Shazam, você não está pegando o ponto racional do que considera emocional do questionamento da Joy.
A comunidade é contra o desarmamento porque "armas não matam, gente mata".
No entanto, a resposta foi dada em termos de matar um ser humano (caboclo)
Isso pode ser chamado de hipocrisia. Os médicos chamariam de esquizofrenia, e eu prefiro "criança que quebrou o vaso e tem medo de ser castigada".
Isso não é racional, é totalmente emocional. É o "dane-se não fui eu quem apertou o gatilho", que você considera racional.
O pior tipo de maldade é na verdade o que mata sem ter um dedo no gatilho. Uma pessoa alimentando peixes com pão à beira de uma lagoa:
1) se vê como generosa, pois dá pão (alimento) para os pobrezinhos, ignorante que o pão (que não é alimento de peixe), mesmo depois de digerido o bolo fecal terá alta concentração de fermento(bactérias) e vai tirar todo o oxigênio da água e matar os peixes sufocados
2) sabe perfeitamente tudo isso e dá comida para que eles morram mesmo.
Independente do nível de consciência do indivíduo, o resultado final é o mesmo: os peixes morrem. E o mais interessante é que não há forma de salvar os peixes neste tipo de assassinato.
E é perfeitamente possível substituir peixes por pessoas.
Se a pessoa é do tipo 2, ela é a mais perigosa de todas, mas de forma muito interessante é a que menos inflinge danos à sociedade, exatamente porque ela tem maior controle de sua própria consciência.
Os do tipo 1 no entanto, são os que adoram dar pão para peixe e que vivem quebrando coisas e esquivando-se (de si mesmos) de suas próprias responsabilidades sobre quebrar o vaso da mamãe.
O tipo 2 não quebra o vaso da mamãe se não for realmente útil aos propósitos dele. Ele entende o que implica a atenção da mamãe com o vaso quebrado: vem junto com uma boa dose de acontecimentos desagradáveis (bronca, gritos, puxão de orelha). E se ele sabe disso - emocional e racionalmente - ele também tem consciência das consequências de sua ação. E de certa forma também está preparado para enfrentar ou pagar o preço.
Agora, substituindo a palavra "quebrar" por "matar" e repensemos a postura humana. Ou podemos dizer, infantil (no sentido de não querer assumir suas responsabilidades).
Neste panorama, apesar do tipo 2 ser a pessoa que você não gostaria de cruzar em hipótese alguma por sua alta periculosidade, são os do tipo 1 quem costumam quebrar muitas coisas, ou melhor matar/ferir, etc., porque simplesmente não pesam as consequências e todo mundo sabe o que uma criança birrenta em meio a uma sala de cristais é capaz de fazer para demonstrar sua insatisfação para os adultos/mundo.
Se um indivíduo enxerga-se como criança, ele não quer assumir responsabilidades, mas ao mesmo tempo ressente-se de não ter controle de sua vida (vide crianças que fazem birra eu quero eu quero) por conta da injustiça do mundo.
Daí derivam homens-bombas, mulheres-grávidas-bombas... insatisfeitos com a injustiça do mundo. Mas ao mesmo tempo que estão ressentidos por não poder ter controle de suas vidas, não admitem que cabem-lhes responsabilidades. Ao matar, não é mais uma pessoa, torna-se um monstro igual ao que diz combater. Tanto é assim que volta e meia acabam por matar também mulheres e crianças no final (eles não me entendem, eu lutei por eles e me retribuem assim bando de ingratos)
Nesse ponto, de fato você vai concordar comigo que não podemos culpá-los por serem tão amargos por algum infeliz incidente na vida deles. Mas agora, como Timothy McVeigh, que matou 167 pessoas inclusive crianças, dizer que não podem ser responsabilizados é outra coisa. Judicialmente (enquanto não matam umas dezenas de pessoas), concordo que não podemos fazer tal coisa.
Mas psicologicamente, creio que é hora de pararmos com essa auto-condescendência, principalmente que gera novela reprise "Vale a pena ver de novo" ao longo dos milênios e não evoluimos muito desde que descemos das árvores.