Ok, chega de haikus.
Gandalf disse:
De fato foi.
Você está querendo dizer que o Purgatório ocupou um espaço exagerado e até desnecessário focando o texto do filme todo para ele? Se for, bom, eu não achei isso, realmente essa parte é a mais representativa do filme e é onde o todo se desenrola. Porém tanto o Inferno quanto o Paraíso são chaves aí sim(relacionando o que eu disse sobre o purgatório no outro post sobre inicio/meio/fim, etc) para traçar o início e fim do filme, respectivamente. E o impacto deles, na minha opinião, conseguiu ser maior que do segundo ato do filme... acho que claramente por eles tratarem: O primeiro um momento de imagens fortes, o outro um desfecho genial, na minha opinião.
Não, o meu problema com o Purgatório é que ele foi
chato, IMO. Como o Godard abandona praticamente qualquer formalismo narrativo e os personagens se tornam peões da exploração temática, não houve nenhum envolvimento emocional, pelo menos pra mim.
No âmbito intelectual, o que normalmente num filme de narrativa teria que ser
deduzido (subtexto) é jogado na nossa cara diretamente (texto): os "personagens" declamam uma série de frases prontas que, por mais que tenham significado, não enriqueceram a minha experiência cinematográfica.
Talvez nesse sentido a cena da palestra seja a mais importante. Talvez o Purgatório seja propositalmente hermético (narrativamente falando, porque tematicamente falando ele é até claro demais, QED.), para representar o descontentamento do Godard com o estado atual do cinema - na palestra ele parece claramente desestimulado, principalmente quando a moça faz a pergunta sobre a revolução digital e ele só suspira resignado (
).
É como se ele quisesse nos forçar a suportar quase uma hora de divagações aleatórias, talvez por (na visão dele) não fazer sentido tentar encaixar os temas dentro de um texto narrativo tradicional, a essa altura do campeonato. Talvez ele até tenha um ponto, e talvez esse Godard dissertativo atual seja até necessário, mas se todos os filmes fossem como "Nossa Música" eu não iria ao cinema tão freqüentamente.