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A Direita não é a Tradição

  • Criador do tópico Paganus
  • Data de Criação
P

Paganus

Visitante
Revisão por Juliane Fernandes

Atualmente, há uma certa movimentação de diversos grupos religiosos em torno de um suposto “ideal comum” que, no caso, é o combate ao que tais grupos chamam de diversos nomes, como “Revolução Cultural”, “Marxismo” ou mesmo “Secularismo”. Entretanto, aquele que tem consciência dos aspectos fundamentais da Sociedade Tradicional como também de sua própria Tradição, deve ter em mente que tais grupos são tão degenerados quanto aquilo que combatem.


De fato, sabemos que o Lobby feito por grupos de pressão são perniciosos e buscam exterminar não somente a influência das Tradições, como também fazer escárnio das religiões e dos valores tradicionais.Isso posto, precisamos antes tomar ciência que, quando tais grupos atacam, por exemplo, os resquícios dos valores tradicionais no Ocidente, se tais ataques são dirigidos a uma Tradição viva ou apenas uma disputa de hienas por carniça. Sabemos do processo de degeneração que ocorre no Ocidente há séculos, quando não só a Tradição perdeu seu papel como centro da civilização, mas também a própria Tradição perdeu todo seu sentido interno, seu aspecto interior e oculto que era o regulador do exterior, que era o sustento da manifestação externa da Tradição e que possibilitava sua forma organizadora da civilização a sua volta.Quando vemos grupos secularistas e liberais varrendo os resquícios da civilização tradicional na Holanda, não devemos tomar tal ação como um choque, mas sim como uma mera consequência da degeneração iniciada naquele local pelo protestantismo. Quando vemos o que ocorre nos E.U.A, não devemos nos chocar, mas sim olhar como algo natural, pois a própria nação americana foi fundada em ideais degenerados econtra-iniciáticos, por homens que não possuíam qualquer qualificação iniciáticapara formar uma “civilização”, como pretenderam.

O homem tradicional jamais poderá colaborar com o sustento da ordem das coisas nos E.U.A, até mesmo com alguns de seus elementos tradicionais, pois estará colaborando com a exibição de um natimorto insepulto. A civilização americana, com sua mistura de moralismos sem qualquer fim interior, mas sim como fins absolutos, sua religiosidade misturada ao humanismo, seu puritanismo, hoje antagonizado pela mais absoluta libertinagem - tudo isso não passa de um processo inevitável. Imaginar que, por exemplo, ao se colaborar com grupos pró-vida ou pró-família, se está colaborando com algum fim tradicional, ou mesmo com as Igrejas Tradicionais, não passa de uma tentativa frustrada em mascarar o cheiro do cadáver com um simples aromatizador de ambientes. O cadáver continuará seu processo de putrefação.

Não por acaso, movimentos ecumenistas(que na verdade não passam de movimentos financiados por figuras obscuras ligadas à contra-iniciação) muitas vezes fundamentam a defesa de tais “valores comuns” entre as religiões como seus principais objetivos. Entretanto, é curioso notar que os principais defensores do ecumenismo no Oriente, como o ditador Venizelos e o Patriarca de ConstantinoplaMelécio, responsáveis pelo golpe que alterou de forma acanônica o calendário da Igreja Ortodoxa Grega, para adotar um calendário em comum com as outras Igrejas do Ocidente, eram profundos admiradores da Igreja Anglicana. Um dos principais objetivos de Venizelos era alterar os ofícios litúrgicos da Igreja Ortodoxa Grega para uma forma semelhante aos ritos anglicanos, além do próprio Patriarca Melécio ter proibido os longos ofícios de vésperas nas paróquias da Grécia, para não causar “escândalo” entre os ocidentais, o que obviamente não foi obedecido pelos fiéis[1]. Ambos conseguiram atenção e apoio da sociedade grega com o sonho de uma “Grande Grécia”, com promessas de recuperação da Trácia, Anatólia e Constantinopla, sonhavam com a construção de uma nova Grécia, com seus antigos territórios – mas não com seu antigo modo de vida, não com a Grécia semelhante à Grécia da Tradição, mas sim uma Grécia semelhante aos E.U.A. e outras potências ocidentais. Portanto, a tal “união” dos cristãos, tanto contra secularistas como contra as outras religiões, não passa de um perigoso golpe ao Cristianismo Tradicional, já que, para ser possível, é preciso que toda a Tradição do Cristianismo seja jogada fora ou relevada, através dos chavões e bordões que pregam exclusivamente a pessoa de Cristo, sem a necessidade de uma Igreja enquanto corpo místico e de uma doutrina cristã que vai além dos valores morais e dogmas de fé, ignorando os aspectos ocultos do Cristianismo, justamente aqueles que ligam o Cristianismo à Tradição.

No mundo católico, o mesmo pode ser dito sobre aqueles que defendem a união dos “cristãos” contra valores anti-católicos como o aborto, abusos dos movimentos GLS e outros, mas que se esqueceram que, quando participam do sustento ou da volta de uma sociedade de valores contrários à Tradição, estão contrariando diversas Encíclicas e ensinamentos Papais, todos contrários à noção de uma sociedade que não busca como fim a salvação das almas através da Igreja Católica.

Em relação ao Islam, vemos que, felizmente, muçulmanos não foram e não são facilmente enganados como os cristãos – um muçulmano mesmo com pouca formação sabe que é seu dever buscar a instituição da Sharia. Embora alguns poucos muçulmanos nos EUA defendam os valores americanos, tais figuras são tão poucas que podemos muito bem chamá-las de idiossincráticas. Muçulmanos sabem muito bem que a civilização ocidental moderna não passa de uma degeneração e de um perigo à religião. Estabelecer, portanto, uma sociedade que mescle valores islâmicos e seculares, como no Ocidente, jamais será objetivo de um grande número de muçulmanos e tais reivindicações no Oriente não passam de falta de informação ou de pessoas financiadas pelos E.U.A para defender tais valores. Podemos tomar como exemplo a questão atual da Síria: após diversas revoltas no mundo muçulmano contra ditadores secularistas, cunhou-se o termo “primavera árabe”, criando no Ocidente a ideia de que os árabes estavam lutando por modelos democráticos ocidentais. Felizmente, notamos que atualmente os grupos de resistência, antes infiltrados entre as manifestações por democracia, hoje lutam abertamente para a instituição da Sharia.

Só se faz sentido em falar de união das Tradições no movimento Eurasiano. A Eurásia não busca formar um bloco de religiões em torno de ideais comuns – suas motivações são bem mais profundas. Quando lemos, por exemplo, as obras do Professor Alexander Dugin, vemos que ele não é um mero defensor de valores, mas sim um estudioso e praticante de uma Tradição viva, que tem como objetivo a ordem Tradicional, não apenas na sua forma externa, mas sim como parte de um complexo metafísico, onde o mundo está inserido num complexo simbolismo e sujeito a todas as leis do mundo superior. Desta forma, o verdadeiro ideal Eurasiano não pode ser alinhado a um ideal meramente conservador, que busca conservar valores morais ou religiosos, ignorando o simbolismo do Kristoshiperbórico, da manifestação cíclica, da dissolução e renascimento. Da mesma forma que a Alquimia, que é uma ciência de auto-realização fundamentada nas leis da Sabedoria Perene, a realização da civilização também leva em conta os mitos da Tradição, portanto, quando falamos da sociedade Tradicional, podemos levar em conta todos os processos utilizados na realização alquímica, inclusive da morte e renascimento, na fecundação e geração do novo homem. Conforme disseCodreanu, o mártir romeno e líder da Guarda de Ferro, um dos últimos movimentos tradicionais a obter grande poder: “Mataremos em nós mesmos o mundo, para construir outro, mais elevado, que alcançará os céus”. Tal ideal é muito semelhante ao processo alquímico da morte do corpo e sua vegetação durante a primavera, para ressuscitar e ser dissolvido novamente, durante o diverso de diversas conversões entre corpo e espírito[2].

A referida ideia também se repete nas diversas escatologias tradicionais: no Islam, o Mahdi voltará para combater contra Mecca, justamente o centro do mundo e o lugar mais sagrado para o Islam, que no fim dos tempos será tomado por falsos governantes. O Ragnarok, que é a batalha definitiva e a submersão do mundo nas águas, deixará apenas dois sobreviventes, que farão nascer uma nova humanidade. É curioso notar que o processo alquímico relatado acima, da vegetação do corpo, ocorre nas águas, além do dilúvio ser símbolo de uma passagem de estado em diversas tradições. Na Tradição Hindu, a aniquilação ocasional, chamadanaimittika, ocorre quando os três sistemas planetários são destruídos na noite de Brahma, quando Narayana, sob o leito de Ananta Sesa, absorve todo universo em si mesmo. Durante este processo, há antes uma profunda seca, o fogo se espalha pelos sistemas planetários, a seca consumirá tudo; mas, após este processo, surge novamente a figura das águas, quando nuvens de diversas cores[3] despejam um dilúvio por a anos. Curiosamente, neste processo de dilúvio a terra será dissolvida pelo oceano cósmico. As três formas de natureza material são então destruídas pela forma imanifestada do supremo. A causa da manifestação continua alheia àtodas transformações e modificações, enquanto os três modos estão todos dentro deste ciclo implacável do tempo, que submete até mesmo a Brahma[4]. O aparecimento de uma grande destruição, tanto cósmica como a partir do centro do mundo, para que ocorra o renascimento de uma nova forma, é uma lei cósmica e universal, pois representa o próprio processo da manifestação em torno doImanifestado.

Qualquer civilização ou projeto político que ignore este processo não faz parte da Tradição, e não faz qualquer sentido a participação de um tradicionalista em tais projetos, já que conservar ou sustentar uma ordem que ignore o processo cósmico de criação-morte-dissolução-renascimento não passa da mera apreciação de simulacros civilizacionais, sociedades que perderam qualquer sentido interno e só podemos chama-las de sociedade no sentido sociológico, já que não possuem qualquer ligação com o Centro Primordial e com os princípios tradicionais de civilização.

No caso dos choques de civilizações, há algo óbvio: Oriente e Ocidente não estãoseparados apenas geograficamente, estão separados por uma mentalidade, pela eterna batalha entre Miguel e Lúcifer. No Oriente há formas contra-iniciáticas e mentes modernas tentando agir no caminho da civilização, com grupos secularistas e pró-Ocidente, que entram em conflito com aqueles que buscam uma Sociedade Tradicional; já no Ocidente vemos grupos que desejam restaurar a ordem, como oPamyat na Rússia, a Golden Dawn na Grécia, os diversos grupos de restauração da Tradição nórdica nos países nórdicos, sufocados pela modernidade. Podemos citar, como exemplo, o trabalho feito por Varg Vikernes, que muito longe dos conceitos do neopaganismo moderno, que não passa de um emaranhado de conceitos modernos brincando com antigas divindades pagãs, faz um trabalho pelo resgate da verdadeira sociedade nórdica. Tais movimentos possuem uma clara noção do profundo significado da Tradição, ao contrário dos movimentos ditoconservadores, que buscam apenas a preservação de valores morais, sem qualquer fim absoluto, ignorando a marcha do ciclo e a necessidade em se fazer um novo homem.

Na Eurásia, o sistema Russo, que está de acordo com toda a Tradição, faz contraponto ao sistema Ocidental que, com exceção de algumas correntes germânicas, não passa de um esquema da marcha da decadência, aquela que, embora pareça lutar contra alguns efeitos dos sintomas de Kali Yuga, é um de seus sintomas fundamentais – portanto, esse tipo de conservadorismo não é apenas um inimigo político da Tradição, como também uma ameaça grave à toda a Ordem Tradicional.

[1] GOMATELLI, Monge Benjamin. Летопись церковных событий. 1917 год. Online em http://russned.ru/istoriya/letopis-cerkovnyh-sobytii-1917-god
[2]EUDOXUS, The Six Keys of Eudoxus. Kindle Edition

[3] O arco-íris após o dilúvio, as cores no processo alquímico, as cores litúrgicas, o simbolismo das cores no Islam – podemospassar diversos exemplos da importância do simbolismo das cores nas Tradições
.
[4] Srīmad Bhāgavatam 12.4.39

Rafael Daher

Fonte
 
É natural a morte da "esquerda" e da "direita". A realidade moderda que os justificavam a muito "morreu", a Guerra Fria passou.

Porém ta um problema enorme. Hoje vemos diversos grupos políticos se auto-proclamando independentes/populares/centristas/tradicionais.

Vejamos A pseudo-democracia russa, os movimentos popularescos da venezuela/honduras, os grandes partidos da europa ocidental e central, que parecem velhas atrizes, ou seja, só vivem de nome", sem falar no tradicional "talibã ocidental" que é o Partido Republicano.

Me preocupa isso, A "direta sempre será direita", ou seja, bonita nas palavras e podre nas práticas- isso é um conjuntura que perdura desde a revolução inglesa/francesa. O problema é a esquerda, não é mais intelectual, é puramente ideológica e "popular". Veja O PT (A corrente de lulista), é um "esquerda metalúrgica" - carro, geladeira, férias no fim do ano... o "brazilian dream"

A direita ja é podre, porém a esquerda ficou burra.
 
Explica mais aí, @Placebo, sobre pq é natural a morte dos conceitos de "esquerda" e "direita". Qual é a grande tendência política futurista? Pq a direita é podre nas práticas? O que é direita pra você? Pq a esquerda ficou burra? Argumento, argumentos.

O que eu entendo é que deveria ser natural a morte desse espectro bidimensional: Ou esquerda-liberal ou direita-conservadora. Não vejo nada definido no debate político, já que várias questões estão abertas sobre interferência do Estado na vida das pessoas. O mesmo pode ser dito sobre as qualidades e defeitos de privatizações ou então os benefícios de maior ou menor abertura econômica.
 
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bem, bem. vamos lá.

Digo "morte" referente aos que acreditam no Comunismo e no Capitalismo avassalador atual (piorado com o neoliberalismo). Digamos que eram "justificáveis" na Guerra Fria. Eram(É) puramente ideológicos.

A direita é "Podre", acreditar na hierarquização, criação de classes, massificação do consumo, direcionamento do conhecimentos a uns em detrimento a outros, favorecimentos a certos setores
(isso tudo pode ser aplicado ao Comunismo, so trocando criação de classes por luta de classes)

A "Esquerda" atuante é burra, isso é incontestável, não vejo pensadores, filósofos, historiadores, economicista etc etc) n adireção na formação atual do pensamento da esquerda ou na bse intelectual dos partidos - vejo uma esquerda mais preocupada (diga-se Brasil/Chile/Africa do Sul/Europa Ocidental-Central/Índia/Austrália) em garantir consumo as famílias, pontualizar aqui e acolá direitos sociais, controlar o movimento sindical etc etc. É uma típica centro esquerda.. não aquela preocupada na formação real do homem, do estado e sua nação.

Vou discordar de você aqui, vejo o fortalecimento do radicalismo da direita, principalmente nos países onde a centro-esquerda consegui o algum "sucesso".

Pessoalmente acredito na social-democracia aos moldes da suiça, canadá, da escadinávia, do japão e do que hoje aos poucos avança no Uruguai. Apesar de ter uma certo interesse pelo anarquismo não radical. Queria que essas duas fossem tendências futuristas, mas não vejo isso possível.

Queria saber também qual seria a tendencia real do futuro, pra poder escrever "1984- Parte 2"...
 
Bom que você levou na boa a minha mensagem, @Placebo. Acho importante que as ideias sejam bem desenvolvidas para entendermos bem a opinião dos outros.

Em primeiro lugar, quando você fala de direita e esquerda eu imagino que esteja pensando na direita-conservadora versus a esquerda liberal. De saída eu acho esse pensamento errado e entendo que é melhor dividir a análise pensando na participação do Estado tanto na economia quanto nas decisões individuais.

Um dos princípios da direita-econômica (menor interferência possível do Estado na economia) é que algum grau de desigualdade sócio-econômica é inevitável. Não pq é existe um desejo de hierarquização, mas pq alguns indivíduos possuem mais habilidades do que outros e merecem receber a remuneração maior por causa dessa diferença. É o princípio da meritocracia. Só que esse princípio é impraticável, já que existem diversos outros fatores, além da habilidade, que geram diferenças de renda. Por esse motivo a direita procura promover mais a igualdade de oportunidade do que a igualdade de resultado. Só que mesmo a definição de quais oportunidades tornar igualitárias é difícil.

Como diz o título do tópico, "a direita não é a Tradição". Pelo pouco que consegui entender do tópico (desculpa @Paganus, mas eu continuo achando pouca praticidade nos seus textos), a Tradição deseja a hierarquia e não objetiva promover a igualdade dos indivíduos. Eu não consigo entender, por exemplo, qual é a visão da Tradição sobre a economia. Eu suspeito, no entanto, que existe um viés de esquerda, ou seja, de maior atuação do Estado, já que as vezes vejo alguns elementos nacionalistas ("unidade nacional", "identidade nacional") nos textos do Pagz. A Tradição, no entanto, tem um lado que eu classifico como "autoritário", já que não concorda com uma série de liberdades individuais (casamento gay, aborto e etc). Por mais absurdo que pareça, vejo como esquerda-autoritária, embora ache essa taxonomia de dois eixos não sirva para a Tradição.

Voltando ao assunto, a direita-econômica não tem interesses em favorecer setores da economia. Muito pelo contrário: Se um setor só sobrevive às custas do Estado, então isso está errado. É uma ideologia mais voltada para incentivos de mercado do que favorecimento de setores. Acho, no entanto, que você estava falando de setores sociais, mas mesmo assim não sei como a crítica se aplica.

Eu acho que o que vemos no Brasil é o reflexo da típica esquerda-econômica: Existe um plano econômico que pensa na ação coordenada de todos os agentes, queiram eles cooperar ou não. Só que como não é possível obrigar a cooperação, então muitas vezes o plano não da certo. Um exemplo é o leilão do campo de petróleo de Libra - foram criadas várias regras e os participantes simplesmente não participaram. A esquerda-econômica não admite que algumas variáveis econômicas dependem da força do mercado (que nada mais é do que o conjunto de decisões de milhões e milhões de agentes). Por esse motivo, querem controlar ao mesmo tempo câmbio, inflação e taxa de juros. Só que não é possível. O resultado é um equilibrista de pratos cada hora com um problema diferente e o país crescente na base dos gastos do governo e no consumo da população. Nada de investimento privado e nada de poupança individual.

Enfim, tem mais coisas pra falar, mas acho que o texto está longo e chato. Chega.
 
mt bom.

pessoalmente as questão de "direita economia ou esquerda econômica" deviam vir antes de um projeto político claro.

negar política nos aproxima do fascismo, e isso é o começo da tragédia.
 
Esse é um tema bastante amplo. Vou opinar com uns pontos sobre filosofia e espiritualidade:

Sabe-se que a água é uma das substâncias mais misteriosas possuindo muitas propriedades anômalas (vale a pena dar um search no google pela lista delas).

Do ponto de vista do espaço de combate (Ma ai), a água é símbolo da flexibilidade e de que a área que cerca o lutador se comporta de forma bastante viva (nem sempre uma luta é no ar seco).

Quando eu era pequeno havia um garoto que tinha problemas familiares e cujos pais eram divorciados e era bem problemático. Um dia ele mandou algumas provocações no meio de uma aula de natação e acabamos brigando na frente da molecada no que eles disseram ter sido a briga mais disputada que já viram (tipo, melhor que as brigas de escola).

Do lado de fora da piscina ele era mais rápido e mais forte que eu. Na época eu fazia judô, então atraí a briga para se mover na direção da água porque eu estava acostumado a prender o fôlego por minutos mergulhando em locais com baixa visibilidade, cheios de pedras, paus e correnteza (rio e mar). De modo que a familiaridade com água mudou o espaço de combate ( Ma ai) entre eu e meu oponente. Debaixo da água limpa da piscina era possível desaparecer por um bom tempo e desviar com facilidade. Além de tudo a água havia anulado a desvantagem da força e velocidade dos golpes do outro e eu podia respirar quando quisesse e enxergá-lo muito melhor do que nos rios sujos que havia nadado. O ritmo de luta pode mudar. Ele ficou interessado no assunto e depois me confessou que ficou apavorado quando me viu desaparecer ao mergulhar e circular ao redor dele tocando as pernas e os pés. Depois da luta nós dois acabamos fazendo as pazes e pedindo desculpas e ele acabou virando um bom amigo. Naquele dia, de certa forma, a água tinha primeiro nos separado e depois nos juntado.

De modo que espiritualmente falando o significado da água (ou qualidades parecidas com ela) também é o de separar os espíritos uns dos outros alterando a velocidade e significado dos estímulos. (os gregos distribuíam os espíritos com barcos que levavam as almas separadas pela água)

No que os estímulos da vida podem se transformar em caos ou em ordem (e todas as pessoas tem um pouco de caos em suas vidas mas nem todas conseguem entender que é um motor de gerar criatividade).

Quero dizer quando se fala de forças de esquerda e direita sabemos que possuem pedaços de tradição ou tradições que costumam inspirar ações incompletas a depender dos indivíduos. Por exemplo, do ponto de vista celestial as luzes do dia e as sombras da noite são benéficas enquanto do ponto de vista infernal as luzes e sombras se debatem em desarmonia e ferimentos (dias e noites infernais). Uma outra possibilidade de guerra é vender a imagem de dia celestial e noite infernal quando todo o inferno deveria ceder o espaço.

Por isso há tantas pessoas que ou só querem ser totalmente fugitivas da sociedade (indiferença) ou então somente heróis de fantasia o tempo todo (justiceiros sangrentos) porque o equilíbrio da medida das coisas (humanidade) requer envolvimento e porque elas compraram a idéia de que devem preservar um lugar para o inferno (dias celestiais e noites infernais). E muitos podem se transformar em blocos de gelo (robôs rígidos sem emoção) pensando que estão praticando desapego mas serão possuidores de indiferença ou do comodismo de ter desistido do assunto. Enquanto isso a outra parte dos radicais toma a forma de chama incineradora (fera instintiva e volúvel).

Sobre tempos de caos eu penso que apesar dos ciclos universais, um ciclo se diferencia do outro tanto quanto uma árvore da vida de um planeta cresce de forma diferenciada em relação a outro mundo. (ciclos diferentes uns dos outros).

Nesse âmbito espiritual a direita e a esquerda são máquinas humanas, confeccionadas para serem adotadas pelos homens. Assim tanto a direita quanto a esquerda não são a tradição final almejada pela humanidade, mas ambas possuem pedaços de uma única tradição ancestral muito complexa que permite a participação e do combate de verdades e mentiras e capaz de manter tanto o lobo quanto cordeiro no mesmo universo de forma justa.
 
Última edição:
@Neoghoster Akira, curto seus posts, mas não entendi coisa alguma desse.

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Faz sentido o que você sentiu, Grimnir. É natural ver isso. Alguns posts opinativos podem sair assim. Apesar de eu usar uma lista de prioridades na hora de comentar tópicos em fóruns isso pode ocorrer. A impressão que eu passo é porque de lá para cá a lista de prioridades aumentou e influenciou a exploração de alguns assuntos (tem me servido bem para explorar alguns temas).

Inquietantemente, por vezes o foco de discussão de um tema poderá variar em diversidade, dúvida e prioridade de abordagem. As vezes um único elemento do texto poderá valer uma ou muitas palavras ou se o simbólico interagir com o mundo real.

Pode parecer coisa de maluco, mas já que uma coisa puxa a outra a luxúria de impressões na hora de perceber um tema lembra o que um prêmio Nobel disse quando veio ao Brasil, que a natureza daqui era tão luxuriante que ele não conseguiria parar para estudar e ganhar o Nobel se vivesse no país. (Na literatura isso costuma ocorrer com escritores)

Da perspectiva daquele cientista é como se o comportamento de impressões luxuriantes abrisse ou fechasse as portas para os assuntos que além de o afetarem fosse um bem desejável por pessoas tão focadas quanto ganhadores de prêmios de estudos. Não que sejam drogas claro, mas sinto que o conceito de objetividade seja também dinâmico e fluido. E que talvez aquela minha lista de prioridades de postagem tenha dado a luz filhos novos igual uma criatura viva, vai saber...

Alguns temas merecem comentários políticos enquanto outros merecem adendos, já alguns merecem reflexões ou meditações... Alguns deles merecem todas essas coisas juntas e ainda mais, hehehe.
 
A abordagem do Akira é a mais correta, ou pelo menos, a que melhor descortina o sentido real do texto do confrade Rafael Daher, pois ele vai além das dicotomias profanas entre um sentido profano e já espiritualmente esvaziado de política. Não se trata de buscar fundamentos na Tradição dos povos antigos, na verdade, a direita mais conservadora é tão profana e mesmo negadora da tradição ancestral quanto o libertarianismo mais exacerbado. Nesse sentido faz diferença separar direita liberal de direita conservadora? Ou mesmo direita de esquerda?

No ponto de vista mais radicalmente conservador, conservador de esquerda, anterior às profanizações da política em algo meramente humano, all too human, esquerda e direita são a mesma bosta. É esse o ponto do artigo.

Eu entendo o que o @Grimnir tenta fazer aqui no fórum. Diferenciar direita conservadora de direita liberal. E porque? Ora, porque os conservadores tem uma valoração da realidade, uma filosofia que, ainda que seja abertamente defensora do capitalismo, tem como corolário certos princípios morais que são mesmo anti-liberais ou, pelo menos, certa diferenciação, certa hierarquização, que são inaceitáveis para os liberais.

O intuito do Daher é exatamente outro. Aqui ele debasta, derruba qualquer associação entre algo legitimamente tradicional, espiritual, metapolítico, com o conservadorismo de direita.

Ambos são de esquerda, na verdade, capitalismo e socialismo, porque ambos são subversões da versão tradicional de mundo. Apenas NESSE sentido, o tradicionalista é 'de direita'. Apenas enquanto o capitalismo e o marxismo sejam ambos 'de esquerda'.

Em outro sentido, tanto capitalismo quanto marxismo são 'de direita', visto que são as formas pelas quais o homem moderno concebe a realidade, como se fora desses espectros, nada mais existisse. Nesse sentido, nós, tradicionalistas, nos definimos como 'de esquerda'.

Por isso eu posso me dizer 'conservador de esquerda'.

É essa relativização dos termos a qual o Akira se refere no post dele cheio de imagens simbólicas. Essa iconoclastia é algo que necessitamos frequentemente para nos alçarmos um pouco mais além do senso comum moderno do que seja realidade, política, economia.

De resto, Grimnir, é sintomático que você diga que vê 'pouca praticidade' nos meus textos. Por que? Ora, porque você, não diferente dos marxistas, tenha religião ou não, concebe a realidade política e social em termos totalmente materiais, humanos. É natural que veja pouca praticidade, porque o meu intuito não é defender reformas puramente materiais (embora possa fazê-lo, também), mas primeiramente, defender os princípios metafísico da metapolítica.
 
Ora, porque os conservadores tem uma valoração da realidade, uma filosofia que, ainda que seja abertamente defensora do capitalismo

Disso eu não tinha tanta noção. Você fala da Tradição de uma forma que fez pensar no contrário, ou seja, que é contra o capitalismo, pouco crente na força do Mercado e mais voltada para a atuação do Estado como Planejador Central.

De resto, Grimnir, é sintomático que você diga que vê 'pouca praticidade' nos meus textos. Por que? Ora, porque você, não diferente dos marxistas, tenha religião ou não, concebe a realidade política e social em termos totalmente materiais, humanos. É natural que veja pouca praticidade, porque o meu intuito não é defender reformas puramente materiais (embora possa fazê-lo, também), mas primeiramente, defender os princípios metafísico da metapolítica.
Só uma observação, Pagz: Quando digo ver pouca praticidade, não pra criticar ou debochar do que tu escreve. Só sou mais prático e menos metafísico do que você. Estiloso diferentes de pensar.
 

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