Orion
Jonas
Estudo comprova efeito positivo dos videogames sobre a capacidade de atenção visual
Retirado de Ciência Hoje. Site
Você que tem uns 30 anos ou menos: lembra de todas aquelas horas passadas defronte do Atari, Sega, Nintendo ou seja qual for o nome da versão mais nova dos videogames? Seus pais não tinham razão. Você não estava bestando diante da TV. Dois pesquisadores da Universidade de Rochester, nos EUA, acabam de demonstrar que, na verdade, você estava aguçando suas capacidades de atenção visual. Mas é claro que você já sabia disso.
Treze rapazes de 18 a 23 anos de idade fissurados em jogos de ação como Grand Theft Auto3 e Crazy Taxi serviram de voluntários para o estudo da dupla, que se interessou em determinar se os efeitos da prática com videogames de ação se estendiam a outras tarefas. A preocupação era que geralmente os efeitos do treino com tarefas puramente visuais são muito específicos: se você pratica a detecção de tracinhos verticais à direita do olhar, você ficará muito bom nisso -- e somente nisso. E, nesse caso, todas aquelas horas de prática com os joguinhos não teriam servido para grande coisa.
Mas, para a alegria dos videomaníacos, a prática faz muito mais do que deixar o cérebro e os dedos craques apenas no jogo predileto. Em quatro testes diferentes de atenção visual, os voluntários do estudo que jogavam videogames de ação ao menos quatro horas por semana tinham um desempenho muito acima daquele dos voluntários sem nenhum treino.
Quem jogava videogame tinha aumentada a capacidade de atenção, definida pela tendência a se deixar distrair por objetos fora do foco da atenção; era capaz de contar 'automaticamente', no foco da atenção, até cinco coisas, e não apenas três como os não-jogadores; e, fora do foco de atenção, era muito melhor do que não-jogadores na habilidade de detectar objetos-alvo, não importa se posicionados perto do foco da visão ou bem longe -- aliás, muito mais longe do que o limite usual do campo de visão treinado nos joguinhos.
Ou seja: jogar videogame aumenta tanto a capacidade da atenção visual quanto o número de coisas que podem ser 'absorvidas' visualmente de modo automático e a habilidade de detectar objetos interessantes na periferia do campo de visão. Também, pudera. Ou você consegue fazer isso tudo logo ou nunca vai passar do nível 1...
A não ser, é claro, que diferenças na capacidade de atenção visual existam naturalmente entre pessoas (o que é bastante provável), e por causa delas quem já tinha boa capacidade de atenção visual pra começo de conversa é que teria motivação suficiente para perseverar no jogo. Para determinar se o treino de fato muda alguma coisa, os pesquisadores pediram a um grupo de jovens não-jogadores, tanto moças quanto rapazes, para jogarem o videogame de ação Medal of Honor por uma hora diária ao longo de 10 dias.
Enquanto isso, outro grupo de não-jogadores passou a jogar Tetris (esse eu conheço!), que demanda atenção focalizada em um objeto de cada vez, mas não atenção distribuída por toda a tela, como nos jogos de ação. A expectativa, portanto, era que todos os novos jogadores mostrassem melhoras na coordenação visuo-motora, mas somente os recém-treinados no Medal of Honor deveriam ter melhoras na atenção distribuída.
Testes feitos antes e depois do treino não deixaram dúvidas: o videogame de ação melhorou a capacidade dos voluntários de detectar alvos 'automaticamente' e ainda aumentou a extensão espacial da atenção visual. Jogar Tetris, por outro lado, não fez diferença nenhuma (oooooh…). E tudo isso com apenas 10 dias de treino!
Só resta concluir que fazer seu personagem no videogame pular, bater e correr ao mesmo tempo que você fica de olho em inimigos virtuais que surgem do nada está muito longe de ser uma atividade inútil. Mas como, exatamente, isso melhora a capacidade de atenção visual? Mistééério… Para descobrir isso muita gente ainda terá que jogar videogame em laboratórios de neurofisiologia da atenção, sob os olhares de um bando de cientistas admirados com o que você -- e seu cérebro -- estarão fazendo. Alguém se habilita?
Retirado de Ciência Hoje. Site
Você que tem uns 30 anos ou menos: lembra de todas aquelas horas passadas defronte do Atari, Sega, Nintendo ou seja qual for o nome da versão mais nova dos videogames? Seus pais não tinham razão. Você não estava bestando diante da TV. Dois pesquisadores da Universidade de Rochester, nos EUA, acabam de demonstrar que, na verdade, você estava aguçando suas capacidades de atenção visual. Mas é claro que você já sabia disso.
Treze rapazes de 18 a 23 anos de idade fissurados em jogos de ação como Grand Theft Auto3 e Crazy Taxi serviram de voluntários para o estudo da dupla, que se interessou em determinar se os efeitos da prática com videogames de ação se estendiam a outras tarefas. A preocupação era que geralmente os efeitos do treino com tarefas puramente visuais são muito específicos: se você pratica a detecção de tracinhos verticais à direita do olhar, você ficará muito bom nisso -- e somente nisso. E, nesse caso, todas aquelas horas de prática com os joguinhos não teriam servido para grande coisa.
Mas, para a alegria dos videomaníacos, a prática faz muito mais do que deixar o cérebro e os dedos craques apenas no jogo predileto. Em quatro testes diferentes de atenção visual, os voluntários do estudo que jogavam videogames de ação ao menos quatro horas por semana tinham um desempenho muito acima daquele dos voluntários sem nenhum treino.
Quem jogava videogame tinha aumentada a capacidade de atenção, definida pela tendência a se deixar distrair por objetos fora do foco da atenção; era capaz de contar 'automaticamente', no foco da atenção, até cinco coisas, e não apenas três como os não-jogadores; e, fora do foco de atenção, era muito melhor do que não-jogadores na habilidade de detectar objetos-alvo, não importa se posicionados perto do foco da visão ou bem longe -- aliás, muito mais longe do que o limite usual do campo de visão treinado nos joguinhos.
Ou seja: jogar videogame aumenta tanto a capacidade da atenção visual quanto o número de coisas que podem ser 'absorvidas' visualmente de modo automático e a habilidade de detectar objetos interessantes na periferia do campo de visão. Também, pudera. Ou você consegue fazer isso tudo logo ou nunca vai passar do nível 1...
A não ser, é claro, que diferenças na capacidade de atenção visual existam naturalmente entre pessoas (o que é bastante provável), e por causa delas quem já tinha boa capacidade de atenção visual pra começo de conversa é que teria motivação suficiente para perseverar no jogo. Para determinar se o treino de fato muda alguma coisa, os pesquisadores pediram a um grupo de jovens não-jogadores, tanto moças quanto rapazes, para jogarem o videogame de ação Medal of Honor por uma hora diária ao longo de 10 dias.
Enquanto isso, outro grupo de não-jogadores passou a jogar Tetris (esse eu conheço!), que demanda atenção focalizada em um objeto de cada vez, mas não atenção distribuída por toda a tela, como nos jogos de ação. A expectativa, portanto, era que todos os novos jogadores mostrassem melhoras na coordenação visuo-motora, mas somente os recém-treinados no Medal of Honor deveriam ter melhoras na atenção distribuída.
Testes feitos antes e depois do treino não deixaram dúvidas: o videogame de ação melhorou a capacidade dos voluntários de detectar alvos 'automaticamente' e ainda aumentou a extensão espacial da atenção visual. Jogar Tetris, por outro lado, não fez diferença nenhuma (oooooh…). E tudo isso com apenas 10 dias de treino!
Só resta concluir que fazer seu personagem no videogame pular, bater e correr ao mesmo tempo que você fica de olho em inimigos virtuais que surgem do nada está muito longe de ser uma atividade inútil. Mas como, exatamente, isso melhora a capacidade de atenção visual? Mistééério… Para descobrir isso muita gente ainda terá que jogar videogame em laboratórios de neurofisiologia da atenção, sob os olhares de um bando de cientistas admirados com o que você -- e seu cérebro -- estarão fazendo. Alguém se habilita?