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Evento FLIP 2019

Béla van Tesma

Nhom nhom nhom
Colaborador
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(Será que a Flip flopa?)
:think:

Euclides da Cunha vai ser o homenageado da Flip 2019

Autor de 'Os sertões' vai ser lembrado na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que acontece de 10 a 14 de julho.
Por G1 - 09/11/2018 21h46 Atualizado há 5 meses

A organização da 17ª Festa Literária Internacinal de Paraty (Flip) anunciou nesta sexta-feira (9) que o jornalista e escritor Euclides da Cunha (1866-1909), autor de "Os sertões", vai ser o homenageado da edição 2019 do evento, que acontece de 10 a 14 de julho.

"Os sertões pode ser considerado um dos primeiros clássicos brasileiros de não ficção. Mistura jornalismo, geografia, filosofia, teorias sociais e científicas – muitas delas ultrapassadas – para falar de um país em transição. O país tornava-se república no auge do determinismo", afirmou em comunicado a curadora do evento, Fernanda Diamant.

"A obra mudou o entendimento que se tinha sobre o interior do país e do homem sertanejo. Além de ser grande literatura do ponto de vista da forma, ela faz críticas morais, políticas e sociais altamente pertinentes no Brasil de hoje. Mais que tudo, mostra a transformação existencial de um homem que entra contato com uma realidade desconhecida e precisa reorganizar seus valores."

"Os sertões" foi publicado em 1902 e é resultado da cobertura de Euclides da revolta de Canudos, que aconteceu no interior da Bahia entre 1896 e 1897. O escritor foi enviado ao local como repórter pelo jornal "O Estado de S. Paulo". Lá, registrou o conflito entre o exército brasileiro e o movimento liderado por Antônio Conselheiro (1830-1897).

O livro divide-se em três partes:
  1. "A terra"
  2. "O homem"
  3. "A luta"
"A obra do Euclides da Cunha é pioneira na criação a partir da leitura e da interpretação do território, questão que nortearia os modernistas ao longo do século 20", disse em nota o arquiteto Mauro Munhoz, responsável pela direção-geral e artística do programa principal da Flip.

"A sua ligação com o jornalismo compõe também um elo importante com a Festa Literária, que sempre teve uma conexão forte com o jornalismo e a literatura de não ficção, gênero que tem trazido obras de grande valor cultural e intelectual. É essa conexão entre o território e a literatura que nos permite inovar todos os anos, mantendo-nos conectados às novas demandas culturais, artísticas e intelectuais do país, como o próprio autor ao seu tempo."

Além de jornalista, Euclides da Cunha foi engenheiro, tendo trabalhado na construção da Estrada de Ferro Central do Brasil. Também atuou no exército. Foi casado com Ana Emília Ribeiro, com quem teve três filhos.

Quando tinha 33 anos , Ana iniciou um caso com o militar Dilermando de Assis, que tinha 17. Os dois chegaram a ter dois filhos, ambos registrados pelo autor de "Os sertões", que acreditava ser ele o pai. Em 1909, ao saber do relacionamento extraconjugal da esposa, Euclides tentou assassinar Dilermando, mas acabou sendo morto por ele. Tinha 43 anos de idade.

Essa história foi retratada em "Desejo", exibida pela TV Globo em 1990. Na minissérie, Tarcísio Meira interpreta Euclides da Cunha. O papel de Ana Ribeiro foi de Vera Fischer, e o de Dilermando de Assis, de Guilherme Fontes.

Veja, abaixo, os homenageados da Flip:
  • 2003 – Vinicius de Moraes
  • 2004 – Guimarães Rosa
  • 2005 – Clarice Lispector
  • 2006 – Jorge Amado
  • 2007 – Nelson Rodrigues
  • 2008 – Machado de Assis
  • 2009 – Manuel Bandeira
  • 2010 – Gilberto Freiyre
  • 2011 – Oswald de Andrade
  • 2012 – Carlos Drummond de Andrade
  • 2013 – Graciliano Ramos
  • 2014 – Millôr Fernandes
  • 2015 – Mário de Andrade
  • 2016 – Ana Cristina Cesar
  • 2017 – Lima Barreto
  • 2018 – Hilda Hilst
 
Se Euclides da Cunha será o homenageado desse ano, eu ficaria numa torcida enorme se a Companhia do Teatro Oficina voltasse a revisitar a Flip como fez em 2011 (e que foi a maior atração do evento naquele ano) e agora encenasse lá a sua interpretação para "Os Sertões" que é muito boa.
 
Mas vai que o Dalton morre nesse ínterim? Hehehe

Não deixa de ser possível, mesmo, já que ele é nonagenário rs.
Mas eu apostaria em alguma mulher, que apesar de terem sido recentemente homenageadas duas, no cômputo geral foram só três.
De repente uma Cecília Meireles, ou Cora Coralina... A escolha parece sempre meio aleatória.
 
Sem nome de peso, Flip dá indícios de que será mais política neste ano



A organização da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty) anunciou na manhã desta quinta a programação da 17ª edição do evento, que neste ano homenageará Euclides da Cunha, autor de "Os Sertões", acontecerá entre os dias 10 e 14 de julho e contará com a participação de 33 convidados de dez nacionalidades diferentes – as 21 mesas já podem ser vistas no site da Festa, onde também há orientações para a compra de ingressos. Abaixo, listo minhas impressões após a coletiva de imprensa que contou com a participação de Mauro Munhoz e Betina Cermelli, responsáveis pela Flip, e Fernanda Diamant, que pela primeira vez assina a curadoria:

Sem nomes de peso: Faltou um grande nome da literatura na programação principal. Esta reclamação já surge há algumas edições, mas desta vez fica até difícil de colocar alguém no posto de principal atração. Kristen Roupenian, dos Estados Unidos, ou Sheila Heti, do Canadá, como ventilaram? Sei não… A primeira é uma contista que, apesar do barulho que fez com "Cat Person", acabou de estrear com um livro bastante fraco – falo de "Cat Person e Outros Contos". Já "Maternidade", principal trabalho de Sheila publicado por aqui, é um tanto capenga, ainda que traga uma abordagem original para um tema importante. O nome mais forte desta edição junto ao grande público acaba sendo o do navegador Amyr Klink, autor de "Cem Dias Entre o Céu e o Mar", que, no entanto, participará apenas da mesa de encerramento lendo trechos de seu livro favorito.

Mas com bons nomes: Os africanos aparecem mais uma vez com força e costumam surpreender com o carisma e a relevância de suas histórias, então vale prestar atenção no angolano Kalaf Epalanga, em Gael Faye, do Burundi, e na nigeriana Ayobami Adebayo. Karina Sainz Borgo, venezuelana radicada em Madrid, pode ter muito a dizer sobre a lamentável situação de seu país natal. Por não enxergar barreiras entre o popular e o "erudito", Jarid Arraes e Braulio Tavares são dois brasileiros que merecem receber os holofotes que acompanham os escritores convidados para a programação principal da Flip. Do diretor de teatro Zé Celso, que dividirá o palco com Ailton Krenak, sempre podemos esperar alguma "zé celsice".

Política: Com a programação anunciada no mesmo dia em que manifestações pela educação tomam conta das ruas brasileiras, o fator político esteve presente nas falas principalmente de Fernanda sobre cada uma das mesas. Vanice Nogueira Galvão, pesquisadora da USP que comandará abertura, também representa a importância do trabalho na universidade pública. Aparecida Vilaça, antropóloga autora do ótimo "Paletó e Eu", serve como referência tanto para a questão indígena quanto ao trabalho realizado no Museu Nacional. José Miguel Wisnik falará da relação entre poemas de Carlos Drummond e a mineração. O quadrinista Marcelo D'Salate, outro grande nome, é também um representante dos professores de ensino médio…

Mencionadas na apresentação, todas essas questões estão no centro ou tangenciam discussões a respeito das políticas públicas promovidas pelo governo Bolsonaro. Mauro Munhoz encara a questão como algo que segue a tradição da Flip, já Fernanda disse que "seria impossível homenagear Euclides sem esse viés", mas que os debates serão menos acerca do que se passa neste momento e "mais uma reflexão histórica sobre o país". Fato é que há muito não se via um anúncio de programação tão pontuado por elementos em voga no nosso atual cenário político.

Casas parceiras: Indo além do palco principal, as casas parceiras deverão seguir responsáveis por boa parte do que acontece de interessante em Paraty durante a Flip. Para este ano, a organização já conta com 21 parcerias oficiais, como Barco Holandês, Barco Flipei, Casa das Mulheres Negras Insubmissas, Casa Libre & Santa Rita de Cássia e os diversos espaços do Sesc. A novidade: a programação desses lugares poderá ser vista no site oficial da Flip, facilitando a vida de quem deseja saber de quase tudo o que rola pelas ruas do Centro Histórico ao longo da Festa. Quase tudo porque, não custa lembrar, há ainda espaços com propostas interessantes que não figuram entre os parceiros oficiais.
 
Uma vez nômade,
sempre nômade

Convidado da Flip 2019, o escritor angolano e membro da banda Buraka Som Sistema Kalaf Epalanga fala sobre identidade, imigração e seu novo livro
por Juliana Sayuri 08.07.2019

Engana-se quem pensa que todo escritor se agarra a palavras preferidas. Para Kalaf Epalanga Alfredo Ângelo, o que importa é transmitir uma ideia certeira da forma mais simples possível. “Não me apego a palavras”, diz o autor angolano, convidado da 17ª Festa Literária Internacional de Paraty, que acontece entre 10 e 14 de julho. Radicado na Europa, Epalanga costuma escrever livre e longamente – mas depois volta às páginas para lapidar o texto, linha a linha, eliminando tudo o que julgar dispensável. Resta, assim, o essencial.

Nas palavras que o escritor escolhe preservar, pode apostar que há um porquê. A começar pelo próprio nome: “epalanga” era o conselheiro real que, na ausência do monarca, tomava as rédeas de antigos reinos no sul de Angola – um tipo de vice-rei. Era este o apelido de seu avô, Faustino Alfredo, um ex-estudante de teologia que virou militante marxista e aderiu ao Movimento Popular de Libertação de Angola. Assim, Epalanga busca honrar sua memória.

Outra palavra-chave é “kuduro”, o estilo musical que nasceu na periferia de Luanda e lhe deu projeção internacional a partir da banda Buraka Som Sistema, na década de 2000. A expressão é referência literal a quadris duros, tal qual a dancinha sem ginga estrelada pelo ator belga Jean-Claude Van Damme no filme Kickboxer (1989), o muso do kuduro.


Crédito: David Pattinson/Divulgação

A história está nas primeiras páginas de Também os brancos sabem dançar (2018). O livro narra a trajetória de um artista angolano que, a caminho de um show em Oslo (Noruega), acaba detido na fronteira por tentativa de imigração ilegal. O autor, nascido em Benguela (Angola) e radicado desde os 17 em Lisboa, trata de questões como identidade e imigração no romance de autoficção (que mescla autobiografia e ficção). “Admiro quem consegue criar com a habilidade de desligar o mundo lá fora e só olhar para a beleza do verbo. Eu não sou assim. Parte da minha identidade é definida pela política. E isso se reflete no que eu escrevo”, diz.

Autor dos livros de crônicas Estórias de amor para meninos de cor (2011) e O angolano que comprou Lisboa (por metade do preço) (2014), Kalaf Epalanga vive entre Lisboa e Berlim. Da capital alemã, o escritor conversou com a Trip sobre arte, literatura e política – e adiantou detalhes de seu novo livro, Como criar crianças negras em Prenzlauer Berg. “Uma vez nômade, sempre nômade. Estou constantemente buscando sair da minha zona de conforto. Vou atrás de histórias que me são intrigantes”, diz.

Trip.
Atualmente, você vive entre Lisboa e Berlim. Você definiu Lisboa como "um porto" imaginário e real, certa vez. Como definiria Berlim?
Kalaf Epalanga.


Berlim é uma descoberta. Por volta de 2004, visitei a cidade, que é fantástica e tranquila, com muita arte e muita cultura, mas ficou por aí. Desde 2009, quando arranjei um apartamento aqui e me mudei, notei que, por trás dessa fachada artística, há outra porta: uma cultura do conhecimento, que é uma vontade de saber das coisas – e saber das coisas com profundidade. Nunca tinha vivido em uma cidade de ares intelectuais e valorização do conhecimento científico nesta dimensão. Tem sido uma experiência impressionante. E tem me permitido aprender muito sobre outros pontos da história da África pré-colonial. Aliás, não por acaso, foi aqui que foram discutidas as fronteiras africanas [líderes europeus decidiram a partilha do continente na Conferência de Berlim de 1885]. Portugal, por razões históricas, obviamente me ajudou a compreender a história colonial da África. Mas, agora, estou conseguindo ver um quadro maior, do Marrocos à África do Sul.

Onde você se sente em casa – Berlim, Benguela, Lisboa, Luanda?

Uma vez nômade, sempre nômade. Lar é onde está minha família, mas não tenho a ideia de casa como um lugar fixo. Estou constantemente buscando sair da minha zona de conforto. Quer dizer, constantemente em busca do que eu não sei – e não do que eu sei. E isso me leva a diversos lugares. Tenho projetos de temporadas, de visitar lugares onde nunca estive ou revisitar lugares onde já estive, mas por breves períodos e novos olhos. Vou atrás de histórias que me são intrigantes.


Crédito: Divulgação

No livro Também os brancos sabem dançar, você perpassa questões sobre identidade e imigração. Que impressões você tem sobre a condição de imigrantes e refugiados na Europa atualmente?

Tento ver o mundo em duas dimensões. A primeira é individual, o encontro um a um, em que um indivíduo te diz coisas próximas do coração. A segundo é coletiva – e os grupos não necessariamente se movimentam na mesma direção que o indivíduo. Isto é, no plano individual, as pessoas podem pretender ser genuinamente boas umas com as outras; mas, no coletivo, há mais dissonâncias e conflitos. Muitas vezes, mais retrocessos do que avanços. A Europa está envelhecendo e, nas sociedades mais envelhecidas, a tendência é tentar manter as coisas como elas são, apegando-se ao passado por pensar que o futuro é assustador. O continente está se confrontando com essa realidade. De certa forma, as sociedades dominadas por uma maioria caucasiana está se confrontando agora com a sua própria mortalidade. Isso faz com que o novo, o desconhecido seja visto como assustador. Então, no plano individual, sinto que os imigrantes sejam tratados como bem-vindos. Mas, no plano coletivo, eles são encarados com certa desconfiança e, às vezes, com violência também.

Você traz diversos elementos autobiográficos no livro. Logo nas primeiras páginas, inclusive define-se o narrador como
"um agitador cultural", expressão escolhida para te definir na imprensa portuguesa. Você se identifica assim atualmente?

Quem usou a expressão pela primeira vez foi um jornalista português, por volta de 2002-2003, na época em que me lancei na música. E a expressão pegou, ao lado de outra: poeta-cantor. Não foi invenção minha. Não levo assim tão a sério – e confesso que há uma boa dose de ironia quando tento definir quem eu sou e o que eu faço. Minha ideia de biografia não é a soma de fatos de minha trajetória. Aspiro ser uma pessoa que toca, provoca e acende e uma faísca em algumas pessoas. Para mim, importa menos o que eu fiz factualmente aos 20, 30 e agora 40 anos – e mais o que eu fiz as pessoas sentirem. Então, a ideia de agitador cultural cai quase como uma luva. A história se movimenta, porque nós nos movimentamos. Penso que o meu papel não é ser movido pelo ego (dizer "eu fiz isso", "conquistei aquilo"), mas é saber, no fim do dia, como contribuí para um bem maior. Nós precisamos uns dos outros: precisamos da arte, da ciência, da política. A sacada é encontrar equilíbrio entre todos nós.

Chico Buarque venceu o Prêmio Camões 2019. Bob Dylan recebeu o Nobel de Literatura 2016. Como músico e escritor, que pontes você vê entre música e literatura?

Música e literatura se cruzam, mas não necessariamente sempre. Conheço escritores que buscam inspiração escrevendo canções e conheço músicos que criam a partir de um livro, um filme, uma fotografia. Os fins justificam os meios. E eu diria que, para mim, o importante não é o título ou o prêmio dos artistas. O importante é a arte. Quando você citou os prêmios, Camões e Nobel, dados a músicos, o que me ocorreu foi que, daqui a 50 anos, talvez se premie alguém pelo conjunto das obras veiculadas no Twitter. Ora, há tuiteiros talentosos – e quem vai dizer se é literatura? Quem define o cânone absoluto da arte? Há, por exemplo, uma poetisa que se consagrou após publicar seus versos no Instagram: Rupi Kaur, autora de Outras jeitos de usar a boca. Então, o que ela produz é mais importante do que o meio que ela escolhe divulgar. E Chico Buarque é romancista e escreve pra caralho [risos].


Crédito: Pluma/Divulgação

E entre arte e política?

Admiro quem consegue criar livre dessa condição [de relacionar política e arte], com a habilidade de desligar o mundo lá fora e só olhar para a beleza do verbo. Eu não sou assim. Parte da minha identidade é definida pela política. E isso se reflete no que eu faço, no que eu escrevo. Imigrações, por exemplo, é um assunto que está à minha volta. É uma realidade política. Todos os livros que pretendo editar têm essa tônica.

Certa vez, você comentou que seu avô Faustino Alfredo Epalanga era absurdamente correto, a ponto de lhe faltar o jogo de cintura, o 'esquema'. É tipo o jeitinho brasileiro?

Esquema é tudo. Outro dia estava assistindo a O Mecanismo, de José Padilha, que ilustra bem essa expressão. Esquema é mecanismo, é jeitinho, é jogo de cintura. É o que mantém a roda girando. Há quem encare a habilidade de articular esquemas como algo positivo ou algo negativo – e há quem considere o esquema como algo próprio da política. São as brechas no sistema social, um tipo de zona cinzenta onde prevalecem improvisações. Não sei se é possível ficar inteiramente imune a isso tudo.

O que você define primeiro quando está escrevendo, o título ou a história?

Depende. N’O angolano que comprou Lisboa (por metade do preço), o título veio primeiro, como conceito. No romance Também os brancos sabem dançar, o título foi um presente do amigo José Eduardo Agualusa [premiado autor angolano]. Ele me citou um provérbio, que diz: também os brancos conhecem boas canções, que quer dizer não julgar ninguém pelas aparências. A ideia, a intenção do provérbio estava no livro, que é a tônica de todos que defendem as imigrações, que é um dos pilares das discussões globais, ao lado da igualdade de gênero. No fundo, é não julgar ninguém que chega às fronteiras com uma mão na frente e outra atrás, muitas vezes vindos de zonas de conflito.

O que está escrevendo agora?

Como criar crianças negras em Prenzlauer Berg, que é um livro sobre a experiência da paternidade. Meu filho mais velho tem 2 anos e meio. O livro parte desse bairro que se desenvolveu depois da queda do Muro de Berlim [1991]: reuniu primeiro músicos e criativos, gentrificou, virou classe média, atraiu publicitários e agora está vivendo a fase do baby boom. É até estranho quem não tem crianças aqui. O título é uma provocação não só sobre como criar crianças negras (o que é absurdo, afinal, cria-se como se cria qualquer outra criança), mas sobre a trajetória do bairro.

Qual a expectativa nesta visita ao Brasil?

Já estive no Brasil na condição de músico e de turista. Estive na Flip 2017, para assistir, então minhas expectativas estão calibradas: já sei como é a dinâmica e não estou tão nervoso. Festival sempre dá certa ansiedade, mas, no caso de Paraty, como vi a forma festiva de celebrar a literatura ali, isso me dá certo alento e ansiedade positiva.
 
Depois que o Zé Celso encenou o espetáculo épico de 5 horas de duração "Macumba Antropofófaga", fechando com chave de ouro a edição de 2011 (eu estive lá), pelo visto a Flip nunca mais foi a mesma.
 

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