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[L] [Melkor, o inimigo da luz] [Stephanie (ou O Fim Branco)]

Melkor- o inimigo da luz

Senhor de todas as coisas
[Melkor, o inimigo da luz] [Stephanie (ou O Fim Branco)]

Stephanie caminhava para sua casa, voltando da escola. Nos seus ouvidos estavam os fones do discman que ela carregava na mão esquerda – sua saia preta não tinha bolso. Seus cabelos ruivos pareciam em chamas enquanto o vento os balançava, sem motivo. E, como não podia deixar de ser para tornar-se notável, sua pele era branca como uma nuvem. Nos seus ombros descobertos havia uma tatuagem em forma de floco de neve, como se indicasse que ela era feita de gelo. Por dentro e por fora.


Desviou-se do caminho mais movimentado e seguiu para a direita, por onde poucas pessoas passavam durante o dia. Subiu sem hesitar a ladeira como se quisesse forçar seu corpo até desfalecer, ali, e nunca mais ser vista. Ninguém iria carrega-la para casa. Logo rolaria para o lado da estrada e nenhum carro teria que se importar com ela.
Entrou em casa, deixou sua mala na escada e correu para seu quarto. Ainda ecoava na sua cabeça a música que o discman tocava. There is a little black spot on the sun today... It’s the same old thing as yesterday...


Olhou pela janela e começou a ver a neve caindo, lentamente... Queria aquela paz para ela, só para ela. Olhou para seu ombro e começou a chorar. Pegou uma caneta preta e começou a desenhar, em sua mão, um floco de neve semelhante àquele. Quando ele apagar-se, eu apago também, pensou.


Assim que terminou, olhou para fora mais uma vez e viu Ele parado na porta de sua casa, embaixo da neve. Nas suas costas sua mala, nas suas mãos uma rosa, nos seus olhos um estranho brilho. E o contraste entre o vermelho e o branco fizeram seu coração gritar para que ele entrasse.


Segundos depois, após ouvir passos leves subindo a escada, alguém entrou no seu quarto, sem bater. Era Ele! Ali, só para ela, com um sorriso no rosto. Estava mais bonito do que o habitual, algo como se a felicidade o aquecesse e o fizesse maior e mais sustentável na leveza de sua consciência.


Jogou o discman para o lado, arrancou os fones de seu ouvido e beijou-o. Enquanto isso, com suas mãos finas, tirou as alças da mala d’Ele e derrubou-a no chão, colocou a rosa dentro do seu caderno de poesias e começou a desabotoar seu vestido.


Finalmente, o que queria. Seria, por um instante, dele e somente dele para que os céus pudessem chorar sangue e fazer o sofrimento escoar. Sim, suas mãos...


E voltou à consciência, sentada, olhando para fora. Desesperada, abriu a janela e inclinou-se para pegar algum floco de neve. O sol a fez recuar com sua claridade agressiva. Ela sabia que não havia nevado de fato. Mas não aceitava.


Desceu as escadas, ignorando sua mãe a chamando para almoçar, e foi andando até o parque no qual costumava ir quando precisava ficar sozinha consigo mesma. Mas aquele dia era diferente. Quando chegou estava tão cansada que quis apenas deitar-se no banco e descansar. Nada de neve desta vez, só repouso.


Viu o céu negro, acima de todos nós, então lhe veio a idéia. Começou a correr de volta para a casa e, enquanto o véu de chuva a cobria como se estivesse preparando-a para seu próprio funeral, seu véu de lágrimas corria na direção oposta.


Sua mãe tentou impedi-la, mas não teve forças. Ela empurrou-a e trancou-se em seu quarto, gritando. Ela era forte, mas não para agüentar tudo aquilo. Era forte, não era fraca! Abriu a terceira gaveta da sua escrivaninha e pegou uma pílula branca que estava escondida havia meses. Engoliu-a e deitou-se.


Seu mundo foi escurecendo, pouco a pouco. Sentia que tudo escapava, para bem longe, o céu é o limite! E começou a nevar, mais uma vez. A janela, aberta, deixava os flocos tocarem lentamente a sua pele molhada e arrepiarem cada pensamento que ela carregava.


Começou a sentir-se fria, sabia que seus lábios já não tinham cor. Talvez até mesmo o vermelho escarlate de seu cabelo estivesse desaparecido, sido apagado. Em um lampejo final de consciência, olhou para sua mão e viu que o floco de neve que havia desenhado já estava apagado, a não ser por um único ponto que resistia. Mas um floco de neve tocou-o e ela caiu, inconsciente.




Algumas horas depois, acordou com sua mãe tentando avisar que o jantar estava pronto. Lavou o rosto, ensaiou um sorriso e desceu.
 
Uau, um texto muito bom!!!

Essa garota tem grande imaginaçao hein, e foi muito bem descrita, consegui imagina-la perfeitamente bem, com o floco de neve e tudo. Gostei dos flocos de neve, de lembrar o gelo e tudo mais. Se bem entendi ela era bem solitaria e gostava disso, mas ainda sim sentia a falta de alguém, a falta d'Ele.

Parabéns Melkor!

Só nao entendi o final, aquela pilula era calmante ou algo assim? Pensei ate q ela estivesse querendo se matar, mas quando li q ela acordou eu fiquei confusa...
 
Haha, todo mundo ficou confuso nesta hora. O fato é que ela é tão esférica porque ela existe. Estuda na minha escola, está no terceiro colegial. É uma amigona minha que é totalmente pirada, tipo, no sentido bom. É uma das pessoas que eu mais admiro e ontem estavamos conversando sobre os passeios dela no parque pra se acalmar... E ela me contou que um dia voltou correndo na chuva... Imaginei toda cena, obvio. Pedi permissão e escrevi.

E o que ela tomou foi um Zoloft. Eu não sei qual é a reação de alguém ao tomar, mas sei que ela já tomou. Alias, é o apelido dela. É um tipo de calmante forte, eu acho. Foi só uma brincadeira, mas ficou legal então postei.

Obrigado.

=)
 
8O , puxa que loco...

Ela existe? Hum, entao foi por isso que ficou tao realista, imaginei tudo perfeitamente, realmente vi tudo acontecendo. Vc descreveu a cena muito bem.

Uma historia veridica, que interessante.

Gostei.
 

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