Nada poderia ser mais distinto do que eu tentei fazer, honestamente.
Critérios objetivos pra aferição da qualidade artística todo crítico tem mas a valoração dos tais critérios entre si, no mínimo, varia e varia BASTANTE na hora de "bater o martelo" se algo tem mérito ou não. Tem certos quirks de estilo e certos eixos temáticos que funcionam ou não funcionam pra sensibilidade de certas pessoas por mais imparciais ou "neutras" que elas tentem ser ao mensurar o êxito de obra artística.
Tanto é que a própria qualidade artística da obra inteira do Tolkien é extremamente criticada e debatida entre os críticos de literatura. Haja vista a sistemática avaliação negativa que o eminente e já falecido Harold Bloom tinha da obra do Tolkien toda vez que saia da seara da literatura infantil, por exemplo.
en.wikipedia.org
Qualidade "cinematográfica" tb não é menos controversa e debatível e o é pelos mesmos motivos.
O que funciona para uma pessoa ou crítico ou não funciona é extremamente variável em GRAU e às vezes até conforme as circunstâncias. Isso não acontece só para as pessoas NO GERAL mas para críticos profissionais TAMBÉM por mais "objetivos" que sejam os critérios empregados . Crítica de arte NÃO É uma ciência exata por muito que a gente esteja há séculos ou milênios tentando poli-la e refiná-la justamente por causa disso.
E a comparação com Babylon 5 é a do tipo que o tempo vai definir ou não o grau de aplicabilidade . Fica mais fácil pra quem assistiu ambas as séries avaliar. Eu só posso, nas circunstâncias, oferecer o meu próprio feedback como qualquer analista faria.
Eu tenho meus motivos pra crer, sim, na analogia das situações entre as séries, tanto interna quanto externamente mas nem de longe eu ofereci isso como um critério "objetivo" ou "profecia" irrefutável.... é um palpite e uma impressão minha dada pelos motivos oferecidos lá. Só isso.
É uma perspectiva que eu tenho reforçada por ver o que a Isabela Boskov comentou refletir bem de perto as mesmas coisas que uma certa blogueira comentou sobre Babylon 5 ao tentar curtir a série de novo anos depois de tê-la apreciado e ter sua fruição estancada por idiossincrasias que ela antes ignorava. Pq suas próprias circunstâncias particulares e experiências mudaram.
At my brother's prompting, my family and I have gone back and re-watched that seminal 90s SF phenomenon, Babylon 5 . Now that I'm nearly at ...
wrongquestions.blogspot.com
Um dos textos chaves citados na avaliação, cujos quotes prefiguram perfeitamente o tom da Boskov, foi justamente esse daqui salvo tantas vezes na archive.org (dada a natureza polêmica da matéria )
A maioria das coisas que a Boskov criticou muita gente, inclusive eu, tb percebemos... Exemplo a morte do Sadoc ter ficado ridícula e ser não pranteada e o fato dos personagens pontificarem ao invés de dialogar..A questão que infalivelmente SEMPRE variará de crítico pra crítico e pessoa pra pessoa é o grau em que essas coisas comprometem a fruição, desengajam a "imersão" e a "empatia" com essa ou aquela obra ou conjunto de personagens. E isso, pro bem e pro mal, NUNCA é uma constante universal "objetiva", é um critério que reflete tanto o crítico quanto o objeto criticado em si.
É por isso que, por exemplo, a Boskov se depara com um efeito de aparente "chave disjuntora"toda vez que vai avaliar o Zack Snyder, do mesmo jeito que o Harold Bloom, eminente crítico de literatura, tinha com o Senhor dos Anéis, o livro, especificamente, mas com a obra dele no geral, o mesmo efeito de topar com o "blind spot", de blackout seletivo.
So, one of the things I've looked up as part of my current project is Harold Bloom's THE WESTERN CANON [1994], his impassioned defense of Th...
sacnoths.blogspot.com
Eu não deixo de concordar com a Boskov no que diz respeito ao fato de que certas coisas defeituosas reflitam um amadorismo ou "crueza" dos showrunners. Isso eu também acho mas não me leva a achar que a série em si como experiência estética fica completamente obstada para minha sensibilidade como aconteceu com ela.
E nesse sentido, a comparação com Babylon 5 vai na direção de sugerir que as qualidades em si também lá presentes, possíveis Checkov's guns e foreshadowings portentosos, por exemplo, são talhados pra darem o famoso "payoff" quando alguém olha em retrospecto do ponto de vista de quem já vislumbrou o "todo". Feliz ou infelizmente, vem como parte do "território", da visão ambiciosa do que eles tentam fazer com essas obras em particular. Para algumas pessoas vai funcionar, para outras vai criar repugnância e com outras é indiferente. E essas posições tendem a mudar conforme as circunstâncias de quem analisa
É o proverbial "faz parte", the "nature of the beast".
Definition of the nature of the beast in the Idioms Dictionary by The Free Dictionary
idioms.thefreedictionary.com