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Palestine (Joe Sacco)

Rodovalho

Usuário
A Manu postou um tópico com o título "Como iniciar-se no mundo dos quadrinhos?". Foi lá que li sobre Palestina pela primeira vez, numa resposta do Zzeugma. Ainda vai demorar um bom tempo até que eu termine de ler todos os quadrinhos sugeridos. Infelizmente, só se lê Sandman pela primeira vez uma única vez.

Recentemente li Palestina e achei muito interessante. Apesar de ser um tema pesado, achei a leitura bem leve. O desenho ajuda, porque é difícil se assustar com a violência quando se usa caricatura. Tom e Jerry que o diga. Mas não é só isso. A história consiste basicamente de entrevistas misturadas com um diário de viagem. Muitos vezes são apenas os entrevistados contando suas histórias, como se fosse um documentário, mas algumas histórias mais importantes são retratadas do começo ao fim. Joe Sacco, como jornalista, encontra muitas vezes o mais do mesmo: gente que foi expulsa, que se revoltou e foi presa e torturada. Quase toda vez que tentava entrevistar alguém, a história inevitavelmente se repetia. É claro, existem variações. Tirando o chá, que sem exceção, todos os entrevistados faziam questão de entupir o entrevistador com litros e litros ininterruptos.

Quando eu era adolescente, achava que os mulçumanos eram um bando de terroristas e os judeus eram as vítimas da Segunda Guerra Mundial, expulsos de sua terra natal. Hoje tenho uma opinião bastante mudada. Ainda acredito que o fundamentalismo islâmico seja um erro, e que existem muitos judeus bons, inclusive israelenses, mas acho que está acontecendo algo realmente muito repulsivo naquele barril de pólvora. Pra ser sincero, nesse exato momento, devem estar acontecendo coisas muito mais terríveis na África. Mas lá estão situados os locais sagrados de três religiões importantes, onde as pessoas se matam por um solo sagrado e desértico.

A principal reflexão que eu tenho sobre o conflito é que eu mesmo sou branco, e tenho mais descendência dos portugueses colonizadores do que dos nativos americanos. Os índios foram dizimados e suas terras tomadas. E eu não penso em devolver essa terra toda pra eles. Acho que temos espaço para conviver em paz. Os palestinos e os israelenses não acham que podem conviver em paz. As novas gerações de palestinos nunca pisaram nas terras de onde seus pais foram expulsos. Essas terras natais, essas vilas foram simplesmente varridas do mapa. Não existem nem mesmo vestígios. E pelo que se vê em uma das entrevistas, os palestinos não trocariam nenhum palmo da terra árida de onde foram expulsos por uma fazenda no Brasil. E os próprios judeus-israelenses, descendentes dos judeus europeus, expulsos de sua terra natal a milênios atrás, não trocariam Israel por outro lugar. E é por isso que se matam.

E Israel venceu a guerra. Israel é uma potência militar. Antigamente, as guerras eram um jeito de anexar territórios, e muitos países hoje tem suas fronteiras baseadas em resultados de guerras. Ganhamos terra assim na Guerra do Paraguai. Países só conseguiram a unificação a partir da guerra. Os israelenses guerrearam e venceram. E querem mais, e guerreiam mais. A guerra é estúpida, mas concordamos com os resultados delas. Como posso dizer que os israelenses nativos, filhos da geração que conquistou aquela terra, têm menos direito sobre a terra do que os filhos das gerações de palestinos expulsos, que nunca nem a menos pisaram nela?

Ler é reflexão.
 
Mas além de tudo isso que vc menciona, não podemos esquecer que o grande causador do conflito foi a ONU, simplesmente ignorando a presença dos palestinos na área e promovendo a ocupação judaica. O que poderia acontecer de uma situação como essa? Discutir quem tem mais direito é inútil, porque é solo sagrado para todos (logo, ninguém vai ceder). Esperar que um dia todos queiram viver em paz e de maneira tolerante é ingênuo, porque existem extremistas intolerantes de todos os lados que nunca vão aceitar essa solução.
Não foi um erro permitir que os judeus tivessem direito a sua nação, mas a maneira como foi feita sim foi errada... Agora, diante de um quadro cada vez mais belicoso, não somos capazes de enxergar solução plausível.
Joe Sacco retornou à Palestina alguns anos depois e escreveu novo livro - "Notas Sobre Gaza" (agora sobre um fato acontecido em 1956 em Khan Younis e Rafah). É um relato mais apavorante ainda, onde vemos que depois de iniciado o conflito tudo serve como combustível e desculpa para mais violência.
 
Legal Rodovalho!!!

Eu sou iniciante no mundo dos quadrinhos, essa é uma boa dica, quero ler :sim:

A ONU tentou dar uma solução rápido para um problema e criou um bemmm maior. Sempre situações que envolvam religiões são complicadas, ainda mais com pessoas que são fanáticas e não aceitam a opinião dos outros.
Pelo que estava lendo o "Domo da Rocha" (santuário islâmico) fica do lado do "Muro das Lamentações" (região sagrada para os judeus), já nota que as religiões são obrigadas a viverem juntas, deve ser bem tenso. Penso que não vale a competição de qual religião é a melhor.

Eu também pensava que judeus eram sempre as vítimas, bom claro que foram, no entanto, nem sempre. Por isso, gostei da tua indicação de leitura,pois é bom ler mais sobre um assunto complicado para ñ ser partidário só de um lado. Tem judeus maus como tem muçulmanos maus.
Dizer quem esta errado é difícil, acredito que os dois povos são culpados, ambos cometem atrocidades.

Quanto vc pagou por esse livro Rodovalho?
 
O que me entristece no caso do conflito palestino é que aquilo lá não tem previsão de paz. Por mim, a solução seria um país único, mas eles lá não suportariam conviver um com o outro. Até onde sei, eles conviviam muito bem antes da criação de Israel. A criação do estado de Israel não foi aceito pelas nações do Oriente Médio e é por isso que elas não o reconhecem. Depois disso, a ONU fez inúmeros acordos e delimitações, mas Israel não respeita esses limites. Ainda assim, não acho que esse conflito seja o mais cruel da atualidade. Lá não tem petróleo, mas tem locais sagrados. E os outros fins de mundo que não chamam atenção da mídia nem das autoridades mundiais?

Bom, Palestina é só 9,90 no submarino.com.br

Lembre-se que são dois volumes. Palestina: Uma Nação Ocupada e Palestina: Na Faixa de Gaza.
 
Sei que este tópico esta morto mas de qualquer forma me sinto na obrigação de fazer alguns comentários. Nao é tao simples culpar a ONU pelo desenvolvimento do conflito, muito antes da votação na ONU (que teve como engrenagem o holocausto e que alias teve como voto decisivo o de nosso diplomata brasileiro Oswaldo Aranha) o conflito já era complicado.

Depois do incio do movimento sionista fundado por Hertzel (que sentiu a necessidade de uma pátria judaica após o caso Dreyfus), muitos judeus inclusive grandes potencias como os Rothschild passaram a comprar terras do Imperio Otomano que era o então dono dos territórios. Logo esses colonos se estabeleceram de forma legitima na região e começaram a drenar os pântanos e plantar no deserto (tarefas que levaram Israel a ser líder em tecnologia agrônoma e de desalinizacao da água do mar) mas claro que já havia os palestinos na região e o choque de culturas levou ao confronto de milicias. Entre elas se formaria mais tarde a Hagana que levou ao exercito israelense e é também o nome de uma firma de segurança difundida no Brasil principalmente Sao Paulo.

Entre acontecimentos ocorre a Declaração de Balfour escrita pelo secretario britânico de assuntos estrangeiros e endereçada ao lorde rothschild. Nessa declaraçao a Inglaterra se compromete com a causa sionista nos seguintes termos: "O governo de Sua Majestade encara favoravelmente o estabelecimento, na Palestina, de um Lar Nacional para o Povo Judeu, e empregará todos os seus esforços no sentido de facilitar a realização desse objetivo, entendendo-se claramente que nada será feito que possa atentar contra os direitos civis e religiosos das coletividades não-judaicas existentes na Palestina".

Como a Inglaterra pretendia evitar o colapso de culturas diferentes e a expulsão de habitantes é um mistério. Enfim a carta foi ratificada pela Italia, França e por fim EUA.

Por ai vai, quero dizer tbm que após a criação do estado de Israel houve a guerra de Independência na qual os países árabes declararam guerra e a perderam e assim Israel ampliou seu território, assim como o Brasil já fez, assim como os EUA já fizeram. Israel posteriormente devolveu vários territórios ganhos em outros ataques, e possui um território que é quase a metade do estado do Rio de Janeiro mesmo assim é um polo tecnológico, com uma agricultura invejável(no deserto) e um povo que quer se ver livre da insegurança tanto quanto os palestinos.

Acabei fazendo uma defesa, talvez por que admiro as conquistas feitas naquela terra infértil e a sobrevivência desse povo. Mas enfim queria mostrar que é muito anterior a votação da ONU. Acho que ambos os lados tem suas razoes e infelizmente ambos os lados possuem extremistas. Pra termina, é um absurdo o pedido do Obama de voltar as fronteiras de 67, talvez seja justo se os EUA devolverem o Texas..
 

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