Certamente, tudo é possível quando a mente e o corpo do povo do país foram concentrados na mão.
Penso que quando a Coréia do Norte enviava o futuro líder a outros países para visitar a Disney ele partia de lá para enxergar o mundo como um cidadão brasileiro do século 19 enxergava a Europa, com olhar exótico (uma palavra mais leve para estranheza usada no ramo do turismo).
Para ele, ao mesmo tempo em que a paisagem estrangeira era incrível também não havia relação com seu mundo, nem seu universo. Era apenas turisticamente belo e distante, e simpático como ocorre quando uma pessoa considera um animal simpático, mas pensando que pode matá-lo para comê-lo no dia seguinte.
Quer dizer, as regras mais atualizadas de comportamento do país natal vinham da primeira metade do século vinte. E enquanto para a maioria dos líderes do mundo usar uma ogiva nuclear em outro país significa ter a opinião pública contra si com a imagem transformada na de um vilão (possível morte política), na Coréia do Norte usar a bomba A num país significa ser aclamado como herói.
Tanta tensão do improvável é sentida diretamente pela Coréia do Sul porque uma dinastia também vive no sul e sabe como a dinastia do norte pode pensar.
O Sul teme quando vê que o norte copia um produto, um celular eletrônico, um programa de computador ou algo ocidental porque isso não significa sinal de abertura mas sim apreensão de um recurso inimigo numa guerra de décadas, capturado aos interesses daquela legislação da primeira metade do século 20 e século 19. As empresas de copyright podem reclamar quanto quiserem mas crimes de guerra estão fora de sua alçada civil e dentro do conceito de uma possível corte superior de tribunal marcial internacional (como o do fim da Segunda Guerra).
Para o ditador a presença ou ausência de provas (improvável) é um mecanismo de controle à distância. Aquilo que não se prova também pode existir e o que hoje seriam apenas recursos estranhos para a maioria da população (confusa) do mundo ainda são na Coréia do Norte recursos viáveis e práticos.
Penso que por isso muita gente diz que se sair um passarinho de dentro da cabeça do Kim ninguém deve se admirar porque pra ele jogar gás mostarda, napalm ou sarin em uma manifestação de rua é mais simples que para um país como a Ucrânia porque o estado foi posicionado desde baixo para fazer pensarem nele como um herói independente do cenário de guerra.