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Falta gol de falta

Fúria da cidade

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Por que essas cobranças de bola parada deixaram de ser uma arma letal no futebol brasileiro?
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De decisivos a esquecidos

Era comum nas décadas passadas: a falta na entrada da área - em alguns casos até mesmo na intermediária - significava uma chance clara de gol. Os responsáveis por isso atendiam pelo nome de Rivellino, Nelinho, Zenon, Neto, Zico, Roberto Dinamite, Marcelinho, Alex, Marcos Assunção, Rogério Ceni, entre outros grandes jogadores do futebol brasileiro.

Nos últimos anos, porém, os gols de falta sumiram dos gramados do país. Para se ter uma ideia da escassez, no último ano, a redução chegou a 61%, passando dos 44 gols na edição do Campeonato Brasileiro de 2011 para apenas 17 no Brasileirão 2016.

O UOL Esporte mostrará os prováveis motivos que levaram a essa situação. Para isso, a reportagem escutou grandes batedores de falta da história, jogadores que se aposentaram há pouco tempo e atletas que estão em atividade.


Arte/UOL
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Thomas Santos/AGIF

Poucos marcaram de falta em 2017

Nesse ano, somente Vasco, Cruzeiro, Atlético-MG e Fluminense, entre os 12 times grandes do país, marcaram gols de falta. O Vasco foi às redes com Nenê, na Florida Cup, contra o River Plate-ARG. Rafael Sobis e Robinho fizeram pela equipe cruzeirense. No Galo, o venezuelano Otero (foto) acertou uma cobrança diante do Joinville, na Primeira Liga. O último a marcar foi Sornoza, do Flu, na Copa do Brasil, contra o Sinop.


Arte/UOL
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Você lembra como foi o último gol de falta do seu time?
Especialistas apontam um culpado


Eles treinam pouco, é preciso ter muita dedicação para esse fundamento. Não é de uma hora para outra que começa a fazer gols. Sempre treinei muito. Eu fiz 124 gols de falta. Isso só no profissional, sem contar a base. Para chegar a esse número foram muitos dias de treinamento.


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Marcos Assunção


Nós temos batedores da falta, que batem bem na bola, mas fazem gols uma vez ou outra. Eles não têm sequência. Não ficam conhecidos por serem grandes cobradores de falta. Isso para mim é falta de treinamento. É o cara que bate bem na bola, mas não treina o suficiente para ter um índice de acerto alto.

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Nelinho


Hoje o atleta tem pressa para sair do treino. Não tem ousadia, é preciso arriscar, mas hoje eles ficam com medo de uma vaia. Jogador hoje tem pressa, não tem paciência, não quer fazer a repetição. Os treinamentos vão colocá-lo em um patamar maior para decidir jogos.

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Marcelinho


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Xinhua/Xu Zijian
Restrição de Felipão e até de Capello

"Muitas vezes o Felipão falava que ia lesionar, mandava embora do treino, falava que precisava de mim no jogo." A atitude, segundo o ex-jogador Marcos Assunção, é recorrente no futebol e aconteceu até com Fabio Capello, quando ele defendia a Roma: "Ele também pegava no meu pé", contou o jogador, que muitas vezes chegou a discutir com técnicos.

Marcelinho também viveu essa situação na carreira. "Tinha restrições, mas você sabe o limite do corpo. E não tem limite para quem tem 17 anos. Com mais de 30, sim, diminui a quantidade. Hoje há mais suporte para o atleta treinar em alto rendimento. É questão de arriscar mais, treinar e ter confiança e, se descobrir que tem o mínimo de talento, persistir no treinamento", disse.

Já com Nelinho, exímio cobrador do time do Cruzeiro na década de 1970, também não tinha conversa. "Comigo nem davam opinião. Quando terminava o treinamento, todo mundo ia embora, eu ficava sozinho no campo. Chamava um goleiro que estivesse à disposição ou um auxiliar de cozinha que tinha no Cruzeiro. Não era por acaso, é repetição", afirmou o ex-lateral direito.

Cobradores atuais se defendem

Em 2015, o Tite cobrava muito. Não era exagerado, pegava dez bolas de cada lado e enfatizava muito isso, o que ajudou bastante. A barreira anda um pouco e dificulta para o batedor. É questão de treinamento e dom.


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Jadson


Sinceramente é uma coisa que até pouco tempo atrás nós jogadores ficávamos depois do treino. Nos clubes onde passei sempre tiveram bons cobradores. Vamos também dar méritos aos goleiros talvez.

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Michel Bastos


Vou continuar cobrando, tentando e chutando. No jogo há só uma oportunidade e tem de estar preparado. A gente fica cansado, mas é importante. A meta é bater mais faltas, até 30 por treino. Estou me pressionando.

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Fellipe Bastos


Há mesmo risco no futebol atual?

De acordo com o preparador físico Antonio Mello, que já treinou grandes cobradores de falta, como Alex, Marcelinho e Ricardinho, é preciso ter cuidado com a condição física dos jogadores. Ele, porém, acredita que a atividade não afeta o profissional.

"É claro que é preciso tomar cuidado para não agredir o atleta, mas não vejo nenhum problema em treinamento específico. Não é prejudicial ao atleta. Eu sempre incentivei. É preciso incentivar. Se não treinar falta, está fechando uma chance de marcar gol. É preciso encontrar adequadamente um momento para treinar e incentivar esse cara a desenvolver esse potencial", disse Mello.

O preparador físico admite que hoje os jogos exigem mais dos jogadores, que podem ficar cansados ao fim dos treinos. Mas Mello diz que os gramados têm dimensões menores. "Os jogos estão mais intensos, mas os campos estão menores. Se joga num campo pequenos hoje em relação aos do passado. É uma redução muito grande", afirmou.


A rotina dos especialistas
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    Zico

  • O ex-camisa 10 do Flamengo treinava três vezes por semana, com até 100 faltas em cada atividade e tinha até que improvisar pelo fato de não ter barreira móvel. "Eu tinha de chamar alguns funcionários quando não tinha mais jogador, Quando não tinha nada, eu pendurava camisa no ângulo e tentava derrubar. Improvisava de alguma maneira", disse.

  • Imagem: Agência O Globo
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  • Marcos Assunção
  • A repetição nos dias que antecediam os confrontos era rotina para o ex-volante. "Sempre treinava dois dias antes dos jogos. Se o jogo fosse domingo, treinava sexta e sábado. Sexta um pouco mais, umas 60, 80 faltas. No sábado umas 20, 30, pois a perna tinha de ficar mais tranquila para o jogo", frisou.

    Imagem: Fernando Donasci/UOL
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  • Marcelinho
  • Segundo o camisa 7 do Corinthians no fim da década de 1990 e começo de 2000, os treinos se davam diariamente. "Eu chegava a chegar uma hora e meia antes do treino começar e ia embora uma hora depois. Treinava de manhã e à tarde quando o time trabalhava meio período. O número de repetições te leva à perfeição", ressaltou.

    Imagem: Antonio Gaudério/Folhapress
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  • Nelinho

  • O ex-jogador do Cruzeiro, Atlético-MG e da seleção brasileira também treinava todos os dias e apostava na variação de posição. "Só não fazia no dia do jogo. Começava chutando do escanteio da direita e ia parar do outro lado. Treinava falta com barreira e sem. Ficava uma hora, uma hora e meia", destacou.

    Imagem: Allsport UK /Allsport

No passado, falta era quase gol

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Jorge Araújo/Folhapress

Dedicação do "Camisa 10 da Gávea"


Nos tempos de Flamengo, Zico treinava até altas horas, mesmo quando a luz do dia já não estava presente. Naquela época, o time rubro-negro, segundo Zico, trabalhava sempre à tarde. Na véspera do jogo, o camisa 10 tinha de pedir para o goleiro Raul Plassmann ficar com ele até mais tarde. Para trabalhar à noite, eles dependiam da luz artificial do Jockey Club, localizado ao lado da Gávea.

"Não tinha terceiro e quarto goleiros. Pedia para ele ficar no gol. Ficava escuro e ele falava para ir embora. Eu falava que dava para continuar com a luz do Jockey, a gente treinava ao lado. Depois eu falava que ele não precisava ir na bola, era só ficar parado. E ainda dizia: 'você está reclamando, mas na terça-feira vai ficar feliz na hora de pegar o bicho'", disse o craque, que usava o treino como uma forma de se concentrar.

"O resultado era sempre favorável, eu gostava de treinar na véspera dos jogos. Depois que acabava tudo ficava sozinho para chegar no jogo mais confiante", disse.

Ormuzd Alves/Folhapress


Marcelinho dá dicas

Diante da escassez de gols atual no futebol brasileiro, Marcelinho chegou a dar dicas para os jogadores jovens."É bom treinar com sete metros de distância da barreira e não 9,15m. Criar graus de dificuldade, porque no jogo, às vezes só há uma oportunidade. Se treinar assim, pode virar especialista e conseguir fazer com que a bola te obedeça", disse.

Marcelinho ressalta ainda que um ponto importante é treinar com a bola e a chuteira do jogo. Além disso, é necessário treinar até os movimentos, como a envergadura do corpo e o a pisada do pé de apoio. Variar as batidas é um método de treinamento. De perto da área, Marcelinho aconselha a batida chapada. "Mirar no segundo homem da barreira para a bola cair rápido, como um taco de sinuca. Ver também o posicionamento do goleiro".

Ele ainda cita as cobranças de média e longa distância. "Bater na bola como uma alavanca, com o peito do pé, a bola do meio para cima, vai cair rápido. Ou três dedos de longe, de rosca para surpreender o goleiro. Isso tudo faz com que o jogador se torne um grande cobrador de faltas".


Afinal: é dom ou treinamento?

Quando eu me tornei profissional, senti que as faltas poderiam ser um algo a mais e passei a treinar bastante porque sempre fiz muitos gols. Aumentei o ritmo de treinamento.

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Zico


Existem os cobradores de faltas e o especialista, que nasce com dom e talento. E são os treinamentos que vão colocá-lo em um patamar maior para decidir jogos.

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Marcelinho


Só o dom não adianta. Você vai precisar de cinco, seis faltas para acertar uma. No jogo isso é muito difícil. Além do dom, é preciso muito treinamento, senão ele não consegue.

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Marcos Assunção

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O zagueiro do Vitória, Fred, é o melhor cobrador que vi no time desde Pet (quando eu comemorava como pênalti as faltas perto da área). Cobrou 5 esse ano e marcou 2, na forquilha.
 
Em tempo, isso não é um problema do Brasil. Na Europa não tem mais cobradores como Beckham e Pirlo.
 
Na Europa não tem mais cobradores como Beckham e Pirlo.

Não é querendo eleger pelo favoritismo dele e talz, mas você não colocaria o Messi como um excelente cobrador de falta? Em técnica pra bater falta, acredito que ja chegou no nível de Pirlo e do Beckham, só não deve ter chegado no numero de gols de falta pelo tempo de carreira.

Mas ainda assim, tem aquele Hakan do bayer Leverkusen que bate muita falta, mas também é um moleque novo que não tem o mesmo histórico do Pirlo por exemplo.

Não acho que a Europa esteja em falta de cobradores, Cristiano no Real, Messi Barcelona, o próprio Neymar, o Eriksen do Totteham, tem um outro que está na Juve que veio do Roma que eu esqueci o nome dele.....
 
Em tempo, isso não é um problema do Brasil. Na Europa não tem mais cobradores como Beckham e Pirlo.
Neymar cobra muito bem, pena que o Messi quase nunca deixa ele bater. Então o aproveitamento dele também é bem grande.
 
Em outros tempos tinha time que podia se dar ao luxo de ter 2 bons ou até 3 cobradores. Agora ter um já é pra levantar a mão aos céus e agradecer muito!

O que eu achava bacana ter no elenco é ter que gente bata com estilos diferentes.

Ter aquele que bate com categoria buscando o canto e o "canhão" (estilo Pepe ou Roberto Carlos) que em determinados tipos de cobrança, quem batia uma bomba como eles, muitas vezes deixava toda a barreira cagando de medo :lol: e aí ela abria e o gol entrava até mais facil do que um batida mais fraca e colocada.
 
Nem Messi nem Neymar chegam perto dos citados aí, como Gaúcho, Pirlo e Beckham.

No Palmeiras o último foi o Marcos Assunção. O melhor foi Arce.
 
um dos melhores batedores que passou pelo Galo foi o Ramón. Falta perto da área era meio gol.
 
Chega ser meio bizarro que os dois maiores ganhadores da bola de Ouro que tem dominado nos últimos anos, não sejam exímios cobradores de falta.
 
Ter aquele que bate com categoria buscando o canto e o "canhão" (estilo Pepe ou Roberto Carlos) que em determinados tipos de cobrança, quem batia uma bomba como eles, muitas vezes deixava toda a barreira cagando de medo :lol: e aí ela abria e o gol entrava até mais facil do que um batida mais fraca e colocada.
Esse é um estilo que tá em falta mesmo, muito comum até os anos 90. Hoje em dia, não sei se porque a jogada de bola parada se tornou mais valorizada, os times parecem preferir não "desperdiçar" o lance com uma tentativa de disparo à longa distância, que poucos jogadores sabem efetuar bem.

um dos melhores batedores que passou pelo Galo foi o Ramón. Falta perto da área era meio gol.
Esse era outro que se tinha falta do lado esquerdo, a curta distância da área, eu já comemorava! Ele só não era tão eficaz de outros locais como era Petkovic.
 
como era Petkovic.

Você deu um exemplo muito bom.

O Pet com bola rolando não tinha vocação pra ser um grande artilheiro, mas é fato que era muito temido porque na bola parada, no auge da forma tinha um enorme poder de decisão.

Isso é o que acontece com o exímio cobrador não importando a posição que jogue. Me lembrei que na década de 90 o Santos chegou ter por alguns anos um zagueiro chamado Sandro Barbosa que até jogou no seu Vitória entre 2006 e 2007 que eu achava ser um zagueiro comum, mas cobrando falta era outro canhão poderoso que chegava as vezes a derrubar os pinos de boliche do adversário :lol:.

Um grande cobrador de falta sempre será algo muito importante, porque ele não mexe apenas com o time em que joga, mas o adversário que tem tomar um enorme cuidado pra não fazer falta perto da área, ter que treinar uma barreira defensiva que o atrapalhe ao máximo, fora o fato que em qualquer jogo ele é sempre uma atração que valoriza muito mais a transmissão da partida pelo poder de decisão que tem quando está com o pé bem calibrado.
 

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