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Desses eu só assisti O Ultimato Bourne, na real, os filmes da série são bonitos, boa montagem. Mas, é um 007 que se leva a sério demais (o que é chato em uma obra escapista), e não vi a diferença entre os filmes.
Sábado, Março 08, 2008
Ponto de Vista, com Dennis Quaid
Todos querem clonar Bourne
A série reconfigurou o genoma do filme de ação e suspense e melhorou até James Bond. Mas a mutação já começa a perder sua força.
Isabela Boscov
À semelhança do que acontece na natureza, no cinema americano as mutações vantajosas tendem a ser transmitidas a gerações posteriores. Graças à lei hollywoodiana da seleção e evolução é que a narrativa múltipla de Cidadão Kane, surpreendente em 1941, foi assimilada a ponto de hoje mal se perceber seu caráter inovador. É por causa dela também que o gene cínico da produção independente virou padrão, ou que produtos de massa, como a série Harry Potter, se revigoram quando neles se introduzem as características diversas de diretores como o mexicano Alfonso Cuarón. Mas, da mesma forma que entre os seres vivos, às vezes uma mutação que é benéfica num determinado ambiente se mostra ineficaz ou nociva em outro – algo que Ponto de Vista (Vantage Point, Estados Unidos, 2008), que estréia nesta sexta-feira no país, ilustra muito bem.
Ponto de Vista é um experimento tresloucado de hibridização. Seu evento central, um atentado contra o presidente americano (William Hurt) na cidade espanhola de Salamanca, é visto e revisto pela perspectiva de oito personagens, entre os quais um agente do serviço secreto (Dennis Quaid), um turista (Forest Whitaker) e três terroristas. Aí ele já expressa, com força total, o DNA da série 24 Horas, além de traços ultradiluídos de Rashomon – o clássico de Akira Kurosawa em que uma mesma história mudava segundo quem a contava. Há muito de Crash nessa mistura também, nos dramas "humanos" dos protagonistas. O que Ponto de Vista realmente gostaria de ser, porém, é um clone da série Bourne.
A trilogia estrelada por Matt Damon representou a mais inesperada e influente transformação de um gênero na última década. Em especial a partir do segundo episódio, sob a direção do inglês Paul Greengrass, ela subverteu todos os cânones do filme de suspense e espionagem. Em vez da estilização habitual, Bourne propôs um estilo documental e incessante de ação, talhado à perfeição para um protagonista que tem no instinto a arma de sobrevivência. Quando o primeiro filme foi lançado, previa-se que ele seria rejeitado. Em vez disso, a trilogia totalizou quase 1 bilhão de dólares na bilheteria e estabeleceu um novo modelo para esse tipo de filme. O primeiro a segui-lo foi James Bond, que, personificado por Daniel Craig, se despiu daquela suavidade que, décadas antes, ele próprio instituíra. Bourne afetou de maneira positiva também Duro de Matar 4.0, na forma de um aval para que o policial proletário de Bruce Willis não se desnaturasse em sua volta à ativa. Aquilo que nesses filmes sobrevivera como linguagem, entretanto, em Ponto de Vista desvirtuou-se em mera fórmula – exemplificada pela perseguição de carros muito bem editada, mas carente de sentido dramático, que é o ponto alto do filme. O diretor britânico Pete Travis foi discípulo de Paul Greengrass, que produziu para ele o ótimo Omagh, sobre um atentado na cidade irlandesa homônima. Nesse seu experimento, porém, os genes que seu mestre lhe transmitiu não se expressaram em avanço do gênero – só em algo tão desimportante quanto ter olhos azuis ou castanhos.
DA INOVAÇÃO À BANALIZAÇÃO
A REVOLUÇÃO
Trilogia BourneO protagonista impessoal, a ação visceral e o estilo documental da série romperam com todos os cânones do filme de espionagem
A ASSIMILAÇÃO
Cassino RoyalePor influência da série, James Bond perdeu o excesso de finesse e ganhou vigor, resultando num dos melhores filmes de toda a franquia
A VULGARIZAÇÃO
Ponto de VistaA linguagem desenvolvida pelos diretores Doug Liman e Paul Greengrass para Bourne está agora a serviço da ação, não do conteúdo. Virou mera técnica.
Ainda não vi IMPÉRIO INLÂNDIA, mas duvido que tenha muito a acrescentar a tudo o que o Lynch já tenha feito antes.
Godric disse:Zodíaco trata de serial killer de forma inédita
Godric disse:e Perfume adapta um livro que Kubrick chamou de infilmável,
Godric disse:O único filme aqui concorrível com Bourne é O Hospedeiro, que é tipos meodeoz monstro em thriller politizado com humor coreano.
Godric disse:Mas não é influente e empolgante que nem um fim de trilogia tão bem pontuado como O Ultimato Bourne. Quer vocês prefiram ou não, Ultimato é o filme mais importante aí dos cinco, no mínimo.
Zodíaco é o pior dos 5, e ele não faz nada inédito.
Há controvérsias, e você já armou a cama quando disse "fim de trilogia".
Ultimato pode ser o melhor dos três, pode ter cenas de ação fantásticas e etc, mas o filme é o terceiro capítulo de uma história que começou em 2002.
É filme de um serial killer e deixa em segundo plano o serial killer: o centro está numa investigação, que nem sucede em descobrir o serial killer. Inédito.
Godric disse:Não entendi o problema nisso quando a série progride em qualidade e bilheteria a cada filme lançado. Isso não faz sentido, o fato de ser uma continuação é por si só motivo de controvérsias? Com Identidade em 2002 não dava pra nem imaginar todo o potencial da coisa. Nigga plz. Filme do ano.
eu teria que assistir a isso
Godric disse:pra ter certeza se a ironia e o humor do Bong em Hospedeiro não está aí também. Zodíaco procura densidade, este aí eu não tenho como dizer. Bourne também procura densidade lidando com cenários de panoptismo e imperialismo, enquanto O Hospedeiro passa por ester temas pendendo para fantasia. Isso pesa, se é que importância quando aos temas que você espera que eu discuta.
Eu não disse isso, mas óbvio você vai ser mais levado a sério se tratar de coisas com seriedade. Repercutivelmente falando.
Vamos parar isso por aqui antes que comecem chats lexicais sobre o que é ser importante plz.
Jack Bauer veio antes do Jason Bourne, nos cinemas. E o livro não tem nada a ver com o filme.
"Brutal fucking murder!"
V disse:Tradução: o V está certo e eu estou errado.