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Tolkien x Vaticano

Cara, sem querer criticar mas isso que voce disse é meio perigoso, com isso voce pode justificar uma infinidade coisas, alem do mais, liberdade só tem um significado que é liberdade lato sensu.

Certo, eu me exprecei mal ao dizer isso, mas vocês entenderam o que eu quis dizer, não?
Que as coisas do passado não podem ser vistas com os olhos do presente...
 
Acho que voce não quis dizer homens e sim Hobbits. E mesmo os hobbits tinham uma espécie de "magica natural", uma magia não trabalhada(que nem a de um estudioso como Saruman), quase um instinto, mas mesmo assim mágico.
Acho que ele quis mesmo falar Homens - não que os Hobbits ficassem de fora desta idéia também. Eu me lembro de várias falas dos cavaleiros de Rohan, onde eles diziam coisas bem confusas sobre os poderes dos Elfos e sempre diziam que isto era magia.

Existe um certo consenso entre os católicos sérios sobre a importância da obra de Tolkien até mesmo como uma mitologia cristã seguindo e respeitando a sã doutrina católica. Mas a Santa Sé não em nada oficial declarado sobre Tolkien.

O problema em HP não é a magia em si mas como ela aparece, essa aura de ocultismo. IMO.
Uma das qualificações do conceito de Magia, Paganus, é o oculto. O homem pode acreditar que qualquer evento que ele desconheça como funciona é magia, como um templário medievel ver um avião, se ele vivesse nos dias de hoje.

Eu acredito que ambas as histórias tem o seu lado oculto, o mágico. Tanto pelo lado bom - os elfos - quanto pelo lado mal - Sauron e Saruman -. Mas deve haver alguma diferença entre HP e SdA. Talvez a diferença esteja no envolvimento com a magia pelos personagens principais: Harry Potter já é um bruxo, enquanto Frodo, um adminstrador de um armazém (?).

E do Vaticano não emitir suas opiniões sobre livros de fantasia. Por que tenho que achar que um livro pode ser perigoso contra a Fé, se tudo que foi escrito nele não passa de ficção?
Gostaria que a Igreja protestante também tivesse esta noção...
 
Última edição:
Acho que voce não quis dizer homens e sim Hobbits. E mesmo os hobbits tinham uma espécie de "magica natural", uma magia não trabalhada(que nem a de um estudioso como Saruman), quase um instinto, mas mesmo assim mágico.




Mas mesmo Tolkien sendo católico e tendo pessoas afirmando que suas obras estão inpregnadas pelos dogmas cristãos, eu percebo muito mais influencias pagãs do que cristãs.

Eles eram homens mortais. Não se pode esquecer que os Hobbits eram contados entre os homens na classificação dos filhos de Eru.

Sendo eles mortais e homens (ainda que de um tipo peculiar e pequeno), assim como todos os homens possuíam também poder subcriativo, bem reduzido como ocorria nos sucessores em comparação aos primogênitos. Os poderes como visão do futuro e habilidades de cura eram acessíveis aos homens (povo grande ou pequeno) mas era muito menor que os que havia nos elfos.

A bem da verdade a superstição contaminou todos os povos mortais. Em texto daqui da Valinor se diz que Melkor possuía uma habilidade linguística enorme para perverter o significado das palavras e os homens caíram rapidamente sob seu jugo pois mesmo em Aman eram poucos os que podiam debater com ele em pé de igualdade e vencê-lo na argumentação. Como resultado, tudo que teve a ver com a descrição da natureza se tornou corrompido e tanto as pessoas do condado como as de Gondor falavan com receio e dúvida dessas habilidades pouco difundidas e confundidas pelo inimigo.
 
Última edição:
Acho que a diferença de posicionamento entre Harry Potter e Senhor dos Anéis estaria, digamos, na "intenção literária" do autor:

HP seria uma espécie de "história alternativa": a graça estaria em ler como se fosse verdade (embora claramente sabendo que nao é!), daí tantas referências ao mundo real e explicações do porque os trouxas não descobrem os bruxos (ou seja, daria pra imaginar como se fosse verdade, aumentando o entretenimento do leitor). Já SdA foi escrito como se fosse uma "mitologia alternativa" para a Inglaterra. Apesar de Arda ser imaginada como um passado mítico do Mundo Atual, não é dito, por exemplo, como a Terra-média se transformou no mundo atual. Ou seja, enquanto que em HP há um esforço para tornar a história o minimamente "concebível" (visando-se é claro o divertimento), em SdA essa preocupação não existe.

Outro ponto (admito, tlvz mais relevante): HP é mais novo, numa época em que a Igreja Catolica esta preocupada com o pouco número de jovens praticantes, e fez um sucesso muito maior que SdA em sua época, e com um público muito mais jovem (e, por tanto, mais "influenciável")
 
Considero que Tolkien fez uma obra completa que não precisa ser associada a nada.
No entanto, quem quiser, pode encontrar similaridades com a bíblia ali.

Só o fato de Melkor ter levado alguns com ele, já é motivo para algumas associações que não gosto de fazer.
Talvez pelo fato de que no final, o bem vence o mal, e nada da assim chamada "magia" é ritualística em SdA, a Igreja não pegue tanto no pé.

A igreja costuma criticar mais obras que tratem da magia chamada "cerimonial" ou "ritualística", onde coisas se perdem ou se unem para obter determinado efeito. Como falaram, a magia dos elfos é bem pouca, e vem de seu próprio espírito, onde, eles não precisam de nenhuma pedra ou varinha para conjurar um efeito. Acho que por isto, são considerados apenas "devotos" e não feiticeiros.
 
Existe um certo consenso entre os católicos sérios sobre a importância da obra de Tolkien até mesmo como uma mitologia cristã seguindo e respeitando a sã doutrina católica. Mas a Santa Sé não em nada oficial declarado sobre Tolkien.

O problema em HP não é a magia em si mas como ela aparece, essa aura de ocultismo. IMO.
Não esperava esse tipo de posição de forma alguma, mas, que bom que é assim!
 
As pessoas tem uma visão equivocada da Igreja católica por causa da imagem que a mídia vende. E claro que a Igreja atual difere muito da Igreja medieval, com exceção dos dogmas.
 
Alguns anos atrás aquele canal Canção Nova exibiu uma reportagem sobre Tolkien em um programa destinado ao público jovem, onde um padre analisava e comentava o Senhor dos Anéis. Aqui estão os vídeos pra quem quiser ver:




 
Última edição por um moderador:
Obrigado por postar os vídeos Bilbo; gostei da simpatia dele e das analogias feitas.


Paganus disse:
As pessoas tem uma visão equivocada da Igreja católica por causa da imagem que a mídia vende. E claro que a Igreja atual difere muito da Igreja medieval, com exceção dos dogmas.
Você está certo Paganus mas, não só a mídia vende essa imagem da Igreja Católica. Eu fui criado num ambiente bastante católico e, penso que eu posso confirmar isso. É bom lembrar que a Igreja é composta de pessoas que não refletem necessariamente as verdadeiras opiniões do catolicismo, ou seja, muitas vezes os próprios padres ou praticantes da religião disseminam idéias "erradas" e, ainda usam a Igreja como meio de corroborar o que dizem.
 
...muitas vezes os próprios padres ou praticantes da religião disseminam idéias "erradas" e, ainda usam a Igreja como meio de corroborar o que dizem.

Ichimaru, tem um padre aqui em minha terra que falou uma merda mais ou menos assim "Santo Antônio pode ter feitro mais milagres que Jesus!"

Voltando ao tema do tópico, acho que o problema em relação a HP é simplesmente a facilidade de se fazer uma mágica, onde você simplesmente pega um "graveto", gesticula e fala umas palavras estranhas para funcionar. Já em SdA, a magia ocorre após algumas preces e com muita força de vontade do praticante no livro (não me lembro bem, mas acho que foi assim que Faramir foi curado).
 
O Vaticano no seu Jornal "O Observatório Romano" em 2003 endossou a obra de Tolkien por ser repleta de simbolismo cristão, e, embora na ocasião tivesse criticado Harry Potter por , supostamente, promover o Neo-Paganismo, coisa que a maioria pensava ser fato na época, agora voltou atrás e reconheceu que, assim como eu mesmo falei lá no Orkut, que a conclusão da saga da Rowling incorpora (agora explicitamente) analogias deliberadas com o Cristianismo que tornam a obra "Inklingiana".

Haja vista os paralelos Hor-Crux/Cruz do Cristo/Anel do Poder carregado por Frodo

Notícias-Jornal do Vaticano elogia a obra de Tolkien

Jornal do Vaticano elogia a obra de Tolkien
2003-03-01 11:44:57

O jornal da Santa Sé, L Osservatore Romano, na sua edição do dia 27 de Fevereiro, publicou um comentário de grande elogio à obra de J.R.R. Tolkien «O Senhor dos Anéis”, dizendo que esta transmite «ecos do Evangelho».

O artigo sem assinatura publicado por L Osservatore Romano afirma que a obra literária de Tolkien «tem um encanto com o qual nos seduz, e destaca um significado mais profundo do que é imediatamente aparente».

Segundo o jornal, o mundo de fantasia de Tolkien é «como uma projeção do mundo real, onde os homens se vêem agitados pelas paixões, impulsionados por sentimentos, escravos do egoísmo, mas abertos a valores como a amizade, a lealdade, a generosidade, o amor que é até mais forte que o desejo de poder que devasta a humanidade».

A obra de Tolkien, segundo o jornal do Vaticano, expressa «uma sorte de teologia», porque embora O Senhor dos Anéis fale através de imagens e sinais: «Quando a fé inspira o pensamento e a vida, não é necessário chamar a atenção a esse respeito; porque se irradia através de tudo o que faz».

“The roots of such a creation which, beyond its seductive enchantment, causes to shine forth a meaning more profound than is immediately obvious, are not always understood”, the newpaper wrote.The roots of this three-part work “The Lord of the Rings”, according to L’Osservatore Romano, are to be found in the person of its author Tolkien. Through “a mind which was balanced, cultivated, animated with an admirable sense of humor and in which lush fantasy was joined to the most lucid rationality”, Tolkien “echoed the Gospel”, explains the author of the article.
Pelamordedeus: criança salva de um massacre e levada durante a noite por 3 Magos pra um esconderijo e lar adotivo num feriado santo... Isso tudo por causa de uma profecia que fala de uma criança especial predestinada a ser um tipo de "salvador"... Soa familiar? Pra mim sim, desde o início!!!

Pra mim a coisa nunca foi especialmente discreta e a Rowling achava ótimo que não faziam mais perguntas a respeito disso pra ela pra que não adivinhassem ainda mais coisas com anos de antecedência.

Voltando a falar do Senhor dos Anéis em especial isso daí encima é o mais próximo que existe a respeito de um posicionamentao "oficial" da Igreja Católica a respeito do Senhor dos Anéis e obras como Narnia e Harry Potter. Espero que tenha ajudado
Harry Potter's last battle

Potter disciples await High Holiday
 
Última edição:
Eis o tipo de coisa que eu não tolero, arte é arte e religião é religião, cada uma na sua esfera.

É claro que existe arte sacra, mas, no meu entendimento, a obra de Tolkien não se trata disto.
 
Ninguém disse que a obra de Tolkien é sacra, mas que ela contém, como ele próprio disse que contém, simbolismo cristão intencional "mantido na revisão do livro e incluído inconscientemente na redação".

E, seguindo esse raciocínio seu, obras primas da literatura universal como o Paraíso Perdido e a Divina Comédia jamais existiriam...

Confundir as duas coisas, obra com simbolismo cristão intencional e obra "sacra" é só jogar barro na água Valatan. Essa linha argumentativa é contraproducente e tende a obscurecer o ponto essencial da discussão independente do fato de pensarmos se Tolkien devia ou não ter posto a coisa lá e de pensarmos ou não se ele fez o mesmo que C.S. Lewis fez com Narnia ou não.

Melhor dizendo, na minha opinião: resposta tem, ela só não é simples ou simplista como algumas pessoas poderiam querer que fosse (ninguém aqui desse fórum).

E, a propósito, textos de Tolkien conectados com o Legendarium que se passam já dentro de períodos "históricos" do nosso Mundo fazem, sim, alusão direta às analogias, tanto "dentro" quanto "fora" da obra. No Book of Lost Tales II os elfos de Tol Erëssea identificaram Manwë com Odin e Tulkas com Thor.

Aí torna-se necessário, para não gerar confusão, qualificar melhor o que você quis dizer como sendo "à parte" . A resposta élfica famosa do "sim e não" meio que se aplica aí nessa de responder se Tolkien queria ou não aludir de propósito a alguma coisa pré-existente.

Para esclarecer a questão vejamos o que o próprio Tolkien disse a respeito do conteúdo católico e cristão do Senhor dos Anéis:

142 Para Robert Murray, SJ.
[O Padre Robert Murray, neto de Sir James Murray (o fundador do Oxford English Dictionary) e um amigo íntimo da família Tolkien, lera parte de O Senhor dos Anéis em provas de granel e em texto datilografado e, por sugestão de Tolkien, enviara comentários e críticas. Ele escreveu que o livro lhe deixara com uma forte sensação de “uma compatibilidade positiva com a ordem da Graça”, e comparou a imagem de Galadriel à da Virgem Maria. Ele duvidava que muitos críticos fossem capazes de dar muito pelo livro — “não terão um escaninho devidamente rotulado para ele”.]

(...)

Acredito que sei exatamente o que você quer dizer com ordem da Graça; e, é claro, com suas referências à Nossa Senhora, sobre a qual toda a minha própria pequena percepção da beleza, tanto em majestade como em simplicidade, é fundamentada. O Senhor dos Anéis obviamente é uma obra fundamentalmente religiosa e católica; inconscientemente no início, mas conscientemente na revisão.. É por isso que não introduzi, ou suprimi, praticamente todas as referências a qualquer coisa como “religião”, a cultos ou práticas, no mundo imaginário. Pois o elemento religioso é absorvido na história e no simbolismo..

Ela faz pensar nos Evangelhos e no elemento místico do Cristianismo que, inclusive, reverbera elementos Pré-Cristãos, como já foi explicado aqui antes. Toda religião nasce de uma síntese sincrética e Tolkien ao traçar analogias entre o Cristianismo e o Paganismo pretendia nos fazer pensar na "linha de continuidade" entre a tradições. É por isso que ele disse que Gandalf era um Viandante Odínico mas também disse que ele podia lembrar alguém dos Evangelhos por causa da Morte e Ressurreição depois de ser supliciado em um lugar alto e, ainda mais, sofrer posterior transfiguração diante de 3 testemunhas tb num lugar alto.

A este mal Saruman sucumbiu. Gandalf não. Mas a situação tornou-se tão agravada pela queda de Saruman, que o 'bem' foi obrigado a um esforço e a um sacrifício maiores. Assim Gandalf enfrentou e experimentou a morte; e voltou ou foi enviado de volta, como diz, com poder aumentado. Mas embora alguém possa nisto ser lembrado dos Evangelhos, não é realmente a mesma coisa de forma nenhuma. A Encarnação de Deus é uma coisa infinitamente maior do que qualquer coisa que eu ousaria escrever. Aqui estou apenas me referindo a Morte como parte da natureza, física e espiritual, do Homem, e com Esperança sem garantias. Isso é porque eu considero o conto de Arwen e Aragorn como o mais importante dos Apêndices; é uma seqüência da história essencial, e é apenas colocada assim, porque não poderia ser trabalhada na narrativa principal sem destruir sua estrutura: que é planejada para ser 'hobbito-central', isto é, primeiramente um estudo do enobrecimento (ou sagração) dos humildes.

Um excelente texto que lida, especificamente, com a noção de combinação de idéias do paganismo nórdico com o catolicismo cristão embutida tanto na literatura de Tolkien quanto na de Lewis é esse aí feito pelo Reinaldo Inrahil pra Valinor ( eu o citei na íntegra no meu post no tópico porque o da Valinor estava com problemas de formatação). Deve ajudar a esclarecer muitas das suas dúvidas

Pagão ou cristão - A visão de mundo de Tolkien

Concordo com você em parte Senhora da Magia e, ao mesmo tempo, com Célio Meneldur também. Como Gerbur deixou implícito antes a gente pode estar se defrontando com um problema que é chamado falsa dicotomia em lógica. Algo que é, aparentemente, paradoxal na verdade não é.

Tolkien acreditava, sim, que o Paganismo refletia, em algum grau, "verdades" transcendentais, como qualquer religião e mitologia (inclusive a Judaico-Cristã) e ele "acreditava", sim, em alguns de seus conceitos meio que fora da ortodoxia católica contemporânea ( como, por exemplo, que é possível um Deus criador onipotente delegar funções para seres espirituais de menor estatura onde eles desempenhassem finalidades "cósmicas" importantes sendo, portanto, dignos de reverência e não adoração como os Valar e os Santos Católicos, inclusive o São Miguel Arcanjo) mas , óbvio, não acreditava integralmente em suas premissas ou conclusões sobretudo as que iam contra a noção de Deus Uno com os atributos típicos do Cristianismo. É por isso que em Tolkien, ao contrário do que acontece em mitologias "pagãs" como a greco-romana, a celta e a nórdica , o dom de criar vida, conceder "alma" é exclusivo de Eru Ilúvatar.

Torna-se , portanto, necessário fazer algumas ressalvas e contextualizações : essa noção, implícita no seu post, de que a crença no Cristianismo precisaria repudiar tudo que era credo presente no Paganismo para que um indivíduo pudesse ser cristão ou incluir pontos de vista cristãos na obra literária é um exagero típico de nossos dias pós-Evangélicos e demais linhas hiper-ortodoxas do Protestantismo norte-americano. Isso não era a verdade para os primeiros católicos que incorporaram elementos de diversas mitologias do Oriente médio e da filosofia grega, assim como o próprio Judaismo tinha incorporado elementos pagãos na sua tessitura antes do Cristianismo surgir.

Então, não foi Tolkien que "misturou elementos pagãos com o Cristianismo", a obra dele reflete e reavalia influências desse tipo que estão na base de formação do próprio Cristianismo, no tempo anterior à Reforma Protestante e à Contra-Reforma Católica, onde discussões sobre esse tipo de herança foram banidas de ambientes mais ortodoxos e relegadas aos círculos "esotéricos" da cultura cristã. O Cristianismo ( como , aliás, todas as religiões) tem uma origem sincrética , na combinação de crenças pré-existentes.

Você pode conferir um bom exemplo disso e de como essa influência combinada de Religão judaico-cristã com Paganismo impregnou Tolkien estudando as origens das idéias de Tolkien sobre os seus elfos e como ele refletia as idéias de teólogos medievais que adaptaram mitos celtas para o contexto do Cristianismo fazendo dos "elfos" uma variedade de anjos caídos não condenados ao inferno.

Tuatha de Danaan e os Elfos de Tolkien

Outros textos que devem lançar alguma luz sobre isso

Eram os valar deuses?

Mais alguns paralelos só pra ilustrar

O Dragão Raab da Bíblia, mencionado como o opositor caótico de Jeová ( no livro de Jó por exemplo), era análogo do Tiamat sumério-babilônico, o demônio da noite Lilith ( importantíssima na Cabala Hebraica, era uma adaptação do demônio babilônico Lilitu e assim por diante. A própria concepção católica do Demônio cristão que difere do Satã do Judaísmo incorpora nele elementos do Ahriman persa da religião zoroástrica, de outras entidades pagãs como o Seth egípcio e, principalmente, elementos de divindades pagãs do Noroeste da Europa como o Deus de Chifres celta ( o Galhudo dos Neo-pagãos), a deusa Hela nórdica, o Hades greco-romano e muitos outros).

Essa última influência do deus celta que reflete tanto na noção do Cristo Católico, além de repercutir no Diabo medieval também influenciou Tolkien na caracterização de mais de um Vala.

Oromë e Tilion-O Deus de Chifres no Legendarium de Tolkien
 
Última edição:
Sei que, em sua obra, Tolkien tentou conciliar sua paixão por mitos pagãos e sua devota fé católica, mas isto, em minha opinião, não faz do "SDA", ou do "Silmarillion", arte sacra. Aliás, para pessoas muito eruditas que conheço, eles sequer são arte e não passam de entretenimento. Não penso assim, considero arte a obra de Tolkien, mas não arte sacra, por mais que ele próprio dissesse o contrário.

E tal ênfase nos aspectos católicos da obra pode espantar leitores e escandalizar vários católicos, muito cultos, que conheço.

Assim sendo, penso que contraproducente é insistir nisto, e não ressaltar os aspectos universalistas da obra.
 
Última edição:
Mas o que foi dito não é que a obra de Tolkien era sacra. Nem por mim, nem por ele e nem pelo Vaticano no seu Jornal Oficial ( ou mais propriamente "oficioso"), destinado ao público laico.

Ninguém hoje em dia ( melhor do que "jamais"),considera O Paraíso Perdido ou o A Divina Comédia exemplos de "arte sacra", (Dante colocou seus adversários políticos no Inferno, inclusive um papa, por conveniência pessoal e Milton fez o épico inglês pra puxar o saco de Cromwell) e a sua insistência em confundir as terminologias não vai fazer nenhum bem pro seu argumento.

Inclusive, ao reconhecer que, a despeito da pletora de símbolos e elementos mágicos inseridos na obra, o SdA é válido como obra literária, o que o Vaticano fez e ainda faz é, justamente, reconhecer a importância do universalismo, não somente na obra em si, mas nos materiais "pagãos" que também lhe serviram de inspiração. Afinal, é exatamente desse jeito que o próprio Tolkien lia o Beowulf, como o Reinaldo Inrahil tão bem explicou no post linkado na minha mensagem no setor spoiler.

Na verdade, honestamente, penso que, em locais como o Brasil contemporâneo, a ênfase exagerada em ressaltar os componentes pagãos é é que tende a fazer com que segmentos de nossa sociedade "joguem o nenêm fora junto com a água do banho", confundindo Paganismo com Satanismo e falta de seguimento de pensamento ortodoxo com apologia da feitiçaria. A ênfase no Cristianismo de Tolkien, na verdade, na experiência da maioria de todo mundo aqui, como vc verá se falarmos disso, tende a atrair leitores cristãos que, do contrário, pensariam que o Senhor dos Anéis e a mitologia tolkieniana são libelos satanistas/gnósticos ou wiccanos.

E, ironicamente, os leitores cristãos de Tolkien são muito mais predispostos a reconhecer o simbolismo pagão do que os neo-pagãos ou ateístas estão dispostos a reconhecer o Cristianismo e sua influência

Quem compromete, no fim das contas, o "Universalismo" da obra é quem, querendo o resultado ou não, insiste na visão unilateral pagã de Tolkien num mundo dominado pela Evangelização Pentecostal e a Renovação Carismática.

E se o próprio Tolkien foi explícito em dizer o que ele desejava, ideologica e religiosamente, com a obra, não vejo porque se deveria "abafar" a coisa ( como vc parece sugerir), uma vez que quem não deve não teme. A supressão dessa discussão não serviria nunca, no meu entendimento, pra promover o caráter universal de Tolkien. Muito pelo contrário.

O resultado, inclusive, tende a ser tornar Tolkien, na melhor das hipóteses, mais um "fantasista genérico" dos que vieram na rabeira do trabalho dele o que é péssimo, e/ou fazer dele um dos oportunistas da onda esotérica Neo-Pagã Pós-Guerra o que é ainda pior.

Por último, mas não menos importante, gostando ou não, a compreensão de certos simbolismos e analogias com conceitos cristãos, inclusive elementos teológicos de grande complexidade, é imprescindível para a compreensão da obra
 
Última edição:
Mas o que foi dito não é que a obra de Tolkien era sacra. Ninguém jamais considerou O Paraíso Perdido ou o A Divina Comédia "arte sacra" e a sua insistência em confundir as terminologias não vai fazer nenhum bem pro seu argumento. Inclusive ao reconhecer que , a despeito da pletora de símbolos e elementos mágicos inseridos na obra, o SdA é válido como obra literária o que o Vaticano fez e ainda faz é justamente reconhecer a importância do universalismo não somente na obra em si mas nos materiais "pagãos" que também lhe serviram de inspiração. Afinal é exatamente desse jeito que o próprio Tolkien lia o Beowulf como o Reinaldo Inrahil tão bem explicou.

Na verdade, honestamente penso que em locais como o Brasil, a ênfase exagerada em ressaltar os componentes pagãos éa que tende a fazer com que segmentos de nossa sociedade joguem o nenêm fora junto com a água do banho , confundindo Paganismo com Satanismo e falta de seguimento de pensamento ortodoxo com apologia da feitiçaria.

Quem compromete, no fim das contas, o "Universalismo" da obra é quem, querendo o resultado ou não, insiste na visão unilateral pagã de Tolkien num mundo dominado pela Evangelização Pentecostal e a Renovação Carismática.

Fazendo jus à boa educação católica que recebi, religião, eu não discuto.

PS: Não sou católico, sou um mero panteísta.
 
Fazendo jus à boa educação católica que recebi, religião, eu não discuto.

Mas ninguém está discutindo religião aqui. Que coisa mais mimimizenta... Está se discutindo se a religião influenciou a obra de Tolkien ou não. O que até seria desnecessário, já que próprio autor foi categórico a esse respeito.
 
Mas ninguém está discutindo religião aqui. Que coisa mais mimimizenta... Está se discutindo se a religião influenciou a obra de Tolkien ou não. O que até seria desnecessário, já que próprio autor foi categórico a esse respeito.

Para concluir minha participação no tópico: É óbvio que influenciou, assim como todo ocidental, por mais ateu que seja, é influenciado pela cultura cristã e por conseguinte pela cultura católica, mesmo que viva na mais protestante das terras. E ponto final.
 
Fazendo jus à boa educação católica que recebi, religião, eu não discuto.

PS: Não sou católico, sou um mero panteísta.


E discutir Religião em tópicos onde o assunto é Pré-requisito pra se entender o tema é elemento indispensável pra não propagar o mesmo Obscurantismo que gerou os excessos da Inquisição, Valatan. No meu entendimento, a religião católica moderna nunca propugnou que "Religião não deve ser discutida" como vc, que sendo ou tendo sido um "bom católico", coisa que eu tb me considero ser, parece pensar.

Precisamos desmistificar preconceitos anacrônicos a respeito do grau de Dogmatismo da Religião Cristã atual. Nem todo segmento do Cristianismo é igualmente dogmático e avesso ao intercâmbio e renovação de idéias, vide o exemplo de como o Jornal do Vaticano mudou de idéia a respeito da saga de Harry Potter.

Haja vista que até mesmo a juventude carismática, mais ortodoxa, é incentivada a debater teologia e estudar a Biblia o que, sem dúvida, é um legado positivo da Reforma Protestante.
Ratzinger (Bento XVI) e a Renovação Carismática Católica

Debates são permitidos seguindo as regras abaixo

a - Os debates devem se pautar sobre idéias e argumentos e não sobre as pessoas ou sobre os supostos motivos que levaram a pessoa a postar determinado conteúdo.

b - Os debates e argumentos devem ser usados pautando-se nos três pilares da fé católica: Tradição, Magistério e Escritura. Os donos do blog se dão ao direito de remover qualquer argumento que esteja baseado em heresias, cismas ou em "achismos".

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d - Caso tenha interesse em fazer um debate inter-religioso ou não concorde com as regras, use o "Fale Conosco", que está no menu superior do blog e fique a vontade para questionar da maneira e da forma como quiser.

E só pra enfatizar a resposta dada aos dois tópicos a respeito da visão que a Religião Católica tem a respeito de Tolkien eis aí minha resposta já dada antes pra que a presente discussão não tenda a provocar "a submersão do que é essencial" como dito na introdução do Silmarilllion.


O Vaticano no seu Jornal "O Observatório Romano" em 2003 endossou a obra de Tolkien por ser repleta de simbolismo cristão, e, embora na ocasião tivesse criticado Harry Potter por , supostamentente, promover o Neo-Paganismo, coisa que a maioria pensava ser fato na época, agora, nas entrelinhas, voltou atrás e reconheceu que, assim como eu mesmo falei lá no Orkut, que a conclusão da saga da Rowling incorpora (agora explicitamente) analogias deliberadas com o Cristianismo que tornam a obra "Inklingiana".

http://evangelizacao.org/noticias.php?n=3203

Jornal do Vaticano elogia a obra de Tolkien
2003-03-01 11:44:57

O jornal da Santa Sé, L Osservatore Romano, na sua edição do dia 27 de Fevereiro, publicou um comentário de grande elogio à obra de J.R.R. Tolkien «O Senhor dos Anéis”, dizendo que esta transmite «ecos do Evangelho».

O artigo sem assinatura publicado por L Osservatore Romano afirma que a obra literária de Tolkien «tem um encanto com o qual nos seduz, e destaca um significado mais profundo do que é imediatamente aparente».

Segundo o jornal, o mundo de fantasia de Tolkien é «como uma projeção do mundo real, onde os homens se vêem agitados pelas paixões, impulsionados por sentimentos, escravos do egoísmo, mas abertos a valores como a amizade, a lealdade, a generosidade, o amor que é até mais forte que o desejo de poder que devasta a humanidade».

A obra de Tolkien, segundo o jornal do Vaticano, expressa «uma sorte de teologia», porque embora O Senhor dos Anéis fale através de imagens e sinais: «Quando a fé inspira o pensamento e a vida, não é necessário chamar a atenção a esse respeito; porque se irradia através de tudo o que faz».

Haja vista os paralelos Hor-Crux/Cruz do Cristo/Anel do Poder carregado por Frodo

E cumpre lembrar aqui o que Meneldur já falou lá atrás:
3º- Pra deixar claro desde o começo, já que prevejo que ele vai ser citado logo: o L'Osservatore Romano não é o órgão oficial da Igreja, mas sim oficioso. Seus artigos não apresentam necessariamente a opinião da Igreja como um todo.
 
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