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Mitos Transformados - ARDA

[Nota do Tradutor] O texto em itálico a seguir e de Christopher Tolkien. O texto normal é de J.R.R. Tolkien. O livro a que se refere C. Tolkien no parágrafo abaixo é o The History of Middle-earth 10 e o final a que ele se refere é o final da seção Myths Transformed.</P>




O texto final, entitulado Aman, é um manuscrito claro, escrito com pouca hesitação ou correção. Eu o tomei como um ensaio independente, e em dúvida do melhor lugar para inseri-lo deixei-o para o final; mas quando este livro já estava completo e preparado para publicação me dei conta de que ele de fato tem um relacionamento muito próximo ao manuscrito de Athrabeth Finrod ah Andreth.
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O manuscrito inicia com uma seção introdutória, começando com a afirmação de que alguns homens acreditavam que seus hroar não tinham vida curta por natureza, mas assim tornou-se pela malícia de Melkor. Eu não percebi a relevância de algumas linhas no cabeçalho da primeira página do Athrabeth, que meu pai riscou: estas linhas começam com as palavras "o hroa, e ele poderia continuar a viver, um corpo sem mente, nem mesmo uma besta mas sim um monstro", e terminava "... a própria Morte, tanto em agonia quanto em terror, entraria pessoalmente em Aman com os Homens". Esta passagem é virtualmente idêntica à conclusão do texto atual, cuja última página começa precisamente no mesmo ponto.



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Fica claro, portanto, que Aman originalmente ficava no Athrabeth, mas meu pai o removeu para uma forma estanque e copiou a passagem final em uma folha em separado. Ao mesmo tempo, presumivelmente, ele deu ao restante (o Athrabeth e sua introdução) os títulos de "Da Morte e dos Filhos de Eru, e da Desfiguraçãodos Homens e A Conversa de Finrod e Andreth[1].



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</P>Seria preferível colocar Aman com o Athrabeth na Parte Quatro, mas eu acredito que seja desnecessário em tal estágio tardio iniciar uma mudança ampla na estrutura do livro, e assim o deixei aqui em separado.



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<P align=center>Aman
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Em Aman as coisas eram bastante diferentes da Terra-média. Mas elas lembravam o modo de vida dos Elfos, assim como os Elfos se pareciam mais com os Valar e Maiar do que os Homens.</P>




Em Aman a duração da unidade de "ano" era a mesma da dos Quendi. Mas por uma razão diferente. Em Aman esta duração era estipulada pelos Valar para suas próprias necessidades e era relacionada ao processo que pode ser chamado de "Envelhecimento de Arda". Pois Aman estava em Arda e portanto no Tempo de Arda (o qual não era eterno, seja ArdaDesfigurada ou não). Portanto Arda e todas as coisas nela precisam envelhecer, embora lentamente, enquanto parte do início para o fim. Este envelhecimento pode ser percebido pelos Valar aproximadamente naquele período de tempo (proporcional à duração total de Arda) ao qual eles chamaram Ano; mas não em menor período[2].


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Mas para os próprios Valar e também para os Maiar em certo grau: eles poderiam viver em qualquer velocidade de pensamento ou movimento que eles escolhessem ou desejassem[3] *.


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* Eles podiam se mover para frente ou para trás em pensamento, e retornar tão rapidamente que para aqueles que estavam em suas presenças eles não pareceriam ter se movido. Tudo que era passado podia ser totalmente percebido; mas existindo agora no Tempo, o futuro eles apenas poderiam perceber ou explorar tanto quanto fora feito claro a eles na Música, ou, tanto quanto cada um deles estava especialmente interessado nesta ou naquela parte dos desígnios de Eru, sendo Seu agente ou Subcriador. Nesta forma de percepção eles não podiam prever nenhum dos atos dos Filhos, Elfos e Homens, em cuja concepção e introdução em Eä nenhum Valar tomou qualquer parte; em relação aos Filhos eles apenas podiam deduzir chances, da mesma forma que os próprios Filhos, embora com muito maior conhecimento dos fatos e dos eventos contribuintes no passado, e com muito mais inteligência e sabedoria. Mas mesmo assim sempre restava alguma incerteza sobre as palavras e feitos dos Elfos e Homens no Termpo ainda não realizado.


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A unidade, ou Ano dos Valar, não era, portanto, relacionado às taxas normais de "crescimento " de nenhuma pessoa ou coisas que ficava em Aman. O tempo em Aman era o tempo real, não apenas um modo de percepção. Assim, digamos, 100 anos se passavam na Terra-média como parte de Arda e também 100 anos se passavam em Aman, como parte de Arda. Foi, contudo, devido ao fato de que a velocidade de "crescimento" dos Elfos estava de acordo com a unidade de tempo Valariana + que tornou possível para os Valar levarem os Elfos a residirem em Aman.


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(+ não pelos desígnios dos Valar, mas sem dúvida não por acaso. Ou seja, pode ser que Eru, ao criar a natureza dos Elfos e Homens e suas relaçoes uns com os outros e com os Valar ordenou que o "crescimento" dos Elfos deveria se dar de acordo com a percepção Valariana da progressão ou envelhecimento de Arda, assim os Elfos seriam capazes de co-habitar com Valar e Maiar. Uma vez que os Filhos apareceram na Música, e também na Visão, os Valar conheciam ou intuiam muito da natureza dos Elfos e Homens antes deles virem a existir. Eles certamente conheciam que os Elfos deveriam ser "imortais" ou de vida muito longa, e os Homens de vida curta. Mas foi provavelmente apenas durante a viagem de Oromë entre os pais dos Quendi que os Valar descobriram precisamente qual era o mode de suas vidas com relação ao passar do Tempo).


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Em um Ano dos Valar os Eldar morando em Aman cresciam e se desenvolviam de maneira muito parecida com os mortais em um ano na Terra-média. Aos registrar os eventos em Aman, portanto, nós podemos fazer como os Elfos e utilizar a unidade Valariana[4], mas não devemos esquecer que dentro de tal "ano" os Eldar experimentavam uma imensa série de delícias e realizações que mesmo o mais hábil dos Homens não poderia alcançar em doze vezes doze anos mortais[5]. De qualquer forma os Eldar "envelheciam" à mesma velocidade em Aman do que em seu surgir na Terra-média.


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Mas os Eldar não eram nativos de Aman, a qual não fora feita, pelos Valar, para eles. Em Aman, antes da chegada deles, moravam apenas os Valar e seus parentes menores, os Maiar. Mas para ser prazer e uso existiam em Aman também uma grande quantidade de criaturas, sem medo, de vários tipos: animais ou criaturas que se moviam, plantas que eram estáticas. Lá, acredita-se, existiam contra-partes de todas as criaturas que existiam ou haviam existido na terra, e outras feitas apenas para Aman. E cada tipo tinha, como na Terra, sua própria natureza e velocidade natural de crescimento.


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Uma vez que Aman foi feita para os Valar, para que pudessem ter paz e prazer, a todas as criaturas que foram transplantadas ou treinadas ou criadas ou trazidas a existir com o propósito de habitar em Aman foi dada uma velocidade de crescimento tal que um ano de vida natural de suas espécies na Terra deveria ser um Ano dos Valar em Aman.


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Para os Eldar esta era uma fonte de prazer. Pois em Aman o mundo parecia a eles como a Terra parecia aos Homens, mas sem a sombra da morteà espreita. E na Terra para ele todas as coisas em comparação a eles mesmos estavam murchando, rapidamente mudando e morrendo, em Aman elas permanceiam e não enganavam tão cedo o amor com suas mortalidades. Na Terra enquanto uma criança élfica simplesmente cresce para tornar-se um adulto, em uns 3000 anos, forestas surgem e somem, e toda a aparência da terra pode mudar, enquanto inumeráveis flores e pássaros poderiam nascer e morrer dia após dia sob o sol.


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E por isso tudo Aman é também chamada o Reino Abençoado, e nisso encontra sua benção: na saúde e na felicidade. Por em Aman nenhuma criatura sofre nenhuma doença ou desordem em suas naturezas; nem existe nenhum decair ou envelhecer além do da própria Arda. Então todas as coisas chegam à sua forma completa e virtualmente permanecem nesse estado, alegremente, envelhecendo e cansando-se da vida não mais rapidamente do que os próprios Valar. E esta benção também foi garantida aos Eldar.


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Na terra os Quendi não sofriam de doenças e a saúde de seus corpos era mantida pela força de seu fëar longevo. Mas seus corpos, sendo da matéria de Arda, não era tão resistente quanto seus espíritos; pois a longevidade dos Quendi era derivada primariamente de seus fëar, cuja natureza ou "destino" era habitar Arda até seu fim. Portanto, após a vitalidade do hröa ter se expandido e alcançado o crescimento pleno ele começava a enfraquecer ou ficar cansado. Muito lentamente, de fato, mas perceptivelmente para todos os Quendi. Por um tempo ele seria fortificado e mantido pelo seu fëa incansável e então sua vitalidade começaria a decair e seu desejo pela vida física e felicidade nela passam cada vez mais rápido. Então um Elfo poderia começar (como eles dizem agora, pois estas coisas não apareceram completamente nos Dias Antigos) a "esvair-se", até que o fëa consumisse o hroa até que permanecesse apenas no amor e na memória do espírito que o habitara.


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Mas em Aman, uma vez que suas bençãos se derramavam sobre o hroar dos Eldar, como sobre todos os corpos, os hroar envelheciam junto com os fear e os Eldar que permaneciam no Reino Abençoado aproveitavam na maturidade plena em em pleno poder de corpo e espírito unidos por eras além de nossa compreensão mortal.


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<P align=center>Aman e os Homens Mortais[6]
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Se é assim em Aman, ou era antes da Mudança do Mundo, e nela os Eldar tinham saúde e felicidade duradouras, o que podemos dizer dos Homens? Nenhum homem jamais colocou os pés em Aman ou pelo menos nenhum retornou após ter posto; pois os Valar proibiram. Por que? Para os Numenorianos eles disseram que assim o fizeram porque Eru proibiu-os de receber Homens no Reino Abençoado; edeclararam também que lá os Homens não seriam abençoados(como imaginavam) mas amaldiçoados e poderiam " se apagar tão rapidamente como uma chama muito brilhante".</P>




Além dessas palavras não podemos ir a não ser em suposições. Mesmo assim vamos considerar o assunto. Os Valar não foram apenas proibidos por Eru de tentar, eles sequer podiam alterar a natureza ou "destino" de Eru, de qualquer um dos Filhos, no qual estava inclusa a velocidade de seu crescimento (relativamente ao total da vida de Arda) eà duração de suas vidas. Mesmo os Eldar permaneceram imutáveis neste aspecto.


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Vamos supor que os Valar também tivessem admitido em Aman alguns dos Atani, e (assim podemos considerar toda a vida de um Homem em tal estado) que crianças "mortais" lá nasceram, assim como os filhos dos Eldar. Então, mesmo em Aman, uma criança mortal deveria crescer para sua maturidade em cerca de vinte anos do Sol, e o período natural de sua vida, o período de coesão de hroa e fea, não seria mais do que, digamos, 100 anos. Não muito mais, mesmo que seu corpo não sofresse de doenças ou desordens em Aman, onde tais males não existiam (a menos que os Homens levassem tais males consigo - por que não? Mesmo os Eldar levaram ao Reino Abençoado alguma coisa da Sombra sobre Arda sob a qual eles surgiram).


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Mas em Aman tal criatura seria uma coisa passageira, a de mais rápida passagem entre todas. Pois toda a sua vida duraria pouco mais do que metade de um ano, e enquanto todas as outras coisas vivas pareceriam a ela dificilmente mudar,permanecendo estáticas em vida e felicidade com esperança não reduzida de anos infindos, ele iria surgir e sumir - assim como na Terra a gramasurge na primavera e murcha no inverno. Então ele se tornaria cheio de inveja, tomando-se como vítima de uma injustiça, não tendo as graças concedidas a todos os outros seres. Ele não daria valor ao que tem,sentindo que está entre a menor e menos valorosa de todas as criaturas, cresceriam rapidamente até se tornarem adultos, e odiariam àqueles mais bem dotados de benções. Ele não poderia escapar do medo e tristeza de sua rápida mortalidade que é seu quinhão sobre a Terra, na Arda Desfigurada, mas seria assediado por eles até a perda de todo o prazer.


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Mas alguém poderia perguntar: porque a benção da longevidade não poderia ser dada a ele, como a é para os Eldar? Isto deve ser respondido. Porque isto traz felicidade aos Eldar, sendo sua natureza diferente da dos Homens. A natureza de um fea Élfico é permanecer no mundo até seu fim, e um hroa Élfico é também longevo por natureza; assim um fea Élfico percebendo que seu hroa permanece com ele, também incansável e permanecendo descansado em felicidade corporal, teria uma felicidade maior e mais duradoura. De fato alguns dos Eldar duvidam que alguma graça ou benção especial foi reservada a eles, além da entrada em Aman. Pois eles afirmam que a falha de seus hroar em permanecerem em incansável vitalidade tanto quanto seus fear - um processo não observado até eras tardias - é devido ao Desfigurar de Arda, e veio com a Sombra e a mancha de Melkor que toca toda a matéria (ou hroa)[7] de Arda, se não toda Eä. Então tudo que aconteceria em Aman é que a fraqueza do hroar Élfico não se desenvolveria à saúde de Aman e à Luz das Árvores.


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Mas vamos supor que a "benção de Aman" também fosse garantida aos Homens*. Então o que? Teria um grande bem sido feito a eles? Seus corpos continuariam a atingir a maturidade rapidamente. Na sétima parte de um ano um homem nasceria e se tornaria adulto, tão rápido quanto um pássaro nasceria e voaria do ninho em Aman. Mas então ele não iria enfraquecer ou envelhecer mas permaneceria vigoroso e em felicidade de uma criatura corpórea. Mas e sobre o fea desse Homem? Sua natureza ou "destino" não poderia ser mudada, nem pela saúde de Aman nem pela vontade do próprio Manwë. Mesmo assim (como os Eldar sustentam) é sua natureza e destino sob a vontade de Eru que ele não permaneça em Arda por muito tempo, mas parta para algum outro lugar, talvez retornando diretamente aEru para outro destino ou propósito que está além do conhecimento ou suposição dos Eldar.


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Muito rapidamente então o fea e hroa de um Homem em Aman não mais estariam unidos em paz, mas se oporiam, para grande dor de ambos. Sendo o hroa pleno de vigor e felicidade da vida oprimiria o fea, uma vez que sua partida traria a morte; e contra a morte ele se revoltaria como se revoltaria uma grande besta cheia de vida contra o caçador ou partiria selvagemente sobre ele. Mas a fea estaria como em uma prisão, tornando-se mais e mais cansada de todos os prazeres do hroa, até desgostar deles, desejando mais e mais ter partido, até que mesmo aqueles assuntos de seu pensamento recebidos através do hroa e seus sentidos se tornassem sem sentido. O Homem então não seria abençoado, mas amaldiçoado; e ele amaldiçoaria os Valar e Aman e todas as coisas de Arda. E ele não deixaria Aman de livre vontade, pois significaria morte rápida, e com violência tentaria permancer. Mas se ele permanecesse em Aman[8], o que ele se tornaria, até que Arda finalmente se completasse e ele encontrasse alívio?
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Ou o fea seria completamente dominado pelo hroa e ele se tornaria mais como uma besta, embora uma atormentada por dentro, ou, se seu fea fosse forte, ele poderia deixar o hroa. Então uma de duas coisas ocorreria: ou isto seria conseguido em ódio, através de violência, e o hroa, em plena vida, seria rendido e morreria em súbita agonia; ou o fea desertaria o hroa rapidamente e sem piedade, que continuaria a viver, um corpo sem mente, nem mesmo uma besta e sim um monstro, um trabalho próprio de Melkor no meio de Aman, que os os próprios Valar iriam destruir.</P>


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(* Ou (como alguns homens sustentam) que seus hroar não eram naturalmente de vida curta, mas assim se tornou através da malícia de Melkor sobre e além da Desfiguração geral de Arda e esta ferida poderia ser curada e desfeita em Aman).



Mas estas coisas não são nada além suposições, e podem-ser; pois Eru e os Valar sob Ele não permitiram aos Homens como eles são [9] que residissem em Aman. Pode ser que os Homens em Aman não pudessem escapar das garras da morte, mas a teria em grau maior e por longas eras. E além disso, parece provavel que a própria morte, tanto em agonia e horror, poderia, com os Homens, adentrar a própria Aman.


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A este ponto Aman, como originalmente escrito continuava com a aspalavras "Alguns Homens defendiam que seus hroar não tinham por natureza, vida curta..." que são o começo da passagem introdutória do Athrabeth.


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Notas de Christopher Tolkien


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[1] O número III e título adicional "O Desfigurar dos Homens" (os outros títulos permaneceram) foi dado à segunda parte, enquanto Aman foi numerada II. Nenhum escrito numerado I foi encontrado.</P>




[2] Será visto que, como consequência da transformação do "mito cosmogônico", uma concepção inteiramente nova do "Ano Valariano" surgiu. A elaborada computação do Tempo no Annals of Aman foi baseada no "ciclo" ou "as Duas Árvores que cessaram de existir em relação ao moviumento diruno do Sol que tinha surgido - surgiu um "novo calendário". Mas o "Anos dos Valar" é agora, como parece, uma "unidade de percepção" da passagem do Tempo de Arda, derivada da capacidade dos Valar perceberem tais intervalos do processo do envelhecer de Arda, do seu começo ao seu fim. Ver nota 5.


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[3] Meu pai escreveu a seguinte passagem ("Eles podiam se mover para frente ou para trás em pensamento...") no corpo do manuscrito a este ponto, mas em uma pequena letra itálica, e eu preservei esta forma no texto impresso; similarmente à passagem que interrompe o texto principal às palavras "unidade de tempo Valariana".


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[4] "Nós podemos... utilizar a unidade Valariana": em outras palavras, presumivelmente, a antiga estrutura de datas na crônica de Aman poderia ser mantida, mas o significado daquelas datas em termos de Terra-média seriam radicalmente diferentes. Ver nota 5.</P>




[5] Existe agora uma vasta discrepância entre os Anos dos Valar e os "anos mortais"; ver também "toda a sua vida duraria pouco mais do que metade de um ano" e "na sétima parte de um ano um homem nasceria e se tornaria adulto". Em notas não dadas neste livro, nas quais meu pai estava calculando tendo como base o Despertar dos Homens, ele expressa que 144 Anos do Sol = 1 Ano dos Valar (em conexão a isto ver Apêndice D dO Senhor dos Anéis: "Parece claro que os Eldar na Terra-média... contavam longos períodos, e apalavra Quenya yen... realmente significava 144 de nossos anos") colocando o evento "após ou à mesma época do saque a Utumno, Ano dos Valar 1100", um gigantesco intervalo de tempo poderia ser visto agora entre o "surgir" dos Homens e sua primeira aparição em Beleriand.


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[6] O subtítulo Aman e Homens Mortais foi uma adição posterior.


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[7] Com este uso da palavra hroa ver "o hroa, a "carne" ou matéria física, de Arda" (texto VIII do Mitos Transformados).</P>


[8] Esta passagem, a partir de "E ele não deixaria Aman de livre vontade..." foi uma adição posterior. Quando o texto foi escrito ele continuava de "todas as coisas de Arda" para "o que ele se tornaria"</P>


[9] As palavras "como eles são" são uma adição posterior, ao mesmo tempo que aquele da nota 6 e 8.</P>
Tradução de Fábio ´Deriel´ Bettega
 
Preview do livro.


Pena que não deram preview no índice. :D:p

Acho curioso a série da Amazon ser lançada e aparecerem materiais inéditos justamente sobre a temática da série. :think: Seja como for, espero que tenha coisas interessantes, do nível dos últimos três HoME. Provavelmente não vai ter nada disso, mas se eu fosse escolher, teria:


(...)​
- Mais sobre passagem do tempo em Valinor e na Terra-Média, incluindo as discrepância entres os vários calendários e efeitos "relativísticos";​
(...)​

Colocaram o índice na Tolkien Gateway. Parece que o livro vai ser bem interessante mesmo...

Como já havia adiantado, estou bem interessado no que diz respeito à diferença de passagem de tempo em Valinor e na Terra-Média, ou à passagem de tempo conforme percebida por valinorianos e pelas demais criaturas. Uma boa parte do assunto já foi adiantada nos Mitos Transformados XI (texto desse tópico, retirado de O Anel de Morgoth). Julgo que é um texto razoavelmente acabado (formalmente e conceitualmente), diferente de outros textos tardios que estão mais para rascunhos e conjecturas... Pois bem, o texto discorre como, de um ponto de vista biológico, o tempo passaria mais devagar para os valinorianos - por exemplo, se um cachorro chega à maturidade em 1-2 anos solares na terra ordinária, outro cachorro levaria, para fazê-lo em Valinor, cerca de 1-2 grossas de anos solares (1 grossa = doze dúzias = 144 = 1 ano valinoriano):

Pois em Aman o mundo parecia a eles como a Terra parecia aos Homens, mas sem a sombra da morte à espreita. E na Terra para ele todas as coisas em comparação a eles mesmos estavam murchando, rapidamente mudando e morrendo, em Aman elas permanceiam e não enganavam tão cedo o amor com suas mortalidades. Na Terra enquanto uma criança élfica simplesmente cresce para tornar-se um adulto, em uns 3000 anos, forestas surgem e somem, e toda a aparência da terra pode mudar, enquanto inumeráveis flores e pássaros poderiam nascer e morrer dia após dia sob o sol.​

Mas isso não significa que, por exemplo, um elfo levasse 4 grossas de anos para realizar o que um humano realizaria em apenas 4 anos... Muito pelo contrário, ele levaria menos do que quatro anos solares, isto é, menos do que uns 10 dias valinorianos.

Em um Ano dos Valar os Eldar morando em Aman cresciam e se desenvolviam de maneira muito parecida com os mortais em um ano na Terra-média. Aos registrar os eventos em Aman, portanto, nós podemos fazer como os Elfos e utilizar a unidade Valariana[4], mas não devemos esquecer que dentro de tal "ano" os Eldar experimentavam uma imensa série de delícias e realizações que mesmo o mais hábil dos Homens não poderia alcançar em doze vezes doze anos mortais[5]. De qualquer forma os Eldar "envelheciam" à mesma velocidade em Aman do que em seu surgir na Terra-média.​

Daí a superioridade élfica em termos de empreendimentos e aprendizados diversos, ainda mais depois de centenas de anos valinorianos de existência... Se humanos levassem 4 anos solares para estudar um dado ofício, os valinorianos levariam menos do que 10 dias valinorianos para fazê-lo... Daí imagine o que eles fariam em 50 anos de Valinor...

Pelo que li rapidamente do que já foi liberado no link do Ilmarinen, Tolkien basicamente elabora esse panorama do Mitos XI mais detalhadamente (mas chega a mudar o fator 144). Ao que parece ele deve se aprofundar ainda mais nas seções seguintes do livro, quiçá amarrando as pontas soltas...

Segue abaixo uma planilha que cheguei a rascunhar um tempo atrás, que procura relacionar os anos valinorianos com os anos solares (e também com o calendário cristão, usando como referência essa carta). Tentei anexar a planilha, mas o fórum não permite extensão do excel...

V Yold S Ynew S Ymil A.D.Event
-35000-226After many ages completing labours in the halls of Eä, including Varda's crafting of the stars, the Valar descended into Arda at the time of its origin.
00-226Yavanna makes the Trees of the Valar.
Pre-1000Pre-9582Melkor sleeps in Utumno. Oromë hunts throughout Middle-earth. Melkor raises the Hithaeglir to hinder his efforts.
????????About some time before the waking of the Elves, Aulë creates the 7 Fathers of the Dwarves and their 6 spouses. Ilúvatar adopts them and they are put to sleep.
10009582144.000-82The Valar hold council, for Yavanna and Oromë report that Melkor might rise once more in power. They discuss the Children of Ilúvatar. Varda begins to fashion new stars, and organize them and those already wrought into constellations, over the next fifty years.
105010,061151.200-75Varda forms the Valacirca. The first 144 Elves (Minyar, Tatyar and Nelyar) awake in Cuiviénen. Melian travels to Beleriand after ascending Taniquetil to see the stars.
????????Spies of Melkor discover the Elves and afflict them. Possibly Orcs first created.
108510,396156.240-70Oromë discovers the Elves, and calls them Eldar. The Eldar are afraid of Oromë, and blame him for Melkor's work.
108610,406156.384-70Oromë returns to Valinor, and witnesses to his peers about the Children of Ilúvatar. Oromë returns to the Elves while the Valar consider his message.
109010,444156.960-70Valar make war on Melkor in the War for Sake of the Elves. The earth is shaken. The shores of Beleriand are formed and bays are created on the North. Over the next two years Melkor is defeated, and retreats into Utumno.
109210,531157.248-69The Siege of Utumno begins. North is desolated and the Sea widened.
109910,53158.256-68The Siege of Utumno ends, as the Valar storm the final defenses. Balrogs attack and Manwë slays them. Tulkas captures Melkor, binding him with Angainor. Sauron evades capture.
110010,54158.400-68Morgoth is brought back to Valinor, judged and cast into Mandos.
110110,55158.544-68Valar make council about the protection of Eruhíni and decide to bring them to Valinor. Oromë Invites the Elves.
110210,559158.688-68Elves are unwilling so Oromë invites the three Elven ambassadors, Ingwë, Finwë and Elwë to come to Valinor.
110410,579158.976-67Ambassadors return to Cuiviénen and invite the Elves to return with them to Valinor
110510,588159.120-67First Sundering of the Elves at Cuiviénen. Vanyar under Ingwë, Noldor under Finwë and Teleri under Elwë and Olwë. Avari, under Morwë and Nurwë, stay in Cuiviénen.
The Eldar depart, pass Sea of Helcar and turn west. Some are terrified by the smokes of war and go back.
111510,684160.560-66Second Sundering of the Elves: The host pass Greenwood the Great and come to the River Anduin. Some Lindar wish to stay there. Terrified by the Hithaeglir, a part of them go south led by Lenwë.
112510,78162.000-64Vanyar and Noldor enter Beleriand; the foremost of them pass Sirion and reach the shores. Oromë goes to Aman for counsel.
112810,808162.432-64The unwilling Teleri also come to Beleriand and dwell east of Gelion. Elwë keeps friendship with Finwë and Noldor on the west.
113010,828162.720-64Elwë returning from a meeting with Finwë meets Melian in Nan Elmoth and falls into a trance.
113210,847163.008-63Ulmo brings an island to the Bay of Balar. The Vanyar and Noldor forget their fear for the Sea and embark upon it while the Teleri look for Elwë.
When departing, the island breaks and leaves the Isle of Balar behind.
After learning of their embark, some Teleri led by Olwë, reach the shores and meet Ossë and Uinen.
113310,856163.152-63Vanyar and Noldor enter Valinor and build Eldamar. The Valar open the rift Calacirya in Pelóri so that the Light of Valinor reaches Eldamar. The Elves begin the building of Tirion on the hill Túna inside Calacirya.
114010,923164.160-62Vanyar and Noldor found Tirion and Mindon Eldaliéva. Some Vanyar yearn for the Trees and go closer to Valinor.
114210,943164.448-62White Tree given to Noldor by Yavanna
114911,01165.456-61Finwë prays to Ulmo to bring the Teleri. However Ossë is grieved and persuades some to stay with him. Círdan with some establish the havens of Brithombar and Eglarest. Ossë teaches them shipcraft
115011,019165.600-61Olwë and the most part of the Teleri leave Beleriand. The rest of the Teleri are still looking for Elwë and are named Eglath
115111,029165.744-61Tol Eressëa with the Teleri stops moving outside the Bay of Eldamar. They are afterwards named Falmari who choose to remain on Tol Eressëa
115211,038165.888-61Elwë awakens from the trance and becomes King of Elves in Beleriand; his hair is now silver
116111,125167.184-59The Falmari after the teachings of Ossë build ships. They leave Tol Eressëa and come to Valinor.
116211,134167.328-59Teleri found Alqualondë with the help of Finwë
116511,163167.760-59All the Vanyar depart from Tirion to Taniquetil and Noldor stay with the Falmari.
116911,201168.336-58Fëanor born son of Finwë and Míriel. The Noldor are taught by Aulë labouring and love the jewels. Rúmil of Tirion makes the Sarati and possibly writes the Ainulindalë.
117011,211168.480-58Death of Míriel Serindë
117211,23168.768-58Doom of Manwë
118511,355170.640-56Finwë weds Indis
119011,403171.360-55Fingolfin born
120011,498172.800-54Second Age of Chaining of Melkor: Lúthien born in Neldoreth
123011,786177.120-49Finarfin born
125011,978180.000-46Fëanor creates the Tengwar
0Dwarves enter Beleriand and meet the Sindar.
128012,265184.320-42Finarfin weds Eärwen
130012,457187.200-39Third Age of Chaining of Melkor: Turgon born, Finrod born.
Dwarves of Belegost and Elves begin the building of Menegroth in Doriath. The Dwarves are paid with knowledge from Melian and with many pearls, including Nimphelos. Daeron creates the Certhas Daeron
133012,744191.520-35Orcs first seen in Beleriand; Dwarves make weapons for the Sindar.
135012,936194.400-32Denethor leads some of the Nandor into Beleriand and befriends Thingol. They settle in Ossiriand. Daeron betters the Cirth, which are adopted by the Dwarves and made known east of the Blue Mountains.
136213,051196.128-30Galadriel born, Aredhel born
140013,415201.600-25Morgoth released from bondage
141013,511203.040-23Morgoth befriends the Noldor
144913,884208.656-18Fëanor having invented the substance Silima begins constructing the Silmarils
145013,894208.800-18Fëanor completes the Silmarils; he puts the Light of the Trees in them and Varda hallows them.
For the next 20 years Melkor begins spreading strife and talking about weapons.
149014,277214.560-12The Valar summon Fëanor who threatens Fingolfin with his sword. They exile him to Formenos and Finwë follows.
149214,296214.848-12Melkor visits Fëanor but he repels him. Finwë then warns the Valar and begins to pursue Melkor. Melkor hides and meets Ungoliant in Avathar.
149514,325215.280-11Fëanor is commanded by Manwë to Taniquetil where he and Fingolfin reconcile. Ungoliant destroys the Two Trees, Morgoth kills Finwë in Formenos and steals the Silmarils. They flee to Beleriand where they debate. Balrogs arrive and drive Ungoliant away. Morgoth stays in Angband and raises the Thangorodrim.
Fëanor begins the rebellion and goes to Alqualondë where he fights with the Falmari and steals their swanships. The Flight of the Noldor begins.
149614,335215.424-11Mandos (or his messenger) appears before the Noldor and speaks the Doom of Mandos. Finarfin with some repent and return to Valinor where he is accepted. Finrod his son becomes the leader of his house and follows Fëanor
149714,344215.568-11First Battle of Beleriand. Death of Denethor, besiegement of the Havens of the Falas. Thingol withdraws his people and the Girdle of Melian is set around Doriath. The Laiquendi from now on remain hidden and take no other king.
The Noldor arrive at Helcaraxë, but Fëanor and his people betray Fingolfin and sail to Beleriand. Burning of the ships at Losgar, where Amrod is killed. Dagor-nuin-Giliath ("Battle-under-Stars"). Fëanor is mortally wounded by Gothmog and is rescued by his sons before dying in sight of the Thangorodrim. Maedhros meets with Morgoth under a false truce, his forces are too few and he is captured.
149814,354215.712-11Maedhros is chained to the Thangorodrim. The Noldor do not depart as demanded by Morgoth and instead make a great camp at Mithrim.
150014,373216.000-10Creation of Moon and Sun. The host of the Noldor finishes crossing the Helcaraxë and enters Beleriand under Fingolfin. Battle of the Lammoth and death of Argon. The Moon rises and after seven times, the Sun follows.
1504216.590-10Morgoth thrust from Arda. Host of Valinor departs Middle-earth
1523219.319-7Downfall of Númenor, Deaths of Ar-Pharazôn and Míriel
1524219.441-7Deaths of Ereinion Gil-galad and Elendil, defeat of Sauron
1525219.550-7Elrond and Celebrían wed.
1525219.571-7Birth of Elladan and Elrohir, twin sons of Elrond and Celebrían.
1526219.682-7Birth of Arwen Undómiel, daughter of Elrond and Celebrían.
1545222.421-4Aragorn and Arwen betrothed
1545222.460-4Deaths of Gollum, Boromir, Denethor II, Dáin II, Brand, Lotho Sackville-Baggins, Saruman, Théoden, Nazgûl destroyed, One Ring destroyed, End of Sauron, Bard II becomes King of Dale, Thorin III Stonehelm becomes King of Erebor, Aragorn takes the name Elessar, Aragorn takes the Sceptre of the Reunited Kingdom, Mirkwood renamed Eryn Lasgalen, East Lórien founded
1545222.462-4Elrond, Galadriel, Gandalf, Bilbo and Frodo pass over the Sea
1546222.582-4King Elessar dies. It is said that the beds of Meriadoc and Peregrin were set beside the bed of the great king. Eldarion becomes King of Gondor and Arnor.[4]
1546222.582-4Legolas builds a grey ship in Ithilien, and with Gimli sails down Anduin and so over Sea. End in Middle-earth of the Fellowship of the Ring.[4]
1546222.583-4Death of Arwen Undómiel in Lórien.
1546222.633-4A copy of the Red Book of Westmarch is completed in Gondor by Findegil, the King's Writer.

O panorama de Mitos XI parece explicar muitos elementos do legendário. Por exemplo, Arwen fica noiva com 19 anos valinorianos. Elrond se casa também com cerca de 20 anos. As segunda e terceira eras teriam durado cerca de 20 anos valinorianos cada uma, o que faz sentido se pensarmos sobre os reis Oropher, Thranduil e Legolas - de fato, as três eras solares somadas teriam durado apenas por umas poucas gerações élficas, o que condiz com o que vemos nos livros. A primeira era (do Sol) teria durado cerca de 4 anos valinorianos, algo da ordem da duração (para a psiquê dos noldor) das guerras mundiais ou da guerra de Tróia - nesse sentido, a "demora" dos Valar em intervirem não parece exagerada.

Também por aí podemos entender a longevidade de animais valinorianos (como Nahar, Gwaihir, Huan), que seriam virtualmente imortais. De fato:

Mas os Eldar não eram nativos de Aman, a qual não fora feita, pelos Valar, para eles. Em Aman, antes da chegada deles, moravam apenas os Valar e seus parentes menores, os Maiar. Mas para ser prazer e uso existiam em Aman também uma grande quantidade de criaturas, sem medo, de vários tipos: animais ou criaturas que se moviam, plantas que eram estáticas. Lá, acredita-se, existiam contra-partes de todas as criaturas que existiam ou haviam existido na terra, e outras feitas apenas para Aman. E cada tipo tinha, como na Terra, sua própria natureza e velocidade natural de crescimento.​
Uma vez que Aman foi feita para os Valar, para que pudessem ter paz e prazer, a todas as criaturas que foram transplantadas ou treinadas ou criadas ou trazidas a existir com o propósito de habitar em Aman foi dada uma velocidade de crescimento tal que um ano de vida natural de suas espécies na Terra deveria ser um Ano dos Valar em Aman.​
(...)​
(...) em Aman nenhuma criatura sofre nenhuma doença ou desordem em suas naturezas; nem existe nenhum decair ou envelhecer além do da própria Arda. Então todas as coisas chegam à sua forma completa e virtualmente permanecem nesse estado, alegremente, envelhecendo e cansando-se da vida não mais rapidamente do que os próprios Valar. E esta benção também foi garantida aos Eldar.​

Outro ponto é que entre o despertar dos elfos e a derrubada de Utumno se passariam cerca de sete milhares de anos solares, tempo suficiente para - conforme discorrido em Mitos X - os humanos despertarem, serem sequestrados e deturpados em orcs ou proto-orcs (via seleção artificial, mas talvez também via magia e hibridismo). O novo fator de A Natureza da Terra-Média aumentaria esse intervalo de tempo ainda mais...

Mas há inconsistências, como os nascimentos de Maeglin, Finduilas e (talvez) Voronwë: não deveríamos ver elfos nascidos e crescidos durante a primeira era (do Sol). Seria bem bizarro para Aredhel ter um filho crescido em menos do que 4 anos valinorianos.... Talvez poderíamos falar que Maeglin fosse um "mestiço", por ser filho do avar Eöl - seria quase como se Aredhel tivesse parido um humano. Porém, há também a questão da sua gestação, que teria que durar (no panorama do Mitos XI) cerca de uma centena de anos solares. A cronologia não parece bater, a não ser que o próprio ato carnal com Eöl alterasse Aredhel em um nível biológico e acelerasse brutalmente sua gestação, o que eu acho meio bizarro... Algo semelhante ocorreria com Tuor e Idril, aliás.

Uma outra opção é que os elfos de Valinor meramente sofressem "queda" ao voltarem para a Terra-Média, como se na própria Terra-Média o tempo passasse diferentemente por causa da corrupção do mundo, e os elfos noldor fossem "contaminados" assim que abandonassem Aman, ou meramente passassem a viver o tempo nesse referencial terreno (mas sem deixar de perceber o referencial "absoluto", daí o pesar pela rápida passagem do tempo nas terras mortais). De fato, Tolkien chegou a comparar o exílio dos noldor com uma queda do paraíso. Mas aí temos uma contradição com os "sucessos" do panorama do Mitos XI em explicar Arwen, Elrond e Legolas, por exemplo. Pois se assim for, no final esse panorama só serviria para apontar peculiaridades na passagem do tempo em Valinor e no comecinho dos tempos (Cuivienen e Grande Marcha), o que ajudaria nas discussões sobre o Mitos X (homens e orcs) e sobre animais 'imortais'... mas de resto, não deveria haver grandes anomalias ou novidades com respeito ao tempo e sua percepção.

Essas dificuldades me fizeram ficar inconclusivo sobre o assunto e deixar a planilha de lado... Mas agora fico no aguardo, o novo livro promete discorrer sobre essas questões, e talvez surjam soluções mais interessantes:

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Última edição:
Faz sentido o TG chamar de volume 14 do HoME (eles chamam o CI de volume 13).

Considerando que se Tolkien tivesse sobrevivido por tempo suficientemente longo para publicar pessoalmente o Silmarillion e o Conto Inacabados, ainda assim ele retornaria a esses livros durante o processo rotineiro dele de refinamento até que houvesse coerência com o conteúdo de construção da obra. E provavelmente emitiria comunicados com que o valeria e o que não valeria a partir daquela data igual ao que ocorria nas respostas das cartas.

Particularmente, acho que uma opção disponível para ele pensar no assunto seria usar os precedentes de casos aonde houve pontas soltas com estranhezas do tempo. Os efeitos práticos da passagem cronológica são heterogêneos em várias partes dentro dos círculos do mundo, em especial quando da presença de um fator importante, por exemplo o Um Anel que poderia desgastar ou preservar a depender da vontade do usuário. Ou também do anel de Galadriel que possuía efeitos que desafiavam o tempo exterior ao apresentar uma terra eternamente jovem e vigorosa com o frescor imaculado de um mundo que não existia mais (quando havia mais magia nas coisas). Essa mesma impressão é relatada pela comitiva do anel em Valfenda aonde o tempo parecia passar de forma estranha.

Curiosamente, nos livros se comenta que os imortais em Aman eram responsáveis por fazer daquelas terras imortais iguais a eles e a este respeito caberia detalhar o alcance de semelhante condição.

Apesar de que não descarto que ele pudesse querer escolher outra das "portas de possibilidades do cânon" que seriam as coisas novas não previstas pelos Valar e únicas no mundo como a gravidez de Melian, etc...

Ainda, eu mesmo não estranharia se dissessem que os próprios elfos deformam um pouco o mundo em volta deles para um comportamento que tende a cumprir o destino deles mais do que apenas seguir certas limitações no processo de mudança dos objetos inanimados dentro do mundo.

Se Tolkien escolheria o destino ou se ele alteraria certas coisas é definitivamente matéria de especulação.
 
Essas dificuldades me fizeram ficar inconclusivo sobre o assunto e deixar a planilha de lado... Mas agora fico no aguardo, o novo livro promete discorrer sobre essas questões, e talvez surjam soluções mais interessantes:

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Li os capítulos X e XI... Bem insatisfatórios: Tolkien, desejoso de melhor elaborar o panorama do Mitos Transformados XI e conciliá-lo com o legendário, acaba complexificando demais as coisas e criando mais dificuldades do que soluções... Tolkien chega a criar diferentes ritmos de (psicologicamente e biologicamente) vivenciar o tempo, a depender tanto da época da vida do sujeito, quanto do local geográfico, com gradações para meio-elfos, etc. É claro, para chegar a uma conclusão mais segura, eu precisaria ler o livro todo e pensar com mais calma... mas não consigo evitar a impressão de que essas notas aí são do naipe de Celeborn falmar, Orodreth/Arothir,[1][2] cosmogonias realistas, etc. Quer dizer, são conjecturas mal-resolvidas e pouquíssimo integradas ao legendário como um todo, o que o fandom consideraria como "não-canônicas".

Se eu fosse resolver o imbróglio, o faria sem perder de vista dois fatos razoavelmente "canônicos":

(1) Elfos e homens pertencem a uma mesma espécie, que chamamos, hoje, de Homo Sapiens.

(2) A diferença entre elfos e homens diz respeito mais à "morte espiritual" do que à morte física: como vemos nos textos relacionados à Andreth,[3] a psiquê humana é projetada para se cansar do mundo e se retirar dele, enquanto os elfos perduram no mundo. Mas nenhum dos dois povos foram projetados para adoecer e morrer fisicamente: estes seriam processos frutos de certa mácula presente no mundo.

Nesse sentido, a taxa 1:144 deveria ser meramente a taxa da psiquê dos imortais: se é razoável pensar que um homem pudesse tirar um ano sabático, um elfo poderia tirar ~144 anos sabáticos. Se um homem decide se tornar pai aos 25 anos, um elfo poderia fazê-lo aos ~144*25 anos.... E por aí vai. Quer dizer, uma coisa seria a taxa biológica, outra coisa seria a taxa psicossociocultural. Com esse espírito, Tolkien, em A Natureza da Terra-Média, aponta que alguns elfos parecem solteiros, mas pode ser que suas esposas estivessem meramente "afastadas"... porém, um afastamento breve em termos élficos seria, para humanos, um tempo longuíssimo. Aliás, se a humanidade repentinamente virasse imortal agora, decerto as pessoas não se casariam (em média) com cerca de 25 anos, demorariam muito mais. Também a juventude - período da vida dedicado a estudos, diversões, empreendimentos autocentrados diversos - duraria mais.

Isso também fica evidente no caso dos numenorianos: eles têm uma vida muito longa, mas não têm uma gestação mais longa, uma infância (significativamente) mais longa, e nem chegam à maturidade física (significativamente) mais tarde. Porém, se casam mais tarde. Portanto, não faria sentido, dado (1), uma gestação élfica de 900 meses em Beleriand, conforme Tolkien conjectura no capítulo X de A Natureza. Isso criaria uma dificuldade especialmente no caso de Dior: como ele assumiria a coroa de Doriath, se, em padrões élficos, ele deveria estar na barriga da mãe? Seria como se em Gondor um adulto de 9 meses virasse rei: não teria moral nenhuma, por mais que fosse adulto... E no caso dos meio-elfos, as gestações e infâncias ficariam no meio termo? Ou talvez a gestação seguiria o ritmo da raça da mãe, por ela ser a gestante? Enfim, bem bizarro... Sem falar da própria dificuldade de elfos nascidos durante o exílio dos noldor...

Nesse sentido, muito mais simples e coerente com (1) e (2) seria estabelecer que não haja diferenças biológicas entre elfos e homens - a velhice seria encarada, nesse ponto de vista, como um "acidente" da história biológica, algo não essencial à biologia. Mas da imortalidade surgiriam diferenças psicossocioculturais. Disso, torna-se plausível que elfos nasçam e cresçam em Beleriand (como Maeglin), mas ainda assim não se multipliquem rapidamente (daí o número baixo de elfos nascidos no exílio, como também o número baixo de gerações élficas no decorrer das três eras).

Resta concilicar (1) e (2) com o que eu chamaria de (3) panorama do Mitos XI, que é a passagem "lenta" do tempo em Valinor, como também no começo da história (de elfos e homens). Como disse, o texto é razoavelmente acabado (formalmente e conceitualmente), e ajuda a clarificar muitas questões sobre o legendário (orcs, animais imortais, banimento dos noldor, proibição dos homens em morar em Aman, noldor exilados e sindar residirem apenas em Tol Eressëa, etc.)... Dessa forma, é uma conciliação que valeria muito a pena. Mas para isso teríamos que ir mais longe nas elucubrações...

Poderíamos considerar que, em Aman, o tempo seja percebido como mais lento porque, lá, todas criaturas e objetos estão mais preservadas do decaimento, para se ajustar melhor à psiquê élfica: assim, por exemplo, um cão está na flor da idade por milhares de anos, enquanto um homem, se colocado fosse em Aman, morreria em algumas dezenas de anos. Repare, aliás, que esse fenômeno é encarado (em Mitos XI) como uma benção que também incidia sobre os próprios elfos. Tolkien até considera a hipótese, no texto, de essa benção ser estendida também aos homens, para concluir que mesmo nesse cenário os homens seriam infelizes, por uma incompatibilidade entre o hröa (tornado) imortal e o espírito "mortal" (que tende ao além-mundo). Essa "lentidão" própria das terras imortais poderia incidir também em certos processos biológicos élficos relacionados ao decaimento, como o cansaço e o sono: talvez um elfo, em Aman, pudesse ficar 8*144 horas dedicado a um ofício, enquanto homens, na mesma situação, ficariam apenas 8 horas. Mas não faria sentido uma gestação de 900 meses, ou mesmo um "recém-nascido" de 10 anos, afinal o crescimento biológico é um empreendimento construtivo, seria como um elfo demorar 144 anos para construir uma casa....

E no começo dos tempos? Ora, no legendário, Arda já está maculada por Melkor desde o inicio. Por que os elfos, portanto, deveriam, no começo dos seus tempos, terem uma taxa de crescimento similar a de Aman, mas logo depois, quando abandonaram a Marcha, terem seu envelhecimento acelerado? Elucubrando ainda mais...

Talvez Cuiviénen e Hildórien fossem locais especialmente poupados da mácula de Melkor, até porque foram o "útero" dos corpos dos próprios elfos e homens. Os elfos eram acompanhados por Oromë e pelos maiar em sua Marcha, talvez a mera presença dessas criaturas angélicas funcionassem como uma versão humanoide das Duas Árvores (algo desse tipo é descrito, em O Silmarillion, com respeito a Thingol e Melian)... mais ou menos como um (a) "farol angélico", capaz de afastar a mácula. Daí, conforme os elfos abandonassem a Marcha, estariam sujeitos ao elemento Melkor. Já os homens ficaram sujeitos ao elemento quando abandonaram Deus e cometeram o Pecado Original, conforme é discutido no conto de Adanel. Quer dizer, a benção dos valar seria meramente a preservação contra o efeito do elemento Melkor.

Ao invés de os maiar servirem como "farol angélico", outra opção é (b) considerar, conforme é crido no catolicismo, que, com o pecado dos homens, o próprio mundo tenha decaído - ou melhor, a mácula angélica pré-existente foi permitida agir não só sobre homens, mas sobre o mundo a sua volta (animais, elfos, etc.). Se, no próprio legendário, é através dos homens que os elfos e Arda obterão a salvação,[3] faria sentido teológico que, em primeiro lugar, a queda dos homens também tivesse se estendido aos elfos e ao próprio mundo natural. E isso se encaixa com o cenário em que os homens despertam durante a Era das Árvores... Assim, Tolkien perdeu a oportunidade de conciliar ainda mais a Queda católica com a queda dentro de seu legendário: como o Deus católico permite que os demônios ajam na realidade natural após a queda dos homens, e o próprio mundo natural fica decaído (doenças, tragédias naturais, etc.), Eru poderia permitir, com o Pecado Original, que a corrupção de Melkor se faça sentir não só sobre homens, mas também sobre o mundo natural, incluindo os elfos. Antes disso, todos viveriam uma situação mais ou menos edênica mesmo na Terra-Média. Aman teria sido poupada dessa queda, e os noldor teriam uma queda particular e mais tardia.

Além das hipóteses aventadas, talvez (c) aqueles que abandonaram a Marcha sofressem uma espécie de "maldição" ou "queda"... mas isso parece implicar numa punição desproporcional. De fato, personagens como Círdan e Thingol não parecem cometer "pecado" ao abandonar a Marcha. E inclusive Tolkien chega, em algumas ocasiões, a reabilitar moralmente os avari e considerar como um equívoco a convocação aos elfos por parte dos valar.[4] Por que deveria ser um pecado, então, o ato de recusar a Marcha? Mesmo em A Natureza, ele aponta a perspectiva interessante de que Finwë, Ingwë, etc. seriam de gerações mais tardias dos elfos, porque as gerações mais velhas seriam menos "aventureiras". Quer dizer, a escolha em se tornar o que chamamos de avar parece envolver não só questões morais, mas também questões outras, como geracionais. Dessa forma, colocaria como mais plausíveis (a) e (b).
 
Última edição:
Li os capítulos X e XI... Bem insatisfatórios: Tolkien, desejoso de melhor elaborar o panorama do Mitos Transformados XI e conciliá-lo com o legendário, acaba complexificando demais as coisas e criando mais dificuldades do que soluções... Tolkien chega a criar diferentes ritmos de (psicologicamente e biologicamente) vivenciar o tempo, a depender tanto da época da vida do sujeito, quanto do local geográfico, com gradações para meio-elfos, etc. É claro, para chegar a uma conclusão mais segura, eu precisaria ler o livro todo e pensar com mais calma... mas não consigo evitar a impressão de que essas notas aí são do naipe de Celeborn falmar, Orodreth/Arothir,[1][2] cosmogonias realistas, etc. Quer dizer, são conjecturas mal-resolvidas e pouquíssimo integradas ao legendário como um todo, o que o fandom consideraria como "não-canônicas".


Meio que reflete os mesmos problemas comentados pelo Haran acima:

 
Última edição:
weezrit

· 3 dias

Hi Carl,
Brilliant book, so much more depth has been given to our favorite world.
Possibly a controversial question - but one I love asking.
If you had to remove/change one bit of lore from Tolkien's writings, what would you choose?

18





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nível 2
cfhostetter

OP · 2 dias

The closest thing to an answer I can think of is what I suggest in my introduction to part two: keep the world flat and sunless at the start, and then at the Change of the World with the Downfall of Númenor, have Ilúvatar make it appear that the world had always been round, the Sun and Moon be astronomical bodies that have always been coeval with the Earth, etc. etc. Tolkien could have then kept one of the most beautiful distinctives of his mythology, and still achieved scientific verisimilitude.

Eu me lembro bem do susto que tomei no dia em que eu vi que Tolkien NÃO havia usado essa solução, perfeitamente lógica e fácil, pra resolver o problema da cosmologia do Sol e da Lua em Arda que também ocorreu ao Carl Hostetter.

É por essas e outras que a noção de refutar a possibilidade de voo e asas nos balrogs com o argumento de que isso era desnecessário e criaria problemas e indagações contraprodutivas não me convence no caso específico do JRRT pq, pelo visto nos problemas discutidos acima, o Tolkien NÃO optava, sempre ou mesmo frequentemente, pela resolução mais fácil e linear pra equacionar essa espécie de complicação narrativa ou subcriativa. Pro bem e e pro mal.
 
Última edição:
Mas é meio implícito que algo desse tipo ocorra, não? Se com a queda de Númenor o mundo fica redondo e Manwë abdica do seu reinado supremo sobre Arda, faz sentido que a partir daí o mundo pareça mais "mundano", mais parecido com o mundo como é cientificamente entendido, sem presenças divinas evidentes...

So the new significance of the [elfos como] "People of the Stars" (...)

(...)

And then there's the symbolism of Men awakening to coincide with the first rising of the Sun, meaning that the Sun becomes a sign of the waning of the Elves and the passing of the Elder Days.

Não tinha me dado conta da perda desse simbolismo que ocorre na medida em que Tolkien coloca o despertar dos homens na Era das Árvores.. O cenário de homens vivendo milhares de anos sem a luz do Sol funciona com os elfos, mas soa bem estranha se aplicada aos homens, sem falar que tira a particularidade dos elfos como o "povo das estrelas". Por outro lado, é implausível que os homens tivessem poucas centenas de anos de existência quando aparecem em Beleriand....

Talvez Tolkien pudesse ter colocado a criação do Sol e da Lua como ocorrendo após a Marcha, após os valar reconhecerem que deixaram a Terra-Média um tanto quanto "largada", e que não poderia ser mais assim, ainda mais com os elfos que abandonaram a Marcha (nesse contexto, quem faria o papel de corromper os homens seria Sauron, e não Melkor)... Quem sabe até por orientação do próprio Eru, após repreender Manwë por certo desleixo em relação à Terra-Média (crítica que existe em outros textos).....

Até porque, convenhamos, na cronologia de O Silmarillion, parece que os valar criaram o Sol mais para os próprios habitantes de Aman uma vez que perderam as Duas Árvores: que luz tenha chegado à Terra-Média, do jeito que as coisas se desenrolaram, parece ter sido um efeito secundário....

Outra opção que Tolkien poderia ter explorado é algo na linha de um conto do Book of the Last Tales, em que o elfo escuro Nuin encontra o lugar (análogo a Hildórien) onde homens adormeciam, e acordou alguns deles antes da hora prevista... Daí faria sentido uma raça de homens que só viveram na escuridão, e que teria antecedido os homens conforme o conhecemos...
 
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