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Santo Descanso

Vinnie

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Santo Descanso



Deus criou a zorra toda e descansou
E, se descansou, é porque tava cansado
(A coisa toda está na palavra, né?)

Adão foi dar um rolé, pôr nome na bicharada
Deus ajeitou um escalda pés

Eva foi cumprir o papel
Que julgaram bom os patriarcas

Deus bocejou - um bocejo longo
Tipo leão da Metro
Que nem estudante entediada

Caim matou Abel
Virou persona non grata
Como não tinha vizinha
Nem tinha prima
Foi pra bem longe
Comer mulher que não existia

Deus também não tinha família
Nem tia solteirona, nem filha

Ele espremeu a pasta
Escovou os dentes
Mas antes de dormir
Lavou a pia
 
Que visão mais voltada para o realismo, meio que trazendo tudo aquilo como algo cotidiano, e claro, mostrando Deus como um de nós, de imagem e semelhança. Curti!
 
Vinnie tem um estilo muito mothafocker. É uma coisa meio malandra, mas um malandro até certo modo agressivo com o leitor, que despeja tudo nele pois está acima do mundo (classificando a existência humana como "zorra toda"). Dos poetas que minha memória RAM consegue detectar, isso me lembra até certo ponto o Paulo Henriques Britto, com a diferença de que ele é mais horaciano... É, digamos, mais "sapiencial". Quer que o leitor participe de seu modo de ver as coisas. Com seu eu lírico a coisa não parece ser bem assim; ele diz as coisas como elas são, e isso numa perspectiva além da captação humana. Quando ele pergunta "(A coisa toda está na palavra, né?)", ele não quer saber da opinião do leitor, pois ele já sabe. E a identificação que o leitor tem com o conteúdo expresso não é por meio de sentimentalismo (intersecção de sentimentos, do tipo "eu sinto e você também já sentiu") ou doutrina, mas eu diria imposição dogmática: as coisas são assim. Se você acha que não, é porque seu ouvido entortou.

E no fundo, nós sabemos que é bem um ou outro.

(É uma perspectiva que lembra um pouco a primeira fase modernista, mas da qual eu ainda não sei como diferenciar exatamente)
 
Vinnie

Com muita sorte e um bom advogado você vai sair do inferno :mad: e ir para o purgatório :hahano:. Posso até estar enganado, mas a poética do Vinnie lembra muito Nicolas Behr, poeta radicado em Brasília.
 
orco s.m. (1664 cf. JFBarEneid) frm. 1 o inferno ou o deus do inferno 2 a personificação da morte; o símbolo da morte ou, esp., do além-túmulo ¤ etim lat. órcus,i 'divindade infernal; a morte; os infernos'
 
O "Lavou a pia" seria o dilúvio?

Edit:

Caim matou Abel
Virou persona non grata
Como não tinha vizinha
Nem tinha prima
Foi pra bem longe
Comer mulher que não existia

Acho que, não diz mas, ele deve ter levado alguma prima ou irmã(naquela época podia :P)... até porque não se diz muito sobre tooodos os fios de Adão e Eva
 
Valeu pelas indicações dos poetas... me identifiquei com Britto - pelo estilo... e com Behr - pela blague bíblica... (e pela ideia dos poemas infinitos)
 

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