Educação é uma coisa, iniciação é outra, claro. Mas eu acho que uma leva a outra. Não necessariamente, mas aposto que há muita gente que se restinge a fazer por desconhecimento. Sexo não é errado, mas, como já disse, a pessoa tem que saber o que faz, e não é aos 13 que ela saberá.
Não, para você ainda não está claro. Se não saberia que uma coisa é explicar, outra coisa é incitar
Explicar está relacionado à mostrar o lado legal e o ruim.
Incitar está relacionado a "porque é legal, porque é gostoso, porque todo mundo faz".
E definitivamente a escola não está tomando o papel de incitar a fazer sexo quando o corpo (nem a cabeça) não está pronto.
Você está confundindo informação com propaganda. Assim como o resto das pessoas, que acha que as informações acessadas que as pessoas veem pela TV e pela internet são mesmo informações. Não creio que todo mundo procure também o "lado chato" de uma pesquisa séria.
A situação descrita por Fúria sempre foi comum com povos orientais. Todos os meus amigos japoneses viam os peitos da mamãe e as amigas - como eu - sabiam como era o pipi do papai.
Qual a média de jovens dessas comunidades que tornam-se "pais" antes dos 18 anos? Acham mesmo que é uma questão de pais super-presentes e que ficam o tempo todo dialogando? (aliás, uma das coisas que os adolescentes mais fogem é de conversas "sérias". Aliás, pais orientais só falam o estritamente necessário.)
"A curiosidade matou o gato", e o estudo sério o trouxe de volta (massagem cardiovascular).
A curiosidade é característica do ser humano, e não raro muito frequente em crianças. O que vi nas escolas de periferia (pois estudei lá pelos idos de 1979 até 1987) é que as gurias e os guris ficam malucos tentando imaginar "como é fazer sexo", como é o pinto do menino, como é a perereca da menina.
E francamente, isso é natural... quando se tem 5 anos de idade: eu já sabia o que os meninos tinham (ou teriam quando crescessem) porque eu via meu pai pelado sem neuras. Afinal, ele me dava banho assim como minha mãe pegava meu irmão e ia tomar banho com ele (nada de adultos gritando para seus filhos irem tomar banho, já que literalmente levavam a gente com eles para tomar banho)
Afinal, estamos falando de banheira: crianças de 5 a 10 anos escorregando e se afogando são uma constante naquele tambor com lenha embaixo que eu tomava banho. Aliás, um dos motivos porque meus primos que casaram com ocidentais separarem-se depois de 15 anos é essa diferença cultural: suas caras metades ficam chocadas com essa "pouca vergonha", sem falar de outras "desnaturalidades" dos japoneses como não ir em socorro do filho que foi preso. (se é filho meu, tem de aprender a pagar pelo que faz: que negócio é esse de fugir de responsabilidade! Até Yakuza assume suas cagadas cortando seus dedos)
Ou seja, a criança Primula e seus irmãos não tinham o menor interesse em enveredar pelos caminhos "misteriosos" do sexo. Porra, estava na nossa frente o que era o pinto e a perereca, e a única coisa que sabíamos é que esse pêlo era um saco na banheira.
No entanto, todas as minhas colegas tinham uma curiosidade enorme em saber COMO eram os meninos por baixo das roupas, e pior, como era "fazer amor". Bem, duas delas casaram aos 17 anos, encontrei com uma delas aos 19 anos e já tentando fugir do marido que era violento...
Não entendia toda aquela agitação que M* de 12 anos tinha porque seus peitos tavam "brotando", e exibia orgulhosamente para suas colegas de 10 anos. De novo: se não pode perguntar para pais e professores com quem os jovens aprendem? Com pessoas na mesma situação, ou seja, colegas de escola da mesma idade. (Engraçado, já que não dá para aprender nada com gente que não sabe nada sobre o assunto.)
De qualquer forma, em 1985 tivemos uma disciplina chamada Educação Sexual, e vamos dizer que parecia com uma aula de Biologia comum. Com a diferença que em vez de mitocôndrias, víamos um útero cortado, e um penis de perfil também cortado (desenho, claro). Pode-se concluir, com a estatística de minha "turminha" de 4 meninas, que tivemos fracasso de 50% quando a abordagem era apenas a "parte chata".
Indily, você foi orientada pelos seus pais, por isso não teve problemas. Muita gente (muita gente mesmo) não é, e por isso aparece a necessidade de a escola ensinar sobre sexo (quando ela deveria orientar).
Orientar é expor parte e deixar que o aluno descubra o resto sozinho (orientação no mestrado pressupõe que o aluno vai descobrir o resto depois que você deixa uma pulga atrás da orelha dele), enquanto ensinar é todo o pacote: desde a parte legal até a parte chata.
Aí sim considero temerário: como assim mostrar mais ou menos, e depois deixar o jovem ir descobrir por si mesmo? Significa que não precisamos avisar que não é só AIDS, mas pegar herpes, sífilis, gonorréia, virar pai aos 16 anos, e todo o resto ele precisa descobrir sozinho? Que não é só através de sexo, pois o que importa são fluidos corpóreos (saliva/sangue).
Nossa, aí sim que acho que vamos ter um problema de saúde pública.
Neste ponto, se realmente formos ensinar todo o pacote (não só a parte chata) pode ser que tenha-se sucesso onde o programa fracassou na década de 1980.
Claro que choca saber que vão ensinar como colocar uma camisinha em uma banana/pênis. Mas isso é a visão sensacionalista: acredita mesmo que a escola vai agir como adolescente retardado que fica só trocando links de sites pornôs? (ou seja, só o Kama sutra, como ter orgasmo, como dar prazer à cara metade, etc?)
Considerando-se as pessoas na escola, vai ser mais parecido com o ensino fossilizado de mostrar um pênis ou útero mergulhado em formol. Ou seja totalmente desinteressante, e nada do que os adolescentes quer saber. E quer queira quer não, educação tem de ter um mínimo de interesse - tanto pela parte "legal" quanto pela parte chata. Se não quiser que sua vida seja regrada pela "chatice" porque não sabia dos efeitos colaterais do "legal".
O que vocês achariam/acham de seus filhos terem educação sexual na escola? Confiam mais na escola ou em vocês?
Essas perguntam não têm ironia. Eu pergunto por curiosidade, mesmo.
OK, você garante por seus filhos. E os outros 180 milhões de brasileiros, você confia que os pais estão fazendo sua lição de casa? Você confia que sua influência será o bastante quando todo o resto desses jovens ficarem enchendo o saco de seus filhos para experimentar um pouquinho?
Há uma pequena confusão na mente das pessoas, quando falamos de filhos. Essa visão de que eles são "nossos" reflete-se no nosso ciúme quando outra pessoa educa-os.
Mas não se engane: o Estado têm poder de intervir e retirar o poder pátrio quando percebe que os pais não são boa influência para as crianças. No fundo, seus filhos são seus em parte, mas em última instância eles são mais da SOCIEDADE do que seus. Sempre foi assim, quando as pessoas negligenciam um direito.
Estivéssemos em uma sociedade indígena, o dever de ensinar não resume-se aos pais da criança. É de qualquer que se ver o besta fazer uma besteira. Ou seja, da sociedade.
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Mas o que choca é pedagogo que não sabe a diferença entre ensinar e incitar... aí sim acho que ele fez faculdade que o MEC tá em vias de fechar.