. E isso é fundamental num país que ainda tem a indústria cinematográfica muito dominada pelo cinema americano.

Profissionais do cinema nacional têm reivindicado mais incentivos. Na quarta-feira, em meio às comemorações do Dia do Cinema Brasileiro, o presidente Lula, que anunciou investimento de R$ 1,6 bilhão para o audiovisual em 2024, assinou, em evento realizado no Rio, o decreto que regulamenta a cota de tela no país, que estava sem validade desde setembro de 2021.

A medida (que determina a obrigatoriedade de exibição de filmes nacionais nos cinemas) é vista como importante pelos profissionais da área. Quando aplicada entre 2001 e 2021, a cota de tela fez a fatia de mercado do filme brasileiro subir de uma média de 4% para 12,5%.

O número ainda fica longe dos tempos áureos da indústria brasileira — estima-se que, nos anos 1970, o cinema nacional detinha um market share de 35%.

Leonardo Edde, presidente do Sindicato Interestadual da Indústria Audiovisual (Sicav) e produtor de cinema, fala de uma das funções da ferramenta.

— O filme americano é o de primeiro final de semana, que todo mundo vai assistir. O brasileiro, que tem menos dinheiro pra divulgação, precisa do boca a boca — diz Edde. — Ano passado, lançamos “Nosso sonho” (cinebiografia de Claudinho e Buchecha) apostando no boca a boca. E funcionou. O público cresceu 70% da primeira para a segunda semana, mesmo tendo sido reduzido em 70% o número de sessões. Ele teria funcionado muito melhor se tivessem sido mantidas as sessões, o que é mais factível com a cota de tela.

Se o espectador vê, volta e meia, o circuito cinematográfico perder salas queridas de seu público, em contrapartida boas notícias renovam a fé na atividade. O Cinépolis, por exemplo, não abriu o cinema que era esperado no Shopping da Gávea, Zona Sul do Rio, e ainda ficou sem seus espaços de exibição no Lagoon, na Lagoa. Pelo menos por enquanto, o Estação Ipanema também fechou as portas. Mas, por outro lado, no Rio acaba de ser reaberto o Cine Santa, sala de rua em Santa Teresa. Adil Tiscatti, sócio do espaço, diz que isso se deve a um otimismo com o mercado de cinema

— Esse otimismo, de nossa parte, diz respeito a aposta e investimento nos filmes de arte e nos filmes brasileiros — diz Tiscatti, que, dia 23 de agosto, abre novo cinema, mas desta vez com aporte da Lei Paulo Gustavo via RioFilme: o Cine Carioca José Wilker, em Laranjeiras, com duas salas nas Casas Casadas, onde funciona o órgão municipal de fomento audiovisual.

Em São Paulo, no ano passado houve a abertura do Sato Cinema, na Liberdade, e, em 2022, a reabertura do Cine Bijou, na Praça Roosevelt.

Outro exemplo positivo em meio às dificuldades do circuito em retomar os números pré-pandemia são formas de atrair o público criadas por alguns exibidores, como sessões especiais, mostras retrospectivas e eventos.

— Com o streaming, as pessoas se acostumaram a ver filmes em casa, já têm bons equipamentos, e
só um longa, muitas vezes, não é o suficiente para fazer a pessoa sair de casa, pegar um táxi ou pagar um estacionamento — pondera o produtor cultural carioca Cavi Borges. — Tenho notado que cada vez mais as pessoas estão buscando um evento, uma experiência coletiva.

Parceiro do Grupo Estação, Cavi ajuda a companhia exibidora na realização e divulgação de mostras e sessões especiais, que têm sucesso de público.

— No Dia do Cinema Brasileiro, fizemos uma sessão de “O pagador de promessas” e as pessoas adoraram. Há dois anos, começamos uma mostra de filmes brasileiros em 35 mm. Passamos “Madame Satã”, “Bye Bye Brasil”, “Amarelo manga”, tudo lotado. Vira um evento — completa.

Também no Rio, com programação de mostras especiais e retrospectivas, a Cinemateca do MAM tem tido resultados parecidos e já retomou seu público nos patamares de 2019, com a diferença de que está atraindo mais jovens.

— É preciso entender que o que a era digital trouxe foi um estilo de vida mais caseiro. Mas, à medida que o mundo digital se implementou de fato, e vivemos uma experiência limite com a pandemia, o que se percebeu é que as pessoas precisam voltar para a rua e ter uma interação social — diz Hernani Heffner, diretor da instituição. — A experiência cinematográfica mostra sua força no presente porque é uma experiência que não foi superada. Você pode se emocionar vendo o filme em casa, mas nunca vai atingir o que a sala de cinema proporciona, isso é o que as novas gerações estão descobrindo e valorizando através de sessões especiais e mostras.

Desafios

É fato que a indústria não é mais a mesma, em comparação com os números do passado. O mercado acredita que a pirataria e a falta de regulamentação sobre janelas de lançamento (cinema, streaming, TV) são os problemas mais imediatos a serem combatidos, e torce para que a consolidação de um cinema nacional popular ajude a proteger o circuito brasileiro de crises em Hollywood. De toda forma, Heffner reforça:

— O cinema, que pareceu ser colocado para trás, demonstrou sua força de impacto emocional, de ser um espaço de encontro, e não vai acabar.

 
Os preços praticados pelos cinemas aqui na cidade onde eu moro estão cada vez mais proibitivos.
Não vou há anos, e não sinto falta.
 
A única coisa que me incomoda é apenas o fato que muitas salas nas maiores cidades ainda são muito concentradas em Shoppings e basicamente é isso que faz com que o custo não seja atraente. Bons tempos em que já houve predomínio de cinemas totalmente independentes e isso reduzia bem os custos para o público, por outro lado o custo operacional foi se tornando cada vez pior e desvantajoso pra quem é proprietário de um cinema, então fica complicado ambos os lados ficarem plenamente satisfeitos.
 
Não adianta culpa o streaming ou a janela de transição pela crise do cinema no Brasil, a propaganda estadunidense é bastante arraigada na cabeça do brasileiro, fomos forjados a da preferencia ao estrangeiro e fala que a indústria brasileira é ruim que só tem sexo e palavrão, enquanto não houver uma grande barreira para o cinema nacional em pro do estadunidenses e a valorização do nacional essa crise não vai melhorar e sem contar no valor dos ingressos, na minha cidade só há cinemas nos shoppings e a depender do shopping o valor mais barato vai do 15 para o 33 para estudante no dia mais barato.
 
Cinema é caro (essa baboseira de dar 50% de desconto a estudante a título de incentivo "cultural", sem considerar nem sequer o poder aquisitivo da pessoa, só encareceu o cinema pra todo mundo) e ainda por cima as salas nem são grandes coisas. Se fosse tudo IMax eu até entenderia... :hxhx: Depois, necessidade de botar o custo do Uber, ida e volta, ou do estacionamento do shopping. Se quiser uma pipoquinha, mete mais uns R$ 30... Gastam-se mais de R$ 100 só pra duas pessoas ver um filminho com pipoca (em São Paulo, deve sair no mínimo uns R$ 150 rs).

Acrescente um povo mal-educado que não desliga o celular nem cala a boca quando o filme já começou, e tem-se o quadro da dor.

Tem mais a ver com uma tevê grandona a preço acessível em casa, conforto, economia de dinheiro e de estresse. O streaming facilita o acesso a filmes e séries com qualidade de imagem, claro, mas o torrent já meio que proporcionava isso há vinte anos. Se, em vez de streaming, houvesse um serviço de aluguel semelhante às locadoras de vídeo, ainda assim o pessoal estaria evitando os cinemas. É que antigamente a opção de ver em casa quase sempre significava ver numa tevê menor e numa qualidade de imagem pior.
 
Já fui um frequentador muito mais assíduo, mas depois que fui aos poucos investindo pra ter no conforto de casa um bom projetor e um sistema de home theater, quando vi o que eu gastava com deslocamento + ingresso + alimentação, isso as vezes até superava as parcelas que paguei por cada um desses equipamentos.
 

Valinor 2025 - Paypal

Total arrecadado
R$30,00
Termina em:

Valinor 2025 - PIX

Total arrecadado
R$460,00
Termina em:
Back
Topo