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Fiodor Dostoiévski

  • Criador do tópico Criador do tópico Fëanor
  • Data de Criação Data de Criação
Eu li os Demônios!

Foi uma experiência pessoal!

Depois disso, até hoje quando eu vejo uma fogueira eu lembro de Dostoi!

Nunca esqueci as neura dos personagens! Acho que é isso que Dostoi, tem de mais terrível. Uma vez que você chega perto, você fica meio psico, meio pensando que pode ter um personagem por aí, te rondando!
 
Se eu for escrever abertamente sobre o Dostoiévski, produzirei um texto gigantesco. Ele é nada mais que um dos maiores gênios literários, o meu escritor dileto.

Primeiramente, alguns esclarecimentos:

Já ouvi gente falar do final, que é ruim, feliz,"pop", etc, que devia ter sido melhor. Não concordo. Tá, a pena dele foi atenuada, mas ainda assim ele foi preso... se apaixonar pela Sônia não foi surpresa nenhuma, e, bem, a coisa mais "feliz" que poderia ter acontecido era ele se arrepender do crime que cometeu. E isso não aconteceu, portanto...

Se não me engano, Trillian, Raskólnikov arrepende-se do seu crime, já no posfácio do livro e de forma gradativa. Ele, de certa forma, "salva-se" do seu niilismo - aliás de natureza instável. A passagem em que ele depara-se com a Bíblia na prisão e inicia um "contato íntimo" com ela é soberba. Para Dostoiévski, só o sofrimento, seja ele físico, moral ou existencial, é capaz de render a alma humana de seus erros. O contato com a religião pode ser causador dele, ou então decorrente da redenção. Raskólnikov passa por estados de padecimentos, perturbações e delírios, muitos deles, obviamente, oriundos de sua própria mente febril.

"A vela quase no fim iluminava frouxamente naquele quarto um assassino e uma prostituta reunidos singularmente reunidos para ler o livro sagrado."

Coincidência, pois eu estava justamente essa semana discutindo com um colega meu, também apaixonado por literatura, o quanto essa frase é impactante e avassaladora.

Outra coisa: a Editora 34 está publicando gradualmente todas as obras do Dostô - talvez todas elas já foram lançadas - por uma tradução diretamente do russo. Isso é inédito no mercado editorial brasileiro. E vale a pena reler; há diferenças, como uma linguagem mais fluente e próxima do coloquial, nessas primorosas traduções. Eu, quando começar a trabalhar, faço questão de comprar todos os livros, sem exceção.

Link de uma resenha crítica de minha autoria sobre Crime e Castigo, minha obra favorita dele:

http://www.pointcultural.com.br/forum/index.php?topic=395.0
 
Alguns comentários críticos pertinentes de minha autoria - sem edição -, postados em outro fórum, a respeito do Dostoiévski:

"E também recomendo Crime e Castigo - uma das maiores obras-primas da literatura universal -, o meu livro predileto, do meu ídolo literário Dostoiévski. Qualquer um que o leia culminará em estado de "perturbação" intelectual e moral, transformado pela tortuosa e obscura obra do meu querido Dostô."

"O Dostô é o meu escritor favorito, o maior dos meus ídolos literários. Ouso dizer que ele me impressiona mais profundamente que o Shakespeare, por exemplo. Ele tem uma densidade psicológica tortuosa, inquieta e inquietante, que me "perturbou" intensamente desde que eu li o Crime e Castigo, sem dúvida a obra-prima máxima dele - mais coerente e bem menos mística que Os Irmãos Karamázovi.

O Tchecov também é um dos maiores autores russos, ao lado do Dostô (o melhor na minha opinião, é claro) e do Tolstói (nunca li nada dele). A diferença crucial entre os dois é que Tchecov foi um dos maiores expoentes como contista e dramaturgo na literatura universal, ao passo que o Dostô "abalou as estruturas" literárias como romancista - e Crime e Castigo foi verdadeiramente uma obra revolucionária pela maneira destemida, profunda e inédita com que tratou a capacidade humana de racionalizar o crime, envolvendo suas razões, na época; uma obra-prima ímpar em toda a história da literatura.

O Tchecov escreve de forma mais simples e relativamente despojada, mas com vigor poético e um realismo denso, à maneira dele. E também sabe mesclar um humor - às vezes ácido - com o drama de maneira magistral. Dostô é diferente, claro. Ele tem uma linguagem qua já expressa uma profundidade e uma complexidade humana de forma avassaladora - e sombria. A própria linguagem dele é tão irregular quanto à geografia de São Petersburgo. Ele é sim mais grandioso, poderosamente humano e denso que o Tchecov, a meu ver - ao passo que este talvez tenha um talento maior para o humor e para a apreensão do simples cotidiano. Não vejo nada de teatral e exagerado no meu querido Dostô, não no sentido de "simulado" ou "forçado"."
 
O que significa essa sigla “pós-moderna” OMG? Alguém poderia, por favor, me esclarecer?

Fora as cenas memoráveis em que ele se compraz em fazê-la sofrer, mostrando a ela um pessimismo que com certeza irá se abater sobre ela e seus irmãos. Para depois de ter a moça totalmente desesperançada e chorosa, se lançar aos pés dela e dizer que isso é para prestar homenagem ao sofrimento humano. Sofrimento que Sônia representa.

Realmente, Kainof, esta passagem do livro – uma das minhas preferidas – é um autêntico elogio ao sofrimento. Mas é bom ressaltar que Sônia, isoladamente, não se enquadra numa “espécie” de simbolização do sofrimento humano, já que vários personagens da obra, como o próprio protagonista, passam por sufocantes tribulações devido aos percalços da vida e falhas/fraquezas de si próprios. Afinal, o Dostoiévski se preocupava em descrever com realismo e humanidade os personagens miseráveis e marginalizados do panorama russo, “radiografando” com uma densidade singular e quase que inexprimível – e ele consegue exprimir em palavras, pois é um gênio – a psique humana, em todas as contradições, sentimentos e padecimentos que isso implica. Ele era verdadeiramente um psiquiatra da literatura universal, com poucos pares nesse aspecto – dentre eles Shakespeare e talvez Machado de Assis. Outra coisa imprescindível a relatar acerca do Dostô: a meu ver, ele tem uma capacidade magistral de empatia psicológica e ideológica - isso é decorrente talvez da vida intensamente causticante pela qual passou, o que lhe acarretou experiências precoces e uma assombrosa aptidão para perscrutar a alma. Pois, do contrário, como ele modelaria personagens tão reais, vívidos, “respirantes”? E o Dostô consegue ser imparcial ao relatar os acalorados debates e dilemas que passam pela mente inquieta das suas “criaturas”, tanto em forma de monólogos quanto em diálogos ambos soberbos, sem “padecer” de inclinação a uma idéia e/ou ideologia por ele aferrada. Isso é bem perceptível, provavelmente mais que em Crime e Castigo, nos arrazoares contidos em Os Irmãos Karamázovi. Lembrando que o Dostô era um cristão ortodoxo praticamente fanático, além de místico nos últimos anos de sua vida, ele dá igual força expressiva e argumentativa tanto ao personagem ateu quanto ao cristão. Isso gerou embates psicológico-discursivos únicos na literatura, tanto na forma quanto no conteúdo.
 
Nem tem muito o que falar desse glorioso autor td mundo já elogiou o bastante ^^

Na verdade eu to montando a minha coleção dos livros dele: Já li Crime e Castigo (obra maravilhosa, até me apaixonei pelo Raskolnikov), e O idiota ainda estou em processo de leitura, na verdade fiquei cansada com a narrativa.
 
Uma boa noticia pra quem eh fa de Dosotoieski eh que a editora 34 vai lancar o classico Os irmaos Karamazov, com traducao direta do russo. Essa editora faz um trabalho muito bom com as obras do Dostoievski, eu tenho todos os lancados e ja to contando nos dedos o dia de lancamento do proximo.
 
Ah, finalmente. Meu romance preferido do Dostoiévski finalmente em uma tradução decente para o português.

Vou ter que juntar os centavos aqui pra esse, além de vender a edição antiga que tenho. :lendo:
 
vai aqui mais uma dica para os fas do genio russo, A revista entre livros - numero 7 da colecao entre classicos - eh totalmente dedicada a ele, e eh um otimo trabalho para os iniciantes e , principalmente, para aqueles que ja estao familiarizados com Dostoievski.
Alias vale a pena ter todos os numeros dessa colecao...:rofl:
 
Acabei de ler Os Irmãos Karamázov e agora quero ler tudo dele. Só li esse e Crime e Castigo e estou pensando em comprar O Idiota, mas aceito qualquer sugestão.
 
Se você quiser algo rápido: Noites Brancas. É curto e muito bonito.

Dócil Criatura eu sempre indico, mas ninguém aceita a sugestão. Acreditem é ótimo.
 
Também sou fã de Dostoiévski - já li quase tudo, desde romances a contos.. infelizmente não conheço muitos títulos aqui referidos, mas deve ser porque aqui em portugal não temos os mesmos títulos que no brasil..

aconselho o Crime e Castigo.. é um livro febril e que entra em nós de tal forma que passamos o dia a pensar no Raskolnikov e sofremos juntamente com ele..

uma obra que também gostei muito foi A Aldeia de Stepantchikovo e os Seus Habitantes..

mas todos são muito bons..

já comprei várias edições, umas já com uns bons anos, mas agora vou aos poucos substituindo pela colecção da Editorial Presença, com tradução a partir do russo de Nina Guerra e Filipe Guerra.. de todas as traduções que já li estes são mesmo os melhores..

Foi bom encontrar este fórum :)

saudações fraternas
 
Pips disse:
A Cosac Naify lançou uma edição há pouco mais de dois anos.

30PorCento disse:
A edição da Cosac pra Dócil Criatura tá esgotado já faz um tempo. Por sorte fiquei com um exemplar.

Pra quem não se incomoda em comprar usados (mas com carinha de novos) na Estante Virtual tem dois sebos vendendo essa edição (23 e 30 reais).

Sobre Crime e Castigo, todo mundo já falou praticamente tudo sobre...só posso complementar com "Esplendoroso!!!!!!".
Na minha pequena lista pra 2009, estão Os Irmãos Karamazov (que já tenho), O Idiota e agora Dócil Criatura (fiquei curiosa).
:tchauzim:
 
Pips disse:
Se você quiser algo rápido: Noites Brancas. É curto e muito bonito.

Dócil Criatura eu sempre indico, mas ninguém aceita a sugestão. Acreditem é ótimo.




Realmente, esse é muito sublime, Pips, adorei, foi muito singelo, diferente do Crime e Castigo, que é intenso. Amei ambos, recomendo-os sempre!XD
 
Lidos: Crime e Castigo, O Idiota e o Jogador

Em casa para ler: Notas do Subsolo, Noites brancas

Sonhos de consumo: Irmãos Karamazov e Demônios

Por algum motivo que ainda não entendo muito bem, o jeito dele escrever cai como uma luva com meu jeito de pensar..Ouvi de alguém e peguei a expressão... ele escreve em fluxos de consciência... vários pensamentos de uma vez... amei.
 

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