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"O Triste Fim de Policarpo Quaresma" (Lima Barreto)

Artanis Léralondë

Ano de vestibular dA
Capas:
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Obra

A questão da identidade nacional brasileira é difícil. Se, na Europa, esse tema se construiu sobre tradições populares ancestrais, no Brasil, por falta delas, ele foi, inicialmente, lapidado em cima de um passado inventado pelos escritores do Romantismo, de modo idealizado.

A conjunção harmoniosa de índios, negros e europeus, a sobreposição de valores, a construção do herói modelar, o triunfo do bem são, na realidade, a repetição ingênua dessa identidade forjada e, portanto, falhada. É nesse ponto que começa o Triste Fim de Policarpo Quaresma de Lima Barreto, um livro que revela não só o engodo do projeto criado pelos escritores românticos, mas também a dificuldade de articulação de um conceito de identidade nacional no país.

Policarpo Quaresma é, antes de tudo, nacionalista. Ama o Brasil acima de si próprio e de si próprio abriu mão para viver em prol do engrandecimento da Pátria.

Estudou com afinco o país, acreditando piamente nos livros de sua biblioteca, que o narrador refere como romântica e, cotidianamente, chega à repartição pública onde trabalha com uma excelência da geografia brasileira, comportamento ironizado pelos companheiros de trabalho. Longe da realidade, começa a construir projetos de brasilidade.

O primeiro, baseado em suas leituras, é montado sobre a cultura do índio, elemento usado no Romantismo como símbolo de identidade nacional, já que aqui estava ainda antes de o português chegar. Foi seu primeiro erro. Nem seus amigos compreenderam sua tentativa: Lima Barreto marca o estranhamento da conjunção cultural e ética proposta pelos escritores românticos, quando confrontada com a realidade.

continua..http://www.mundovestibular.com.br/articles/355/1/TRISTE-FIM-DE-POLICARPO-QUARESMA---Lima-Barreto-Resumo/Paacutegina1.html

Eu gostei muito desse livro, tem n coisas que dá para discutir em relação a esse livro.
Me chamou a atenção que mesmo a Olga sendo uma mulher, digamos, "pra frente" xD
Aceita o casamento que é imposto pela sociedade na época, poderia seguir uma profissão ou casar-se por amor, mas preferiu uma vida estável do lado de um homem com status, como dita os padrões da época.

Tem um trecho que o Lima Barreto escreveu:
"Assim pela tarde, quando essa gente volta para o trabalho ou do passeio, a mescla se faz na mesma rua, num quarteirão, e quase sempre o mais bem posto não é que entra na melhor casa".pg 84
Legal essa alusão que ele faz, nem sempre o que tem mais dindin é o que tem caráter, não sei se é isso que ele quis transmitir, mas foi isso que pesquei xD

No livro também consta um momento histórico vivido pelo Brasil, a Revolta da Esquadra durante o governo do Marechal Floriano Peixoto, conhecido tb como "Marechal de Ferro" ou "Consolidador da República".Quaresma foi lutar a favor de Floriano, achando que assim, estaria lutando pela a sua pátria.
O que de fato
foi o contrário, acabou morrendo com seus ideais nacionalistas. Tem umas partes cômicas tb, como por exemplo, quando ele manda uma carta para o governo pedindo a substituição da língua portuguesa pela língua tupi, segundo ele, por causa que a língua tupi era a verdadeira língua mãe do nosso país. Nacionalista ao extremo hehehe
Acabou parando no manicômio, tadinho. Isso foi triste, não souberam respeitar a ingenuidade do Policarpo...pessoal muito sério XD

Penso que todos nós temos um pouqinho de Policarpo, pois somos brasileiros.
É uma pena que muitos menosprezem essa terra tão rica.
Tudo bem que o BR tem vários problemas, mas mesmo assim eu adoro morar neste país. E tb fico triste como Policarpo sabendo que o patriotismo anda baixo. Muitos nem sabem cantar o hino nacional.E só usam algum símbolo referente ao Brasil quando é tempo de Copa do Mundo.
Não precisamos também chegar ao extremo do nacionalismo, como Quaresma.Porém, saber a história do nosso país, as cores da bandeira, os personagens que fizeram a nossa história, é fundamental para saber a nossa origem. Porque ser patriota não é só quando o BR ganha uma Copa, mas quando um guri brasileiro ganha as olímpiadas de matemática, quando um grupo de voluntariado do nosso país se destaca lá fora,ou é sentir orgulho dos nossos campos verdes, do nosso céu estrelado, da nossa Amazônia!

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:tchauzim::tchauzim::tchauzim:
 
RE: ~ O Triste Fim de Policarpo Quaresma - Lima Barreto~

[align=justify]Esse é um dos nossos grandes problemas. Ser brasileiro implica conflito de identidade. A confusão é tamanha que o país recorre aos símbolos e definições mais desesperadas e inconsistentes para criar o sentimento de comunhão nacional.

O que é ser brasileiro? Em alguns países encontra-se o compatriota através do sangue comum. Noutros, a união entre os nacionais é formada por meio de um suposto passado grandioso, digno de orgulho. E quanto ao Brasil?

Há um adágio oriental que diz algo mais ou menos assim: “Triste é o povo cujos laços se restringem apenas a terra. Uma nação é forjada por algo muito maior do que rios, montanhas e florestas”. Quando não justificamos nosso nacionalismo em coisas grosseiras como futebol ou carnaval, o fazemos no território. Ora, essa é verdadeiramente a questão. Território pode ser tomado, até mesmo destruído. E então? O que seria do brasileiro?

Poucas coisas despertam o sentimento de unidade, ou admiração por ela, como a história de alguns povos. Os judeus passaram séculos dispersos pelo globo sem Estado próprio, ainda assim lograram sobreviver enquanto povo ou nação. Alguém pode imaginar o mesmo com o Brasil e sua população?

Não temos sangue em comum, não temos passado grandioso, não temos nada congênito que nos faça brasileiros. Então, o que é ser brasileiro? Quais são os nossos laços? O que faria com que tombássemos pelo país, ombro a ombro com outros compatriotas, lutando com mais afinco pela nação do que lutam e lutaram as populações de outros países movidas pelo patriotismo tradicional? Certamente, para mim, essa chama não seria acesa pelo futebol, pela “malandragem brasileira”, pelo carnaval ou pelo território. Essa chama só poderia ser acesa por algo superior a todos as formas de identidade mencionadas acima. Essa chama só poderia ser acesa por ideais.

Não existe laço maior ou mais nobre que esse: ideais. Ideais simples até, fundados em três princípios: Liberdade, Individualidade e Justiça. Isso significa julgamento pela conduta. Significa que qualquer pessoa poderia se tornar brasileira de um momento para outro, bastaria crer. Isso faria de nós um povo, o nosso ideal comum. Poderíamos discordar de absolutamente tudo no que concerne a quaisquer outras questões, poderíamos ser expulsos de qualquer território, poderíamos misturar ou não nosso sangue com qualquer outro povo (o que já é fato), apesar disso enquanto essa crença fosse preservada nada superaria o sentimento de unidade e nacionalidade brasileira.

Alguns podem dizer que isso já ocorre. Não sei. Pessoalmente acredito que a maioria dos brasileiros não faz idéia do que é que os transforma em tais além de futebol, carnaval e florestas. Podem falar algumas vezes sobre “mistura” sem retirar nenhuma grande mensagem disso, sem entender que ela por si só é irrelevante.

Países existem que se pautam nessa boa espécie de sentimento nacional. Os EUA, em sua essência, por exemplo. Creio que o Brasil ainda está muito distante dessa forma de união.

Enfim, acabei escrevendo demais sem dar resposta alguma, Maníaca do Miojo. Acho que, por enquanto, não temos vínculos que formem nossa identidade e o recurso à figura do índio ou ao ufanismo de práticas primitivas resultam do anseio por essa busca pelo retrato nacional. Enquanto o país não solidificar ideais atemporais que o tornem digno de orgulho, pautando a própria conduta de seu povo, não vejo muito do que me orgulhar ou com que me identificar por aqui. Acaba-se até com o sentimento de que você é mais europeu, ou americano, ou ocidental do que necessariamente brasileiro.[/align]
 
RE: ~ O Triste Fim de Policarpo Quaresma - Lima Barreto~

Gostei da parte que vc citou o povo judeu, apesar da diáspora e tudo o que eles viveram, a sua religião, costumes, cultura, continuou sendo preservadas, isso é bem bacana =]

Sabe, umas das coisas que me orgulha em ser brasileira, é a alegria do brasileiro que apesar de viver situações difíceis está com um sorriso estampado no rosto =]
Outro é a esponteniedade, faz com que criemos amizades, conversas...sem formalidades e sem aquelas frivolidades.
Há também a solidariedade, como vemos o povão está se movimentando para ajudar SC, isso é muito legal!
Além do que o brasileiroo, ao contrário, que muitos dizem ser preguiçoso, é trabalhador!Muitos tem que sair de suas casas às 5h da manhã para pegar o ônibus para o seu trabalho, outros trabalham em dois turno para trazer comida para casa, ou aqueles que trabalham e estudam...és um povo trabalhador, sim :sim:
E ser brasileiro, é ser uma "mistureba" =D
quem toma chimarrão e come pão de queijo?
quem vai a praia e outros estão na cozinha com o fogão a lenha se esquentando do frio, no mesmo país?
alguns vão ao bailão, alguns vão ao forró, alguns vão ao baile de funk, outros armam a roda de copeira...
conseguimos viver em paz, respeitando as tradições de cada região, e disso tudo, nascem os brasileiros \o/
 
[align=justify]Quando li este livro foi algo muito impactante na minha vida. Mas isso já faz anos... Preciso reler essa obra. Na época em que li, achei genial. Espero ter o mesmo impacto, que confirme a genialidade dessa obra. [/align]
 
Quando li o livro achei Policarpo um louco, agora que leio o que você escreveu entendi melhot a crítica do livro e acho que o Brasileiro é a mescla da cultura dos mundos.
 
Alguns livros parecem estar ligados com nossas memórias dos tempos de escola. O problema é que nem sempre são as memórias gostosas como o recreio, as conversas com os melhores amigos ou a sensação boa de um bom resultado de uma prova. Tem momentos que ouvir nomes como “Dom Casmurro”, “Macunaíma” ou ainda “Senhora” causam um certo arrepio na pessoa, trazendo lembranças de leituras obrigatórias que resultariam em uma prova com perguntas idiotas como “O que disse a personagem x na página y?”.

É uma pena que muito da literatura em sala de aula ainda aconteça desse modo, afastando leitores não só da (excelente) produção nacional, mas às vezes do hábito da leitura em si. E a realidade é que mesmo dos que se salvaram desse modo antiquado de ensinar literatura, ainda assim não costumam dar uma segunda chance para livros que certamente o merecem, como é o caso de Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto.

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É engraçado como alguns clássicos nunca saem da moda, apesar de "livros antigos" estão bem atuais, caso de "O Triste Fim de Policarpo Quaresma".
Quando terminei de ler, senti que não consegui absorver tudo que havia escrito pelo Lima Barreto.

Então, vem essa edição da Companhia das Letras, recheado de bônus que ajudam na leitura, é como se tivéssemos no Clube da Leitura com alguém debatendo com a gente.

Quero reler o livro, mas tem q ser essa edição :sim:
 
Triste Fim de Policarpo Quaresma (Lima Barreto)

[align=justify]Na escola nunca fui obrigado a cruzar com Lima Barreto, para falar a verdade, um irmão meu foi. Agora que decidi lê-lo e não me arrependo.

Há muito que comentar. A gente encontra muitos temas que aparecem nas outras obras de Lima Barreto aqui também. Parece que eram coisas que atormentavam ele como: inteligência e livros, funcionalismo público e mediocridade, idealismo e mediocridade do cotidiano, situação da mulher, loucura, corrupção, charlatanismo.

Quanto aos livros, por exemplo, é interessante ver como todos criticam Policarpo por ler, ter livros. Uns acham que ele é pedante por se meter a ler sem ser formado (!), outros não vêem a razão desse gosto. Albernaz, o vizinho dele, por exemplo, afirma orgulhoso que há 40 anos não abre um livro. O marido de Olga, por outro lado, arranja uma farsa muito engraçada para parecer inteligente.

Acho que há uma crítica não só aos românticos na proposta do tupi, mas ao tipo de conhecimento de Quaresma. Apesar de valorizar os livros, Lima Barreto critica em outros textos o conhecimento baseado apenas nos livros. E aqui Quaresma se dá conta de quão "pueris" eram seus conhecimentos quando tem que enfrentar a realidade do campo.

Para falar a verdade, o tipo de nacionalismo de Policarpo Quaresma não me agrada. É um nacionalismo bem cego, bem limitado, bem militar, do tipo cantar o hino, saudar a bandeira. Mas é impressionante como a gente ainda vê disso por aí (se bem que nacionalismo esteja meio fora de moda, ou não, no Brasil Lulista da Copa do Mundo e das Olimpíadas...)

É muito interessante como os personagens secundários ganham quase mais importância que o principal na história. O núcleo de Albernaz e Olga e o pai aparecem talvez mais que Quaresma. E digo, desde já, que apesar do casamento de conveniência, Olga é minha heroína!

Pena que as pessoas sejam obrigadas a ler um livro tão bom.[/align]
 

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