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[Green Arrow] [Cipreste Branco]
Bem, sei que todos vão odiar e mandar mensagens de conforto para este pobre arqueiro que tenta escrever algo. Vou ver se prendo a atenção de alguém que não tem mais nada o que fazer.
Minha história é bastante estranha e vcs vão achar uma tonelada de erros (se gostarem dela, pois ninguém vai gostar). Pretendo terminá-la aqui.
CIPRESTE BRANCO
CAPÍTULO I
TREZENTOS E TRINTA E TRÊS
A PORTA se abriu. Agora não tinha mais volta. Teria que entrar.
O cheiro de mofo entrava-lhe pelas narinas e aprisionava seu ser de maneira aterrorizante. Logo se via milhares de partículas de poeira, microscópicas, a dançar e rodopiar em volta de tudo; elas perambulavam também em torno de sua cabeça, deixando-o tonto. Teve ânsia, vontade de vomitar, de expelir aquele mal enorme que lhe sugava através dos poros. Mesmo assim, mesmo com todas estas podridões, teria que entrar. Era sua tarefa, e teria que cumpri-la.
Entrou.
O assoalho rangeu. Pisara com muita força ou aquilo era velho mesmo? Não sabia. Sabia apenas que teria que continuar. Passos firmes, porém cautelosos.
Aproximou-se do relógio. Um pêndulo descrevia sua habitual trajetória e parecia cada vez mais belo, cada vez mais belo... Desprendeu-se da visão do pêndulo e seguiu firme. Parecia mais perto de seu objetivo. Encontrou uma escadaria, uma longa jornada para cima, talvez centenas de degraus.
Decidiu subir.
Provavelmente se enganara. Não eram centenas, mas milhares de degraus. Resolveu contá-los, para passar o tempo. Um, dois, três, quatro, cinco, seis... Trinta e sete, sua idade, trinta e oito, trinta e nove, quarenta... Cento e dezenove, a idade do motivo de sua missão. Perguntou a si mesmo porque estava fazendo aquilo. Porque, meu Deus?! Não era sua obrigação, nem de ninguém. Mas é claro que não. Era sua responsabilidade sim. Era de todos, mas ele assumira. E agora, se fracassasse, seria pior para todos. Duzentos e doze, duzentos e treze, duzentos e catorze... Será que era mesmo necessário? Talvez para ele fosse realmente. Dissera rápida e afobadamente: “Sim, eu vou”. Poderia se culpar? Talvez fosse mais necessário para ele que para os outros, até mesmo para quem estava fazendo isto. Trezentos e vinte e oito, trezentos e vinte e nove, trezentos e trinta, trezentos e trinta e um... Estava no fim. Finalmente saberia. Finalmente poderia começar a realizar sua missão, para ir embora o quanto antes. Trezentos e trinta e dois, trezentos e trinta e três. Acabou.
Acabou.
Estava lá.
Diante de seus olhos estupefatos uma grande biblioteca erguia-se. Era ali. Tudo compensara. Agora estava finalmente aonde deveria estar. Respirou ar puro vindo da janela aberta, por onde também entrava luz. Olhou por esta janela e maravilhou-se.
A vista era linda.
Uma pequena colina erguia-se altiva, bela e verdejante. Por detrás dela via-se claramente as árvores grandiosas que caracterizavam o vale próximo de onde se encontrava. Olmos, plátanos e ciprestes apresentavam-se como refúgio para pássaros, sim, pássaros que nada mais queriam, a não ser fazer seus ninhos. Mais atrás o horizonte e o sol, raiando, raiando como nunca vira numa aurora de primavera.
Examinou o cômodo.
Havia dezenas de estantes repletas de livros, cada qual com suas dúzias de livros. Bem ao centro estava depositada uma grande mesa de madeira maciça, provavelmente de lei. Havia uma porção de papéis e documentos recém-explorados, o que contradizia toda aquela poeira do início. Estes documentos estavam espalhados em cima da mesa. Uma cadeira havia sido puxada há pouco tempo, constatou ele, olhando que havia mais poeira nas outras do que nesta, que estava fora de seu lugar. Resolveu olhar as estantes antes de mexer nos documentos.
Havia inúmeros volumes lá. Passou os olhos e notou que as estantes estavam organizadas de acordo com a data de publicação dos livros. Reparou na primeira estante. Havia números talhados: 1000 AC – 500 DC. Olhou os livros. Dois volumes juntos da Odisséia. Outros três da Ilíada. Havia muitos livros da época romana, como de Plauto, Cícero, e também gregos como Sófocles e Hipócrates com seu conhecido juramento. Havia também um exemplar da Eneida e um outro do Decameron. O que ele estaria fazendo ali? Afinal, deveria estar na terceira estante, de 1000 DC – 1500 DC. Mas isso parecia não ter importância. Não estava lá para procurar livros medievais. Sua missão antes de tudo, e então se sentou na cadeira puxada.
Examinou os documentos. Estavam todos datados. Observou que estavam postos fora de ordem. Resolveu então recomeçar o trabalho de arrumá-los, pois provavelmente quem havia sentado ali estaria tentando fazer o mesmo trabalho.
Mas ele sabia quem havia se sentado.
Há uma semana atrás, exatamente uma semana, depois de anos de abandono, a biblioteca da cidade havia recebido seu último visitante: o mais velho habitante da cidade, com seus cento e dezenove anos. Logo depois de sair, o velho teve um enfarte. Logo ele, tão cheio de vitalidade! Tinha cento e dezenove com cara de oitenta. Caminhava todo o dia, pelo menos umas duas milhas. O que será que teria acontecido lá dentro, para atrapalhar o coração de uma pessoa tão saudável? A princípio, pensou que era a poeira. Mas ele ficara horas dentro do prédio. Agora suspeitava dos papéis. O que teriam eles de tão terrível? Resolveu organizá-los. Tarefa difícil, havia umas trezentas folhas grandes, e outros dezenas de documentos menores.
Tão logo terminada sua tarefa, pôs-se a ler, atentamente, todos os documentos. Quando terminou, levou um susto.
Era da cidade que se falava.
Todos os duzentos e trinta anos da cidade estavam ali, resumidos.
Só que havia um porém.
As folhas grandes falavam apenas dos últimos cento e vinte anos.
Sabendo que ali é que deveria estar algo importante, começou a lê-las.
Depois de ler oitenta páginas ouviu um barulho vindo de baixo.
Bem, sei que todos vão odiar e mandar mensagens de conforto para este pobre arqueiro que tenta escrever algo. Vou ver se prendo a atenção de alguém que não tem mais nada o que fazer.
Minha história é bastante estranha e vcs vão achar uma tonelada de erros (se gostarem dela, pois ninguém vai gostar). Pretendo terminá-la aqui.
CIPRESTE BRANCO
CAPÍTULO I
TREZENTOS E TRINTA E TRÊS
A PORTA se abriu. Agora não tinha mais volta. Teria que entrar.
O cheiro de mofo entrava-lhe pelas narinas e aprisionava seu ser de maneira aterrorizante. Logo se via milhares de partículas de poeira, microscópicas, a dançar e rodopiar em volta de tudo; elas perambulavam também em torno de sua cabeça, deixando-o tonto. Teve ânsia, vontade de vomitar, de expelir aquele mal enorme que lhe sugava através dos poros. Mesmo assim, mesmo com todas estas podridões, teria que entrar. Era sua tarefa, e teria que cumpri-la.
Entrou.
O assoalho rangeu. Pisara com muita força ou aquilo era velho mesmo? Não sabia. Sabia apenas que teria que continuar. Passos firmes, porém cautelosos.
Aproximou-se do relógio. Um pêndulo descrevia sua habitual trajetória e parecia cada vez mais belo, cada vez mais belo... Desprendeu-se da visão do pêndulo e seguiu firme. Parecia mais perto de seu objetivo. Encontrou uma escadaria, uma longa jornada para cima, talvez centenas de degraus.
Decidiu subir.
Provavelmente se enganara. Não eram centenas, mas milhares de degraus. Resolveu contá-los, para passar o tempo. Um, dois, três, quatro, cinco, seis... Trinta e sete, sua idade, trinta e oito, trinta e nove, quarenta... Cento e dezenove, a idade do motivo de sua missão. Perguntou a si mesmo porque estava fazendo aquilo. Porque, meu Deus?! Não era sua obrigação, nem de ninguém. Mas é claro que não. Era sua responsabilidade sim. Era de todos, mas ele assumira. E agora, se fracassasse, seria pior para todos. Duzentos e doze, duzentos e treze, duzentos e catorze... Será que era mesmo necessário? Talvez para ele fosse realmente. Dissera rápida e afobadamente: “Sim, eu vou”. Poderia se culpar? Talvez fosse mais necessário para ele que para os outros, até mesmo para quem estava fazendo isto. Trezentos e vinte e oito, trezentos e vinte e nove, trezentos e trinta, trezentos e trinta e um... Estava no fim. Finalmente saberia. Finalmente poderia começar a realizar sua missão, para ir embora o quanto antes. Trezentos e trinta e dois, trezentos e trinta e três. Acabou.
Acabou.
Estava lá.
Diante de seus olhos estupefatos uma grande biblioteca erguia-se. Era ali. Tudo compensara. Agora estava finalmente aonde deveria estar. Respirou ar puro vindo da janela aberta, por onde também entrava luz. Olhou por esta janela e maravilhou-se.
A vista era linda.
Uma pequena colina erguia-se altiva, bela e verdejante. Por detrás dela via-se claramente as árvores grandiosas que caracterizavam o vale próximo de onde se encontrava. Olmos, plátanos e ciprestes apresentavam-se como refúgio para pássaros, sim, pássaros que nada mais queriam, a não ser fazer seus ninhos. Mais atrás o horizonte e o sol, raiando, raiando como nunca vira numa aurora de primavera.
Examinou o cômodo.
Havia dezenas de estantes repletas de livros, cada qual com suas dúzias de livros. Bem ao centro estava depositada uma grande mesa de madeira maciça, provavelmente de lei. Havia uma porção de papéis e documentos recém-explorados, o que contradizia toda aquela poeira do início. Estes documentos estavam espalhados em cima da mesa. Uma cadeira havia sido puxada há pouco tempo, constatou ele, olhando que havia mais poeira nas outras do que nesta, que estava fora de seu lugar. Resolveu olhar as estantes antes de mexer nos documentos.
Havia inúmeros volumes lá. Passou os olhos e notou que as estantes estavam organizadas de acordo com a data de publicação dos livros. Reparou na primeira estante. Havia números talhados: 1000 AC – 500 DC. Olhou os livros. Dois volumes juntos da Odisséia. Outros três da Ilíada. Havia muitos livros da época romana, como de Plauto, Cícero, e também gregos como Sófocles e Hipócrates com seu conhecido juramento. Havia também um exemplar da Eneida e um outro do Decameron. O que ele estaria fazendo ali? Afinal, deveria estar na terceira estante, de 1000 DC – 1500 DC. Mas isso parecia não ter importância. Não estava lá para procurar livros medievais. Sua missão antes de tudo, e então se sentou na cadeira puxada.
Examinou os documentos. Estavam todos datados. Observou que estavam postos fora de ordem. Resolveu então recomeçar o trabalho de arrumá-los, pois provavelmente quem havia sentado ali estaria tentando fazer o mesmo trabalho.
Mas ele sabia quem havia se sentado.
Há uma semana atrás, exatamente uma semana, depois de anos de abandono, a biblioteca da cidade havia recebido seu último visitante: o mais velho habitante da cidade, com seus cento e dezenove anos. Logo depois de sair, o velho teve um enfarte. Logo ele, tão cheio de vitalidade! Tinha cento e dezenove com cara de oitenta. Caminhava todo o dia, pelo menos umas duas milhas. O que será que teria acontecido lá dentro, para atrapalhar o coração de uma pessoa tão saudável? A princípio, pensou que era a poeira. Mas ele ficara horas dentro do prédio. Agora suspeitava dos papéis. O que teriam eles de tão terrível? Resolveu organizá-los. Tarefa difícil, havia umas trezentas folhas grandes, e outros dezenas de documentos menores.
Tão logo terminada sua tarefa, pôs-se a ler, atentamente, todos os documentos. Quando terminou, levou um susto.
Era da cidade que se falava.
Todos os duzentos e trinta anos da cidade estavam ali, resumidos.
Só que havia um porém.
As folhas grandes falavam apenas dos últimos cento e vinte anos.
Sabendo que ali é que deveria estar algo importante, começou a lê-las.
Depois de ler oitenta páginas ouviu um barulho vindo de baixo.