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[Netflix] A Terra é plana (Behind the Curve)

Fúria da cidade

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"A Terra é Plana": como a arrogância de cientistas deu força aos terraplanistas


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Pôster internacional do filme "Terra Plana", da Netflix Imagem: Divulgação

O documentário "A Terra é Plana", disponível na Netflix, tenta entender quem são as pessoas que acreditam que o nosso planeta não é redondo. Muito além do que simplesmente tirar sarro deste grupo, o diretor Daniel J. Clark, por meio de entrevistas, constrói um retrato psicológico e social dos terraplanistas, apontando que este fenômeno também é culpa da soberba dos próprios cientistas.

O protagonista da produção é Mark Sargent, o maior nome dos defensores de que a Terra é plana, que mora com a mãe e grava vídeos e podcasts expondo teorias -- sem base científica -- de que o governo, a CIA e a ciência mentem. Usando uma camiseta escrita "Eu sou Mark Sargent", o popstar de 49 anos crê em teorias da conspiração e grava vídeos no museu da NASA explicando que tudo aquilo é invenção.
Por outro lado, cientistas também são ouvidos pelo documentário e se divertem ao falar sobre os terraplanistas, tratados como pessoas ignorantes e que não merecem ser reconhecidas. Até que em uma reunião de especialistas, um físico afirma que segregar aqueles que pensam diferente de você é tão errado quanto crer que a Terra é plana, o que levanta uma reflexão aos especialistas.

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Mark Sargent em cena de "Terra Plana", da Netflix Imagem: Reprodução


Personagens


"A Terra é Plana" traz ótimos personagens que fazem os 90 minutos do documentário passarem voando. Mark Sargent daria um filme sozinho pela desenvoltura à frente das câmeras e pelas contradições. Quem rouba a cena também é sua mãe, que admite não ter tanta fé assim que seu filho está certo e revela que ele sempre foi muito fiel em suas crenças.

Patricia Steere, outra figura importante da comunidade dos terraplanistas, é tão misteriosa quanto seu colega. A vida solitária só é movimentada quando grava um podcast sobre teorias que comprovam que o planeta não é um globo.

Em um dos melhores momentos, Patricia chora ao contar que os próprios integrantes do seu grupo duvidam, criam boatos de que ela é do serviço secreto norte-americano e a xingam sem argumentos concretos. Ela então questiona: "Me pergunto se, no coração deles, essas pessoas sabem que estão mentindo. Isso faz eu me preocupar com coisas que eu acredito. Eu sou outra versão disso?".

Há ainda quem rache a comunidade, mas que acredita que a Terra seja plana. Math Powerland tem certeza que Mark Sargent é financiado pela CIA e é um ator, assim como prega que ele que começou a ideia. Math é reconhecido pelos próprios defensores da sua tese como um lunático e foi afastado das convenções.

Culto

O documentário mostra como é o encontro anual de terraplanistas, uma convenção que reúne centenas de pessoas para discutir o futuro da comunidade. A imagem retratada é de um culto, uma fé cega de pessoas que foram "esquecidas" pela sociedade tradicional.

Um psicólogo analisa que o grupo fechado é a única forma destes indivíduos estarem no poder, mesmo que em um microcosmo. Eles sempre foram rejeitados por não se destacarem em nada, e a forma que encontram de se posicionar é questionando tudo e criando teorias da conspiração.

Durante a convenção, há muita emoção, lágrimas escorrendo e momentos de surpresa. Muitos não acreditam que estão realmente encontrando Mark Sargent e outros mostram com orgulho algumas invenções que podem ajudar a provar de uma vez por todos que a Terra é plana -- e nenhuma dá certo. O ponto alto é que uma expedição para encontrar o "fim" da Terra está sendo planejada.

O diretor Daniel J. Clark coloca sua opinião de forma sutil e irônica, principalmente na edição. Os testes feitos pelos terraplanistas não dão certo, e o cineasta deixa a situação ainda mais desconfortável com momentos de silêncio e cortes abruptos certeiros.

Porém, Clark não pesa a mão e deixa o documentário leve, mesmo com um plano de fundo dramático. A intenção de "A Terra é Plana" é mostrar o que leva tais pessoas a crerem nesta teoria sem fundamento científico, indo além do que simplesmente criticar o grupo.
 
Assisti o documentário a alguns dias, o que eu reparei assistindo é a busca por inclusão por parte dessas pessoas. Dentro desta comunidade todos falam de igual para igual. A comunidade cientifica costuma ser exclusivista, até mesmo por conta do nível econômico para se formar, adquirir doutorado, etc. No meio conspiracionista não existem barreiras, todos são iguais e podem expor suas ideias. Esse exclusivismo da comunidade cientifica distanciou a sociedade de forma que existe embate de ideias do que já se acredita serem ideias estabelecidas a séculos pelo meio acadêmico. Ideias essas diferentes de quem não conseguiu buscar por conta própria o conhecimento cientifico. A academia e o governo (afinal são eles que bancam a comunidade) precisam gerar formas de inclusão social do mundo cientifico. Isso precisa fazer parte da vida das pessoas desde cedo, senão essa exclusão se torna sopa primordial para teorias da conspiração, que é muito mais acessível para essas pessoas. E isso é perigosíssimo, pois se a sociedade não conhece automaticamente não valoriza. Acarretando em teorias de terraplanismo, vacinas, etc.
 

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