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[Desafio] Quanto vale uma imagem?

  • Criador do tópico Criador do tópico Palazo
  • Data de Criação Data de Criação
QUINTA-FEIRA, 20h54min.

- Olhe, sobre a catedral.
-O quê?
-Preste atenção!
-Não vejo!
-Mentira. Você não quer é acreditar no disco voador.


25 palavras :timido:
 
pensei em algo aqui, mas ia ser ofensivo, então vou escrever, não:nao:
mas vou ver se penso em outra coisa:sim:
pq hj to com sono, vou dormir, xau!
 
(Jardim contíguo duma construção gótica)

X:
Senhor, não creio que isto possa vir a dar certo.

Y:
A ilusão não precisa ser acreditada, mas sim confiada.

X:
Senhor, tudo parece dar mostras a um fim trágico e cruel. Não vês o céu? Tantas nuvens, assim, mesmo de noite, a ofuscar a luz das estrelas... Os namorados já não sabem mais o que é beijar, e sentam em suas varandas pensando observar o amado sob a bruma espessa dos sonhos. Também os ladrilhos da rua, que tanto se gabavam por refletir o céu como o mar reflete as gaivotas, estão desolados em sua escuridão e ignomínia. Senhor... Escuta-me. Nada pode encaixar com nada, se assim pretendemos.

Y:
Temes algo, por acaso? Sempre soube que era maricas. Não há do que temer, meu bom homem. Da mesma forma como os anjos possuem coragem, os demônios também o podem.

X:
Os demônios possuírem coragem, meu senhor?

Y:
Existe mais coragem na traição que na afirmação.

(Sons são escutados)

Y:
Agora cala-te. Veja. Já devem estar entrando.

X:
Sim, sim... Observo. Carregam velas. Estão cabisbaixos também. Alguém deve de ter morrido.

Y:
Ou isto ou há alguém vivo por demais...

X:
Veja, senhor, veja! Aquele homem, no fundo. Parece conduzi-los tal qual o pastor conduz as ovelhas. É bondoso, e está a sorrir. Não pode de ser um enterro. A ocasião talvez seja de festividade... Ou talvez... Que estranho! Como algo pode ser triste e alegre ao mesmo tempo?

Y:
A tristeza e a felicidade coexistem no presente, se digladiam no passado e sonham com o futuro. Da mesma forma como dois irmãos podem coexistir na mesma casa, a tristeza e a felicidade coexistem no mesmo espírito.

X:
Mas uma tenta sojugar a outra.

Y:
Sojugar é afirmar.

X:
Ah, Senhor... Talvez tenha entendido. Entendo tão pouco...

Y:
Ninguém entende tudo. Mas agora veja: parecem ter iniciado.

X:
Continua tudo muito confuso para mim... Não se aquietam, apesar de entoarem hinos bonitos e lerem textos belos. São literatos, senhor?

Y:
Quase. A diferença é que o literato não crê no que lê.

X:
E eles?

Y:
Não leem o que creem.

(Após algum tempo fazem menção de sair)

X:
Senhor, sairão!

Y:
Nunca estiveram.

X:
Como, senhor?

Y:
Disse-te que tudo sairia conforme previsto. Nada foge à regra. A antítese ainda assim está contida no verso...

X:
O que queres dizer, Senhor? Foi tudo belo, é fato; mas... Algo punge-me o peito...

Y:
É sinal de que tens um.

X:
Senhor, onde estiveram este tempo todo?

Y:
Abduzidos.

(Exeunt)

467 mundos
 
Hoje Maria está radiante. A consciência de que suas tarefas estão todas cumpridas a alegra. Fora mais um mês de trabalho completo, as contas estavam pagas, nenhum infortúnio a atingia. Quanto à vida, sentia-se realizada – trabalhava na área de sua paixão: sua ocupação era no magistério; dava-se bem com todos; tudo fluía de maneira satisfatória – bem, quase tudo – essa era, na verdade, a razão para que sua pequena imagem de Santo Antônio estivesse de cabeça para baixo na estante – faltava-lhe um relacionamento a fim de completar sua vida.

O Santo que fizesse seu trabalho, pois é sábado, resta à Maria o ócio - amanhã haverá a comunhão, será dia importante. Então, em antecipação, reza frente à Virgem homônima a ela - não gostaria de sentir-se amanhã que não cumpriu também esse dever. Come alguma coisa, benze-se, dorme. Na cama, sonha, como todas as noites, que recebe o reconhecimento divino pelas suas ações – é assim: luzes a cercam, enquanto uma voz pacificadora a envolve e uma força do alto a faz descansar profundamente.

Os sinos soam suaves na cidade. – Béim! Béim! Béim! - um convite especial para que os fiéis se levantem. O sol, clareando o dia, promete força e renovação a quem se lhe deixa ser revelado ao espaço aberto, tal é o potencial que seu calor e conforto inspiram.

Maria sai à rua, vê novamente Paulo, seu vizinho. Este, como sempre, a repara como se ela o agradasse. São seus cabelos, pensa, em harmonia com a cor de mel dos olhos arrebatam-me os sentidos. E novamente ele apenas sorri, dá-lhe os bons dias e acena. Nesta situação, que bem agradável seria haver Santo para cegueira emocional – livraria o Casamenteiro de seu posto no momento, dar-lhe-ia descanso.

Como de costume, Maria benze-se estando ante a imponente fachada da catedral – as linhas altas e longas de sua construção a inspiram respeito e temor – suspira ao adentrar o limiar. Maria, fraca como é, sensível como é, deixa-se, logo de início, cair sobre os bancos duros ao ouvir os sons comoventes do órgão – ouve-o como se ouvisse Deus a lhe falar ao coração.

Não se lembra quantas horas passou ali – A percepção das mesmas foi nula. Permanece ainda ao império do hábito, enquanto todos se vão – lá fora estão a comentar o mau tempo que de súbito surgiu:
– Todas essas nuvens negras!
– Esses raios e trovões!
– Não pode ser natural essa mudança!

Maria não presta atenção ao clima, nem às mudanças que se deram no céu – apenas anda, o sorriso no rosto.

É então que se espanta: ao caminhar, um barulho estrondoso se ouve. Ela olha em todas as direções, mas nada enxerga através da escuridão. Seguem-se as luzes fortes ao redor dela, como se fosse a estrela de um palco sob os holofotes – essa comparação a iluminou: era a escolhida! Depois de tanto tempo de dedicação, teria o merecido reconhecimento. Fica parada, a olhar extasiada para cima. Nem se preocupa com o ensurdecedor estrépito; nada mais pode ser senão seu conforto chegando. É assim que, a luz, dotada de um poder estranho, a eleva, enquanto Maria desmaia ante o prazer antecipado...

Paulo, que se acostumou a esperá-la ao lado de fora após sua habitual demora, não acredita no que vê! No outro dia, ninguém do seu trabalho acredita em que Maria, a famosa beata da cidade, havia sido, por uma enorme nave de metal, abduzida.

616 palavras...
 
Fernando: Está uma noite tão escura! Que assustador!

Patrícia: Não tanto quanto esse silêncio!

Fernando: O que disseram mesmo que sucedeu à Miranda?

Patrícia: Não sei, sumiu!

Fernando: Isso é estranho! Ontem, ouvi que Marcio desapareceu já fazem três dias!

Patrícia: Espero que não sejam esses assaltos, essa violência toda, o motivo do sumiço deles.

Fernando: Não te preocupes, querida. Eles devem apenas ter viajado e não falaram a ninguém – além do mais, são sozinhos, não tem de dar satisfação a nenhuma pessoa!

Patrícia: Preocupo- me, sobretudo, quanto a nós, por isso trouxe à luz essa suposição!

Fernando: Qual é essa, meu amor! Tratemos de assuntos menos assustadores! Já não basta que essa aterradora noite e esse caminho obscuro pelo qual seguimos nos causem tamanho assombro?

Patrícia: Está bem. Mudemos, pois, de assunto. Mas vejas – lá em cima – que será aquela luz que se abre aos poucos?

Fernando: Interessante! Não seria a lua finalmente a aparecer dentre as nuvens?

Patrícia: A luz do luar não produz facho tão forte: já está a nos iluminar por completo!

Fernando: E ouças! Que estampido foi esse?

Patrícia: Nem consigo ver mais direito!

Fernando: Nem consigo mais ouvir o que dizes!

Patrícia: Ah! Por que me puxas, Fernando? Por que fazes...

(cessam-se os barulhos e luzes tenebrosos)

Fernando: Patrícia? Onde estás, querida?

246 palavras
 
Sexta-Feira, 20h20min.

-Um desses discos voadores sucateados e inúteis está sobrevoando a nossa bela igreja.
- Já vi isso antes. Foi na primavera de 1964.
-Depois o governo nega tudo e a igreja dá de ombros.
-Chame a imprensa, mexa-se!
-Calma, vou tirar uma foto para registrar esse momento raro.
-Está bem, mas ande logo seu Gnomo idiota.



59 Palavras :timido:
 
- E o senhor nunca notou nada estranho? - perguntou o delegado.
- Nada. Quer dizer, ela torcia pra Portuguesa e era eleitora do Maluf, mas até aí...
- Sei, sei...
- Não desconfiei de nada, doutor. Juro. Pensei que a paixão pela Lusa fosse alguma excentricidade.
- E o Maluf?
- Loucura, mesmo.
- No relacionamento de vocês, algo a dizer? Alguma coisa fora do normal?
- Bem, quando transávamos ela emitia sons esquisitos. Grunchëëë, ou algo assim. Uma vez, quis saber o que era.
- E?
- Me disse que, quando sentia muito prazer, gemia em dinamarquês. Herança de algum ex namorado. Fiquei um pouco enciumado, mas, mesmo assim, meu ego foi lá em cima, se é que o senhor me entende? Pro homem é um troféu ver a mulher se contorcendo, virando os olhos, mordendo o endredom enquanto...
- Tá, tá...
- Nunca imaginei que isso fosse acontecer. Nunca imaginei que fosse possível. Quer dizer, um tio me contou que certa vez foi levado para um passei numa espaçonave, mas a família sempre disse pra não lhe dar muita bola, pois vivia no alambique e a cachaça já detonara seu senso de percepção da realidade. Assisti E.T., também, mas... o senhor viu o retrato dela? Nada a ver com aquela coisa feia do Spielberg.
- Sei, sei...
- Pois então... Tem mais café?
- Tem. Mas primeiro, essa foto. Ela foi tirada do lado de fora da Igreja.
- Foi isso daí que a levou de volta?
- De volta? O senhor não acredita que ela tenha sido raptada, melhor, abduzida?
- Não, eles a levaram de volta, com o seu consentimento, tenho certeza. Enquanto estávamos lá, na frente do padre, aguardando a oficialização do matrimônio, o felizes para sempre, o pode beijar a noiva e blá, blá, blá, no instante em que a luz surgiu e a envolveu, ela se despediu. Não tinha medo, só saudade.
- Ela disse alguma coisa?
- Hum, hum.
- ...
- Cadê o café?
- Ela perguntou pelo café?
- Não, não, isso não. Eu é que pergunto. O senhor disse que tinha, mas ainda não vi.
- Toma aqui. Agora, o que ela disse na despedida? Reproduza o diálogo, por favor.
- Foi assim: " Lembra-se daquela noite, quando vesti uma lingerie bem sensual para comemorarmos nosso noivado e você falava, incrédulo, que eu era tão bela e maravilhosa..." " Gostosa" - corrigi. "-Como?" "-Eu falei tão gostosa..." "-Tá, tá, que seja. Você dizia que eu era tão gostosa e maravilhosa que uma mulher como eu não podia ser desse mundo? Então, você tinha razão. Não sou. Vim de Amazonas, um planeta distante, para estudar os hábitos da sua civilização. Só não contava me apaixonar. Desculpe, tenho que ir, mas já levo a saudade..."
- Só isso? O evento mais importante, a confirmação máxima de que não estamos sozinhos, o FBI aí fora, querendo levar o senhor para um interrogatório, e tudo não passou de um casinho de amor?
- Como assim, só? Casinho de amor? Casinho? Meu amigo, nossas noites eram fantásticas. Eu me envolvi com uma alienígena sexy! E ela foi embora com saudades! Com saudades, ouviu bem?

576 besteiras.

 
Imagem 19: 1989 Palavras

ricardocampos: 25 + 59
Mavericco.: 467
Gabriel Cezar: 616 + 246
Cantona: 576
 
Imagem 20:

gueixa.jpg

Foto by Fábio Sato

Resumo das Regras
1. Imagens serão publicadas semanalmente;
2. Qualquer um pode participar, com o texto no tamanho que sua imaginação e inspiração permitirem. Liberdade é a palavra de ordem aqui (pegando carona na idéia do JLM)
3. Publique somente textos inspirados nas imagens em prosa ou poesia.
4. Lembre-se de indicar o número de palavras que contém o seu texto.
5. Para contar o numero de palavras do texto clique aqui.
 
Tóquio, Setembro de 2011.

“A primeira vez que a vi, ela estava vestida com seu traje típico. Havia chovido um pouco naquela manhã, mas nada que pudesse deixar minha flor do oriente menos charmosa e encantadora. Sim, me apaixonei perdidamente por uma gueixa que passava por uma rua estreita num bairro periférico da cidade de Tóquio.”


59 palavras



Ricardo Campos
Apaixonado pela flor do oriente...
 
The indefatigable clocking of wooden heels on cobblestone purposefully conveying the mischievousness of an assault, hers and her gang's. As I said: I fucking love her.

26 palavras
 
Os fiscais da inspetoria sanitária sabiam da má-fama do bairro. Falavam sobre fantasmas. Ying queria parecer corajoso perante a sua parceira Yang, descartando superstições tolas. Porém, mantinha a impressão de que alguém os seguia constantemente.


35 palavras.
 
A peça era tão desorganizada que os atores de Madame Butterfly tinham sempre que carregar acessórios para as cenas eles mesmos — isso quando não traziam de casa. Não existia maquiador, o que fazia com que passassem a vergonha de ter que caminhar pelas ruas vestidos a caráter. Imagina o que um homem não passava vestido de gueixa por aí? Quantas gracinhas não era obrigado a ouvir até chegar ao teatro? E o pior: sempre estava vazio, porque, a bem da verdade, a peça não tinha apelo nenhum para os orientais, sendo uma tola fantasia de exploradores do século XIX. Por isso, preferiam se esgueirar pelos fundos, usando uma rota alternativa.

121 palavras
 
Trazia no rosto um traço marcado pela época da guerra, lembrava do tempo em que gueixas eram as mulheres mais cobiçadas, misteriosas e graciosas que já existiram. Lembra da sua iniciação, dos homens que entreteu, do leilão da mizuague, do primeiro homem que a teve nos braços, das danças...Hoje, depois da guerra, ela é apenas uma gueixa qualquer sem nenhuma importância, sente falta do passado, de quando ser gueixa era um privilégio.
 
- Vou pedir demissão. Isso é humilhante. Agora, só porque tem o rosto pintado e arrumou um emprego no Circo du Soleil não pode mais carregar a própria escada que usa em seu número? Grande coisa, essa de passar por entre os degraus, se contorcendo toda. A Gueixa de Borracha. Puf! Deixa só eu tirar minha brevê de mágica pra ela ver quem será a grande estrela da companhia. Vai ter que carregar minha cartola, ah, vai... E esse banana, hein? Nem se ofereceu pra levar essa droga. "Sou o segurança, preciso das mãos livres caso alguém tente alguma coisa". Tá bom, acredito. Segurança. Frouxo desse jeito? Isso é desculpa pra falta de cavalheirismo. Não se fazem mais homens como antigamente. O negócio é ficar solteira. Ai, ai... será que eu desliguei o ferro de passar antes de sair de casa?

148 palavras.
 
"Ei, psiu"
"Sim?"
"Você viu uma moeda que caiu?"
"Não... Onde exatamente a senhora a deixou cair?"
"Acho que foi por aqui perto..."
"Vamos logo, Takanakanaka!"
"Espere. Esta mulher perdeu sua moeda..."
"Que mulher?"
"Você já a achou, filho?"
"Ainda não... Pesquisaste no canteiro ali atrás?"
"Podemos."
"Vamos logo! Estão nos esperando!"
"Muitas coisas estão nos esperando... Aqui. Bem, vejamos. São plantas engraçadas, e com um cheiro ruim. Não acha?"
"Também acho. Em minha terra as casas todas possuíam canteiros assim. Era muito bonito de se ver."
"Eu imagino. Sempre quis ter um canteiro."
"É americano?"
"Nasci lá."
"Dizem que é o bastante."
"Ei! Pare de falar sozinho! Esta escada está pesada!"
"Eu já... Hunf. Então, onde você mora?"
"Japão."
"Então você mora aqui por perto?"
"Já morei."
"Perdeu sua casa?"
"Ela se perdeu de mim..."
"O que quer dizer com isto?"
"Eu conhecia minha casa, meu bairro, meus familiares e os bravos guerreiros que saíam com espadas em punho, bandeiras desembainhadas e a honra como único pendor. Até que um dia eles sairam e não mais voltaram. É o que dizem 'modernidade'. Já ouviste falar?"
"Já. É um termo muito comum... Quer dizer... Qual a razão deles não terem voltado?"
"Takanakanaka, eu vou te deixar aí! Está me ouvindo? Hein? Ah... Mas que coisa, viu. Tchau, Takanakanaka."
"Não sei. Não voltaram. O passado não volta, pois ele está sempre presente."
"É uma frase bonita... Oh. Aqui. É a sua moeda?"
"É sim."
"Está bem velha, e acho que não tem mais nenhum uso."
"Este é o uso dela. Bem, obrigado. Sua amiga parece que foi embora."
"Ela deve voltar."
"Talvez não volte..."
"Talvez não... Oh. Isso seria ruim. Sou novo aqui, não conheço nada."
"Não há problema. Eu conheço tudo e, de tudo conhecer, não conheço nada."
"A senhora é profunda. Preciso anotar isto. Tudo, nada... A única distância entre eles é uma cabeça. Meu caderno... Ei. Espere. Acho que uma moeda minha caiu. A senhora viu?"
"Podemos ver."

351 mundos.
 

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