Doom Girl disse:
Primula disse:
Sou a favor do aborto
Se alguém conseguir transferir o feto para o estuprador e salvar a vida do embrião tudo bem.
um pouco insensivel....Essa historia de transferir o feto para o estrupador ta parecendo mitologia....
Alguém inteligente percebeu o que eu quis dizer alguns posts abaixo
Se fui “insensível” me desculpem, mas já falei sobre este assunto uma vez… claro que minhas opiniões evoluiram… mas o tipo de opiniões em geral parece que é sempre o mesmo e como um todo a humanidade não evolui…continuamos em nossa missão de oprimirmos uns aos outros e tornarmos a vida uns dos outros um inferno. Até de gente que a gente nunca viu na vida.
Esse negócio de “sensibilidade” é bastante relativo, não? Tipo, cá está toda uma turma de gente defendendo um embrião, quando nem ao menos sabemos o que é vida inteligente, enquanto eu que já vi nos olhos de algumas mulheres coisas bem reais como medo, desespero, incerteza (quaisquer que sejam os motivos da gravidez).
Pessoalmente, não tenho coragem de falar para essas mulheres que as vezes me procuram por conselho (apesar de ser favoravel eu não conheço clínicas que façam isso… afinal é criminoso) que vão tomar vergonha na cara, sabe?
Tipo, eu vendo a estória dessas pessoas, no alto de minha arrogância bem nutrida e de barriga murcha (não grávida… aliás ainda tenho o meu hímem se isso serve para alguma coisa além de uma cólica enorme uma vez por mês porque o fluxo não sai direito e não dá para fazer papanicolau direito também!!!), seria o mesmo que pedir para que eles matem todos os intelectuais de barriga cheia que tem acesso a educação e informação e cultura que ficam querendo só filmes legendados porque a dublagem é uma porcaria.
Falei algo alienígena? Quantos de vocês “aguentam” filme dublado? Sabe o quanto de gente que nunca pode ir no cinema porque tá tudo legendado e não conseguem ler “rápido o suficiente”? Bem para começar minha mãe… ela não vai no cinema porque não entende nadinha… tem de ler muito rápido. (talvez se o filme for em japonês ela vai)
E mesmo mulheres letradas e bem informadas… sim acontece… vão lá dizer para Clarice Herzog que ela fez mal em ter abortado em plena ditadura militar, com o marido dela morrendo nos porões do DOI-CODI. Ela teve toda uma vida para se arrepender do aborto provavelmente, principalmente com a morte do marido. Mas eu não teria coragem de ter um bebê e potencial refém para ser usado contra meu marido… Imagino que cena meiga os torturadores fazendo carne moída de seu filho…
No alto de nossas barrigas murchas e na segurança de nossas vidinhas medíocres, temos o direito de dizer como essas mulheres devem fazer com as vidas delas? Façam me o favor.
Adoção? Quem me dera que todas as crianças que estão à espera fossem adotadas. Eu até penso nessa possibilidade no futuro, e não raras vezes. Mas eu sei que a mesmas pessoas que falam “melhor dar para adoção” vão depois dizer “eu vou ficar criando filho dos outros?”. Isso quando não esqueceram completamente sobre o assunto.
Tipo somos uma sociedade que ao mesmo tempo que fica emocionada com menores carentes, logo em seguida defende a menoridade penal e a pena de morte. Essa sociedade tem o direito de dizer a uma mulher as decisões que ela deve tomar? Essa sociedade que vai arcar com as consequencias dela fazer ou não um aborto? Essa sociedade: eu e você vamos criar esse filho dela?
Agora, sejam francos… com toda esse esclarecimento e sabedoria de todos vocês… uma adolescente mimada ou mulher simples do povo consegue chegar perto de vocês para pedir um conselho sobre aborto?
Olha, o porque algumas delas me procuraram para um conselho: eu NÃO JULGO elas só porque ficaram grávidas. Quem sou eu para julgá-las, eu que não as conheço, que não posso fazer nada por todas elas?
Uma vez o Deriel me criticou (e com razão se formos considerar o tipo de comentários aqui postados) que se eu fico falando coisas muito complicadas para pessoas simples, elas me deixariam falando sozinha. Mas o Derielzito não sabia como eu sou simples quando falo com pessoas simples. Sim, tento ir aos poucos enfiar um pouco mais de cidadania nas pessoas menos afortunadas que eu, mas não da forma “eu sou melhor que você, então me escute”, mas como igual. Eu sou o mesmo lixo que todo o resto da humanidade. Não me vejo como grande coisa comparado com caras fodões que já viveram ou ainda vivem em nosso mundo.
O que me remete à terceira parte deste post…
Felipe Tuk disse:
Aborto é o pior tipo de assasinato possivel , porque a criança não pode se defender. Acho assustador que alguem possa sequer cogitar fazer um aborto. É assasinato premeditado e a sangue frio , independente de qualquer coisa. No caso de estupro existe a pilula do dia seguinte e mil outras formas de se interromper a fertilização antes que o bebe se forme.
No caso de risco de vida da mãe , é a velha historia , será que vale a pena matar uma vida para salvar outra? A meu ver não. Que se faça todo o possivel para se salvar tanto filho quanto a mãe , mas simplesmente matar o bebe acho desumano , já que ninguem pode julgar quem deve viver e quem deve morrer.
Eu sei que a questão é complicada , mas esse é meu ponto de vista.
Exatamente como eu penso....
Bem, as índias faziam abortos antigamente por motivos mais fúteis que esses. E até onde sei, eles tem uma maneira de criar filhos melhor que a nossa (até conhecerem a gente e aprenderem coisa que não presta)… tipo a aldeia toda é responsável pela educação dos curumins e não apenas pai e mãe.
Mas até aí não essa idéia tão arraigada do corpo da mulher como propriedade como foi incutido pela sociedades mais “civilizadas” (tanto ocidentais quanto orientais)
(nem a idéia de filho como sendo herdeiro do pai, propriedade do pai, etc.)
MoonWitch disse:
Eu não concordo com o aborto. Mas também não faço a mínima idéia de como eu reagiria se tivesse numa situação dessas. Envolve muitas coisas. Só que o futuro bebe não tem nada a ver com isso e também não pediu pra nascer.
Kyo disse:
Abortar simplesmente porque não se quer um filho, numa relação normal, é a coisa mais absurda que existe, para isso que existem os preservativos e a propaganda toda encima do sexo seguro, além de evitar "acidentes" também evita uma série de doenças. Uma pessoa que não se previne e engravida não tem o direito de abortar, somente porque não planejou aquele filho... se quis se arriscar, que assuma as consequencias.
Com certeza...
So algo para vcs refletirem...Muito facil ser a favor do aborto depois que nasceu, e se fosse a vida de vcs em jogo?
Se fosse a sua vida ou a minha vida eu diria o mesmo: grande coisa nós duas somos! E ficaria muito surpresa se você se considera grande coisa. No mínimo é um passo para você se ferrar em algum quesito de sua vida.
Fala sério, qual é o grande lance da humanidade? Só porque “Deus” disse que nós somos especiais e para crescermos e multiplicarmo-nos, então somos especiais? Podemos foder com todo o resto?
IMHO tava mais que na hora de uma grande praga mundial mesmo. Só com grandes desgraças é que o ser humano pára de ficar querendo mandar na vida dos outros e percebe as coisas realmente importantes e humanas. Em excesso e confortáveis, deixamos de ser humanos.
(tá certo que normalmente também gênios são ceifados... fazer o que... mais um preço a se pagar por burrice generalizada... ademais gênios são ceifados por burradas humanas também)
Se você ainda usasse o argumento de Oliver Queen sobre potenciais “aquela criança podia ter descoberto a cura do cancer, virado um Nobel da Paz… ou ter sido apenas um cara legal”, ainda vá…
Mas nãaaaaao! Vamos usar o argumento “se fosse você”
Isso é chantagem emocional… e dois poderiam jogar, se eu dissesse “espero que você nunca tenha de enfrentar esse dilema” ou “espero que você nunca seja estuprada” ou pior (vale também para homens) “espero que você seja estuprada para ver o que é bom!”
Ao invés dessa discussão “altamente madura e inteligente”, vamos para os concílios do Vaticano tentando definir quando é que um embrião tem alma. Quando é que tem vida.
Bem… ninguém ainda sabe ao certo, sejam eles teólogos ou cientistas…. E mesmo em termos pessoais, eu não consegui até hoje arranjar argumentos para provar para o Mayoros que existe alma… tudo bem, aura ele já provou mesmo que existe, mas alma é controverso.
Vida é mais fácil… mas até aí por que é que jogamos pintinhos por funis para serem vacinados, e depois separados em machos e fêmeas, e as fêmeas são poupadas e os machos uma parte vai para serem engordados e depois abatidos, e outra parte é sacrificada em tenra idade para servirem de alimento para os outros pintinhos? (epa isso é no Japão e na China… Não teve o negócio da Vaca Louca na Inglaterra onde os humanos forçavam as vacas a se canibalizarem? fornecendo ração que nada mais é do refugo de bovinos. Tem de se aproveitar tudo, sabe?
)
De minha parte, acho que tudo tem alma… mesmo animais “inferiores”. Mas infelizmente faço parte da cadeia alimentar, e me desculpe o frango mas vou ter de comê-lo. Agradeço aos vegetais e aos animais por se sacrificarem em manter-me viva por mais um dia. Em troca, eu faço o possível para não desperdiçar o sacrifício deles. Como até o tutano. E também penso em não abusar muito em procriar, e dar alguma orientação a quem anda meio confuso nessa
(e como diz um amigo meu, olha que eu teria muitas chances de desperdiçar… em self-service cheguei a comer um quilo, mas jamais deixei sobrar nada no prato)
De minha parte acho que o ser humano é um desalmado por definição. E anjinhos o escambáu. Mas isso deixo para depois.
Sobre dor… ninguém sabe… Tem aquele vídeo “altamente educativo” que se vocês prestassem atenção é uma DRAMATIZAÇÃO, ou seja, é um vídeo feito para
convencer as pessoas do teor criminoso de um aborto. Tavam falando outro dia sobre o ministro Gilberto Gil e apologia às drogas… não sei onde essa propaganda anti-aborto seria mais ética. Bem, em ambos os casos temos de admitir que não é mensagem subliminar: a pessoa está consciente no momento em que será influenciada.
E se a pessoa resolve concordar, é decisão dela (tanto com as drogas quanto ser anti-aborto).
E se ela é contra aborto, que não faça quando tiver esse dilema para resolver em sua própria vida. Mas que não venha tendo razões para dizer que outra mulher não pode fazer.
Como disse, eu não me sinto no direito moral de ficar dizendo como devem agir as mulheres simples ou cabeça-oca vem até mim. Menos ainda quando eu vejo mulheres que admiro de alguma forma assumirem ter feito aborto.
Tipo, seria ridículo eu me sentir no direito de julgá-las e condená-las, quando por exemplo em casos de estupro, o criminoso ainda tá fazendo Boletim de Ocorrência (ou seja, NEM ELE ainda foi julgado ou condenado!!!). Daí dá para se entender como fico DUPLAMENTE emputecida com gente que nem sabe quem são as mulheres, o que elas passaram para fazer essa escolha e já julgaram condenaram e tão pegando as pedras pra execução.
Você pede reflexão? Retorno a pergunta: você já tentou se colocar na pele de uma dessas mulheres ao menos?
Com certeza, a grande maioria das que optaram por um aborto não é o tipo que você pensa irresponsável e cabeça oca. Pode ser ingenua, pode estar desesperada porque o namorado não quer assumir, pode ser um monte de coisas, que nós não temos a mínima idéia.
Ficaria surpresa em verificar que a grande maioria delas pensam que não podem dar uma vida digna para o filho, e não querem simplesmente jogá-lo no mundo para uma adoção duvidosa (no dia de São Nunca para muitos).
Se fosse uma drogada vagabunda ela estaria nem aí em parir mais um para pedir esmola nas ruas e sustentá-la. Ou jogá-lo no primeiro bueiro depois de sair do hospital. Como aliás acontece bastante frequentemente.
Agora vamos pensar em esterilização em massa. Algo tão mítico quanto o homem grávido. É uma possibilidade que eu fico a contemplar de vez em quando, sabem? Principalmente quando a família já tem filhos demais a
meu ver. (olhem o grifo é minha opinião... é justo condenar todos os pobres a terem apenas um filho: vejam a China como tá uma nhaca: 6 milhões de homens estão condenados a serem solteiros, pois não há mulheres para eles... ou seja, porque EU acho que é certo, então MEU erro deve ser pago por outras pessoas?)
Já podem me acusar de facismo. E não seria mentira.
O ponto é que vivemos em um mundo onde as coisas não são justas. E a primeira coisa que torna o mundo injusto somos nós: seres humanos. O tanto que imputamos uns aos outros nossas escolhas e nossos conceitos de certo e errado, quando muitas vezes estamos totalmente errados mas queremos estar certos.
O tanto que é injusto tolher a liberdade das pessoas de escolher a hora de ter filhos com a esterilização em massa, é também injusto tolher a opção de escolha das mulheres de optar por um aborto.
Opção que eu digo é como ULTIMA opção.
Pois a forma como VOCÊS enxergam o aborto, parece até que é um parque de diversões.
Não posso conceber que vocês criaturas supostamente mais esclarecidas que a “ralé” encarem o aborto como algo agradável.
Papanicolau. Exame de próstata. Exames de toque interno no ginecologista.
Isso trás alguma lembrança agradável???
E quem não fez ainda esse tipo de exames, consegue ir fazer esses exames tranquilos e sem neuras?
Se sim devo dar parabéns pois é uma pessao altamente esclarecida e confiante de suas ideologias, crenças e no seu taco, e em se defender de safados. Mesmo em pessoas maduras é difícil encontrar alguém que não dê um sorrisinho disfarçado de medo.
Eu posso dizer que sou indiferente. Apesar de ter de fazer um papanicolau incompleto (barreira natural impedia sondagem, sacam? Não pode haver sangue senão podia ser no dia da menstruação) não tive grandes neuras. Aliás não tenho grandes neuras em pegar médico homem, nem em ficar discutindo esse tipo de coisa pessoal com todo mundo do fórum. Dá para se concluir que não dei problemas para fazer o exames.
Mas para a grande maioria de vocês deve ser constrangedor. E mais ainda para pessoas “ignorantes” que sabem que aquilo MACHUCA! Tanto em termos físicos quanto emocionais e psicológicos.
Falar que isso vai ser usado indiscriminadamente é ser no mínimo totalmente sem noção da saúde seu próprio corpo. (tou falando de vocês e não das que optaram pelo aborto)
Mesmo que dê certo, que seja feito com todo o aparato psicológico (para que a mulher não se arrependa) ainda assim não é algo agradável.
Sabe o que toda esta discussão parece (além do parque de diversões)? Uma aula de medicina do século retrasado, onde o médico de forma despreocupada e metódica explica para um bando de alunos imberbes (que estão vendo uma mulher em estado constrangedor pela primeira vez) como realizar um parto, indiferente aos gritos e dores da mulher ali prostrada.
Onde ninguém ali se interessa nem um pouco pela história da mulher, se tem outros filhos, se o marido dela ama ela, se ela está assustada. O que importa é ela agir “adequadamente” ao seu papel de parideira (e dar um belo espetáculo se o cara achar ela gostosa).
Só que quando são todos alienígenas (homens não vão entender os corpos das mulheres, e mulheres dificilmente vão entender o que é exame de próstata para um homem) eu até posso entender o distanciamento. O ruim é quando semelhantes (mulheres) parece ter uma visão alienígena para com outras mulheres!
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Em termos de potenciais.
Bem, todo dia pessoas que poderiam ter sido muito foda são ceifadas por imbecilidades. Potenciais que foram desperdiçados pela cobiça, pela raiva, pela impaciência, intolerância.
E ninguém dá um segundo pensamento para essas pessoas. Tipo, é mais capaz de um interno da Febem se dar conta do que fez "eu quero ser professor universitário porque eu matei um sabe?" do que o resto da sociedade se dar conta desse monte de perdas.
Sim, até poderia ser alguém muito legal... As vezes aparece um Machado de Assis. Eu não queria ter de sacrificar um cara assim para não ter de lidar com trocentos neguinhos marginais... O problema é que se TODOS eles nascem, acontece uma Candelária, onde metratram todo mundo independende de ser bandido ou não. Ou seja, no final o Machado de Assis seria sacrificado com todo mundo junto antes de se tornar grande. Como aliás já acontece pra caramba!
Como disse, muita gente e a gente deixa de ser humano e se torna bicho...
E se formos nessa de potenciais… esterilização em massa garante uma porrada de potenciais que nunca vão vir a tona.
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Em termos de evolução natural das espécies
Com todo amor e carinho, temos inúmeras crianças e adolescentes facistas.
O que quero dizer com isso?
Muitas vezes, pensamos que amor e carinho (além de alimentação) são o suficiente para criar filhos. Errado. Bebês não tem conceitos abstratos como amor. Ele sente fome, ele chora. Está em seu código genético essa reação (todos os que não choravam quando sentiam fome ou dor foram seletivamente selecionados na pré-história e extintos)
Muitas coisas que consideramos cruéis também fazem parte da diretriz genética primária. Que é sobrevivência. (crueldade de predadores, que não deve ser considerada boa ou má, mas apenas necessária)
A mãe ou o pai normalmente amam seu filho mesmo sem ter motivo algum para isso. Mas a recíproca não é verdadeira.
Amor no ser humano vem primeiro do respeito. Ninguém ama um pai que ele não respeita. Tipo só com respeito “o meu pai é o máximo”, “a minha mãe é super!”, admiração é que a criança passa a nutrir carinho e amor por seus progenitores.
Se o infante só recebe amor e carinho, mas não aprende respeito, ele raramente vai amar seus pais. Ou sabe o que é amar e respeitar seus semelhantes.
Resultados são Suzana von Richtoffs… (Gil Rugai ainda é controverso… tipo, cadê as provas?)
Existe uma crença altamente errônea nas pessoas que acham que crianças são inocentes e anjinhos. Na verdade, crianças não adestradas e socializadas – deixadas à vontade - apropriadamente são demônios.
Já tive experiências com crianças que não respeitam os mais velhos (pois eles - pais – sempre fazem o que o anjinho quer) e tive de dar umas duras lições de que nem sempre a vida é como os anjinhos querem. (sem bater… nem é necessário bater se você sabe o que está fazendo)
Isso tudo não tem nada a ver com o contato dessas crianças com elementos mau-caráter ou com Satanás em pessoa vindo possuir a alma. Tem tudo a ver com falta de limites e de respeito pelos que o sustentam e amam.
É a falta de limites que os põe em contato com os mau-carater. E não os mau-carater que veio tentar suas filhinhos puros e inocentes. Curiosidade irrefreada e sem limites. Também é ruim caso vire um cientista (não vai ter remorso em usar cobaias humanas para vivissecção). Não é saudável (para a pessoa e para a sociedade).
Se eu enxergo dessa forma crianças, então eu não vou usar um argumento como “bebês são inocentes”. Eu não sei o que são até que eles façam suas escolhas conscientemente. E isso só vem depois de muito tempo após seu nascimento.
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Em termos históricos.
Aí a coisa pega… porque temos de levar em consideração os tresloucados “achismos” humanos.
Ao mesmo tempo em que temos um São Tomas de Aquino que dava benção em mulheres que faziam aborto, pois considerava-se que a vida começava após o parto, temos também os costumes romanos de fazer cesarianas, pois não era permitido dois indivíduos serem enterrados no mesmo féretro (se grávidas morriam, abriam a barriga para retirar o bebê). Aliás, cesariana vem dessa Lei de César.
Como eu disse anteriormente, as civilizações bárbaras das Américas (índios) não tinham os costumes ocidentais ou orientais de posse de mulheres ou de filhos. Então a mulher podia decidir se queria ou não ter o bebê de um homem. Era comum índias abortarem apenas porque ficaram putas da vida com o pai da criança. (faz sentido… se o cara revela ser um besta, pra que ter filho de besta?)
Em termos de tabus, era comum moças que engravidavam sem serem casadas dizer-se que “erraram”. Pois bem, o erro de amar e se entregar a um sem vergonha implicava muitas vezes em carregar o filho do “erro”. Não posso deixar de entender que as mulheres preferiam arriscar a morte do que viver sob um estigma pelo resto da vida. (morte tanto pelo risco do aborto, quanto pelo risco de serem denunciadas e também serem condenadas à morte).
No entanto, é engraçado que esse “erro” fosse o único que não fosse passível de perdão ou de conserto. Ou ainda , onde dois erravam, um apenas tinha de arcar com as consequências. O homem pode sempre desaparecer do mapa, mas acho meio difícil a mulher fazer *puff* no meio de sua gravidez.
Isso quando era cópula consentida, claro. Consentida mas nem sempre porque a mulher fosse sem-vergonha… aliás vocês ficariam surpresos com o número de prostitutas que são no fundo meninas sonhadoras com alguém que as ame mesmo depois dessa vida “depravada”.
Ainda há os casos de estupro. Onde mesmo hoje arrastam-se processos para obter a permissão de aborto. Tipo, não ficaria surpresa se o aborto fosse permitido quando já se deu a luz.
Mas isso é claro em casos individuais. Em zonas de guerra, há os campos de estupro, para “purificação” genética. Ou seja, além de ver seu marido/amado morto na sua frente, ainda tem de carregar o filho de seu estuprador e inimigo.
E não adianta invocar a Convenção de Genebra… tipo, os soldados do exército mais sofisticado do mundo que torturaram e humilharam soldados iraquianos em vídeo (eles gravaram olhem só como são engraçadinhos esses soldados) alegaram que não sabiam dessa tal Convenção de Genebra.
Vivemos em um mundo que devia se dirigir à civilização. Mas é muito fácil para todo mundo alegar ignorância, ou melhor preferir a ignorância para cometer atrocidades. E todo mundo adoooora fazer isso.
Em termos fisiológicos, a mulher históricamente está em desvantagem. Pode-se violentar uma mulher e ainda ter o prêmio dela ser obrigada a ter o filho pelo resto da sociedade “correta”. Ou seja, no final das contas, mesmo que o estuprador não queira assumir a criança, sua herança genética está garantida pelas leis que protegem o feto. (não que depois a sociedade vá criar essa criança apropriadamente
)
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Em termos biológicos
A mulher foi feita para parir.
Cientificamente falando, há dados que comprovam que as mulheres que não puderam passar pela experiência de gravidez tem mais chances de contrair cancer de colo de útero e de mama.
Se engravida e não amamenta, também paga um preço alto: o período de amamentação é crucial para que o organismo envie estímulos vitais para que o útero se realoje corretamente no corpo. Isso evita no futuro problemas de incontinencia urinária na terceira idade (se o útero não volta para o lugar, o resto das coisas também não volta, inclusive bexiga)
Se resolve abortar por algum motivo, além da zona hormonal que isso acarreta (cada gravidez tem uma característica diferente… uma mesma mulher pode emagrecer ou engordar em duas gravidezes diferentes), tem de checar sempre se não há sequelas. E capaz de somente depois de muitos anos de descobrir que algum cancer é resultado daquele aborto. Isso quando não pira na batatinha com a pressão da sociedade ou religião (eu vou pro inferno! Eu vou pro inferno!)
É triste ter de admitir isso, quando não faz muito tempo, o primeiro ministro japonês (um chauvinista idiota) acusou as mulheres de serem as culpadas pela queda da natalidade do Japão.
Mas não podemos deixar de admirar o trabalho bem feito pois essa lavagem cerebral de uma sociedade patriarcal secular ainda pode ser vista nas cabeças das mulheres. É fato que mulheres juntas se matam (para pegar o mesmo macho), e essa de ficar julgando mulheres que abortam, me parece muito com julgar mulheres divorciadas do século passado.
Mesmo eu tenho certas dificuldades em ver que esse olhar torto das mulheres contra suas semelhantes faz parte de efeito remanescente da programação original para que a mulher não tenha controle de sua própria vida. Isso quando eu mesma não me pego olhando torto.
No final, a vida é dela, mas o útero não.
PS: apenas a título de curiosidade, dêem uma lida na seguinte matéria publicada numa grande revista alguns anos atrás.
http://www.saa.com.br/quadro/ponto/aborto.htm
Vocês veem essas pessoas “aborteiras” (médicos, juízes) como covardes que matam um inocente? Eu vejo essas pessoas como pessoas corajosas que entendem de sofrimento humano porque VEEM o sofrimento humano e não ficam teorizando em cima de coisas que nem entendem.
Houve um pedido de reflexão… eu sou apenas uma pessoa COMUM que tem essa reflexão. Não posso sequer me comparar à vários heróis anônimos que tentam diminuir a desigualdade social, a dar o básico de cidadania com planejamento familiar, etc., gente que teve longas noites sem dormir em dilema e debates íntimos consigo mesmo e com suas crenças sobre se era certo ou não autorizar um aborto, certo desistir de ter um filho, e que com certeza estão muito acima desta minha mísera reflexão de uma mísera noite.
Agora, quando eu vejo gente com pensamentos tacanhos claramente inferiores a mim, vir com o dedo inquisidor em riste com suas morais e verdades pré-fabricadas (quando não são apenas o diz-que-diz que herdamos de nossos pais e vizinhos) atacar essas pessoas, tenho mais que vir em defesa com um porrete e dizer “VOCÊ NÃO É MERDA NENHUMA PARA DIZER O QUE ESSAS PESSOAS DEVEM FAZER!”
Tipo, o quanto vocês dedicam seus pensamentos para essas questões? Uns cinco minutos? o tempo de digitar um post? Nossa, quanta reflexão
É complicado sim o assunto... então porque já vão julgando sem nem pensar? Dando palpite sem nunca se imaginar na situação?
Com "tanta reflexão" nenhum de nós aqui devia sentir que tem moral para ficar dando palpite na vida dos outros. Muito menos ainda quando é algo assim que só mexe com NOSSA vida, no momento em que a gravidez se conclui e temos mais um coitado para fazer melda neste mundo.
Se é para dar palpite, que seja dado para a mulher grávida na sua frente com o olhar confuso para o bem dela. Para que ela não faça cagada e não se mate. Para que ela tome cuidado. Para que avalie se vale a pena tanta complicação de sua vida e saúde.
Se não tiveram ainda chance de enfrentar essa situação com alguma pessoa real na sua frente (nem precisa ser amigo ou conhecido) então não fiquem teorizando como os médicos do século passado, assistentes sociais que odeiam seu emprego e tratam todo mundo mal no INSS, deixando a dignidade humana da pessoa em segundo plano. Depois cientistas é que são frios e insensíveis. Francamente, olhem para o espelho de forma menos narcisista.