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A entrevista com o Lula será dia 12, se interessar.
A do Bozo não está confirmada. Talvez nem role.
Gostei desse formato mais do que a sabatina do JN. Trouxe para cá a do Ciro porque ele tem um tópico só pra si mesmo, onde já estão outras tantas entrevistas. ^^
 
O Ciro me parece ter aprendido uma coisa ou duas sobre a França quando veio.

O Macron tinha sido ministro de um governo de esquerda. Era jovem e ambicioso, com a "formação acadêmica perfeita" para ser político de sucesso. Ele percebeu que tinha começado a se formar um antagonismo forte entre uma esquerda desgastada e sob acusações de corrupção e a extrema direita do Rassemblement National, da Marine le Pen. E então ele decide se lançar como terceira via de centro, centro-esquerda, com uma visão de renovação e de evitar que o antagonismo gerasse uma perfect storm para a extrema direita.

Ele ganha, assume e vira a casaca se mostrando um neoliberal que está mais à direita do que ao centro - nada de centro-esquerda. Logo depois ele começa a sofrer resistência dos gillets jaunes por causa de umas políticas desastradas de pseudo motivação ambiental - o aumento das taxas nos combustíveis de carros, que era um despropósito, já que os bobos de Paris (bobo é expressão em francês, leia-se bobô de Parrí, a nova burguesia) não têm carro mas torram muito mais carbono porque vivem viajando de avião. A nova taxação nos combustíveis pegou pesado para quem é da province (não confunda com Provence, região rica do sul da França. Province é o "interior", a "roça", basicamente tudo que não é Paris). E aí francês foi fazer o que sabe fazer de melhor e botaram tudo abaixo, arrancaram até o pavimento da Champs Elysées, foi uma zona, mas certos eles.

Macron passou / tentou passar várias reformas para ajustar as contas públicas em razão de algumas mudanças que de fato são delicadas, como a questão do aumento da expectativa de vida e reforma da previdência. Mas o Macron é bem neoliberal mesmo, quase que um partido Novo da França, tanto é que um dos projetos dele é fazer da França uma startup nation, blablabla.

Bem. Vem 2020, vem pandemia. E aí é que eu não consigo mais criticar seu Monsieur Macron. Eu estive aqui a pandemia toda e ele deu um show de como um chefe de Estado tem que se comportar. Ele foi firme e fez o que tinha que fazer. Tomou paulada de todos os lados. Ou ele estava agindo aquém do que devia, para uns, ou ele estava sendo um autoritário, limitando demais a liberdade das pessoas, para outros. O fato é que a França não colapsou. A França foi muito bem nesse jogo de equilibrista que foi o pesadelo de qualquer governante - Macron se saiu bem, ao menos na minha visão.

Então no início deste ano teve eleições presidenciais, e estava entre ele e a Le Pen. Eu, brasileira, vendo a rusga do bozo com o Macron, simpatizei ainda mais com o Macron, rsrs. Mas tinha muita gente mais progressista na França que não queria nem ir votar, nem fazer voto útil nele. Afinal, tinha Melanchon concorrendo no primeiro turno. E, sim, Melanchon é um querido, um Boulos francês.

Mas eu fiz campanha feroz para convencer meus amigos que podiam votar nas eleições francesas a votar Macron. Expliquei que eu, como estrangeira - mais ainda, como brasileira - implorava para fazerem tudo que desse pra evitar Le Pen.

Estava eu em um protesto pelo clima aqui no centro de Strasbourg um dia um pouco antes das eleições e um amigo meu dos movimentos ecologistas me faz a seguinte analogia sobre a eleição do Macron:

"Imagina que tu tem que escolher entre entrar em uma de duas salas. Uma das salas está totalmente cheia de cobras venenosas. Centenas delas. A morte é certa. Na outra sala, tem apenas uma cobra venenosa, uma sala de alguém mais bonzinho. A escolha parece bem simples, né? Agora deixa eu te dar uma informação: foi a pessoa responsável pela sala de uma cobra só que te forçou a fazer essa escolha entre as duas salas. Isso muda como tu enxerga essa escolha?"

Achei genial. Realmente, Macron forçou a barra para que sua oponente fosse Marine Le Pen, porque ele sabia que teria mais chances de ganhar. Essa parte dos franceses acusa ele de ter deliberadamente "alimentado o monstro" da extrema direita, e, portanto, jogado com toda a nação.

[Mas eu ainda respondi para esse amigo: vota no Macron mesmo assim!!!! Se não por ti, pelos estrangeiros e pela Amazônia! Cada maluco da extrema direita no poder reforça os malucos da extrema direita em outros países e este ano tem eleição no Brasil!]

Me parece que essa das duas salas com as cobras é o que Ciro está tentando fazer para 2026 ou 2030. Sei que tem uma cambada de gente que acusa justamente o PT de fazer o "nós contra eles", a tal da polarização. Mas não me parece estar no mesmo nível. Acho que o Ciro está feroz demais na estratégia de marketing. E, de fato, a estratégia / o time dele conseguiu mobilizar as redes em favor do Ciro e tornar ele um político pop entre os jovens de classe média como o MBL mostrou que era possível fazer. Mas a que custo? Precisava ir tão longe? Poxa, Ciro, que decepção, um cara tão inteligente...

Mais Marina Silva, menos Ciro Gomes. Uma pena. Votei com convicção nele em 2018.

Marina, a eterna presidente que o Brasil não fez por merecer. Forever in my 💚
 
O Ciro me parece ter aprendido uma coisa ou duas sobre a França quando veio.

O Macron tinha sido ministro de um governo de esquerda. Era jovem e ambicioso, com a "formação acadêmica perfeita" para ser político de sucesso. Ele percebeu que tinha começado a se formar um antagonismo forte entre uma esquerda desgastada e sob acusações de corrupção e a extrema direita do Rassemblement National, da Marine le Pen. E então ele decide se lançar como terceira via de centro, centro-esquerda, com uma visão de renovação e de evitar que o antagonismo gerasse uma perfect storm para a extrema direita.

Ele ganha, assume e vira a casaca se mostrando um neoliberal que está mais à direita do que ao centro - nada de centro-esquerda. Logo depois ele começa a sofrer resistência dos gillets jaunes por causa de umas políticas desastradas de pseudo motivação ambiental - o aumento das taxas nos combustíveis de carros, que era um despropósito, já que os bobos de Paris (bobo é expressão em francês, leia-se bobô de Parrí, a nova burguesia) não têm carro mas torram muito mais carbono porque vivem viajando de avião. A nova taxação nos combustíveis pegou pesado para quem é da province (não confunda com Provence, região rica do sul da França. Province é o "interior", a "roça", basicamente tudo que não é Paris). E aí francês foi fazer o que sabe fazer de melhor e botaram tudo abaixo, arrancaram até o pavimento da Champs Elysées, foi uma zona, mas certos eles.

Macron passou / tentou passar várias reformas para ajustar as contas públicas em razão de algumas mudanças que de fato são delicadas, como a questão do aumento da expectativa de vida e reforma da previdência. Mas o Macron é bem neoliberal mesmo, quase que um partido Novo da França, tanto é que um dos projetos dele é fazer da França uma startup nation, blablabla.

Bem. Vem 2020, vem pandemia. E aí é que eu não consigo mais criticar seu Monsieur Macron. Eu estive aqui a pandemia toda e ele deu um show de como um chefe de Estado tem que se comportar. Ele foi firme e fez o que tinha que fazer. Tomou paulada de todos os lados. Ou ele estava agindo aquém do que devia, para uns, ou ele estava sendo um autoritário, limitando demais a liberdade das pessoas, para outros. O fato é que a França não colapsou. A França foi muito bem nesse jogo de equilibrista que foi o pesadelo de qualquer governante - Macron se saiu bem, ao menos na minha visão.

Então no início deste ano teve eleições presidenciais, e estava entre ele e a Le Pen. Eu, brasileira, vendo a rusga do bozo com o Macron, simpatizei ainda mais com o Macron, rsrs. Mas tinha muita gente mais progressista na França que não queria nem ir votar, nem fazer voto útil nele. Afinal, tinha Melanchon concorrendo no primeiro turno. E, sim, Melanchon é um querido, um Boulos francês.

Mas eu fiz campanha feroz para convencer meus amigos que podiam votar nas eleições francesas a votar Macron. Expliquei que eu, como estrangeira - mais ainda, como brasileira - implorava para fazerem tudo que desse pra evitar Le Pen.

Estava eu em um protesto pelo clima aqui no centro de Strasbourg um dia um pouco antes das eleições e um amigo meu dos movimentos ecologistas me faz a seguinte analogia sobre a eleição do Macron:

"Imagina que tu tem que escolher entre entrar em uma de duas salas. Uma das salas está totalmente cheia de cobras venenosas. Centenas delas. A morte é certa. Na outra sala, tem apenas uma cobra venenosa, uma sala de alguém mais bonzinho. A escolha parece bem simples, né? Agora deixa eu te dar uma informação: foi a pessoa responsável pela sala de uma cobra só que te forçou a fazer essa escolha entre as duas salas. Isso muda como tu enxerga essa escolha?"

Achei genial. Realmente, Macron forçou a barra para que sua oponente fosse Marine Le Pen, porque ele sabia que teria mais chances de ganhar. Essa parte dos franceses acusa ele de ter deliberadamente "alimentado o monstro" da extrema direita, e, portanto, jogado com toda a nação.

[Mas eu ainda respondi para esse amigo: vota no Macron mesmo assim!!!! Se não por ti, pelos estrangeiros e pela Amazônia! Cada maluco da extrema direita no poder reforça os malucos da extrema direita em outros países e este ano tem eleição no Brasil!]

Me parece que essa das duas salas com as cobras é o que Ciro está tentando fazer para 2026 ou 2030. Sei que tem uma cambada de gente que acusa justamente o PT de fazer o "nós contra eles", a tal da polarização. Mas não me parece estar no mesmo nível. Acho que o Ciro está feroz demais na estratégia de marketing. E, de fato, a estratégia / o time dele conseguiu mobilizar as redes em favor do Ciro e tornar ele um político pop entre os jovens de classe média como o MBL mostrou que era possível fazer. Mas a que custo? Precisava ir tão longe? Poxa, Ciro, que decepção, um cara tão inteligente...

Mais Marina Silva, menos Ciro Gomes. Uma pena. Votei com convicção nele em 2018.

Marina, a eterna presidente que o Brasil não fez por merecer. Forever in my 💚
Engraçado que concordei com sua análise, mas discordo da conclusão.
 
Eu acho que essa forma de pensar dele é muito inteligente, até porque foi meio que o jogo que jogaram com ele em 2018. Acho que ele está no caminho certo, seguindo, inclusive, esse desenvolvimento que você traçou.
 
História boba e totalmente inaplicável ao caso.

Sei que vocês adoram usar a pecha de nazista pra quem discorda de vocês, mas lavem as mãos primeiro, pelo menos.
 
História boba e totalmente inaplicável ao caso.

Sei que vocês adoram usar a pecha de nazista pra quem discorda de vocês, mas lavem as mãos primeiro, pelo menos.
Até o vice do Lula petista chama de nazista, imagina opositor.
 
Essa reação que Ciro tem enfrentado ao recrudescer as críticas a Lula é mais um efeito bem interessante da polarização - que, como já comentei, se perfaz não porque seus polos representam conjuntos opostos ou porque são igualmente extremos em suas expressões (tão cômodo negar a polarização sob essa redução, né?), mas porque se comprazem em se repelir, e se confortam nessa posição. O objetivo desta eleição se reduz para um lado a derrotar Bolsonaro assim como para o outro a derrotar Lula. Para quem está com Lula, criticá-lo só pode ser um ato bolsonarista, ou um ato que favorece Bolsonaro, então não pode, não pode! A crítica sobre o seu próprio lado e perspectivas sobre o projeto de governo que se está votando são simetricamente nulas.

Eu acompanho as plataformas de Ciro desde 2018. Ele nunca aliviou nas críticas a Bolsonaro - aliás, muito mais pesadas que contra Lula (até porque proporcionais ao que o atual presidente tem praticado). Enquanto eram só a Bolsonaro estava tudo bem, Ciro estava "do lado de cá"; mas foi só intensificar as críticas a Lula e aos governos do PT para ele se tornar quase indiferenciável da turba da extrema-direita. O tio bolsominion compartilhou Ciro criticando Lula: pronto, Ciro tá do lado de lá! Não é muito diferente desse mesmo tio que me chamava de petista quando eu já criticava Bolsonaro em 2017.

A única coisa mesmo que fica sem jamais ser atacada é o projeto. Pouco importa se o candidato debate a sério os problemas do país, se escancara em detalhes a solução proposta; não interessa que Lula esteja escondendo o jogo, nem interessa com quem esteja se aliando: todos estão comprometidos na luta contra o fascismo, é por isso, é por isso... primeiro a gente tira a Dilma o Bozo, depois a gente pensa. Como se os motivos que o criaram fossem completamente irrelevantes e a sua mera derrota, não obstante o que se projeta para os próximos quatro anos, fosse suficiente para nos livrarmos de vez dessa semente.
 
Última edição:
Enquanto isso, Ciro continua estagnado nos 7%. Pela margem de erro, pode-se dizer que esteja tecnicamente empatado com a Tebet... Não me surpreenderia se ele terminasse atrás dela no primeiro turno. Nem o marqueteiro dele parece ter conseguido alavancar a candidatura. Resta saber se desta vez ele realmente se aposenta da política, porque em 2018 ele também disse que o faria, se perdesse. Não acho que dá pra levar muito a sério o que ele diz nesse particular.
 
Ciro para se viabilizar é um desastre. Ele tem o meu voto pela afinidade entre o que ele apresenta e o que eu considero importante para o país e pela convergência entre a sua biografia e o que eu considero atributos essenciais para se ocupar o cargo (e para eu acreditar que levará a cabo o que propõe). E me orgulho demais da consciência do meu voto. Mas desde 2018* passo longe de acreditar que meu voto irá para o vencedor, assim como acho lamentável se votar priorizando esse raciocínio.

*Aliás, acabei de me dar conta de que eu nunca elegi nenhum candidato no 1o turno, para nenhum cargo, nem no Legislativo, sendo que eu voto desde 2008 (caminhando para a minha 8ª eleição). Os políticos deviam fazer campanha para eu votar em seus adversários.
 
Última edição:
Ciro pode vir forte em 26, com eventual perda de popularidade de Lula (que sempre foi condição necessária para ele chegar à presidência). Isso não é improvável se fomos olhar o que está acontecendo com a esquerda na América no Sul e o cenário difícil que aguarda o sucessor de Bolsonaro. Nesse caso, Ciro não terá nem 70 anos e estará em posição bem privilegiada, ele está fazendo o que deveria ter feito em 18: ser uma alternativa entre Bolsonaro e Lula, uma opção estatista mas profundamente crítica aos erros do petismo (o que o proibiria de querer visitar Lula na prisão ou de propor "sequestrá-lo", por exemplo). Ser tão amigável com o petismo ainda em 2018 foi seu maior erro, se tivesse sido antipetista já nesse ano, poderia ter levado a eleição.

Mas enfim, foi seu lulismo que afastou eleitores mais à direita em 18 (e em 22, pois a memória está fresca), agora é seu anti-lulismo que afasta votos mais à esquerda. Em 26, se Lula estiver pra baixo, vai conseguir pegar os dois grupos: (1) terá cerca de 8 anos de críticas pesadas ao Lula, quer dizer, se venderá como candidato anti-Lula, a despeito de 2018 que agora soará distante, (2) num cenário que Lula está em baixa, evidentemente seu anti-lulismo será redimido e poderá soar até "profético", de forma que recuperará eleitorado na esquerda.

Infelizmente, nisso tudo, os liberais tão em terra arrasada. Demorará umas duas décadas ainda para Mamãefalei governador, Kataguiri presidente e Haran imperador.... Mas vamos que vamos.
 
Essa reação que Ciro tem enfrentado ao recrudescer as críticas a Lula é mais um efeito bem interessante da polarização - que, como já comentei, se perfaz não porque seus polos representam conjuntos opostos ou porque são igualmente extremos em suas expressões (tão cômodo negar a polarização sob essa redução, né?), mas porque se comprazem em se repelir, e se confortam nessa posição. O objetivo desta eleição se reduz para um lado a derrotar Bolsonaro assim como para o outro a derrotar Lula. Para quem está com Lula, criticá-lo só pode ser um ato bolsonarista, ou um ato que favorece Bolsonaro, então não pode, não pode! A crítica sobre o seu próprio lado e perspectivas sobre o projeto de governo que se está votando são simetricamente nulas.

Eu acompanho as plataformas de Ciro desde 2018. Ele nunca aliviou nas críticas a Bolsonaro - aliás, muito mais pesadas que contra Lula (até porque proporcionais ao que o atual presidente tem praticado). Enquanto eram só a Bolsonaro estava tudo bem, Ciro estava "do lado de cá"; mas foi só intensificar as críticas a Lula e aos governos do PT para ele se tornar quase indiferenciável da turba da extrema-direita. O tio bolsominion compartilhou Ciro criticando Lula: pronto, Ciro tá do lado de lá! Não é muito diferente desse mesmo tio que me chamava de petista quando eu já criticava Bolsonaro em 2017.

A única coisa mesmo que fica sem jamais ser atacada é o projeto. Pouco importa se o candidato debate a sério os problemas do país, se escancara em detalhes a solução proposta; não interessa que Lula esteja escondendo o jogo, nem interessa com quem esteja se aliando: todos estão comprometidos na luta contra o fascismo, é por isso, é por isso... primeiro a gente tira a Dilma o Bozo, depois a gente pensa. Como se os motivos que o criaram fossem completamente irrelevantes e a sua mera derrota, não obstante o que se projeta para os próximos quatro anos, fosse suficiente para nos livrarmos de vez dessa semente.
O problema não é o Ciro criticar o Lula. Isso faz parte do jogo democrático. O que está pegando é que o cara virou uma metralhadora giratória. Daqui a pouco vai estar postando fake news sobre o Lulinha ser o dono da Friboi e dirigir uma Ferrari banhada a ouro. :dente:
 

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