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Sobre a evolução do Silmarillion

Eu acho que Tolkien se embananava muito nessas questões metafísicas pela decisão dele de encaixar a mitologia na teologia cristã. Em alguns pontos ele conseguia esse encaixe muito bem, mas em outros era muito relutante do que fazer.

Será que "mente" não é um bom termo para aplicarmos à "pseudo-alma"?
 
Eru diz que não vai destrui-los porque agora eles tinham vontade própria, podiam recusar os comandos de Aulë. Porque tinham espírito, que Eru concedeu a eles naquele momento (lembre-se que Eru diz que a "tua oferta foi aceita enquanto estava sendo feita). Espírito só Eru podia dar, isso é afirmado em vários lugares.

Mover-se não significa ter espírito. As Águias se moviam e não tinham espírito (isso é dito por Tolkien).

A etimologia da palavra não ajuda muito, pois as palavras assumem significados mais amplos, que muitas vezes se distanciam dos radicais originais (ou não diríamos que alguém foi soterrado) por uma avalanche.

Mas soterrado tem a ver com terra, ficar soterrado é ficar so(b)terrado, eu não tenho mas nada a acrescentar a essa discussão, e vou terminar dizendo o que eu acho: os anões tinham fëa sim.
 
Mas soterrado tem a ver com terra, ficar soterrado é ficar so(b)terrado, eu não tenho mas nada a acrescentar a essa discussão, e vou terminar dizendo o que eu acho: os anões tinham fëa sim.
Soterrado originalmente era unicamente ficar sob quilos e quilos de terra. Hoje a palavra jpa adquiriu significado muito mais amplo. Nesse site aqui, do Cláudio Moreno, há varios exemplos de palavras que embora tivessem um significado bem preciso, ampliaram suas acepções ao longo do tempo. Embora anima significasse movimento, hoje você não usa a palavra "alma" nesse sentido. Animais movem e tu não diz que eles têm alma.


Os anões passaram a ter fear depois que Eru concedeu isso a eles. Só eru podia conceder o espírito verdadeiro (não a "pseudo-alma" muito bem lembrada pelo Ilmarinen). Isso é ponto fundamental da obra, e é citado em vários textos. Trago aqui o exemplo do Laws and Customs aming the Eldar:
O novo fëa, e portanto em seu inicío todos os fëar, eles [os Eldar] acreditam que vem diretamente de Eru e além de Eä.
 
Upei esse tópico para divulgar alguns escritos intimamente relacionados ao Silmarillion.

O primeiro é o Etymologies (Etimologias), uma espécie de dicionário élfico. Mas não é um dicionário comum, é um dicionário de raízes: Tolkien cita uma lista de "raízes" ou "bases" e dá exemplos de palavras em diferentes línguas élficas que derivaram dessa raiz, com seus respectivos significados.

Foi escrito no final dos anos 1930. A inclusão de alguns nomes élficos que aparecem só no SdA sugere que Tolkien continuou a trabalhar no texto durante a composição do livro.

A leitura dos Etymologies é fundamental para quem quer estudar mais a fundo as línguas tolkienianas, mas pode ser maçante para os que não se interessarem por elas.

Um exemplo de "verbete":
LAS¹ - *lasse, folha: Q lasse, N lhass; Q lasselanta cair das folhas, outono, N lhasbelin (*lassekwelene), cf. Q Narqelion. Lhasgalen, Folhaverde, nome Gnômico de Laurelin. (Alguns acham que isso está relacionado com a próxima [raiz] a com *lasse, orelha. As orelhas dos Quendi eram mais pontudas e em forma de folha que as [?humanas].)

Sobre as abreviações:
Q - Quenya.
N - Noldorin, o dialeto dos Noldor.

Sobre o adjetivo gnômico:
Em escritos mais antigos, Tolkien chama os Noldor de Gnomos. Se não me engano muito, foi por causa da relação dessa palavra com um radical grego que significa sabedoria.

O Etymologies se encontra no HMe V - The Lost Road and Other Writings.

O outro texto é o Ambarkanta, que trata da forma do mundo. É encontrado no HMe IV - The Shaping of Middle-earth e traduzido você acha aqui mesmo, na Valinor. Ele data de meados da década de 30.

Temos que prestar atenção no seguinte: algumas coisas desse texto, assim como do Etymologies, foi descartado por Tolkien. Por exemplo, a história que lemos no Ambarkanta sobre as Lamparinas, como Melkor as fez com material frágil e coisa e tal, aparece no Qenta de 1930, mas foi descartada por Tolkien em favor da versão que lemos no Silmarillion publicado.

O caso do Ambarkanta é mais delicado. No início da decada de 50 Tolkien começou a pensar numa reformulação de cosmologia de Arda, abandonando muito do texto da década de 30. Mas vou deixar essa nova cosmologia para outra ocasião.

O Ambarkanta é acompanhado por cinco diagramas e mapas, que trago pra vocês.
O original de Tolkien não é lá muito caprichado, e a imagem está horrível, então vocês vão ter que fazer um esforcinho (tá, nem tão pequeno) pra ler.

Vou começar com o Diagrama I.
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Mostra Ambar (a Terra) vista de "perfil. Não consegui decifrar direito o diagrama, mas me parece ser uma representação da Primavera de Arda, com a elevação no centro sendo Almaren.

Agora partimos para o Diagrama II.
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Esse eu achei mais difícil de decifrar que o anterior, mas creio que seja em algum período entre a destruição das Lampâdas e o Arredondamento do Mundo.

Examinemos o Diagrama III.
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É mais fácil de perceber do que se trata do que os dois anteriores. A frase abaixo do diagrama parece ser algo como The World after the Cataclysm and the ruin of the Númenoreans. Mostra o mundo depois que ele foi feito Redondo. Podemos ver uma linha reta partindo da parte de cima do diagrama até o círculo mais externo: é a Rota Plana.

Mapa IV:
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O Mapa retrata o período entre a Destruição das Lâmpadas e as guerras que modificaram o mundo (talvez aquela travada após o Despertar dos Elfos).

Podemos ver Valinor, os mares de Helcar e Ringil, e quatro conjuntos de montanhas "coloridas": as Azuis, as Amarelas, as Vermelhas e as Cinzentas.

O Mundo era bem simétrico, nessa época, como podem perceber.

Há uma versão desse mapa redesenhado pela autora do Atlas da Terra-média, que não anexo porque não cabem mais imagens nesse post.

Mapa V:
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Vemos nesse mapa o período entre a Grande Marcha e a Guerra da Ira. Algumas localidades em Valinor são mostradas.

Esse mapa é próximo ao apresentado para a Primeira Era no Atlas, mas não posso mais anexar imagens, num próximo post eu posso anexar as versões do Atlas dos Mapas IV e V.
 

Anexos

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Dei uma clareada nos diagramas, Meneldur, pra ver melhor.
 

Anexos

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  • Diagrama 2 - Ambarkanta.jpg
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