Meia Palavra
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Ricardo Piglia (1940-) é, talvez, o nome central da literatura argentina da década de 1980. Erro: não “o” nome, mas “um” nome. Porque se há alguma coisa que podemos apontar como extremamente saudável e, eu diria, exemplar, nos mecanismos criados e recriados por diversos autores para se relacionar com a história (a princípio literária, mas não só, como veremos) de seu país é essa possibilidade de reformulação constante de “centros” ou de “nomes centrais”. Não é uma questão de mera “multiplicidade” ou de vários “pontos de vistas”. É uma questão de aproximação estratégica com o presente, com os elementos do presente com os quais se quer embater, se quer reforçar. Assim, do mesmo modo que posso falar de Piglia como sendo o nome central da literatura argentina da década de 1980, também poderia falar de César Aira (grande inimigo de Piglia, aliás) ou de Juan José Saer, e cada um desses me ofereceria uma versão da literatura argentina, com nomes diferentes, ou com leituras muito diferentes de escritores que compartilham em suas bibliotecas. E desse mesmo mecanismo que Piglia irá se apropriar para construir sua obra, na qual Respiração Artificial ocupa um lugar privilegiado (ou não).
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