imported_Lord_Ueifoul
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A relação entre a literatura e a morte está presente... bom... desde sempre – ainda que essa morte hoje esteja mais subentendida como seu oposto: a imortalidade. Contudo, deveríamos retornar a Kafka e lembrar de Odradek(“Preocupações de um Pai de Família”), esse ser bizarro, absolutamente próximo do inanimado, mas que vive – aliás, que certamente sobreviverá a nós! Assim é o texto literário: um pequeno ser estranho que estará lá para enterrar-nos, para além de todo o conforto que se possa ter quando as colunas de jornais intitulam os escritores como imortais (quando são os próprios autores que fazem isso, funda-se uma academia).
Mas se fala pouco sobre a relação entre a literatura e a peste. Talvez porque a peste não confira glória [kleos] (Aquiles pode e deve morrer na guerra. Sequer podemos imaginá-lo doente). Ela não tem fim, finalidade [telos] (não confere um sentido maior para a existência). E, talvez, sequer cause piedade ou sentimentos [pathos] (a tragédia é de Édipo, não dos mortos pela praga da esfinge). A peste apenas corrompe a própria vida, retira-lhe a quietude, podo-nos não na Morte (porque então a agonia estaria resolvida), mas frente a ela, sob a sua ameaça, causando-nos pânico. Essa é uma relação mais próxima daquela entre escritor e literatura, entre leitor e leitura. E, de uma forma bem menos produtiva, entre nós e a nossa atual peste, etiquetada H1N1.
CONTINUE A LER ESSE ARTIGO NO BLOG MEIA PALAVRA: http://blog.meiapalavra.com.br/2009/08/12/literatura-em-tempos-de-gripe/#more-1304
Mas se fala pouco sobre a relação entre a literatura e a peste. Talvez porque a peste não confira glória [kleos] (Aquiles pode e deve morrer na guerra. Sequer podemos imaginá-lo doente). Ela não tem fim, finalidade [telos] (não confere um sentido maior para a existência). E, talvez, sequer cause piedade ou sentimentos [pathos] (a tragédia é de Édipo, não dos mortos pela praga da esfinge). A peste apenas corrompe a própria vida, retira-lhe a quietude, podo-nos não na Morte (porque então a agonia estaria resolvida), mas frente a ela, sob a sua ameaça, causando-nos pânico. Essa é uma relação mais próxima daquela entre escritor e literatura, entre leitor e leitura. E, de uma forma bem menos produtiva, entre nós e a nossa atual peste, etiquetada H1N1.
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