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[L] [Skylink] [O copo]

Skylink

Squirrle!
Bem, isto é apenas uma introdução para uma série de histórias isoladas, com este personagem (por sinal, o mais puto de todos os tempos que eu já criei). Então, divirtam-se com a origem dele, por enquanto, e aguardem as histórias :)

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No início de tudo, havia um copo. Um pequeno copo azul, lindamente esculpido, bem feito, e... de plástico. Sim, era definitivamente um simples copo plástico, quase que descartável. Mas ele estava lá, no gélido vazio inescrutável, antes do próprio mundo; e até mesmo antes que as portas de estrelas e galáxias surgissem, num grânulo distorcido da realidade, anterior ao próprio modelamento do universo... O copo simplesmente estava.

E eis que ele permanecia, como um único ícone distante do que exist... Vagando, sempre vagando, de um ponto longínquo a nenhum outro em torno de si mesmo, refletindo-se apenas em seu próprio ser azulado. Porém, após algumas vintenas - na casa dos milhares - de rotações, passou a existir o tédio, e assim surgiu a segunda coisa do nada ( a primeira foi o princípio da contagem, com o número “um” após a quadragésima segunda volta ).

Sua borda, corroída com os pesares do silêncio infindável e interminável através do vagar rotativo, acabou por criar uma boca, desatando a reclamar a todo - ! - momento. E então o fundo, perturbado por todas aquelas vibrações iconoclastas, fez para si um grupo de quatro orelhas. Entretanto, logo as reduziu para um par, em vista da melhor fluência de passagem sonora, que com tantas acabava indo e ricocheteando-se dentro de si.

E assim ele foi levando, imperturbável por mais algumas centenas de dois em dois elipsiamentos – A todo instante surgiam novos desígnios para o fundo, que agora já se sentia algo como um... “Santo”, sim, um assim por não atentar para as reclamações da borda. (revoluções desse tipo passaram a ser constantes depois que ele percebeu o conceito de distinção, embora a borda ainda só falasse e falasse.) - Mas o fundo também se cansava, e por vezes ficava numa maresia das bravas que ecoava por todo o nada, que então passava a adquirir, através disso, um pouco de consistência.

E um dia, já que o fundo descobrira o tempo, como que numa inversão da ordem e caos do copo, a boca da borda, que também enfrentava crises de tédio brabas, exclamou:
-Eu gosto de sorvete!
As orelhas revoaram ante essa menção, e a partir daí foi um simples passo para a criação do universo e de todas as coisas. O copo a princípio resolveu dar forma a todos os... Os ecos de sua imaginação! Mas logo percebeu que isso não teria muita graça, e acabou desenvolvendo um ser para moldar o que deveria ser o seu parque de diversões (diversão era algo como uma idéia legal, ou os momentos em que a borda fechava a matraca)

Assim, deu-se início ao universo, celebrado pela separação da borda e do fundo, através de algo que os dois chamaram de temperatura. Nesse meio tempo ambos já haviam adquirido outros sentidos, afinal só ouvir e falar era meio chato demais, e precisavam de algo para canalizar aquilo que antigamente era só sentimento (disso veio o cérebro, as mãos, entre outras coisas).

A borda, ultrajada com a atitude do fundo, foi para o mais baixo que pôde, agora que esse conceito já existia. E tentou se esquentar ao máximo, para um dia queimar aquele maldito fundo... Porém, ao ver que era incapaz, dedicou-se simplesmente a atormentar as criações do velhinho que andava pra lá e pra cá, fazendo estrelas e mundos, e que agora também era barbudo.

O fundo apenas observou, por muito e muito tempo, sempre sugestionando ou dando uma gotinha a mais da essência que continha pros desejos do velhinho, que era nada mais que uma parte dele próprio (e isso incluía, em parte, a tagarela da boca também). Mas depois de um tempo ele se retirou da parte efetiva da criação, e ficou por uma longa era apenas como uma lenda entre os anjos e arcanjos que agora existiam.

Mas enfim, quando já existiam humanos e sua essência já era um elemento mundano, de duas letras iguais e uma redondinha, o copo chamou o velhinho e explicou a ele que queria participar do mundo. O bom senhor, não vendo motivos para contrariar algo que seria ele mesmo, o jogou na terra como estava, e o copo tomou parte nas lendas e histórias da humanidade.

E foi dessa forma que o copo veio a ser todos os tipos de copos, desde os venenosos das lendas grego-romanas até o Santo Graal, das histórias de camelot; também, através das eras, ele pode conhecer em sua plenitude os ideais humanos. Porém os sentimentos sempre lhe foram um mistério, e como a própria configuração de sua essência, eles iam, batiam sempre no mesmo lugar e voltavam, numa continuidade quase tão rítmica quanto uma volta plena do próprio copo em seus primeiros giros na imensidão do nada.

Notas adicionais:

* Em tempos recentes, em sua ignorância, os homens chamaram à borda "anjo caído". Mas após um período de trevas e sádicas diversões, ela simplesmente se cansou e tirou algumas longas e praticamente eternas férias no Caribe.

* O velhinho barbudo continuou lá por cima, embora os homens tenham continuado inutilmente a rezar para ele; ele que ultimamente tem estado bastante contente com sua nova tv a cabo (Sim, ele também desistiu de se preocupar diretamente com a humanidade)
 
:ahn?:
Nossa! Que viagem hein? Mas ficou muiiiiito legal. A idéia é super criativa e o texto ficou muito bem escrito!
Adorei o processo do copo, surgimento do tempo, temperatura, sentidos, etc. E puxa! O copo decifrou um dos mistérios mais enigmáticos do universo: sorvete! Unh.... Ou teria criado o enigma? :think:
 
Como disse , ainda não me decidi pela palavra certa , mas de certo , surreal se encaixa.

Tomara que tenhas mais aulas de redação , e siga com as histórias do Copo e do Velho.

E sim , sorvete , um dos mistérios da criação :mrgreen:
 
Hm... eu acho que bebi leite... :think:

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Final de ano chegando, garotas e mais garotas! Longas viagens para a praia e muito surfe se aproximando e... Oh, também a cara amarrada de Joséfo nos observando. Sim, era assim que nós três permanecíamos enquanto arrumávamos a bagagem por cima do carro, já que não cabia mais nada lá dentro; por sinal, dentro de uma simples e grande Kombi, o que significava que estávamos praticamente nos mudando.

Caio, o surfista inveterado, prendia as cordas nos ganchos enquanto Joséfo reclamava da poeira onipresente em todos os lugares e se amaldiçoava por ter que ir junto. Eu me ocupava de socar um pouco mais as coisas lá dentro, e dessa forma conseguir espaço suficiente para nós três.

Mas afinal consegui meu intento e pulamos os três para dentro da Kombi num único instante. Caio botou a cabeça pra fora para observar sua prancha, enquanto Joséfo se contentou em sentar-se e fechar os olhos, vagando pelo seu mundo de desejos. Logo liguei a ignição e dei a partida.

Durante a viagem, tudo transcorreu de uma forma perfeitamente normal e clássica, com Joséfo contando postes ou tentando esquecer momentaneamente o ronco de Caio e se concentrando na música que tocava. Eu já não ligava muito, até porque estava completamente acostumado com o outro dormindo em tudo que é canto. Apenas me concentrei na estrada, por um longo tempo, até que um gigantesco estrondo ecoou de dentro do carro... Virei-me depressa para trás, para descobrir então um simples espirro de Caio, mas já era tarde quando minha atenção voltou ao lugar.

A Kombi havia entrado na pista inversa de uma auto-estrada, como se fosse fazer um cruzamento, mas direto de encontro a um caminhão que vinha em disparada. Não tive reação maior do que jogar o carro para as árvores e plantas à esquerda, no que talvez fosse uma reserva de mata atlântica ou algo desse tipo. O ruído estridente da freiada acordou Caio de sobressalto, enquanto Joséfo fazia cara de nada com os olhos completamente fixos em lugar nenhum.

Nosso carro arremessou-se ao ar e caiu deitado após a passagem pelo barranco, gerando um gigantesco impacto sobre o interior e uma grande quantidade de coisas amassadas e quebradas. Nós, por sorte, permanecemos inteiros, especialmente em vista das centenas de troços ao nosso redor que funcionaram quase como airbags.

Assim, logo que Joséfo parou de gritar e se deixou arrastar, nos apressamos todos em sair o mais rápido possível dali, com medo de que alguma espécie de incêndio se formasse e nosso belíssimo carro voasse em pedaços.

E realmente, pelo que pude perceber, havia uma fagulha se formando. Mas de repente um maluco Uga-buga apareceu, do nada e com uma vestimenta completamente estranha: uma longa saia desfiada, uma máscara de dois olhinhos pretos e uma série de penduricalhos pelo corpo.

Os pingentes ressoaram em seus braços, pernas e orelhas, enquanto ele soltava um sonoro “Buuuuga!”. Então, ele começou a dançar em volta da Kombi, enquanto nós observávamos de uma razoável distância. A pequena chama que havia se formado começou a se expandir rapidamente e ele correu. Correu para o mar, que agora estava bastante próximo.

Dali em pouco, questão de segundos, ele voltou com um pequeno e singelo copo d’água azulzinho e feito de plástico. Manuseando o copo de forma bamboleante, ele fez mais alguns movimentos e atirou o conteúdo na Kombi com seus ditos proféticos:
- APAGA, APAGA, APAGA, PAGA, PAGA!!

A partir daí é difícil definir o que aconteceu. Caio, que abraçava sua prancha com um olhar apaixonado simplesmente fez um movimento de 720 graus com a cabeça e os olhos em sentidos contrários. Joséfo, que havia corrido para socorrer o selvagem, alegando que ele representava a cultura nativa brasileira, deu um salto duplo no ar e caiu de bunda no chão, para mais uma vez tomar impulso ascendente. O mascarado maluco tremeu nas bases, e soltou um guincho extremamente agudo.

Uma explosão foi o ápice da série de coisas bizarras, e mesmo eu me perdi quase que completamente a partir deste ponto, mas me mantive acordado e analisando tudo. Nós três voamos em direção à praia e, enquanto flutuávamos no ar, pude observar um gigantesco cogumelo de fumaça se formando, e um fogo que ameaçava queimar a floresta inteira; além, claro, de Caio em perfil ainda abraçando a prancha e Joséfo roendo as unhas nos poucos segundos que lhe restavam.

Entretanto, eu parei no ar, praticamente sem motivo nenhum. Pude ver Joséfo caindo na areia de cabeça e o mais estranho de tudo: Caio, num impulso súbito, foi arremessado mais longe ainda, desabando no meio das águas do oceano, que tinham puxado-se uns 20 metros para trás. Deu pra ver até seu sorriso e a cara de prazer extasiado ao ajeitar-se e conseguir surfar na gigantesca onda que se formou.

A parede d’água enfim ruiu sobre a mata flamejante e a bola de fogo se apagou, junto com a fumaça. Num jogo obtuso da gravidade, eu voltei à realidade e fui jogado para a areia, apagando logo em seguida.

No limiar onírico do desmaio e do despertar, eu vaguei por um tempo que não soube precisar. Ao meu redor as coisas adquiriam tons de cores multiformes e bruxuleantes, e coisas absurdas aconteciam; ao som de dois mares, eu vi Joséfo se contorcer dentro de um casulo, Caio se abraçava à um monte de folhas em meio a samambaias e a floresta lentamente voltava no tempo. Mas o movimento das árvores parou, por algum motivo, e minha visão mudou novamente, pela última vez.

Vi enfim, em meu delírio mais absurdo, o copo que o selvagem usou criar duas perninhas e sair andando; não sem antes virar para os dois cantos e exclamar:

-Oh, droga! Eu acabei exagerando...

E assim ele se foi, e logo depois eu despertei, completamente encharcado e meio tapado de areia molhada, tendo também uma concha gigantesca grudada ao meu ouvido. Socorri Joséfo o mais rápido que pude, mas levou um bom tempo até que sua cabeça sarasse. Caio teve uma pequena fratura na perna, mas não ficou triste de ter que largar o surfe por um tempo (ao contrário, ele parecia até feliz).

Eu, disso tudo, tirei algumas conclusões bastante importantes, além de um pequeno monte de areia do corpo. Coisas simples como não contar com o cotidiano e etc, mas especialmente nunca mais tomar banho nesses oceanos poluídos e ter extremo cuidado quando uma mínima gotícula de água deles entrar em contato com fogo ou combustível. Ademais, conseguimos chegar à casa de praia depois, e eu me decidi enfim por não mais beber leite antes de dirigir...
 
Última edição:
De certo Sky , você tomou uma overdose de leite dessa vez.
Engraçado , bem escrito , mas definitivamente , sem o mínimo sentido :mrgreen:
 
Er , hm , postei sem querer com o login do Vëon ¬¬
Então , só pra não ser um flood

De certo Sky , você tomou uma overdose de leite dessa vez.
Engraçado , bem escrito , mas definitivamente , sem o mínimo sentido :mrgreen:

Ditto.
 
A primeira parte me lembrou muito o estilo de O Guia do Mochileiro das Galáxias. Um tanto sem sentido, mas interessante, bem escrito, etc.
A segunda parte tb está ótima. Mais engraçada que a primeira, eu achei. :lol:
Mas continua a não fazer sentido. :mrgreen:
 

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