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Ponto zero do planeta: a ilha que não existe, mas até você já 'visitou'

Fúria da cidade

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Imagem: Arte UOL

Existe uma ilha no planeta que não existe. Tanto que se chama "Ilha Nula" — ou "Nenhuma". Mesmo assim, diariamente, milhões de pessoas do mundo inteiro a "visitam". Mesmo sem saber que fizeram isso.

Embora não exista, é muito fácil saber a localização da Ilha Nula, em qualquer mapa.

Basta seguir com o dedo a Linha do Equador (aquela que divide horizontalmente o globo terrestre em duas metades, os hemisférios Norte e o Sul), e avançar até o ponto onde ela cruza com outra linha, esta vertical, também claramente demarcada: o Meridiano de Greenwich, que também divide o planeta em dois hemisférios, o ocidental e o oriental, além de servir como hora padrão para os diferentes fusos horários do mundo.


Onde a Linha do Equador encontra o Meridiano de Greenwich (o que ocorre no meio do mar do Golfo da Guiné, a cerca de 1.600 quilômetros da costa da Gana, na África), é o ponto onde fica a Ilha Nula — que, no entanto, não está assinalada em nenhum mapa. Porque, afinal, ela não existe.

Ponto zero, zero do planeta


Mesmo assim, a Ilha Nula possui até coordenadas geográficas reais.
As mais originais do planeta, por sinal: 0° 0'0 "N/0° 0'0" W — zero grau de latitude e longitude.
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Imagem: Reprodução

Trata-se do mais autêntico "Ponto Zero" do planeta, uma vez que só partir dali é que a localização de todos os cantos da Terra passa a ser identificada através de números: as coordenadas geográficas.



As da Ilha Nula são uma desconcertante sequência de zeros, que também ajudam a explicar o seu curioso nome. Zero não é nada. Portanto, perfeito para uma ilha que não existe.
Mas não é bem assim.

Uma boia e mais nada


Naquele local — coordenadas 0.0 —, existe, sim, algo: uma boia meteorológica, de pouco mais de um metro de diâmetro, que fica flutuando no oceano, mas presa ao fundo do mar, sem se movimentar.

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Imagem: GettyImages
Ela foi ali implantada em 1997, por técnicos do Brasil, França e Estados Unidos, integrantes de um sistema internacional de monitoramento climático e oceânico chamado Predição e Pesquisa de Matriz Ancorada no Atlântico Tropical, cuja sigla é especialmente sugestiva para os brasileiros: "PIRATA", iniciais de "Prediction and Research Moored Array in the Tropical Atlantic".


Já a boia em si foi batizada de "Soul" ("Alma", em português - todas as 17 boias espalhadas pela rede PIRATA têm nomes de gêneros musicais), embora também seja chamada entre os membros da entidade de "Estação 13010", e de "Ponto Zero Zero" pelos navegadores da região.

Uma vez por ano, a boia Soul é visitada por técnicos, para ajustes nas suas funções de medições de ventos e temperaturas no mar.

Só quando isso acontece, a Ilha Nula — que vem a ser a própria boia — recebe a visita de seres humanos. Mesmo assim, milhões de pessoas do mundo inteiro a "visitam" todos os dias, de forma virtual. Mas sempre acidental.

Você já esteve lá


Você mesmo já deve ter feito isso, milhares de vezes.

Basta que qualquer pessoa digite um endereço errado, ou com grafia equivocada, nos mapas digitais da internet, como o Google Maps, para a Ilha Nula ganhar mais um "novo visitante" — embora ninguém fique sabendo disso. Nem mesmo quem a "visitou".

O fenômeno tem a ver com a própria razão de existir da Ilha Nula — quer dizer, ao menos, virtualmente.

A origem da ilha que não existe


No início dos anos 2.000, os desenvolvedores de sistemas informáticos precisavam dar uma destinação para os erros e falhas nos processos conhecidos como geocodificações — as transformações de endereços digitados na internet em coordenadas geográficas, de forma que possam ser apontados nos mapas. Ou seja, a conversão de letras (endereços) em números (coordenadas), como é feito sempre que se digita um endereço no Google Maps, por exemplo.

Mas não apenas isso. Seria, também, um ponto para onde seriam "enviadas" todos as falhas operacionais dos sistemas informáticos.

Uma espécie de "lixeira", para onde convergiriam, automaticamente, todos os dados que não puderam ser corretamente geocodificados. E que não são poucos.

Uma grande brincadeira


O problema é que, em muitos sistemas, a ausência de dados (como, por exemplo, a localização de quem os acessou) é classificada com o código "Null" - de "Nulo". Quando isso acontece, o sistema atribui a esta ausência de dados o número "zero" — ou seja, "nada".


Duas ausências de informação na mesma digitação viram, portanto, "zero, zero", e isso faz com que alguns sistemas de geocodificação entendam estes códigos como sendo as coordenadas geográficas nas quais está a pessoa que os digitou. Ou seja, 0° 0'0 "N/0° 0'0" W, onde, a rigor, não existe nada — um destino perfeito para todos os dados que não puderam ser corretamente geolocalizados.

Nascia assim a "Ilha Nula", uma brincadeira dos geógrafos com o fato de que ela não existe — portanto, algo "Null¨.
Assim sendo, surgiu a Ilha Nula, uma "não ilha" (ou "não lugar"), localizada imaginariamente no zero absoluto das coordenadas geográficas, o chamado o "Ponto Zero", onde há apenas uma solitária boia meteorológica, mas que, para os técnicos da geocodificação, tem outro nome, bem mais gaiato: "Ilha Nula" — a mais curiosa de todas as ilhas.

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Imagem: National Oceanic and Atmospheric Administration

Um dos territórios mais visitados do mundo


A Ilha Nula apareceu publicamente pela primeira vez em 2011, quando cartógrafos brincalhões a incluíram na base de um conjunto de dados de mapas de domínio público, chamado Natural Earth.

De lá para cá, sua popularidade entre técnicos e geógrafos só fez aumentar, ao mesmo tempo em que mais e mais pessoas passaram a "visitá-la", sem ter a menor ideia de que estavam fazendo isso.

Tornou-se, então, um dos "territórios" mais visitados do mundo, embora, tecnicamente, não exista. Um lugar imaginário, mas em uma localização real: o zero absoluto do planeta.

Um caso real


A Ilha Nula não é o único caso de ilha que parece existir, mas não.

Muitas ilhas reais já desapareceram, engolidas pelo mar, enquanto outras continuam surgindo, fruto de erupções vulcânicas submarinas.

Por isso, no passado, as cartas marítimas nunca eram muito confiáveis. Ilhas que nunca existiram chegaram a ser indicadas em mapas, gerando confusões e constrangimentos, ao longo da História. E até mesmo recentemente.
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Um dos casos mais emblemáticos foi o da chamada "Ilha Sandy", que chegou a aparecer até nas imagens aéreas do Google Earth, embora nunca tenha existido, o que gerou um quase escândalo na época, como pode ser conferido clicando aqui.

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Imagem: Reprodução

 

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