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[LuizWsp][Explendor][L]

Capítulo 14: O dono da morte

Assim que ele terminou sua demorada refeição, de um gole tomou uma caneca inteira de cerveja, e soltou um sonoro arroto no ar. Imediatamente pediu desculpas, com olhar esbugalhado à jovem ruiva com quem falava. Ela, assustada, apenas riu. Depois disso, houve um certo hiato na conversa, que só foi quebrado após algo como que um minuto. Pela primeira vez na conversa o homem adotara um tom mais solene: - Garota, me enche de admiração que ainda esteja viva! Explendor se endireitou na cadeira. Enquanto pensava em perguntar algo como "tens a gentileza de me dizer o motivo", sua boca só conseguia algo mais simples:

- Porque?

- Jovens que vem de Gártore raramente conseguem se firmar aqui em Temarlo, isso já lhe disse e já o sabes. Porém, aqueles em que Kroonik coloca o olho... esses raramente veem um novo dia.

Explendor, que evitava falar sempre que podia, continuou em silêncio, procurando entender o que o homem teria acabado de falar e como se relacionava com ela.

Percebendo o silêncio, o homem que não dava sinais de estar afetado pelo álcool, continuou:

- A fama de Kroonik não atravessou os mares até Gártore? Com a cabeça, a imigrante respondeu negativamente. - Pois sinto que tenho o dever de lhe contar, se tiver a paciência de ouvi-la.

- Sim, p-por favor.

- Encontro dificuldades para escolher onde começo a história. Acho ainda que qualquer um encontraria, visto que existem várias conjecturas de sua origem, nenhuma delas creio ser a verídica. O poder que tem, uns dizem que veio de um pacto em que vendeu sua alma a Antares, outros que é o próprio Antares, que em momentos de tédio disfarça-se e vem à superfície brincar com as vidas humanas, que para ele não passam de formigas. Pessoalmente, creio que são apenas exageros. De qualquer forma, a verdade é que é um dos magos mais poderosos que já se teve notícia, apesar de sua pouca idade. Dizem que tem menos de trinta anos, e sua aparência é condizente com tal especulação.

“- Viaja muito, some alguns meses, e quando reaparece, é sempre precedido por terríveis notícias, recheadas de mortes incontáveis. Todos os que tiverem o desprazer de presenciar algumas de suas façanhas concordam: não deve ser humano o maldito, pois de súbito começa a assassinar inocentes desavisados e só para Garoth sabe quando... Uns dizem que o faz por prazer, outros que o faz como que por obrigação, já que sempre leva no rosto uma expressão pálida, dormente, quase entediada. Geralmente quando visita Temarlo ou qualquer grande cidade, é com a finalidade de semelhante ato, mas vem sem alardes, geralmente chega disfarçado e até que o reconheçam, muitos já estão condenados.”

Explendor o interrompeu: - Mas... Mas porque não o combatem?

- Paciência minha filha, já estava chegando lá. - respondeu ele. - A opinião que eu mesmo formei, pois já o vi em suas chacinas por três ou quatro vezes, é que não mata por prazer nem por obrigação, mas para provocação e arrelia. Mata simplesmente para inspirar medo, e se impor como o mais forte. Desde que nasci, é bem verdade que já presenciei algumas guerras, mas lhe afirmo com propriedade que nenhuma foi igual a esta última, que vou lhe contar.

“- A princípio, insatisfeitos com as matanças, a população se uniu em revolta e cobrou resultados daqueles que eram os mais ricos, poderosos e tinham qualquer posição de liderança. Das principais cidades de Hamato - Temarlo, Coxa, Sarah, Ulna, etc - foram convocados vários magos, feiticeiros, guerreiros e cavaleiros e decidiram que um grande grupo seria responsável por trazer a um fim esse que a todos desafiava. Realizaram os preparativos, marcaram data, e reuniram-se na famosa ponte de Adung, aguardando a passagem de Kroonik, que viaja por ali naquela época, junto de seu único aprendiz, Sarven. Conta-se que o grupo que o emboscava na ponte contava com quase trinta dos mais bravos de Hamato. Assim que foi atacado, Kroonik realizou um rápido feitiço que jogou a todos para longe, vários deles caindo ao rio. Os que restaram sobre a ponte, o que foi menos da terça parte, tornaram-se apenas objeto de caça do poderoso mago. E desses, nenhum pôde fugir.”

"- Aqueles que caíram ao rio, retornaram de orgulho ferido, mas não menos determinados do que antes. O que começara como uma caça a um homem, se tornara uma guerra entre um homem e todo o resto do arquipélado de Hamato. Reconhecendo, entretanto, o grande poder do adversário, acataram que não poderiam vencer sem auxílio de Ragon, o Sujo."

Explendor recordou-se de que, quando muito nova, ouvira histórias sobre Ragon, esse poderoso bruxo, e até mesmo Circa contava que aprendia sobre ele nas aulas que tomava. Pelo que lembrava, era dono de tanto poder que, dentre suas conquistas, conseguira até mesmo esticar sua própria vida e a de sua esposa Cassia, e já haviam vivido mais de dois séculos. Apesar da idade real, ainda apresentavam a mesma idade que tinham na data em que o feitiço fora concretizado, cerca de cinquenta anos para ele e trinta ou trinta e cinco para ela.

O homem continuava a história, visivelmente empolgado: - Ragon, como se sabe, evitava contato com a população e raramente era visto. Vivia isolado, na companhia apenas de sua mulher, mas como era dono de grande poder, sempre recorriam a ele em tempos de grande aflição. Alguns atreviam-se a procurá-lo para assuntos mais banais, ou para se tornarem seus aprendizes, mas frequentemente tinham seus pedidos negados, e alguns até desapareciam. Entretanto, certos de que ele seria sua única salvação, procuraram-no e imploraram por sua ajuda. Para a alegria e esperança de todos, o Sujo atendeu ao chamado e tornou-se o líder da resistência.

"- A guerra que se viu a partir daí foi tão sangrenta como jamais se ouviu falar por aqui. Vários cercos foram feitos a Kroonik, todos infrutíferos. Mesmo que o poder de Ragon fosse inigualável quando amparado por seus vários cavaleiros e outros magos de menor poder, Kroonik sempre encontrava uma maneira de escapar. Sempre que fugiam aos olhos de todos, Kroonik e Sarven sumiam da cidade onde estavam, até que notícias de um grande número de mortes aparecia vindo de uma outra cidade qualquer. Os membros da resistência iam morrendo ou desaparecendo um a um, mas em toda a parte novos bravos se juntavam em um objetivo comum. É seguro dizer que nenhum dos lados estava verdadeiramente vencendo.”

"- Ragon, vendo que não vinham logrando sucesso, mudou a estratégia e voltou as forças de seu grupo para atacar a Sarven, certo de que seria mais fácil derrubar o maior assim que se eliminasse o menor. Articularam um plano onde conseguiram separá-los, e Ragon, pessoalmente, foi em busca da cabeça do aprendiz, e o matou."

"- Kroonik, sozinho, desapareceu por completo, por um grande período de tempo. Sem notícia dele, toda Hamato respirava aliviada. Organizaram uma festa e louvavam a Ragon pela brilhante ideia e pela eficiente liderança. A festa não era muito grande, pois não tinham a convicção da morte do inimigo, mas de maneira nenhuma era modesta, pois sentiam que a opressão de Kroonik logo terminaria e que estavam livres do terror que ele causava. A Ragon e a Cassia foram oferecidos dois assentos de honra, bem localizados na frente do salão principal.”

“Durante a festa, cheia de comidas e danças, o casal bicentenário foi convidado para participar das danças. Dançaram uma alegre canção, no meio de uma roda de pessoas alegres, que se abrira para o célebre casal. Todos aplaudiram fortemente ao fim, e em coro pediam que dançassem pelo menos mais uma canção. Cassia estendeu as mãos para o alto e, girando lentamente o corpo para que atraísse a atenção de todos falou em alta voz: - Silêncio, desejo me pronunciar. Todos olhavam atentos para a esposa do grande bruxo. Esta, com um sorriso no rosto, pausou o giro que fazia de frente a seu marido, e o fitou profundamente nos olhos. Continuou assim a falar a todos os presentes: "Quem não se admira que Ragon, o Sujo, tenha driblado as correntes da morte? Mesmo que tenha apenas esticado vidas que ainda seguiam seu curso? Admiram-no como um grande líder, e se ele assim desejasse, reinaria sobre toda a terra!" Seu semblante mudou então, repentinamente, de um sorriso afável a uma expressão macabra: "Pois então, todos hão de se ajoelhar perante a mim, o dono de Hamato, quando perceberem que eu, Kroonik, sou também o dono da vida e da morte!" E ao dizer tais palavras, um vulto negro se precipitou de suas mãos na direção de Ragon, que caiu morto subitamente. Em seguida, Cassia sacou uma faca e cravou em sua própria garganta. Sua voz transformada e a ênfase na palavra "eu" em sua última frase não deixaram dúvida aos presentes: estava possuída por Kroonik."

"- Desde essa noite, ninguém mais ousou reunir nenhuma espécie de frente de combate a Kroonik. Antes, tendem a agradá-lo, ou evitá-lo o máximo que podem, ou a fugir, quando se confirma que as duas primeiras estratégias falham".

Explendor estava bastante assustada, mas ainda curiosa: - Esssse homem parece ser mesmo... t-terrível. Porém, porque está me contando isso?

Ao que o homem franziu as sobrancelhas e respondeu, confuso: - Ora mas, Kroonik é o homem que estava consigo nesta mesma mesa, noite passada, e o homem atrás dele que não proferiu palavra alguma é Sarven.
 
O poder que tem, uns dizem que veio de um pacto em que vendeu sua alma a Antares, outros que é o próprio Antares, que em momentos de tédio disfarça-se e vem à superfície brincar com as vidas humanas, que para ele não passam de formigas. Pessoalmente, creio que são apenas exageros. De qualquer forma, a verdade é que é um dos magos mais poderosos que já se teve notícia, apesar de sua pouca idade. Dizem que tem menos de trinta anos, e sua aparência é condizente com tal especulação.

“- Viaja muito, some alguns meses, e quando reaparece, é sempre precedido por terríveis notícias, recheadas de mortes incontáveis. Todos os que tiverem o desprazer de presenciar algumas de suas façanhas concordam: não deve ser humano o maldito, pois de súbito começa a assassinar inocentes desavisados e só para Garoth sabe quando... Uns dizem que o faz por prazer, outros que o faz como que por obrigação, já que sempre leva no rosto uma expressão pálida, dormente, quase entediada. Geralmente quando visita Temarlo ou qualquer grande cidade, é com a finalidade de semelhante ato, mas vem sem alardes, geralmente chega disfarçado e até que o reconheçam, muitos já estão condenados.”
esse homem é bastante interessante. imagino como seria ele fisicamente.


agradável continuação, bem explicativa. gostei, bem completa
 

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