• Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!

Interpretação de textos - O desafio!

Primula

Moda, mediana, média...
OK, vou colocar mais lenha na fogueira.. Acho que o H-menon com seus tópicos sobre Morgana me inspirou.

Todo mundo sabe que interpretação de textos é essencial. Às vezes você lê um jornal e não sabe o que tá escrito lá. Não sabe o quanto estão te enrolando.

Então vamos discutir interpretação de textos. Tenho muitos assuntos para discutir, mas não vou começar de cara senão assusto todo mundo por aqui, hehehe...

(V sabe do que estou falando, hehehe)
 
Sim sim sim...
um assunto que eu aodro..

desde novo eu sempre gostei de obras que me fizessem ter multiplas possibilidades de interpretação, com as vária sopções podendo ser as "corretas", ou obras com apenas uma opção, mas que pra perceber é necessário interpretar.. é um exercício fantástico interpretar.. a leitura não seria tão interessante se não foss epor isso..

Não sei se o intento desse tópico seja citar obras em particulares e sua estrutura abrindo ou não margens pra interpretações, mas caso seja, cito Fronteiras do Universo, que deixa muitas arestas livres pra interpretação; e a já conhecida dúvida que nos deixa a interptretar em Dom Casmurro.
 
Interpretação de textos, principalmente pro vestibular, é algo complicado.
Acho que o pessoal de literatura "viaja" um pouco as vezes, como foi o caso de um texto da prova da UFRJ que teve que ser anulada porque o autor do texto disse que nao queria dizer nada do que estava no gabarito!
Eh isso que eu acho, sempre tive dificuldade em interpretar esse tipo de texto, com muitas rimas, ou entao com um vocabulário mais antigo. Mas acho q a culpa nem eh minha, na verdade eh do pessoal da literatura que "força" a barra as vezes
 
Nós vamos discutir

a) se as pessoas entendem o que leem

b) o que as pessoas entendem pra si do que leem (interpretação subjetiva)

?
 
Deriel, acho que as duas situações... ela disse que teve a idéia ao ler o tópico da Morgana, o que me faz remeter à interpretação subjetiva, mais comum à Literatura(embora eu não tenha lido o tal tópico),,, mas no post, ela cita jornais, onde seria a primeira linha de pensamento das que vc citou.. sobre as pessoas entenderem o que lêem...

Eu acho que ambos os tipos de Interpretação pdoem ser discutidos aqui...
 
O que se escreve no jornal eh objetivo. O jornal quer passar uma noticia, ele apenas expoe os fatos, ha só uma interpretacao pro texto do jornal e nao outras como numa poesia ou num livro qualquer ai. Jornal eh Jornal. Eu acho
 
Ash Nazg disse:
O que se escreve no jornal eh objetivo. O jornal quer passar uma noticia, ele apenas expoe os fatos, ha só uma interpretacao pro texto do jornal e nao outras como numa poesia ou num livro qualquer ai. Jornal eh Jornal. Eu acho

Mesmo numa poesia ou num livro o autor possui um objetiva/idéia que o roeinta na hora de escrever e que ele quer exprimir para o leitor. Mesmo nesse caso a interpretação subjetiva é limitada.
 
Existe uma intenção sim, mesmo que não seja para passar uma idéia objetiva. Claro, que as pessoas ao longo do tempo podem fazer as perguntas que quizerem a obra, mas isso não muda a marca que o autor imprimiu nela.
 
Faramir disse:
Existe uma intenção sim, mesmo que não seja para passar uma idéia objetiva. Claro, que as pessoas ao longo do tempo podem fazer as perguntas que quizerem a obra, mas isso não muda a marca que o autor imprimiu nela.

Ou pelo menos não deveria mudar, o que eu considero um tremendo desrespeito.
 
A menos que essa aresta seja proposital.

Quem sabe a intenção do autor não é exatamente incentivar o leitor a interpretar da maneira que quiser?

Nesse caos não seria desrespeito... a marca do autor seria exatamente a abertura ao leitor...
 
Vou dizer uma coisa... tem uma disciplina que eu cursei que mostra como é meticulosa essa questão de interpretação: a gente procurava referentes no texto, e a partir disso explicava as intenções do autor. É como procurar pegadas na terra, saca? Então, por exemplo... na época eu trabalhei com esse texto aqui, se vcs tiverem saco para ler, ali embaixo vão as conclusões...

CONTO CARIOCA


O Rapaz vinha passando num Cadillac novo pela Avenida Atlântica. Vinha despreocupado, assoviando um blue, os olhos esquecidos no asfalto em retração. A noite era longa, alta e esférica, cheia de uma paz talvez macabra, mas o rapaz nada sentia. Ganhara o bastante na roleta para resolver a despesa do cassino, o que lhe dava essa sensação de comando do homem que paga: porque tratava-se de um “duro”, e o automóvel era o carro paterno, obtido depois de uma promessa de fazer força nos estudos. O show estivera agradável e ele flertara com quase todas as mulheres de sua mesa. A lua imobilizava-se no céu, imparticipante, clareando a cabeleira das ondas que rugiam, mas como que em silêncio.
De súbito, em frente ao Lido, uma mulher sentada num banco. Uma mulher de branco, o rosto envolto num véu branco, e tão elegante e bonita, meu Deus, que parecia também, em sua claridade, um luar dormente. O freio de pé agiu quase automaticamente e a borracha deslizou, levando o carro maneiroso até o meio-fio, onde estacou num riacho ousado. Depois ele deu à ré, até junto da dama branca.
- Sozinha a essas horas?
Ela não respondeu. Limitou-se a olhar serenamente o rapaz do Cadillac, com seu olhar extraordinariamente fluido, enquanto o vento sul agitava-lhe docemente os cabelos cor de cinza.
- Sabe que é muito perigoso ficar aqui até essas horas, uma mulher tão bonita?
A voz veio de longe, uma voz branca, branca como a mulher, e ao mesmo tempo crestada por um ligeiro sotaque nórdico:
- Perdi a condução... Não sei... é tão difícil arranjar condução...
O rapaz examinou-a já com olhos de cobiça. Que criatura fascinante! Tão branca... Devia ser uma coisa branca, um mar de leite, um amor pálido. Suas pernas tinham uma alvura de marfim e suas mão pareciam porcelanas brancas. Veio-lhe uma sensação estranha, um arrepio percorreu-lhe todo o corpo e ele se sentiu entregar a um sono triste, onde a volúpia cantava baixinho. Teve um gesto para ela:
- Vem... Eu levo você...
Ela foi. Abriu a porta do carro e sentou-se a seu lado. Fosse porque a madrugada avançasse, a noite se fizera mais fria e, ao tê-la aconchegada – talvez emoção – o rapaz tiritou. Seus braços eram frios como o mármore e sua boca gelada como o éter. Vinha dela um suave perfume de flores, que o levou para longe. Ela se deixou, passiva, em seus braços, entregue a um mundo de beijos mansos.
Quando a madrugada rompeu, ele acordou do seu letargo amoroso. A moça branca parecia mais branca ainda, e agora olhava o mar, de onde vinha um vento branco. Ele disse:
- Amor, vou levar você agora.
Ela deu-lhe seus olhos quase inexistentes, de tão claros:
- Em Botafogo, por favor.
Tocou o carro. A aventura dera-lhe um delírio de velocidade. Entrou pelo túnel como um louco e fez, a pedido dela, a curva de General Polidoro num ângulo quase absurdo.
- É aqui – disse ela em voz baixa.
Ele parou. Olhou para ela espantado:
- Por que aqui?
- Eu moro aqui. Venha me ver quando quiser. Muito obrigada por tudo.
E dando-lhe um último beijo, frio como o éter, abriu a porta do carro, passou através do portão fechado do cemitério e desapareceu.


Vinícius de Moraes, Agosto de 1945.


Então... sobre as intenções do autor...
As "pegadas" são principalmente as palavras que remetem a idéia de branco, de luz. O Vinícius já prepara desde o começo o clima fantasmagórico do conto...
Bom, isso foi meio simplista, eu poderia continuar explicando o lance das "pegadas", mas acho que vocês nem leram o texto ali em cima mesmo :mrgreen:
De qualquer forma, o que eu quero dizer, respondendo alguns posts que já vi aqui... Críticos literários (vulgo "o pessoal da Literatura"), não fazem interpretações na louca, sem qualquer embasamento. Esse lance das "pegadas" foi só um exemplo.
 
Deriel disse:
Faramir disse:
Existe uma intenção sim, mesmo que não seja para passar uma idéia objetiva. Claro, que as pessoas ao longo do tempo podem fazer as perguntas que quizerem a obra, mas isso não muda a marca que o autor imprimiu nela.

Ou pelo menos não deveria mudar, o que eu considero um tremendo desrespeito.

Eu nem sei se o caso é desrespeito. Acho que é normal uma obra causar impressões diferentes nos leitores muito tempo depois de ser escrita. Eu falo da relação subjetiva do leitor com a obra. Uma interpretação preocupada em explicar o texto, no entanto, não pode se prender a essa subjetividade, muito pelo contrario. Como a Lovejoy escreveu, isso não é feito de qualquer forma.
 
Deriel disse:
Faramir disse:
Existe uma intenção sim, mesmo que não seja para passar uma idéia objetiva. Claro, que as pessoas ao longo do tempo podem fazer as perguntas que quizerem a obra, mas isso não muda a marca que o autor imprimiu nela.

Ou pelo menos não deveria mudar, o que eu considero um tremendo desrespeito.

Não sei se há outro jeito de mudar isso, a não ser por alterar o que foi escrito.

A já hiper-citada "deturpação da obra". :roll:

Além desse caso, o que mais poderia ser uma falta de respeito? Uma interpretação diversa e subjetiva do que foi escrito lá?

Não vi casos onde eu pudesse considerar tal interpretação algo além de uma grande viagem.
 
Interpretação intencional distorcida é um desrespeito. Pessoas que sabem o significado geral mas mesmo assim insistem em um lado contrário ao expresso pelo autor.

Além da velha e clássica burrice mesmo, que parece que voltou à moda no Brasil com a Internet. Acham que é bonito falar errado, escrever errado e se orgulham disso (como o PHN aqui do fórum, por exemplo), desse jeito não tem como entender nada mesmo de um texto.
 
Interessante que eu tava comentando ontem a noite isso com o Fox.

O Chico Buarque foi convidado pra responder questões de interpretação de texto do vestibular da UNIRIO ( eu acho ). Neste vestibular tinha um texto dele e ele não acertou a maioria das questões de interpretação do seu próprio texto.

Então eu acho que as vezes nos ensinam a interpretar textos de modo errado. Afinal, será que o autor do texto quis realmente passar esta mensagem ?
 
The Transcendent One disse:
O Chico Buarque foi convidado pra responder questões de interpretação de texto do vestibular da UNIRIO ( eu acho ). Neste vestibular tinha um texto dele e ele não acertou a maioria das questões de interpretação do seu próprio texto.

NA verdade foi o Drummond, anos atrás.



TT1 disse:
Então eu acho que as vezes nos ensinam a interpretar textos de modo errado.

Eu na minha opinião que o erro é ensinar a interpretar.. estimular a interpretação é importante, mas da forma como é feita(através normalmernte de uma unica verdade que depende da interpretação da pessoa que ensina), a interpretação do aluno acaba limitada demais, e de certa forma mal entendida...
 
Knolex disse:
NA verdade foi o Drummond, anos atrás.

valeu Knol.. sabia que tinha errado em alguma coisa

...normalmernte de uma unica verdade que depende da interpretação da pessoa que ensina...

Pois é ! Isso é o mais crítico ! Eu comentava isso ontem... Muitas vezes as pessoas vêem coisas que não existem na obra. Um texto extremamente simples acaba sendo interpretada como uma coisa complicada ! :?
 
The Transcendent One disse:
Um texto extremamente simples acaba sendo interpretada como uma coisa complicada ! :?

exatamente. esse foi o caso do Drummont nesse vestibular..a resposta oficial do vestibular apontava na maioria das respostas de interpretação, metáoras e simbolismos...
Tipo... "Tal pessoa fez isso".... a pergunta do vestibular era exigindo o que a pessoa fazendo isso representava.,.. e a resposta ofical era a maior viagemm... tipo... uma metáfora para a nossa sociedade.. quando perguntaram pro Drummont o que era, 0o que representava, ele disse "Ué.. representa a pessoa fazendo isso..."
 
Pois é gente! É difícil interpretar textos... Se até Drummond sofreu com o que pensavam que ele pensou quando escrevia suas obras...

Imagina então aqui no fórum... como a gente deve di si intender bem! :mrgreen:

Eu gosto de interpretar uma poesia de forma livre. Sem que alguém venha me dizer o que o autor queria quando escreveu aquilo. Mesmo se o autor estiver vivo, as emoções que a poesia dele desencadeia em mim podem ser um pouco diferentes do que ele sentiu originalmente. Tipo, se eu me sentir como a amada dele, não vou sentir o que ele sentiu, mas o que a amada dele deve de ter sentido quando recebeu.

Mas ao mesmo tempo, sei que não posso sair por aí interpretando as coisas como EU quiser. Cada pessoa tem um intuito ao escrever, que como o Deriel disse é passar uma idéia, um sentimento, uma proposta. Se eu interpreto jaboticaba como sendo pitanga, tem algo errado comigo, e não com o autor. No mínimo preciso comprar um dicionário.

Sabe de onde eu acho que vem essa dificuldade em entender o próximo? o que o cara do lado tá dizendo?

Da nossa birra em ler coisas que nos desagradem. Coisas chatas. E claro, de nos relacionar com pessoas irritantes.

Isso diminui muito nossa capacidade de compreender outras situações. E claro faz com que nos tornemos leitores de romancezinhos-agua-com-açúcar...

Em última instância, percebi que ler somente o que eu gosto me tornava tão simplória quanto o pessoal que assiste Malhação! 8O

Tem outras coisas que eu quero escrever ainda. Mas ainda não vou fazer isso pois está amadurecendo na minha cabeça.
 

Valinor 2023

Total arrecadado
R$2.434,79
Termina em:
Back
Topo