Fúria da cidade
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Categoria vai resgatar conceito dos anos 1970 e focará na diminuição da turbulência, como mostra o Motorsport.com
A Fórmula 1 está comprometida a ter o "efeito solo" (uma das inovações mais tecnológicas da história da F1, como mostra a galeria no fim desta matéria) no novo carro de 2021, uma vez que os chefes do esporte estão convencidos de que o retorno do conceito aerodinâmico é fundamental para ajudar os monopostos a se aproximarem.
Com as discussões sobre o regulamento de 2021 em andamento entre a F1, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) e as equipes, os primeiros detalhes já começaram a surgir. Como mostra a ilustração de Giorgio Piola de como o carro de 2021 deve ser, as novas regras giram em torno de uma mudança completa na abordagem do downforce.
A ideia é livrar a categoria dos complexos dispositivos aerodinâmicos da atualidade, especialmente na área de asa e bargeboards. Haverá, por exemplo, uma asa dianteira muito mais simples. Mas a maior mudança está acontecendo embaixo do carro, com uma série de dutos alimentando um difusor que produzirá muito do downforce do carr conceito é semelhante ao que vimos anteriormente na F1, lançada pela Lotus no final da década de 1970 (como mostrado abaixo), antes de ser banida em 1983.
Chefe de assuntos técnicos para monopostos da FIA, Nikolas Tombazis, disse: “Queremos que os carros possam correr e seguir um ao outro, tendo mais batalhas emocionantes. Queremos ter pneus que permitam aos pilotos lutar uns contra os outros sem tanta degradação e por mais tempo”.
“Os carros serão mais simples que os atuais porque muitos dos pequenos componentes foram simplificados: especialmente os sidepods e as asas dianteiras. Também haverá um difusor embaixo do carro”.
Acredita-se que a combinação do efeito do solo, da aerodinâmica mais simples e dos defletores das rodas dianteiras funcionará no sentido de permitir a perseguição entre os carros, o que hoje é dificultado pela turbulência aerodinâmica.
Os monopostos atuais perdem cerca de 45% de seu downforce quando estão a uma distância de dois carros de um rival. Segundo os dados de simulação mais recentes tendo em vista o projeto para 2021, a perda ficará entre 5 e 10%. “Dois dutos vão sugar a turbulência e, como resultado, o carro terá um ar muito mais limpo. Portanto, temos uma redução maciça da perda de downforce”, explicou Tombazis.
A F1 espera chegar a um acordo com as equipes sobre as novas regras até 15 de setembro, para que o processo possa avançar para a ratificação pelo Conselho Mundial de Automobilismo da FIA antes do final de outubro.
Por que as mudanças permitirão corridas mais próximas
Trazer o foco da aerodinâmica de 2021 para a parte inferior do carro não apenas criará uma mudança na filosofia de design, mas também deverá dar um passo para melhorar o show na pista.
Atualmente, os carros da F1 operam com um assoalho plano, que transita para um difusor no ponto do eixo traseiro. Com o auxílio da asa traseira, esse conjunto contribui para a maior parte do downforce de um carro. O custo, porém, é uma grande turbulência, coloquialmente conhecida como "ar sujo".
Essa turbulência gera um grande impacto no carro seguinte, uma vez que os monopostos são geralmente projetados para operar de forma ideal de frente para o ar limpo, sem interferências aerodinâmicas.
As mudanças que serão implementadas desenvolvem o que é conhecido como efeito solo, onde o ar é acelerado com mais força à medida que transita entre o piso do carro e o solo. Isso desenvolve mais downforce e significa que os carros podem trabalhar com um tamanho de asa traseira reduzido.
O foco na parte inferior também reduz a sensibilidade do equilíbrio aerodinâmico, o que significa que o carro seguinte não sofrerá a perda imediata do downforce quando exposto à turbulência.
A adição de defletores às rodas dianteiras ajudará a desviar o fluxo de ar da roda em direção aos dutos, de modo que eles permaneçam eficazes. A turbulência é notoriamente difícil de administrar, daí a crescente complexidade dos pacotes atuais de bargeboards. Diminuindo o ar sujo, pode-se simplificar os aparatos aerodinâmicos.
A ideia do chefe da Lotus nos anos 70, Colin Chapman, era tentar fazer com que seu carro funcionasse como uma asa (ele mesmo as havia introduzido na F1 em 1968). Chapman entendeu que se as laterais do carro alcançassem o solo, a pressão aerodinâmica aumentaria de maneira exponencial, já que formaria uma área de baixa pressão embaixo do carro, o sugando para o chão. A novidade não conseguiu dar à Lotus o título de 1977 devido à baixa confiabilidade do carro. Mas em 1978 o campeonato veio com Mario Andretti. Entretanto, a F1 baniu a solução por segurança, já que permitia aos carros fazerem curvas com grandes velocidades.