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WE3 (Morrison, Quitely)

V

Saloon Keeper
Grant Morrison é um cara engraçado. Debaixo das intermináveis seqüências de pura carnificina (representada do jeito mais gráfico possível) que ensopam de sangue (vividamente colorido) esta minissérie, existe uma história totalmente bem-intencionada sobre a lealdade e a determinação dos animais domésticos.

É tipo "A Incrível Jornada" dirigido por Quentin Tarantino, mas também é algo mais, questionando a responsabilidade moral não apenas da utilização de animais como cobaias e/ou o conceito de que as vidas deles são de alguma forma "menos importantes" que as humanas, mas também da criação de armas "preventivas", para guerras que ainda não aconteceram.

Juntar esses dois assuntos polêmicos da forma mais ilustrativa possível foi uma idéia perversamente simples, e o resultado é surpreendentemente contundente, principalmente porque o Morrison faz o possível para nos colocar na pele dos protagonistas. O mundo dos animais é um mundo de poucos conceitos, de poucas palavras, e isso se reflete no texto ostensivamente econômico -- a primeira fala ocorre na página 14 (as que ocorrem depois são esparsas, pra dizer o mínimo), e não há nenhum (!) recordatório na história inteira (fato pelo qual eu sou eternamente grato). Algo tão ousado poderia facilmente resultar em desastre, mas o Morrison conseguiu: assim como um ser de poucas palavras pode ter personalidade e sentimentos, WE3 consegue transmitir empatia dizendo o mínimo possível.

É importante observar que entre vilões sem face, buchas de canhão e uma figura trágica, o único personagem humano com quem é possível simpatizar totalmente (e com quem o Morrison obviamente se identifica, já que o cara é um perfeito "Invisível") aparece em apenas duas cenas. Ou seja, o autor escolhe lados ativamente, mas isso é uma exigência fundamental da história -- o importante é que ele não faz concessões: os animais são indiscutivelmente vítimas, mas estão longe de serem indefesos, e há mais instinto assassino em um gato do que em 50 humanos (agora imagine esse gato com o poder assassino de 50 humanos).

Frank Quitely ganhou um Eisner totalmente merecido por esse trabalho: ele está na melhor forma possível, comandando magistralmente uma seqüência de seis páginas narrada totalmente por meio de câmeras de segurança (cujo poder claustrofóbico é liberado em uma página dupla de tirar o fôlego), deleitando-se nos detalhes das tripas de um rato dilacerado, orbitando cenas de ação com mini-quadros de detalhes em close-up espalhados de forma maníaca, etc. O entrosamento entre arte e texto é total (como é de costume nas colaborações Morrison/Quitely) -- em termos de narrativa, principalmente, não dá pra ficar muito melhor que isso.

Seria tão foda se isso vendesse bem e a Panini se animasse a publicar mais coisas alternativas, possivelmente mais baratas...


PS: WE3 era uma mini em 3 edições com 3 capas bastante criativas, mas a Panini está publicando aqui o volume único com a capa-spoiler em anexo abaixo. (Felizmente, as capas originais estão no miolo. Infelizmente, o volume único faz com que você tenha que gastar mais dinheiro de uma vez só.)
 
Última edição:
Puxa, tô morrendo de vontade de comprar! Mas tem um monte de outros albuns de luxo que eu gostaria de pegar primeiro.

E falando em lançamentos da Panini, graças a Deus li aquele THOR antes de comprar! Que droga de história! Mas os desenhos são legais...
 
estava me perguntando quando é que você finalmente escreveria sobre Instinto de Sobrevivência, Vinagre...

Espetacular não define esta obra... quando a gente pensa que Quitely já nos mostrou tudo que podia inventar de novo, ele nos vem com essa... as sequências (e o formato dos quadros! como se fossem pequenas janelas em outros ângulos!), o olhar dos bichinhos, a linguagem corporal... coisas que a gente sabe, mas não vê, ou vê mas não sabe, ou não entende (trazer rato morto é algo que os gatos só fazem para aqueles que gostam muito!)

Faz tem que não via uma parceria tão bem casada quanto o do Morrison e Quitely. Bem feito pros bestas da Marvel que preferiram o gagá...

Tipo, lembra um pouco Silêncio-Resgate Psiquíco, mas elevado à décima potência. E com aquele gostinho de "vocês ainda não viram nada"
 
Jujuba! disse:

Preço maomeno, mas to sem condições. Vo ver se o Goba compra e eu leio em Julho....

A premissa é bem interessante, mas, só por curiosidade, de onde vem a citação "Parece "A Grande Jornada dirigida por Quentin Tarantino"? Porque eu acho que já tinha lido isso antes :think:
 
Dr. Estranho disse:
só por curiosidade, de onde vem a citação "Parece "A Grande Jornada dirigida por Quentin Tarantino"? Porque eu acho que já tinha lido isso antes :think:

Até onde eu sei, ela veio da minha cabeça.
 

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