Tô igual você e o jornalista da
Forbes:
O que eu poderia dizer mais. Gente que não morre com lava ou fogo mas morre esmagado. Gente que não fica cego com lava mas fica com brasa. Uma das filhas do Hobbit quase morre xeretando o maluco lá da árvore, daí ele começa a fazer as loucuras dele e o povo vê uma criança se aproximar e não faz absolutamente nada. Parece aquelas mães irresponsáveis que andam com o filho do lado da rua em tempo de ser atropelado. Elrond falando que o Dúrin tinha que confiar nele porque era meio Elfo, não só Elfo, porque pelo visto ser Elfo agora é sinônimo de coisa ruim (o que fizeram pensadamente parecer). Depois estão os dois rachando o bico porque o Elfo mentiu, coisa que o Dúrin achou lindo e chamou ele de Anão por isso. Primor. Daí vai para aquelas cenas do Dúrin e a esposa falando um monte de besteiras. Como disse o jornalista da Forbes, toda hora tem briga, todo mundo se odeia e quando não, é sentimentalismo barato igual o pai da Nori chamando atenção por falar o óbvio ("somos pés-peludos") e dizendo que o mérito deles é o grande coração, coração do povo que abandona os outros para a morte. Dúrin surpreso com a folha curada sendo que eles estavam caçando mithril por-causa-só-disso, ou seja, todo mundo fazendo as coisas por puro impulso sem ter motivo de nada como tresloucados. Claro, fora a questão onde nada indica que nenhum Elfo irá morrer, nem sequer alguém ficando com o corpo negro, os olhos, desmaindo, emagrecendo, empalidecendo. Nada. O mesmo erro de novo. Elrond e ele conseguem encontrar o que uma equipe inteira, claro, que nunca foi mostrada, não conseguiu em algumas horinhas no máximo. Elendil abandona o filho e um cavalo que tem que salvar, no mínimo, talvez, pra imitar a cena do Aragorn do cenourinha. Galadriel arranja um filhinho pra ela cuidar e vem com papo de que tem marido depois de ficar flertando e berrando atrás do psicopata-Sauron. Dúrin filho é deserdado e como os produtores acham que o público é muito tapado, tiveram que criar uma extensão da cena que ele joga o colar no chão com o Dúrin explicando que não era do filho mais ou seja, aí onde, sim, seria aplicável, poderiam ter deixado na entrelinha, coisa que a gente tem que fazer o tempo todo quando o roteiro deixa um monte de abismos no caminho como o acampamento de Númenor que não teve um frame de segundo mostrado antes e aparece quando e onde os escritores querem. Dava pra ter usado o tempo daquela meia hora de cena da Galadriel olhando absolutamente nada no meio do fogo. Poppy cantando feliz uma música linda sobre um pai que comeu a filha porque foi transformada num caracol. Tão agradável e nada traumatizável como aquela cena da Alice que a lontra come as ostrinhas.
A Nori novamente com seu senso de autodestruição achando que ia enganar as bruxas assim de graça e ganha um incêndio. O povo nem fica com medo de eles mesmos serem feitos de torrão e a cena acaba sem mostrar o que aconteceu com o trio, nada.
Numenorianos que foram lá no Sul só pra passear, Halbrand que está morrendo num segundo e noutro passeando de cavalo, povo da vila Hobbit falando que vai atrás do Estranho por amor e o roteiro deixa o público pensar isso quando na verdade eles só querem comida fácil e proteção agora que perderam tudo, Balrog aparecendo do nada sem nenhum suspense sobre ter qualquer coisa abaixo da montanha (talvez uma fala de meio segundo da Disa que não cria nenhum clima de curiosidade) e por fim aquela obra prima do cinema moderno onde um zé ninguém nomeia Mordor usando uma legenda na imagem! Legenda! Foi tão fantástico que o jornalista da Forbes nem tinha visto.
Simplesmente uma catástrofe sem limites. Ainda bem que só vem o de amanhã e chega porque minha mente não aguenta ser insultada com esse desleixo e amadorismo por tanto tempo. Se trata de um roteiro igual o que crianças de 9 anos fazem: acontece tudo o que ela quer, na hora que quer, porque ela quer, sem razão, sem contexto e num tempo tão curto como se fosse um resumo mal feito de qualquer coisa que a gente faz de boca no improviso. Eu não consigo processar isso, é inviável. Como alguém pode fazer uma estupidez assim e mandar pra milhões de pessoas assistirem como se fosse normal e ainda encher o marketing de narrativas e propaganda enganosa como se quem vê fosse louco por não gostar?
Enquanto isso no País de Alice:
https://ovicio.com.br/os-aneis-de-poder-recebe-certificado-fresh-no-rotten-tomatoes/
É brincadeira? Só
. É simplesmente uma guerra de propaganda onde os olhos do público não valem mais que o martelo da mídia sobre a qual o mesmo público não tem nenhuma influência.
Mas o pior não é isso, o pior é ver coisas do tipo na internet: "Galadriel traíra, correndo atrás do Halbrand sendo casada."
Ou seja, o público que teve contato com os filmes achando que aquela personagem realmente foi assim no passado, que essa bobagem de série trata de fatos reais. É como eu venho dizendo, pior que proibir é reescrever uma história porque a ligação imaginativa estará feita, a semente da relativização para colocar e justificar o que não existe aparece e tudo o que era deixa de ser numa reescrita sempre para o deboche, a depreciação, o escárnio e o mal: Hobbits sujos e egoístas comedores de lesmas, Elfos e Anões desonrados, mentirosos, enganadores, profanos, frios, apáticos, assassinos ou instáveis mentalmente. Numenorianos fracos, atrapalhados, estúpidos e débeis.
Ou coisas piores ainda: "achou a série chata? Pois não leia os livros porque são iguais".
Lamento muito ter que estar aqui nesses tempos para presenciar essas coisas.