Claro que, na possibilidade de existência de vida extraterrestre, haveria de todos os tipos. Milhões menos evoluídos que nós, assim como milhões mais evoluídos do que nós, em tudo que é escala imaginável. Tudo é possível.
Mas pelo andar da carruagem, continua sendo mais provável que alguém chegue ao nosso planeta primeiro do que nós encontremos alguém lá fora, já que neste último caso estamos indo a passos bem lentos na parte tecnológica (ainda nem mandamos pessoas para Marte, imagina então quando será para fora da galáxia).
E chegando alguém aqui, a chance de ser hostil é basicamente igual a de ser pacífico, pois quem disse que com desenvolvimento científico automaticamente vem desenvolvimento "espiritual" (não num sentido religioso por si, mas geral, como seres inteligentes, etc.)? Vide nós mesmos, com toda tecnologia que desenvolvemos ao longo dos séculos basicamente impulsionados por guerras.
E, principalmente, o nosso conceito de hostil não é a verdade universal. O que nos é hostil pode simplesmente não ser para outra raça, se virem simplesmente como meio de preservação da própria espécie e, acima de tudo, nos virem como seres inferiores. Afinal, se alguma praga ataca nossas plantações, vamos lá e tacamos inseticida; nada impede que uma forma de vida absurdamente evoluída para nossos padrões nos veja, numa escala galáctica, como "pragas" também, que poderiam ser exterminadas pelo bem da "plantação" (= Terra).
Considerando o que temos feito com o planeta nos últimos séculos, eles não estariam muito errados nessa concepção.
Exatamente. E depois, eles poderiam não ter a mesma ética que o ser humano. Vida inteligente não quer dizer vida com as mesmas concepções morais, ou sequer com uma concepção de moral. Eles poderiam ser, por exemplo, um coletivo eussocial, uma espécie de formigueiro ultradesenvolvido, ou serem uma sociedade como a nossa, onde os indivíduos tendem a ser biologicamente muito semelhantes (afora o dimorfismo sexual relativamente grande do
homo sapiens em relação aos nossos parentes mais próximos). Podem ou não ter emoções, formas de arte, etc. Ter mais capacidade cerebral ou não
Considerando-se a figura de ET's humanoides, com a cabeça, sociedade e conceitos iguais aos nossos, mas desenvolvimento tecnológico superior, é verdade, estaríamos ferrados. Ocorre que a existência da inteligência e da cultura permite ao ser humano uma diversidade de comportamento enorme através das diferentes culturas existentes no globo. Por outro lado, são todos basicamente iguais, e todos são suscetíveis aos mesmos sentimentos, expressando-os de forma diferente devido as limitações e liberdades de cada cultura. A cultura, enfim, dentre outras coisas, é também uma forma de linguagem.
E isso nos camufla como se fôssemos inteiramente diferentes. Quando temos que lidar com pessoas e sociedades de outros lugares e etnias, a primeira impressão que temos é a do estranhamento. Em seguida vem, muito comumente, a repulsa, porque as normas sociais são diferentes, gerando uma incapacidade de estranhamento, e aí um tarja o outro como sendo grosso, sem educação ou burro, dando origem aos preconceitos entre índios, brancos e negros, judeus e palestinos, tutsis e hutus, alemães e turcos, fijianos melanésios e decendentes de indianos, dentre outros milhares de exemplos prováveis e improváveis. Nasce a ideia da selvageria alheia
Esse estranhamento intercultural é usado inescrupulosamente pela elite de cada nação, principalmente daquela que conseguiria sobrepujar a outra em algum tipo de conflito - econômico ou militar - que alimenta o ódio e a percepção do outro como selvagem.
Seguindo essa lógica, a sociedade dos ET's, que são tecnologicamente superiores, nos animalizariam em seu inconsciente coletivo, e nós a eles, indo rapidamente à guerra.
Mas aí entra outros fatores. Será que no planeta deles não existem ativistas pacifistas, filosofia, discussões sobre ética e etc... é uma longa viagem.