Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!
Third (...) os melhores do ano
e fim.
Que heresia, mestre!Nossa, eu esqueci totalmente do Black Ice. Vou fazer outra atualização em breve, aí eu incluo ele.
Que heresia, mestre!
Vixe! O hómi é rápido!Sim, heresia mesmo. E o álbum ficou bacaninha.
Até o fim de semana eu fecho minha lista aqui com o Black Ice e mais uns 4.
Desde sua infância que Nicholas Edward Cave se impressiona – e se assusta – com a história do homem que ressuscitou após quatro dias. Num misto de medo e admiração, essa história ressurge para embalar o clima do décimo quarto álbum do músico australiano, mais um na companhia das Sementes Más (o segundo sem Blixa Bargeld e o primeiro após o barulhento projeto paralelo Grinderman, que sacudiu os porões no ano passado). Quer saber: Nick Cave envelhece como vinho, e aos 50 anos coloca nas ruas um dos melhores álbuns de sua carreira consagrada.
O disco abre com Nick Cave clamando na faixa título para que Lázaro cave (sem trocadilho, risos) um buraco e volte para o túmulo enquanto o bardo conta a história de Larry, um rapaz de Nova York que passou pela fila da sopa, pela delegacia, pelo manicômio e, por fim, terminou no cemitério. Uma bateria calma e limpa carrega a canção enquanto a guitarra base castiga o mesmo riff e outras guitarras entorpecidas de feedback maltratam a melodia ferozmente. O pop e o rock se unem e saem de mãos dadas cantando o refrão sagrado: "Cave, Lazaro, cave".
"Today’s Lesson" é mais do mundo absurdo de Nick Cave. O baixo de Martyn Casey surge numa linha dançante enquanto a guitarra envenena a melodia novamente. Os violões assumem a condução da melodia e, lá pelo meio, um belo solo de órgão aconchega a pequena Jane, que está sendo molestada pelo senhor dos sonhos em seu próprio sonho. "Moonland" chega freando o ritmo acelerado das duas faixas anteriores em clima blues enquanto o refrão avisa: "O DJ está sussurrando no rádio: Eu não sou seu amante favorito". No entanto, ele precisou seguir o carro e flagra-la no banco de trás...
"Night of the Lotus Eaters" é totalmente fantasiosa e climática enquanto "Albert Goes West" é uma porrada à la Grinderman em que Cave avisa (enquanto outros fogem) que vai continuar onde sempre esteve, pois gosta desse lugar (enquanto Albert vai para o oeste, Henry para o sul e Bobby para o norte). "We Call Upon The Author" é outra maluquice genial retirada da cabeça de Cave em parceria com Warren Ellis (que toca viola, drum machine e os loops da canção). Em "Hold On To Yourself", uma das grandes canções do álbum, Nick Cave volta a citar o predileto de Jesus. "Lie Down Here (And Be My Girl)" é outro dos rockões do álbum jogando testosterona no colo de uma garota.
Após a tempestade sônica da faixa anterior, "Jesus Of The Moon" surge como um alívio em seu formato de balada jazzy atormentada e abre a porta para a parte final do álbum de forma suave através de "Midnight Man" (um rock lento que cresce no refrão) e "More News From Nowhere", a faixa épica do álbum com seus quase oito minutos de duração que parecem querer transformar em música a loucura do filme "Inland Empire", de David Lynch, com o personagem contando: "Eu ando no canto do meu quarto / Vejo meus amigos nos lugares elevados / Não sei qual é qual nem quem é quem / Roubaram suas faces". A melodia segue estática, sem grandes alterações de humor até o final.
Texto do blog do Marcelo Costa – Revoluttion
Rock em uma missão (quase) impossível: em meio a um mundo em crise, encontrar uma dimensão metafísica, espiritual, para a existência do ser humano. A proeza coube ao Fleet Foxes, jovem quinteto vindo de Seattle cujo homônimo álbum de estréia encabeçou as listas dos “melhores de 2008” nas mais respeitadas publicações especializadas do planeta. Enraizada naquilo que de melhor o folk-rock e o sunshine pop nos deram um dia (Crosby, Stills, Nash & Young; Beach Boys; Zombies; Dylan), mas filtrada por uma sensibilidade atualíssima, a sonoridade do Fleet Foxes chega pronta para fazer história. Vale prestar atenção, portanto.
Arthur G Couto Duarte,EM Cultura,jornal Estado de Minas
... O disco começa com acordes pomposos, lotados de estética sessentista, flertando bem com o ácido que ludibriava e guiava aquela geração. Sim, 'Dragonfly Pie' tem um título alucinado e uma variação harmônica fora do sério. Malkmus está à vontade para manipular as notas, subir e descer em intensidade. A flexibilidade é assunto ativo e presente em todo esse disco. Em 'Hopscotch Wille', o que parecia marasmo estampado se transforma em uma perseguição, onde as cordas da guitarra são implacáveis na marcação da voz de Malkmus. Cada fim de estrofe é um desaguar de arranjos explosivos que arrasam tudo pela frente. E quando tudo está devastado, há uma restauração do ambiente, com a exibição de um solo virtuoso, sustendado por um baixo tão rude que todo o solo, escandaloso, toma ares sombrios graças ao desempenho do instrumento de apoio supracitado. Mas não há dúvida: se você observa e viaja em acordes de guitarra, essa é sua faixa. 'Real Emotional Trash' é meloso, é um pop perfeito, é um rock distorcido, são notas dissonantes e embriagantes, é psicodelia obscura, é o sucesso transmutado para ondas sonoras, é experimentalismo despretensioso. É autoridade em matéria de rock. São dez minutos tão rápidos, que você tem a sensação de que nesse disco, cada minuto tem apenas dez segundos. 'Baltimore' me fez balançar a cabeça negativamente por vários minutos. Fiquei pensando: "filho da puta, como você consegue fazer isso? só pode ter usado droga". E sinceramente, pra exibir esses contornos distorcidos e ao mesmo tempo alinhados, tem que estar sob muitas substâncias químicas.
Real Emotional Trash é um deleite para quem aprecia o rock sem rótulos. Para quem quer ouvir um homem desarmado do medo, do receio e de preconceitos. E ainda dizem que o rock está morrendo. Enquanto gente como Malkmus - que integra as memórias dos loucos anos 90 - existirem, o rock estará a salvo. Sim, sem necessidade de sair por aí elegendo hypes e punhetando em cima de pseudo-salvadores. Esse disco é uma aula de rock para a nova geração.
Do Blog Rock Town Downloads!
Considero impossível ficar impassível com a voz de Mark Lanegan. E Isobel Campbell, obviamente, sabe da potência de Mark e o aproveita muito bem em Sunday at Devil Dirt, segundo disco da dupla. Ela deixa Mark conduzir as canções com sua voz imponente, seu tom normal é grave como máquinas batendo a terra numa construção. E Isobel aparece aqui e ali nos backing vocals, grunhindo e fazendo leves sons, e só entra de verdade no disco na quarta canção, na linda "Who Built the Road". Mark tem uma das vozes mais grossas que se ouve por ai e Isobel uma das mais, hum, estranhamente finas. Porém, as duas têm muito em comum: Isobel e Mark cantam sussurrando e estão sempre em sintonia, não transformam as belas melodias em algo excessivamente bonito e o clima obscuro que inevitavelmente aparece dá às canções um chão comum para os dois.
... Sunday at Devil Dirt são cinzas em suas fusões de estilos, vozes e histórias, mas sólidos como rochas.
Do Blog Wearedisabled
... Um track a track mostra que a banda pensou calculadamente cada canção. Produtores obcecados que são, o disco fará a alegria dos fanáticos em técnica. Os mais emotivos terão motivos de sobra para abraçar o álbum, sobretudo com a montanha-russa que vai do jazz-fusion sacolejante aos ritmos lentos de vocal choroso. “Shout Me Out” e “Love Dog”, além de “Family Tree” são os exemplos mais emblemáticos da mudança de panorama: são lentas, apelam para um estilo mais próximo da música pop romântica, mas mudam de ritmo bruscamente, lembrando que a banda ainda é dada à ousadias e experimentos.
O TV On The Radio mais do que parecer doce e fácil, encontrou dentro de suas próprias referências um novo caminho a seguir. À sua maneira incorruptível vão construindo um nicho próprio dentro da música pop. Merecem toda a unanimidade de que gozam.
Paulo Floro Site Revista O Grito!
Foram 11 anos de absoluto silêncio. Então, fomos surpreendidos pelo mysterium tremendum de Third; gravação que assinalou a volta triunfal do Portishead, da cantora Beth Gibbons. Inconformado pela sacrílega veiculação de seu som em espaços lounge e comerciais de TV, ao trio de Bristol não restou outra saída senão a de alterar toda a informação codificada no DNA do assim chamado “trip hop”. Chocante, a (re)criação do Portishead veio vergastar tímpanos incautos com um mix brutal de drones eletrônicos, mumificações de krautrock, guitarras esquartejadas, cyberfolk e até – pasmem! – doom metal. Um urro ígneo para calcinar a apatia da década que inaugura o século 21.
Arthur G Couto Duarte – Em Cultura,Jornal Estado de Minas
“Death Magnetic” me soou como um tapa (bem dado , diga-se de passagem) na orelha. Pesado, repleto de riffs que são puro thrash metal oitentista, palhetadas em profusão, linhas vocais que lembram os melhores momentos de James Hetfield. Kirk Hammet está solando muito bem, a maioria das vezes usando o seu pedal wah-wah com a competência habitual. Robert Trujillo finalmente encontrou espaço para fazer o seu trabalho, e mostra que foi a escolha certa para o grupo, com linhas de baixo que acrescentam ainda mais peso às bases de Hetfield. E Lars Ulrich, apesar de ainda estar longe do fenomenal baterista que um dia já foi, entrega em “Death Magnetic” a sua melhor performance em anos.
...Todo e qualquer fã que tenha acompanhado a carreira do Metallica se empolgará com as músicas de “Death Magnetic”. Isso é um fato, simples e claro. “That Was Just Your Life” abre o disco com o pé direito, com um dedilhado de guitarra que nos leva de volta aos anos mágicos do thrash metal. Seu riff principal já deixa claro que estamos diante de um trabalho especial. Há muito tempo, desde um passado muito, muito distante, James Hetfield não tocava bases tão empolgantes como as que saem dos alto-falantes. Agressiva, a música mostra um Metallica surpreendente, que em nada lembra o passado recente do grupo. Nem parece que estamos ouvindo a mesma banda que cometeu equívocos como “St Anger” e pretensões descabidas como “Load”. A parte final da música, mais precisamente a partir dos 5:50, arrepia qualquer fã de heavy metal, com grandes melodias de guitarra que fazem a esperança que sempre mantivemos em relação ao grupo se renovar.
Trecho da resenha escrita por cadao,membro do site RYM
...Mas é claro que o álbum não fica apenas na percussão, por Cristo, não pense que se tratam de batidas repetitivas e tribais. O mais intrigante no som deles é o papel que o baixo faz junto ao compasso de batidas, sejam elas convencionais ou 'exóticas'. Cada acorde desse instrumento essencial é um aperto, uma pressão no senso musical do ouvinte. Mas não há como ficar muito tempo preso a um detalhe: Os arranjos brincam numa ciranda harmoniosa, girando em variações precisas, em pequenas tiradas, como vozes de multidão, raios cortantes de sons de violino e claro, toda a atmosfera de savana que é perfeitamente transportada aos fones e caixas de som ocidentais através da faixa 'Cape Cod Kwassa Kwassa'. Se você lembrar de cenas do Rei Leão, pode rir. 'A-Punk' é uma aventura através de uma versão pop africana, com guitarrinha maleável e canção irrepreensível. 'M79' é iniciada numa textura clássica, renascentista aquela coisa européia do século 16, mas não se engane: a estética dá um salto das terras européias e cai em quentes areias de Kingston, na Jamaica, simulando um rápido dub malicioso e flexível, se esticando até aqueles ritmos caribenhos. 'Mansard Roof' é mais conhecido pelos seus ouvidos, mas é tão complexas em minúcias encantadoras, que ampliam a já rica liga de atrações do arranjo. E ainda há espaço para influências dos anos 80 e a new wave dos Talking Heads, na faixa 'One (Blake's Got A New Face)'. Toques de sintetizador são caprichosamente distribuídos ao longo da música. Muito bom.
O som do Vampire Weekend é uma viagem exótica que passa por lugares misteriosos e e vai até regiões já conhecidas, mas a incrível impressão é de tudo está ligado, de que tudo acaba sendo a música típica do planeta. Não é bem aquilo que chamam de world music, não tem nada a ver. Mas a união de ritmos faz da música da banda algo universal.
Do Blog Rock Town Downloads!
Deve ser algo com a água. Senão isso, não vejo alternativas coerentes para explicar o porque de, nos últimos dez, quinze ou vinte anos, Glasgow, na boa Escócia velha de guerra, surgirem bandas com grandes chances de nos apontar alguma direção frente ao marasmo. Nomes como Jesus & Mary Chain, Primal Scream, Franz Ferdinand, Mogwai e Teenage Fanclub são exemplos de que, em algum momento, como em um ato de bondade divina, o cenário musical voltou seus olhos para as highlands .
... Glasvegas, o disco, é um trabalho consistente, maduro e, mais que isso, revestido pelo que acredito ser necessário a qualquer trabalho de arte: uma certa dose tragicômica ideal para provocar nossos sentidos. Bebendo ora na fonte concebida por Phil Spector, ora nos conterrâneos, a Glasvegas consegue um resultado que surpreende e, mais que isso, não nos deixa mais em paz.
Mas, de volta ao princípio, com uma mistura que sublima o pop com guitarras etéreas na medida certa, Glasvegas acerta ao misturar harmonias que enveredam pelo mais adocicado pop na mesma proporção em que explora temas pouco simplórios...
... Por sua vez, é com Daddy’s Gone que o disco se manifesta em plenitude. Impossível não perceber ecos das Ronettes, dos grupos vocais das décadas de 50 e 60, todos emprestando sua doçura e sonoridade para a construção de uma canção com tema cavernoso: um acerto de contas entre um filho e seu pai ausente. Daddy’s Gone impressiona: toma forma, ganha força e, nos seus segundos finais, explode em guitarras sobrepostas. Há algum tempo o termo wall of sound não ganhava uma representação tão a altura.
Alexandre Honório,site disruptores E Zine
Billy Bragg nasceu na época errada. Só pode ser. Com cinqüenta anos completados em dezembro último, o roqueiro britânico que ousa misturar Clash com Bob Dylan chega ao seu décimo segundo disco falando de coisas que estão fora de moda na nova ordem mundial. Em uma época em que o pop celebra muito mais os barracos de seus principais artistas (Britney e Amy na dianteira) do que a música propriamente dita, qual espaço para um cara que fala de amor, política e justiça?
... No entanto, apesar do cenário catastrófico em que vive a sociedade atual, Billy Bragg abre “Mr. Love and Justice” bradando, no refrão: “Eu mantenho a fé em você”. Soa até inocente, eu sei, mas quem está cantando isso já passou dos 50 anos, é um ativista político que luta pelos direitos da classe trabalhadora inglesa e que defende a multiculturalidade britânica. E que, sobretudo, ainda acredita no amor e na justiça. “I Keep Faith” é singela, conta com a participação de Robert Wyatt e é uma daquelas canções que podem ser ouvidas por dias e dias a fio.
... Na suave “You Make Me Brave” ele se recusa a se esconder no passado. Em “Something Happened” ele compara amor e luxuria.Na faixa título, Billy Bragg interroga o senhor amor e justiça; em “If You Ever Leave”, fala de solidão e abandono; “O’Freedom” versa sobre democracia e liberdade, temas caros; em “The Johnny Carcinogenic Show”, praticamente adapta para o formato canção pop a temática do filme “Obrigado Por Fumar”.
Entre rocks, folks e ballads, “Mr. Love and Justice” soa muito mais um álbum de amor do que política. Seu clima (entre anos 40 e 50), no entanto, não alcança a sobriedade de “English, Half, English” nem a grandiosidade de álbuns clássicos do cantor, como “Talking With The Taxman About Poetry” (lançado em vinil no Brasil nos anos 80) ou os dois discos em parceria com o Wilco tendo por base canções inacabadas de Woody Guthrie. Mesmo assim, ele chega a tocar a alma em alguns momentos. É um disco que não tem relação nenhuma com a melancolia pueril dos emo punks, com a rebeldia sem causa do novo rock, com a diversão sem limites do electro. Talvez, por isso, soe fora do tempo. Billy Bragg nasceu na época errada. Ainda bem.
Blog do Marcelo Costa-Revoluttion
Sim, heresia mesmo. E o álbum ficou bacaninha.
Até o fim de semana eu fecho minha lista aqui com o Black Ice e mais uns 4.