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Presidente uruguaio vive em chácara e doa 90% do salário

Vinnie

Usuário
BUENOS AIRES — A presidente Cristina Kirchner anunciou esta semana a decisão de transferir para pesos um depósito bancário de US$ 3 milhões, na tentativa de convencer os argentinos a pouparem em moeda nacional. Com um patrimônio estimado em US$ 15 milhões, ela é uma das mulheres mais ricas do país e integra a lista de presidentes milionários da região, como o chileno Sebastián Piñera. Do outro lado do Rio da Prata, o uruguaio José “Pepe” Mujica, o chefe de Estado mais pobre do continente, vive em condições de austeridade e conserva o mesmo patrimônio que possuía quando chegou ao poder, em 2010: uma humilde chácara a 20 quilômetros de Montevidéu e um fusca modelo 1987, avaliado em US$ 1.925. Mujica doa 90% dos US$ 12.500 que recebe mensalmente a programas sociais.


Quando o Uruguai recuperou sua democracia, em 1985, Mujica, um ex-guerrilheiro tupamaro, saiu da prisão e disse que todos em seu país deviam aprender a “viver como pobres”. E foi o que ele fez. Junto com sua companheira, a senadora e também ex-tupamara LuciaTopolansky — que, ao contrário do presidente, pertencia a uma família de classe alta — mudou-se para a chácara e construiu uma vida simples.

Na semana passada, Mujica, de 77 anos, foi notícia no Uruguai por ter saído sozinho para comprar uma tampa de privada. Na volta para casa, o presidente foi visto pelos jogadores do Huracán del Paso de la Arena, um time local, que o chamaram para comer um churrasco e conversar. E lá foi Mujica, com a tampa de privada debaixo do braço.

— A simplicidade do presidente não é pose — contou o jornalista do “El País” Eduardo Delgado. — Participei de várias viagens presidenciais, e todos fomos com Mujica em aviões de companhias comerciais e em classe econômica.
Em entrevista ao semanário “Búsqueda”, realizada durante a campanha eleitoral de 2009, o presidente explicou sua teoria. Para ele, viver como pobre é a única maneira de libertar-se das pressões da sociedade de consumo.

“Temos de escapar da escravidão que impõe a dependência material, que é uma das coisas que mais roubam tempo na sociedade contemporânea”, filosofou então Mujica.

“Se você se deixa arrastar pelas pressões da sociedade de consumo, não existe dinheiro que alcance, não tem fim, é infinito”.

Além de doar seu salário, Mujica destina parte do dinheiro restante a pagar tratamentos de saúde para uma de suas irmãs, que sofre de esquizofrenia, segundo confirmaram pessoas que há muitos anos convivem com o presidente. Em sua chácara, a única mudança desde que se tornou presidente foi a construção de uma casinha para os seguranças. Com certa aversão ao protocolo, Mujica teve de aceitar, também, roupas novas. Mas sempre preservando seu estilo informal, que não inclui, até hoje, o uso de gravata.

— Já jantei na casa do presidente, e até a comida é muito simples: é uma típica família de classe média baixa — contou um jornalista uruguaio, que pediu para não ser identificado.

O jeito Mujica de ser é bem visto por muitos uruguaios, mas questionado pelas classes mais altas, que têm certa dificuldade em aceitar um presidente que fala e vive como um homem do campo. Ainda com dois anos e meio de governo pela frente, Mujica tem 52% de aprovação popular, segundo pesquisa do instituto Data Medida. Já seu vice, Danilo Astori, um economista moderado e com um estilo bem mais sofisticado, obteve 60% de avaliação positiva.


Fonte: Globo on-line.


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Alguém tem algo que desabone esse cara, ou posso seguir tendo esperanças no mundo? :)
 
Eu não sei de nada que desabone o presidente uruguaio e se o político uruguaio é adepto ao estilo informal, por mim é tranquilo. Se estivesse lá e o cara merecesse, não deixaria de votar por causa desse detalhe.

Apesar de que político no geral gosta de um formalismo e ostentar os ternos caríssimos e gravatas idem, a ética, a boa gestão e respeito da coisa pública ficam na sola do chinelo. Precisamos “garimpar” bons políticos: o que não é tarefa fácil. Interessante é que sabemos pouco a respeito do Uruguai. Deveria haver uma aproximação maior dos países do Mercosul não só política e econômica, mas também cultural.:sim:

Vinnie. “Esperança é a última que morre” diz o dito popular.
 
Eu gostei de qdo li essa matéria o jeito simples dele é muito bacana, acho que ajuda o povo se aproximar dele para trocar ideias sobre o seu país.
Eu tb ñ sei muita coisa do Uruguai, mas parece um país bem bonito.É estranho de pensar q ele fica embaixo do RS.
Me surpreendi com os milhões da Cristina Kirchner.
 
Há, no Uruguai, uma corrente que defende que o estilo do Pepe Mujica fomenta o "dolce far niente" do povo, o assistencialismo.

É engraçado, o Estado Assistencialista para os ricos NUNCA é criticado, mas tudo que se faz em prol do pobre é constantemente ameaçado de desmantelo.

Bem, acho que cartões corporativos e aviões super-super fomentam um estilo de vida vulgar, "Caras-like". Acho que empataram; estou com esse cara.
 
Não sei tanto sobre o Uruguai para dizer que apoio esse presidente, mas pelo que sei esse sim é um exemplo de popular e não populista (tipo de político mais comum no Brasil). Se cada deputado doasse 50% do salário para programas sociais, ainda ganhariam mais que a média brasileira e resolveriamos boa parte dos nossos problemas, no entanto eles ficam com o salário integral, ganham aumento e roubam 90% das verbas públicas.

"É engraçado, o Estado Assistencialista para os ricos NUNCA é criticado, mas tudo que se faz em prol do pobre é constantemente ameaçado de desmantelo."

Por isso que a maior parte das pessoas que se dizem de direita temem a tal "ditadura esquerdista". A simples ideia de igualdade os assusta, a aprovação de um imposto sobre grandes fortunas é um absurdo, perseguição contra os ricos, enquanto qualquer medida de apoio aos pobres é esmola, roubo entre outros adjetivos que só pessoas que nunca tiveram que viver com um orçamento familiar limitado poderiam inventar.
 
Como explicar a humildade de Pepe Mujica?
“Eu não sou nada”: o que se esconde sob a humildade de Pepe Mujica. Nas palavras de Vargas Llosa, é um velhinho estadista que fala com sinceridade insólita para um governante

(...) Em sua última entrevista, ao jornal “O Globo”,
[Pepe Mujica] explicou como pretende lidar com as visitas de turistas a seu país para fumar maconha (como se sabe, o Uruguai legalizou o comércio da erva). Falou muito mais. E, como costuma acontecer, transcende as questões comezinhas e dá a qualquer conversa um tom filosófico. Nas palavras de Vargas Llosa, é um velhinho estadista que fala com sinceridade insólita para um governante.

“Queremos tirar o mercado do narcotráfico, queremos tirar-lhes o motivo econômico, queremos que o narcotráfico tenha um competidor forte e não seja o monopolista do mercado. Ao mesmo tempo, tentamos incitar as pessoas a atuarem do ponto de vista médico”, disse ele. “Mas temos que ter muito cuidado, porque não é uma legalização como as pessoas supõem no exterior, não vai ter um comércio, os estrangeiros não poderão vir aqui ao Uruguai para comprar maconha. Não vai existir o turismo da maconha. A decisão tomada não tem nada que ver com esse mundo boêmio. É uma ferramenta de combate a um delito grave, o narcotráfico, é para proteger a sociedade. É muito sério”.

Sobre seu exemplo como líder: “Pretende ser um mini-ato de protesto. As repúblicas não vieram ao mundo para estabelecer novas cortes, as repúblicas nasceram para dizer que todos somos iguais. E entre os iguais estão os governantes. Têm uma responsabilidade implícita e penso que devem viver de forma bastante similar à maneira de viver da maioria do seu povo. Ninguém é mais que ninguém, começando pelo governante.”

Sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo: “O casamento homossexual, por favor, é mais velho que o mundo. Tivemos Julio Cesar, Alexandre, O Grande, por favor. Dizer que é moderno, por favor, é mais antigo do que nós todos. É um dado de realidade objetiva, existe. Para nós, não legalizar seria torturar as pessoas inutilmente”.

Sobre trabalho: “Temos que lutar para que todos trabalhem, mas trabalhem menos, todos devemos ter tempo livre. Para quê? Para viver, para fazer o que gostam. Isto é a liberdade. Agora, se temos de consumir tanta coisa, não temos tempo por que precisamos ganhar dinheiro para pagar todas essas coisas. Aí vamos até que pluff, apagamos.”

Sobre manifestações: “Eu simpatizo com os protestos, mas não levam a lugar nenhum. Não construíram nada. Para construir, há de se criar uma mente política, coletiva, de longo prazo, com ideias, disciplina, e com método. E isso é antigo, ou parece antigo. Mas sem interesses coletivos, é difícil mudar. Não são os grandes homens que mudam as sociedades, mudam quando os protestos se organizam, disciplinam, têm métodos de longo prazo. Estes movimentos de protesto têm a vantagem do novo, e tentam alguma coisa nova porque desconfiam de todos os velhos, especialmente os partidos, por que perderam a confiança neles. Mas as primaveras têm se transformado em inverno por que não sabem onde ir.”

Sobre política: “Temos de revalorizar o papel da política. Mas no mundo real, muita gente se mete na política por que gosta de dinheiro, estes devem ser expulsos porque prostituem a política. A política tem de ser feita com carinho, a política tem a ver com a harmonia das contradições que há na sociedade, tem de lutar para harmonizar este mundo frágil e cheio de contradições que estamos vivendo.”

Sobre seu reconhecimento: “Não é que me achem tão excepcional, me usam como uma maneira de criticar os outros. A última vez que estive na ONU escutei discursos de um presidente de um país europeu [Hollande, da França] pelo qual temos um respeito enorme pela cultura, por suas tradições, pelo que significou no mundo. Fiquei assustado, porque parecia um discurso neo-colonialista. Eu não sou nada, sou um camponês com senso comum. Sem dúvida, estou vivendo uma peripécia. Talvez, se não tivesse passado tantos anos presos com tempo para pensar, fosse diferente.”

Sobre o Brasil e a América Latina: “Brasil vai fazer um campeonato do mundo lindo. Brasil deve apreciar o melhor que tem, não é a Amazônia nem o petróleo, é o experimento social de ser o país mais mestiço do mundo. E tem uma grande alegria de viver, mesmo com as dificuldades e isso deve à África. Por isso, a luta é que brasileiros sejam mais latino-americanos.”

A admiração de Llosa é genuína, mas há algo de condescendente em sua consideração. Mujica é também mais que um camponês com senso comum. É alguém em quem sempre vale a pena prestar atenção. Um mestre. Como disse Dante: “Com aquela medida que o homem usa para medir a si mesmo, mede as suas coisas”.

Fonte.


Link para entrevista n'O Globo
 

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