Bem, primeiramente "calma lá" com os conceitos.
Meritocracia, sim, o governo que se liga aos méritos pessoais. Primeiramente isso nos remete ao governo por carisma, citado por Émile Durkhein, no século XIX, ao tratar sociedades primitivas.
Aragorn e Sauron não são líderes carismáticos, de forma alguma, muito menos Melkor.
Vejamos, a definição de um líder carismático reside no fato dele ser eleito numa sociedade tribal por facilidades em determinados assuntos do cotidiano, seja caçar, pescar, o que for. Essa definição daria origem a esse sistema de méritos citados. Aragorn não se torna Rei por que era um bom guardião, nem por que era celebrado dentre sua "tribo", ele era herdeiro do Trono de Gondor e Arnor, uma Monarquia. Elendil era o Rei de Gondor e Arnor, assim como em Númenor havia o Rei. Inexiste o mérito, senão o mérito dos edain ao lutarem ao lado dos elfos nas Batalhas em Beleriand, porém, mesmo assim eles já constituíam suas casas, dentre elas a de Marach, de Beor e de Haleth. Não há carisma, não há ligação direta e inalienável com o mérito.
Melkor e Sauron pretendem usurpar o Trono, seja de Arda, seja de Endor.
Quem chega ao Trono por formas ilegais é um
Tirano. Não há mérito.
Então, chegamos ao Condado, o que teríamos de mais próximo de uma "Democracia" na Terceira Era. Pois antes seguiam, como os demais humaos associados ao Reino do Norte, o governo dos Reis do Norte, de Arnor.
E por fim, a Manwë Súlimo, ele é um Rei, Monarca, eleito para reinar sobre Arda, porém, na forma mais reduzida, perante Eru, se pensarmos assim, um Regente. Instituído e legalizado por Deus. Não é esse o conceito de Rei na Idade Média. É uma Monarquia.
E, indo mais além, diria. Que Democracia? A liberal burguesa, ou a Democracia em si?
Já coloca Norberto Bobbio (filósofo italiano) em sua apologia ao capitalismo, e na difusão dos ideais burgueses o que seria a democracia. Citarei-o.
"
Por democracia se entende o conjunto de regras (as chamadas regras do jogo) - que consentem a mais ampla e segura participação da maior parte dos cidadãos, em forma direta e indireta, nas decisões que interessam a toda coletividade. As regras são, de cima para baixo as seguintes:
a) todos cidadãos que tenham atingido a maioridade, sem distinção de raça, religião, condições econômicas, sexo, etc., devem gozar dos direitos políticos, isto é, do direito de exprimir com coto a própria opinião e/ou eleger quem a exprima por eles;
b) o voto de todos cidadãos deve ter peso idêntico, isto é, deve valer por um;
c) todos cidadãos que gozam dos direitos políticos devem ser livres de votar segundo sua opinião, formada o mais livremente possível, isto é, em uma livre concorrência entre grupos políticos organizados, que competem entre si...[...]".
Vejamos, no Condado existem essas condições? O Thain é eleito, mas muitos eram os eleitos até mesmo em Oligarquias, e não apenas em Democracias. Existem partidos políticos organizados? Não.
Porém diriam meus amigos aqui do fórum: mas e a Democracia ateniense, por exemplo?
Pois bem, existia no Condado a
Ágora? Existia um local para reuniões e escolhas dos cidadãos? Existia um mundo guiado pelo poder político? Qual definição de cidadão no Condado?
Ou antes disso, um mundo que se introjetou a si mesmo, fechando-se ao externo, e regendo-se de forma que lhe melhor provia. É um "Regime de Exceção", não uma democracia nos moldes liberais. Nem me atrevo a tentar dialogar com a real democracia, que almejam pensadores como Noan Chomsky.
Por fim, essa definição não se sustenta, e nem tem bases, senão as de um pseudo-sociólogo, que desconsiderou Marx, Weber, Durkhein, e não creio ser digno de maiores esforços.
Abraços.